BIOSSEGURANÇA: GRAU DE CONHECIMENTO DOS CIRURGIÕES DENTISTAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIS) Luciana Estevam Simonato1, Patrícia Michelassi Carrinho1, Nicézia Vilela Junqueira Franqueiro1, Dora Inês Kozusny-Andreani2, Ricardo Scarparo Navarro2, Antonio Balbin Villaverde2 1 Discentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica e Professora dos Cursos de graduação em Medicina e Odontologia Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) Fone / Fax: +55 17 3465 0000 2 Docentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) Fone / Fax: +55 12 3905 4401 [email protected], [email protected], [email protected] Resumo- Esta pesquisa teve o objetivo de avaliar conhecimento dos cirurgiões dentistas da rede pública do município de Fernandópolis sobre o uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Para realização do estudo foram distribuídos questionários para coleta de dados com perguntas voltadas para o uso de EPI. A partir dos dados coletados pudemos avaliar a frequência que os profissionais dessa área estavam fazendo o uso dos EPIs e observamos que 96% faziam o uso de luvas 100% do tempo, 92% faziam o uso de máscara 100% do tempo, 72% faziam o uso de avental 100% do tempo e 64% faziam o uso de gorro e de óculos de proteção 100% do tempo. Dessa forma, a partir dos resultados pode-se verificar que os cirurgiões dentistas da rede pública do município de Fernandópolis tinham amplo conhecimento dos EPIs e suas respectivas utilizações, no entanto, alguns EPIs ainda são negligenciados por parte dos profissionais. Palavras-chave: Equipamentos de proteção individual; Biossegurança; Odontologia sanitária; Saúde do trabalhador; Cirurgião dentista. Área do Conhecimento: Engenharia Biomédica. Introdução Os profissionais da área odontológica que atuam na rede pública têm como função proporcionar a comunidade atendimentos a partir dos meios que lhes são disponibilizados, lembrando sempre de todo o aparato que é necessário para que estes ocorram com a segurança devida, fazendo uso e sempre requerendo os equipamentos de proteção individual (EPI) dos mesmos e dos pacientes, a fim de obter melhores condições de trabalho e consequentemente da saúde oral do município. Apesar de nas ultimas décadas, o numero de cirurgiões dentistas que fazem o uso dos EPIs ter aumentado, ainda há casos de profissionais que não utilizam (CAMPOS et al., 1988/1989). Dessa forma, este trabalho teve como objetivo avaliar o nível de conhecimento dos cirurgiões dentistas da rede pública do município de Fernandópolis com relação ao uso de EPIs durante as práticas clínicas diárias. Esse estudo, transversal analítico, foi realizado em Fernandópolis, São Paulo, Brasil, com todos os cirurgiões dentistas da rede pública do referido município. Para definição dos participantes do estudo, inicialmente procurou-se contatar todos os profissionais por telefone ou pessoalmente, momento onde a pesquisa foi divulgada e sua importância ressaltada. A investigação refere-se apenas aos cirurgiões-dentistas encontrados e que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A coleta de dados ocorreu de fevereiro de 2013 a abril de 2013, através de questionário estruturado e autoaplicável, que foram distribuídos em envelopes fechados não identificados, e coletados no local de trabalho dos participantes. Foram avaliadas variáveis referentes à caracterização do cirurgião-dentista, ao uso de cada EPI e aos principais motivos alegados para o não uso de EPI. Resultados e Discussão Metodologia Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 281 Foram distribuídos os questionários com perguntas voltadas para o uso de EPI para os cirurgiões dentistas da rede pública do município de Fernandópolis, dos 29 questionários entregues pudemos contar com colaboração e a reposta de 25, onde 32% eram do sexo masculino e 68% do sexo feminino. Dos participantes, 60% têm como maior titulação especialização. Através dos dados coletados observamos que 96% faziam o uso de luvas 100% do tempo, 92% faziam o uso de máscara 100% do tempo, 72% faziam o