1
A TRANSVERSALIZAÇÃO NA GESTÃO DOS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE
MAINSTREAMING MANAGEMENT OF COMMUNITY HEALTH EQUIPMENT
GESTIÓN DE INTEGRACIÓN DE LA PERSPECTIVA DE LOS EQUIPOS DE SALUD
DE LA COMUNIDAD
Luana Paula Santos de Lima Espíndola1
RESUMO
Este trabalho se propõe a estudar a transversalização na gestão dos equipamentos
comunitários de saúde. A transversalidade é um dos princípios da Política Nacional de
Humanização e esta deve ser um dispositivo para reafirmar e evidenciar o caráter instituinte
do SUS. O objetivo é verificar o conceito de transversalidade e sua aplicação na gestão dos
equipamentos de saúde. O presente estudo se caracterizará como uma pesquisa bibliográfica
de natureza qualitativa e descritiva. E o principal trabalho que embasa a pesquisa é a Politica
Nacional da Humanização.
Palavras Chave: Gestão de saúde; Humanização da Assistência; Sistema Único de Saúde
ABSTRACT
This paper proposes to study the mainstreaming management of community health
equipment. Transversality is one of the principles of the National Policy of Humanization and
this should be a device to reaffirm and highlight the character of instituting SUS. The goal is
to verify the concept of mainstreaming and its application in the management of health
facilities. This study will be characterized as a literature of qualitative and descriptive nature.
The main work that supports the research is the National Policy of Humanization.
Key Words: Health Management; Humanization of Care; Health System
Enfermeira, Pós - Graduada em Saúde Mental e Pós - Graduanda em Gestão em Saúde pela Universidade
Federal de São Paulo.
1
2
RESUMEN
En este trabajo se propone estudiar la incorporación de la perspectiva la gestión de equipos de
salud de la Comunidad. La transversalidad es uno de los principios de la Política Nacional de
Humanización y esto debe ser un dispositivo para reafirmar y poner de relieve el carácter de
la institución de SUS. El objetivo es verificar el concepto de integración y su aplicación en la
gestión de los establecimientos de salud. Este estudio se caracteriza por ser una literatura de
carácter cualitativo y descriptivo. Y el trabajo principal que apoya la investigación es la
Política Nacional de Humanización.
Palabras clave: Gestión de la Salud; humanización de la atención; del Sistema de Salud
3
INTRODUÇÃO
A ideia do Sistema Único de Saúde surgiu por volta dos anos 80, construído com
participação e luta dos cidadãos e trabalhadores da área da saúde. Tornou-se visível e ganhou
corpo com o Movimento Sanitarista e das Conferências Nacionais de Saúde, em uma época
de revolução de pensamentos gerados pela resistência à ditadura militar. E na Constituição de
1988, a saúde é dita como um direto de todos e dever do Estado 1.
Os princípios do SUS devem indicar alterações positivas na atual prática da Saúde
Pública no Brasil e os que visam estas são: universalidade, equidade e integralidade 2.
A saúde é um direito de todo cidadão e assim devem-se implementar ações e serviços
desfragmentados, mas ao mesmo tempo estando sempre amarrados pelas redes de apoio,
conhecimento e responsabilidades sanitárias 3.
É declarado que o SUS tem o traço de ser constituinte e para garantir que essa
característica se afirme devem ser empregadas forças identificatórias das dificuldades atuais
que existem na lacuna entre o Estado e suas políticas 4.
O SUS nos coloca vários desafios, e para afirmar sua característica constituinte é que
foi proposta a criação da Política Nacional de Humanização que vamos chamar de PNH ou
HumanizaSUS. Esta política pública pretendeu ser construída para todos para que seja de
todos. Dos trabalhadores, usuários e gestores, fortalecendo a saúde coletiva e mudando as
relações de poder propondo a não separação entre atenção e gestão 5.
A Política Nacional de Humanização existe desde 2004 para efetivar os princípios do
SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e
incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários. A PNH deve ser um
dispositivo para reafirmar e evidenciar o caráter instituinte do SUS, para que este não perca
sua força contestatória e que realmente promova mudanças no dia a dia dos serviços. O
humanizaSUS reafirma os princípios do SUS e propõem outros princípios importantes para
um sistema de saúde portador de qualidade e resolutividade. Por princípios, então, entende-se
o que causa ou força a ação, ou que dispara um determinado movimento no plano das
políticas públicas. Na PNH estes princípios são a transversalidade, a indissocialibilidade entre
atenção e gestão, protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos
coletivos6.
