DE NOVO A CANTILENA DOS RESSENTIDOS Maria Inês Pagliarini Cox (MeEL/UFMT) Mais uma vez temos de escutar a cantilena da intelligentsia jornalística brasileira sobre os descaminhos do ensino de língua portuguesa no país. A bola da vez é o ENEM. Mas o caso do livro didático Por uma vida melhor, alvo de ruidosa polêmica no ano passado, evidentemente foi ressuscitado. Agora, o jornal O Globo, após a realização do exame e divulgação do gabarito, coloca-se como porta-voz das queixas de professores de colégios e cursinhos, descontentes com a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, por ela mostrar “uma preocupação excessiva em defender o uso oral e coloquial da língua em detrimento da norma culta”. O título da matéria aqui referida – ENEM faz a mesma pergunta oito vezes –, logicamente tendencioso, leva o leitor a duvidar do absurdo que lê: como, assim, um exame nacional (não qualquer exame!) da importância do ENEM se presta ao disparate de repetir uma mesma questão oito vezes? O leitor precisa persistir na leitura, aliás, nada agradável, para compreender que se trata de uma hipérbole jornalística. Logo abaixo do título, o lide pretende resumir o conteúdo da matéria: “Das 45 questões do exame de Linguagens, boa parte enfatizou o uso polêmico de termos coloquiais”, nada informando que esclareça o título. É preciso chegar ao final do primeiro parágrafo e início do segundo para saber o que de fato o jornalista quer dizer quando ele diz a “mesma questão”. Na verdade não se trata de fazer a “mesma questão”, mas de explorar um mesmo tema ou um mesmo registro de linguagem – o oral e coloquial – em oito questões, configurando-se como uma prática reprovável na opinião dos especialistas (a professora Regina Carvalho, mestre em literatura pela Paris III, e o professor Cláudio Cezar Henriques, titular do Instituto de Letras da UERJ), convocados a falar como fiadores da posição conservadora, reacionária e purista do jornal. Segundo a professora Regina, a demasiada importância concedida à linguagem coloquial avulta como “uma ideologia”, “uma indução subliminar”, “uma política intencional do MEC”. Ela não explicita qual é a ideologia, qual é a política intencional, mas, pelas entrelinhas, é possível sacar que se trata de uma crença compartilhada pela classe média de que o governo vem deliberadamente proletarizando a educação, incluindo aí a linguagem. Já o professor Cláudio usa o termo “demagogia linguística”, reverberando uma certa crítica a um presumido populismo. Alguns internautas que comentaram a matéria foram bem mais explícitos na reedição desse discurso da classe média escandalizada e aterrorizada com a tal ascensão do lulês, o idioma da língua presa. Veja-se o que um deles diz: “O populismo deste governo lulopetista beira as raias do absurdo. Tudo indica que o "nós pega o peixe" continuará como grande fonte de inspiração para a produção didática no país. Não é preciso ser nenhum Freud ou Sherlock Holmes para deduzir que isto é tão simplesmente a implantação da fala do expresidente Lula como modelo de linguagem. Não é ele que se gaba de ser presidente sem ter estudado? Que belo exemplo para a juventude brasileira, não?...”. O que a professora vê como uma tendência ideológica reprovável pode também ser visto como coerência com uma concepção específica de língua(gem) e de como ela deve ser trabalhada na escola. Talvez se os colégios particulares não se colocassem à margem das políticas educacionais que vem sendo implantadas no país desde a década de 1990, poderiam compreender o porquê da presença “numerosa” de textos orais e coloquiais (Atenção! Não são dois nomes diferentes para uma mesma coisa) na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. O ENEM é a instância que fecha o ciclo aberto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM/1998), passando pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM/1999), pelas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM/2006) e pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM/2008), cujos critérios de avaliação das obras estão em estreita sintonia com os princípios dos PCNEM e OCEM. Esse conjunto de documentos governamentais institui uma mudança paradigmática no ensino da língua(gem) na educação básica, que vinha sendo alimentada pelos conhecimentos produzidos pelas ciências linguísticas (psicolingüística, sociolingüística, linguística aplicada, linguística textual, análise de discurso, semântica, pragmática, semiótica etc.) desde o final da década de 1970. Com o intuito de projetar o ensino médio como educação integral e não como mera preparação para os exames vestibulares, as DCNEM têm por princípios: 1) a estética da sensibilidade (voltada para a valorização do criativo, do curioso, do trabalho autônomo, não padronizado); 2) a política da igualdade (voltada para a solidariedade, para o respeito à diversidade, para a cidadania); 3) a ética da identidade (voltada para a promoção da autonomia do educando, da escola, das propostas pedagógicas etc.). Nessa perspectiva, a educação deve visar não a memorização de conhecimentos em via de superação, mas sim a formação de competências básicas que permitam ao egresso da educação básica continuar aprendendo sempre e participar da vida social como cidadão consciente. Para tanto, os conteúdos precisam ser significativos do ponto de vista do educando, contextualizados e tratados de forma articulada. Considerando tais princípios, as DCNEM propõem que o ensino médio se estruture em três grandes áreas: (i) Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias, (ii) Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e (iii) Ciências Humanas e suas Tecnologias (Art. 10). A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias passa a englobar a Língua Portuguesa, a Língua Estrangeira Moderna, a Arte, a Educação Física e a Informática, porém não como disciplinas autônomas, mas como conhecimentos que podem ser trabalhados conjuntamente. Apesar de as linguagens divergirem no plano da expressão, no suporte e nos instrumentos de que se servem, convergem no plano do conteúdo. “A fala, a escrita, os movimentos corporais, a