uso de avental 100% do tempo e 64% faziam o uso de gorro e de óculos de proteção 100% do tempo. Tal achado demonstra certa negligência desses profissionais, já que estão susceptíveis a várias doenças em 100% do tempo de atendimento. Para que o controle de infecção seja mais efetivo, o grupo todo deve interagir e estar devidamente informado e paramentado, a fim de que a cadeia asséptica não seja interrompida em nenhum momento segundo Barbosa e colaboradores (1999). O motivo alegado para a não utilização de 100% do tempo de luvas nesta pesquisa foi a pressa. Em estudos anteriores o motivo alegado pelos cirurgiões dentistas foi o de que as mesmas dificultavam o trabalho (NUNES; FREIRE, 1999). Deve-se deixar claro, que é essencial o uso de luvas, pois foi demonstrado que em caso de acidentes com instrumentos perfuro cortantes a luva pode reduzir o volume de sangue injetado por agulhas de sutura em 70%. No caso de agulhas ocas, a luva pode reduzir de 35 a 50% a inoculação do sangue (ROSE, 1994). Em relação ao uso da máscara e dos óculos de proteção, alguns alegaram como não uso a pressa (4%) e outros alegaram o desconforto (8%) e a falta de necessidade (8%). Durante a atividade clínica odontológica, o uso frequente de equipamentos que produzem aerossóis e a proximidade entre o profissional e o paciente favorece a contaminação da mucosa do olho, nariz e boca, que pode ser evitada pelo uso da máscara e óculos de proteção (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1993). A utilização do avental e do gorro é negligenciada por mais de 15% dos profissionais, que alegaram também o desconforto (4%) e a falta de tempo para o uso (8%). É importante ressaltar, que o avental pode prevenir a infecção cruzada evitando a disseminação de microrganismos que se depositam nas roupas do profissional. Além disso, ele protege a pele da exposição ao sangue e a outros fluidos contaminados (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1993). Já o gorro impede a deposição de gotículas e partículas no cabelo do profissional, evitando a sua contaminação e a contaminação cruzada (GARCIA; BLANK, 2006). É necessário que se entenda que as ações em biossegurança são inerentes à formação de qualquer profissional de saúde, pois sem a visão abrangente do tema os profissionais estarão constantemente negligentes em relação a sua saúde e no atendimento ao paciente, à família e à comunidade (SCHROEDER et al., 2010). Conclusão A partir dos resultados, pode-se verificar que a maior parte dos cirurgiões dentistas da rede pública do município de Fernandópolis fazem o uso das luvas e de máscaras 100% do tempo e que o uso de avental, gorro e óculos de proteção são ainda negligenciados por parte dos profissionais. Dessa forma, concluiu-se que os mesmos tinham amplo conhecimento dos EPIs e de suas respectivas utilizações. No entanto, é aconselhado o incentivo e a implementação frequente de normas atuais de biossegurança junto aos profissionais da área odontológica, para informá-los e protegê-los contra os riscos biológicos ligados ao exercício de sua atividade clínica. Referências - BARBOSA, S.V.; COSTA-JUNIOR, E.D. Controle de infecção no consultório odontológico. Terapêutica endodôntica. 1 ed. São Paulo: Santos; 1999. 254 p. - CAMPOS, H.; MARCENES, W.S.; SOUKI, B.Q.; DAMASCENO, C.A.V.; CARVALHO, M.A.R.; CISALPINO, E.O. Procedimentos utilizados no controle de infecção em consultórios odontológicos de Belo Horizonte. Arquivos do Centro de Estudos do Curso de Odontologia da UFMG. 25-26 (1/2): 46-52, 1988/1989. - CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Recommended infection-control practices for dentistry. Morb Mortal Wkly Rep. 42 (23): 1-11, 1993. - GARCIA, L.P.; BLANK, V.L.G. Prevalência de exposições ocupacionais de cirurgiões-dentistas e auxiliares de consultório dentário a material biológico. Cad Saúde Pública. 22 (1): 97-108, 2006. - NUNES, M.F.; FREIRE, M.C.M. Aids e odontologia: conhecimentos e atitudes dos cirurgiões dentistas. ROBRAC. 8 (26): 7-10, 1999. - ROSE, D.A. 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