4
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste trabalho iremos nos atentar para o princípio da transversalidade.
O princípio da transversalidade prevê que a atenção e a gestão devem andar juntas
sendo diferente dos modelos verticais, burocratizados e hierárquicos presente em muitos
serviços, sempre em busca do fortalecimento de redes, melhorando assim os modos de cuidar
e gerir os serviços 7.
O HumanizaSUS quer propor e quer apostar que o conceito de homem ideal se
distancie, e que busquemos aprender pelos conceitos de experiência, ou seja, essa
humanização vai acontecer no concreto das vivências diárias dos serviços de saúde, nas
propostas diárias dos humano-colaboradores que não são aquele homem perfeitos e
idealizados. A PNH sob essa perspectiva aproxima as iniciativas já existentes, a fim as
englobar e vigorar, tendo como base as experiências do SUS, aumentando as conversas sobre
s conceitos da humanização e a não separação entre a atenção e a gestão 8.
Desta forma fica evidente a necessidade da discussão e da elaboração de pesquisas
sobre o tema transversalidade, pois este é um subsídio extremamente valioso para orientação
dos modos de gerir serviços de saúde, em especial os serviços de saúde, visto que sem o
estudo dos possíveis melhoramentos as formas de atenção e de gestão, não se fazem avanços
nos modelos burocratizados de gestão e na busca pela co-gestão.
5
4. OBJETIVO
Verificar o conceito de transversalidade e sua aplicação na gestão dos equipamentos
de saúde.
6
5. MÉTODO
O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa bibliográfica de natureza
qualitativa e descritiva 9.
Para seu desenvolvimento, foi realizado um levantamento bibliográfico na biblioteca
virtual da saúde, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), por meio das
palavras chave transversalidade e transversalização e que faziam referência aos serviços de
saúde, não houve delimitação da janela cronológica para pesquisa.
Foram incluídas na pesquisa todas as publicações desta temática, e após a
identificação das obras, foi feita a leitura dos resumos, e selecionadas aquelas que fizeram
referência ao objeto da pesquisa.
Em seguida as publicações foram lidas na integra e realizada a identificado o conceito
de transversalidade, posteriormente caracterizadas conforme o ano de publicação, base de
dados, titulação/profissão dos autores e o conceito de transversalidade.
A análise se realizou considerando o referencial teórico de transversalidade da Política
Nacional de Humanização.
7
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Encontrou-se 7 trabalhos utilizando a palavra chave transversalização e 74 com a
palavra transversalidade, totalizando 81 publicações.
Entre estes, após a leitura dos resumos, foram excluídos 69 que não fizeram referência
ao objeto de pesquisa, não se apresentaram na íntegra e estavam escritos em outro idioma,
restando 12 publicações a serem analisadas, conforme quadro 1.
Q uad ro 1 – D is tr ibu içã o dos ar tig os s eg und o au to r , titu laçã o, b as e d e da dos e an o.
Título
Autor
Base de dados
1. A Psicologia e o
http://www.scielo.br/
Sistema Único de
scielo.php?script=sci_a
Saúde: Quais
Regina Benevides
interfaces?
rttext&pid=S0102-
Ano
2005
Área de atuação
Psicóloga/Doutora em
Saúde Coletiva
71822005000200004
Médica
http://www.scielo.br/
2. Democracia e Gestao
Participativa: uma
Ana Maria
estrategia para a
Costa;Tatiana Lionço
eqü idade em saude?
sanitarista/Doutora em
scielo.php?script=sci_a
rttext&pid=S0104-
2006
12902006000200006
Ciências da Saúde
e
Psicóloga/Doutora em
Psicologia
3. Gestão dos processos
de trabalho e
humanização em
saúde: reflexões a
http://www.scielosp.o
Élida Azevedo
Hennington
rg/scielo.php?script=s
ci_arttext&pid=S0034-
2008
Não informada
2009
Não informada
89102008000300024
partir da ergologia
4. Humanização das
Raquel Turci
práticas de saúde:
Pedroso;Maria Edna
transversalizar em
Moura Vieira
defesa da vida
http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_a
rttext&pid=S141432832009000500020
5. Integralidade da
assistência na
compreensão dos
profissionais da
estratégia saúde da
família
Andrea Gomes
Linard;Marina Martins
de Castro;Ana Kelly
Lima da Cruz
6. “Lobo mau":
http://www.scielo.br/
Enfermeira Doutora em
scielo.php?script=sci_a
rttext&pid=S1983-
2011
14472011000300016
Fabiana Nunes Merhy
scielo.php?script=sci_a
transversalidade entre
Silva�
rttext&pid=S1984-
Enfermeira e
Enfermeira.
http://www.scielo.br/
analisador da
Enfermagem,
2008
Psicóloga/Mestre em
Saúde Coletiva
8
organização do
02922008000100009
trabalho & saúde
mental?
7. “O Significado da
Gravidez na
Adolescência a partir
da Ótica dos
Ana Maria Otoni
Mesquita
http://pesquisa.bvsal
ud.org/portal/resourc
2008
e/pt/lil-527657
Doutora em Ciências na
área de Saúde Pública
Profissionais de Saúde”
8. Práticas
http://www.scielo.br/
Transversalizadas da
scielo.php?script=sci_a
Clínica em Saúde
João Leite Ferreira Neto
79722008000100014
Mental
9. Processos de
Trabalho em Saúde:
práticas de cuidado em
saúde mental na
rttext&pid=S01022008
Não informada
http://www.scielo.br/
Danilo Camuri;Magda
Dimenstein
scielo.php?script=sci_a
rttext&pid=S0104-
Mestre em Psicologia e
2010
12902010000400008
estratégia saúde da
Doutora em Saúde
Mental
família
Filósofo e bioeticista,
Enfermeira e bioeticista,
Não informado,
10. Processos de
José Roque Junges;
trabalho no Programa
Lucilda Selli; Natália de
http://www.scielo.br/
Saúde da Família:
Ávila Soares; Raquel
scielo.php?script=sci_a
atravessamentos e
Brondísia Panizzi
rttext&pid=S0080-
transversalidades.
Fernandes; Marília
62342009000400028
Bolsista de Iniciação
Científica e graduanda e
2009
Fisioterapia, Bolsista de
Iniciação Científica e
graduanda de Psicologia,
Schreck
Bolsista de Iniciação
Científica e graduanda
do curso de Fisioterapia.
11. Promoção da Saúde
Maria Salete Bessa
Mental – Tecnologias
Jorge; Diego Muniz
do Cuidado: vínculo,
Pinto; Paulo Henrique
acolhimento, co-
Dias Quinderé; Antonio
responsabilização e
Germane Alves Pinto;
autonomia
Antonio Germane Alves
(transversalização)
Pinto; Cinthia
http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_a
rttext&pid=S1413-
2011
Não informado
2011
Cirurgiã-
81232011000800005
Mendonça Cavalcante
12. Trabalho em equipe
Cíntia Garcia Cardoso;
9
e reuniões
Élida Azevedo
http://www.scielo.br/
dentista/Mestre em
multiprofissionais em
Hennington
scielo.php?script=sci_a
Saúde Pública e Doutora
saúde: uma construção
rttext&pid=S1981-
em Saúde Coletiva
a espera pelos sujeitos
77462011000400005
de mudança
(transversalização)
A maioria dos trabalhos (7) foi escrito por mais de dois autores, ou seja 58,33%, se
sugestionando a predominância de grupos de pesquisa neste tipo de produção, o que se mostra
muito favorável visto que a constituição de grupos de pesquisa incentivam a produção
científica, e a comunicação interdisciplinar, principalmente em temas pouco estudados 10.
Em relação à área de atuação, constatou-se que 5 dos autores envolvidos são da área
de Saúde Coletiva/ Saúde Pública, 4 da área da Enfermagem , 3 da área de Psicologia, 2 da
área da Fisioterapia, um da área de Saúde Mental, um da área de Ciências da Saúde, um da
área da Filosofia, e 4 autores não consta a informação. Percebe-se que o assunto
transversalidade permeia e transpassa por diversas áreas.
Constatou-se que 91.66% os artigos são de natureza qualitativa e 8.44% de natureza
quantitativa.
Algo interessante que foi observado é que não foi estipulada janela
cronológica para pesquisa dos artigos, no entanto evidenciamos que a primeira
publicação que traz a temática da transversalidade foi publicada em 2005. Um
ano após a primeira publicação da PNH, o que significa que o tema
transversalização foi elucidado e percebido por alguns profi ssionais apenas uma
ano após a primeira publicação.
A quadro 2 descreve o conceito e a análise do pesquisador.
Q uad ro 2 – Sis tema tiz aç ão da s pub licaç ões e a ná lise do c onc eito d e tra ns versa lidad e.
Titulo da publicação
Conceito de transversalidade
Análise do pesquisador
E ss e c onc e ito abr ang e par c ialme nte
o c once ito da PN H , por que de sc re ve
1. A Psicologia e o Sistema Único de Saúde:
que a transve rs alidade aj uda a
Quais interfaces?
c onc re tiz ar a re laç ão c om os outros
pode re s des es tabilizando ass im a
Relação de intercessão com outros
fr onte ir a de s abe r es . E r e duc ionis ta
saberes/poderes/disciplinas. É no entre os
pois não de s cr e ve sobre a
10
saberes que a invenção acontece, é no
c om unic aç ão c om o for ma para que
limite de seus poderes que os saberes têm
a tr ansve rs aliz aç ão ac onteç a. T rás
o que contribuir para outro mundo possível,
c onte údo se m e lhante c om o
para outra saúde possível.
c onc e ito de tr ans ve rs alidade do
pr im e ir o doc ume nto da PN H de
2004, que não de sc r e ve o pr inc ípio
da tr ans ve rs alidade e s im de s ta.
P r ovave lme nte por que es ta
public aç ão é de 2005, ou s ej a,
ante r ior ao te xto da PN H de 2008
que de sc r e ve o pr incípio da
tr ans ve rs alidade .
Não tem conceito explicito, porém realça
que com os comitês de Promoção de
Equidade adotados
2. Democracia e Gestão Participativa: uma
pelo Ministério da Saúde, permitem aos
estratégia para a eqüidade em saúde?
distintos grupos sociais vocalizarem suas
demandas e necessidades, provocando
respostas articuladas do Governo, com
Esse conceito abrange parcialmente o
conceito da PNH, porque descreve que a
transversalidade como produto final da
ação intersetorial dos comitês de Promoção
de Equidade. Portanto é reducionista,
porque não relata sobre a transformação
dos modos de relação e de comunicação.
transversalidade.
Não abrange o conceito do principio da
3. Gestão dos processos de trabalho e
humanização em saúde: reflexões a partir
Transversal que perpassa por todos os
níveis de atenção à saúde.
da ergologia
transversalização. Esta publicação trás
conteúdo semelhante à definição da
política de humanização publicada em
2004, que afirma de esta política deve ter
dimensão transversal.
Princípio da PNH, é colocar os saberes e
práticas de saúde no mesmo plano
comunicacional, provocando a
desestabilização das fronteiras dos saberes,
territórios de poder e modos instituídos nas
4. Humanização das práticas de saúde:
relações de trabalho, para produção de um
transversalizar em defesa da vida
plano comum. Não é, portanto, uma
comunicação vertical que mantém e
sustenta a separação de quem elabora
daquele que executa, nem é tão-somente
uma prática horizontal que se dá entre
iguais.
Este conceito abrange exatamente o
conceito da PNH. E amplia este conceito
utilizando a definição de transversalidade
elucidada por outros autores.
11
Não tem conceito explicito, traz a como
5. Integralidade da assistência na
tema central a integralidade e diz que essa
compreensão dos profissionais da
deve ser transversal com os demais
estratégia saúde da família
princípios do SUS;
Este conceito não abrange o conceito da
PNH, somente elucida que a integralidade
deve ser transversal com os demais
princípios do sus.
Entender o que é a transversalidade hoje:
6. “Lobo mau": analisador da
transversalidade entre organização do
trabalho & saúde mental?
como rede de reprodução da ordem
hegemônica e outro sentido que é o de
oposição/ruptura em relação à hegemonia;
Esta transversalidade é sinônimo da
Esta publicação traz parcialmente o
conceito da PNH porém de forma
reducionista, somente exemplifica sobre as
mudanças nas relações de poder.
produção de subjetividade no mundo
globalizado.
Transversalidade as concepções e práticas
que atravessam as diferentes ações e
instâncias que aumentam o grau de
7. “O Significado da Gravidez na
abertura da comunicação intra e inter
Adolescência a partir da Ótica dos
grupos e ampliam as grupalidades; e
Profissionais de Saúde”
também como as concepções e práticas que
Esta publicação abrange parcialmente o
conceito da PNH, porém de forma
reducionista citando somente a
comunicação intra e intergrupos. Mas não
cita as fronteiras de saberes, os territórios
de poderes e nem as relações de trabalho.
atravessam as diferentes ações e instâncias
no sentido de ampliar o grau de abertura da
comunicação intra e inter grupos
Transversalidade como o aumento da
8. Práticas Transversalizadas da Clínica em
comunicação entre diferentes níveis e
Saúde Mental
diferentes sentidos das múltiplas forças que
atravessam e compõem os processos.
Esta publicação não abrange o conceito da
PNH, cita exatamente o conceito de
transversalidade de outro autor. Porém de
alguma forma citando a comunicação intra
e intergrupos.
Esta publicação abrange parcialmente o
Não tem conceito explicito, cita
transversalidade na conclusão, e considera
9. Processos de Trabalho em Saúde:
que através de um novo modo de arranjo
práticas de cuidado em saúde mental na
de trabalho e de gestão é possível
estratégia saúde da família
potencializar a transversalidade dos
saberes.
conceito da PNH, porém de forma
reducionista citando somente as fronteiras
de saberes e as relações de trabalho. Mas
não cita os aspectos comunicacionais e os
territórios de poderes.
12
10. Processos de trabalho no Programa
Usa o conceito de transversalidade baseado
Saúde da Família: atravessamentos e
na análise institucional e diz que a
transversalidades.
instituição é também o lugar de criação de
grupamentos que se integram no sistema.
Este conceito não abrange o conceito da
PNH, e faz referência ao conceito de
transversalidade usado da análise
institucional.
Não tem conceito explicito, cita nos
resultados que no cotidiano do CAPS,
E s ta public aç ão abr ang e
11. Promoção da Saúde Mental –
através das relações de cuidado e de seus
par c ialme nte o c onc e ito da P N H,
Tecnologias do Cuidado: vínculo,
dispositivos (acolhimento, vínculo, co-
pois de sc r eve a c ons tr uç ão de
acolhimento, co-responsabilização e
responsabilização e autonomia) se
e s paç os de diálogo e ntr e os
autonomia (transversalização)
possibilitou a transversalização da prática
tr abalhador es , us uár ios e
psicosocial, (re) construindo espaços de
fam iliar es . Mas s e tor na
diálogo no encontro dos trabalhadores de
r e ducionis ta ao c itar s om ente a
saúde mental, usuários e familiares na
c om unic aç ão.
busca da resolubilidade da atenção à saúde.
12. Trabalho em equipe e reuniões
Modo de se fazer circular os saberes e
E s te c onc e ito abr ang e e xatamente
o c once ito da PN H .
multiprofissionais em saúde: uma
poderes, alterando o padrão organizacional
construção a espera pelos sujeitos de
e de gestão verticalizados e hierarquizados,
mudança (transversalização)
visando a melhora dos processos
comunicacionais.
Entre as publicações, 5 fazem referência ao conceito de transversalidade em diferentes
níveis de gestão, 5 descrevem sobre assistência, um sobre rede e um sobre política.
Verificamos nesta pesquisa que houve a ampliação da compreensão sobre os conceitos
de tranversalidade e transversalização complementando o conceito da PNH.
Nas publicações 6 e 10 se utilizou o conceito da análise institucional onde descreve
sobre os atravessamentos políticos, econômicos, sociais, culturais, sexuais e libidinais
existentes em uma relação social e consequentemente em todas as instituições 11.
Já nas publicações 1, 2, 3, 5, e 11 observou-se o conceito utilizado na educação, onde
um tema deve estar presente em várias áreas 12.
13
Averiguamos que o conceito utilizado no princípio da transversalidade da Politica
Nacional de Humanização ainda esta sendo insuficientemente estudado pelos profissionais
dos equipamentos de saúde, e esta sendo pouco aplicado pelos gestores dos serviços,
houveram somente 2 trabalhos que utilizaram o conceito exato da PNH, 7 abrangeram
parcialmente.
Observamos entre as publicações, apenas a publicação 6 e 9 aborta a gestão,
trabalhando o conceito da transversalidade utilizado na análise institucional. As outras
publicações 8 e 11 abordam a assistência. Na 8 se discute a transversalização da clínica,
utilizando como um potencializador das ações, e na 11 discute a transversalidade na prática
psicossocial, ou seja, no dia-a-dia das ações e atendimentos realizados no serviço.
Encontramos um trabalho (12) onde estudou-se aplicação do conceito de
transversalidade da PNH na gestão de equipamentos de saúde. E explicita que a PNH indica o
fortalecimento do trabalho em equipe como estímulo a transversalidade.
14
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que não se perca a característica instituinte do SUS todos os profissionais da saúde
devem se apropriar dos princípios da PNH e utilizá-los nas suas práticas diárias. Fomentando
a figuração principal desses sujeitos, mostrando aos gestores que os trabalhadores da saúde
podem fazer seu exclusivo processo de trabalho, podendo inclusive aperfeiçoar a gestão
participativa e dessa forma aumentar a tranversalização das pessoas e redes incursas no
atendimento aos usuários, criando assim uma gestão corresponsável.
Para isso acontecer os profissionais devem pensar e criar mecanismos em rede, com a
ausência de atravessamentos hierárquicos, que tenham incontestável reconhecimento da
importância de diferentes saberes e uma descentralização da supervisão. Também dispositivos
internos coletivos, flexíveis e dinâmicos de troca de saberes, que motivem a valorização da
experiência profissional sem minimização da experiência humana, buscando alto grau de
comunicação, e motivando a criação de conhecimentos subjetivos.
Criando assim uma nova configuração dos serviços de saúde, com base em uma
organização coerente de atendimento territorial e descentralizado. Tornando esses
equipamentos metamórficos e transformadores no atendimento em saúde, e se mostrando
propícios para implementação de práticas que estimulem a produção de subjetividades
interdisciplinares, que implicam na constituição de novas formas de se pensar, tratar, cuidar e
gerir o serviço, na busca da resolubilidade da atenção em saúde.
Fazendo desta forma os próprios humanos-colaboradores irão estruturar uma
assistência e gestão que utilizam a PNH como norteador e que incorporem o conceito de
transversalidade nas práticas do dia-a-dia das instituições de saúde, fazendo com que ocorra o
encontro entre a gestão e a assistência.
Observamos que o conceito de transversalidade e transversalização encontrado nos
trabalhos transitam por definições dadas por diversos autores e por várias linhas de
pensamento e que houve a ampliação da compreensão sobre os conceitos complementando o
conceito da PNH.
Dentre os trabalhos, três deles fizeram referência a gestão dos serviços, e trouxeram
uma visão positiva do uso da transversalidade como interventora da transversalidade nos
saberes e nas práticas do cotidiano do serviço, produzindo desta forma subjetividades e
mudança da cultura dos trabalhadores.
Podemos afirmar que apesar do pequeno número de trabalhos encontrados, a
qualidade dos achados se mostra relevante e condizente com o exposto na PNH.
15
6. REFERÊNCIAS
1. Brasil. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado Federal; 1988.
2. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. [online] Brasília (DF), 1990. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lei8080.pdf. Acesso em: 25/09/2012.
3. Pedroso RT, Vieira MEM. Humanização das práticas de saúde: transversalizar em defesa
da vida. Interface (Botucatu). São Paulo: 2009. [serial on the Internet] Available from:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141432832009000500020&lang=pt . Acesso em: 10/08/2012.
4. Benevides R, Passos E. Humanização na saúde: um novo modismo? Interface (Botucatu).
São
Paulo:
2005.
[serial
on
the
Internet]
Available
from:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141432832005000200014&lang=pt.
Acesso em: 10/08/2012.
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília (DF);
Ministério da Saúde; 2010a. 44 p.
6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do
SUS. Brasília (DF); Ministério da Saúde; 2008.72p.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de
Humanização. Formação e intervenção. Brasília (DF); Ministério da Saúde; 2010b. 73-94p.
8. Leite JV, Arcanjo ME. Política Nacional de Humanização: desafios de se construir uma
“política dispositivo”. Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo/ UFES; [s.d.].
9. Gil AC. Como Elaborar um Projeto de Pesquisa. São Paulo: Atlas; 1994. 107p.
10. Azevedo DM, Holanda CSM, Costa RKS. A importância do grupo de pesquisa na
formação em enfermagem: uma experiência na graduação. Saúde & Transf. Soc.,
(Florianópolis) 2013; (4)01: 01-02
11. Coimbra C, Nascimento ML. Análise de implicações: desafiando nossas práticas de
saber/poder. In: Produção de subjetividade e direitos humanos. Editora Fiocruz. In Press
2008.
12. Menezes, E. T., Santos, T. H. "Transversalidade" (verbete). Dicionário Interativo da
Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=70. Acesso em: 27/02/2014.
16
ANEXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP/
HOSPITAL SÃO PAULO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO PAULO - UNIFESP/
HOSPITAL SÃO PAULO
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: A TRANSVERSALIZAÇÃO NA GESTÃO DOS EQUIPAMENTOS
COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE
Pesquisador: Luana Paula Santos de Lima Espíndola
Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 23702214.0.0000.5505
17
Instituição Proponente: Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 569.890
Data da Relatoria: 26/03/2014
Apresentação do Projeto:
Neste trabalho iremos nos atentar para o princípio da transversalidade.
¿A transversalidade é uma dimensão que pretende superar os dois impasses, o de uma pura
verticalidade e
o de uma simples horizontalidade; ela tende a se realizar quando uma comunicação máxima
se efetua entre
os diferentes níveis e, sobretudo, nos diferentes sentidos¿. (Guattari, 1977)
A transversalidade visa ampliar a comunicação intra e intergrupos, transformando os modos
de relação e de
comunicação entre os sujeitos. (Brasil, 2010)
18
O princípio da transversalidade prevê que a atenção e a gestão devem andar juntas sendo
diferente dos
modelos verticais, burocratizados e hierárquicos presente em muitos serviços, sempre em
busca do
fortalecimento de redes, melhorando assim os modos de cuidar e gerir os serviços. (Brasil,
2010)
Leite e Arcanjo ([s.d.]) afirmam que o HumanizaSUS quer propor e quer apostar que o
conceito de homem
ideal se distancie, e que busquemos aprender pelos conceitos de experiência, ou seja, essa
humanização
vai acontecer no concreto das vivências diárias dos serviços de saúde, nas propostas diárias
dos humanocolaboradores que não são aquele homem perfeitos e idealizados. A PNH sob essa perspectiva
aproxima as
iniciativas já existentes, a fim as englobar e vigorar,
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tendo como base as experiências do SUS, aumentando as conversas sobre s conceitos da
humanização e a
não separação entre a atenção e a gestão.
É neste contexto que a discussão sobre transversalidade ganha destaque, sendo mais um
subsidio para
orientação dos modos de gerir.
Objetivo da Pesquisa:
Verificar o conceito de transversalidade e sua aplicação na gestão dos equipamentos de saúde.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
NÃO SE APLICA
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Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Projeto de pesquisa apresentado para conclusão do curso de Pós-graduação em Gestão em
Saúde da
Universidade Federal de São Paulo.
Orientador: Profa. Dra. Chennyfer Paes da Rosa
Metodologia
O presente estudo se caracterizará como uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa e
descritiva.
(GIL, 1994)
Para seu desenvolvimento, será realizado um levantamento bibliográfico na biblioteca virtual
da saúde por
meio das palavras chave transversalidade e transversalização e que façam referência aos
serviços de
saúde.
Serão incluídas na pesquisa todas as publicações desta temática, e após a identificação das
obras, será
feita a leitura dos resumos, e selecionadas aquelas que fazem referência ao objeto da pesquisa.
Em seguida as publicações serão lidas na integra e identificado o conceito de transversalidade,
serão
caracterizados conforme o ano de publicação, base de dados, titulação/profissão dos autores e
o conceito
de transversalidade.
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A análise será realizada considerando o referencial teórico de transversalidade da Política
Nacional de
Humanização.
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Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Documentos obrigatórios apresentados (FOLHA DE ROSTO E PROJETO DE PESQUISA)
Recomendações:
NADA CONSTA
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
SEM INADEQUAÇÕES (PESQUISA BIBLIOGRÁFICA)
Situação do Parecer:
Aprovado
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Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
O CEP informa que a partir desta data de aprovação, é necessário o envio de relatórios
parciais
(anualmente), e o relatório final, quando do término do estudo.
SAO PAULO, 26 de Março de 2014
Assinador por:
José Osmar Medina Pestana
(Coordenador)
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