arte estão intimamente ligados à cognição, à percepção, à ação, sendo expressões da cultura. Todos os sistemas procuram tornar os significados comunicáveis” (PCNEM, p. 191). “A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido” (PCNEM, p.125). Se o mundo contemporâneo é o mundo da onipresença da informação, um mundo essencialmente simbólico, o domínio das linguagens em suas múltiplas relações e combinações é condição necessária à participação ativa, efetivamente cidadã, na vida social. Se, em épocas anteriores, a língua portuguesa ocupava praticamente sozinha o espaço destinado às linguagens na grade curricular, hoje, o fenômeno da multimodalidade, que se impõe como traço característico da conjuntura multimidiática, não permite mais que ela se enclausure em seus limites disciplinares. Muito apropriadamente, os PCNEM falam em “conhecimentos” de língua portuguesa e não em “disciplina”. Os conhecimentos lingüísticos constituem uma parte fundamental na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, assumindo a função de articular os diferentes sistemas de comunicação, mas não reinam mais sozinhos. A publicação, em 2006, das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) consubstancia os princípios postos pelos PCNEM no que tange ao ensino de língua portuguesa em articulação com as demais linguagens, por meio da proposta de “letramentos múltiplos”, envolvendo práticas de linguagem na esfera escolar que não “se restringem à palavra escrita nem se filiam apenas aos padrões socioculturais hegemônicos (OCEM, p. 28). O que se defende, portanto, é a absoluta necessidade de se avocar e levar adiante o desafio de criar condições para que os alunos construam sua autonomia nas sociedades contemporâneas – tecnologicamente complexas e globalizadas – sem que, para isso, é claro, se vejam apartados da cultura e das demandas de suas comunidades. Isso significa dizer que a escola que se pretende efetivamente inclusiva e aberta à diversidade não pode ater-se ao letramento da letra, mas deve, isso sim, abrir-se para os múltiplos letramentos, que, envolvendo uma enorme variação de mídias, constroem-se de forma multissemiótica e híbrida – por exemplo, nos hipertextos na imprensa ou na internet, por vídeos e filmes, etc. Reitera-se que essa postura é condição para confrontar o aluno com práticas de linguagem que o levem a formar-se para o mundo do trabalho e para a cidadania com respeito pelas diferenças no modo de agir e de fazer sentido. (OCEM, p. 29). Na perspectiva dos “letramentos múltiplos”, a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias se ocuparia em preparar o aluno para ler textos em língua estrangeira e em língua materna dos mais variados gêneros (informativos, didáticos, acadêmicos, literários, publicitários etc), textos multissemióticos, textos visuais estáticos e em movimento, textos corporais, textos plásticos etc, materializados nos mais diversos suportes e em circulação na mídia oral, impressa, eletrônica e digital. Essa revisitação, um tanto cansativa dos documentos, é necessária para mostrar que o ENEM é visto pelo MEC como o momento de avaliar a implementação da proposta de “letramentos múltiplos”. As 45 questões que compõem a prova objetiva de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias avaliam a competência do aluno para ler diferentes textos, incluindo textos em inglês ou espanhol, afinal a língua estrangeira moderna faz parte dessa área. Assim, o que causou espanto ao jornalista – que até uma questão de inglês explorasse a coloquialidade – pode ser visto como um índice de coerência da área. Afinal, seria muito estranho se o inglês passasse a ser trabalhado à luz dos letramentos múltiplos, mas continuasse a ser apresentado aos alunos por meio de textos “fake” para estrangeiros e do Standard English. Palmas para quem teve a feliz idéia de colocar esse cartoon (questão 94) na prova de inglês! Os alunos não podem mais sair do ensino médio achando que só o português varia. Toda língua é várias línguas e é assim que ela, materna ou estrangeira, precisa ser trabalhada na escola, se se quer formar pessoas que compreendam a diversidade linguística e lutem para acabar com a desigualdade linguística que, quase sempre, pega carona com a diversidade. Que é o princípio dos “letramentos múltiplos” que baliza a elaboração da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias não resta dúvida. Como já se observou anteriormente, todas as questões são questões de leituras. Todas as questões dão textos a ler, geralmente um, mas, às vezes, dois. Assim, são mais de cinqüenta textos, distribuídos entre os mais diversos gêneros: poemas, letras de música, trechos de crônicas, trechos de contos, trechos de romances, charges, tiras, frases do dia, pensamentos, peças publicitárias, campanhas de conscientização pública, cartazes, reportagens, entrevistas, textos informativos, textos didáticos, textos acadêmicos, ensaios, pinturas, escultura, elenco de palavras, capa de LP etc. Não se pode negar que a coletânea dos textos do ENEM cumpre a função de avaliar a competência do aluno para ler uma diversidade gêneros e uma diversidade de linguagens. Se fosse pela riqueza da coletânea, o ENEM levaria dez, mas como não é apenas isso que conta, ele está ainda longe de um dez. Mas avaliar o ENEM foge ao propósito deste texto. A maioria dos textos que compõe a coletânea é exemplar do português escrito culto, porém alguns apresentam, sim, traços de linguagem popular oral ou escrita e/ou traços de registro coloquial oral ou escrito. Afinal, um projeto de multiletramento não pode se resumir a ler textos clássicos, textos da alta literatura/cultura, ele precisa ler também textos que revolucionam os cânones, textos da cultura de massa, da cultura popular, de todos os domínios de comunicação, sem qualquer reserva. Um dos textos citados pela matéria jornalística como exemplo de privilégio concedido ao “uso oral e coloquial da língua em detrimento da norma culta” é o seguinte, explorado na questão 99: “Eu gostava muito de passeá...saí com as minhas colegas...brincá na porta di casa di vôlei...andá de patins...bicicleta...quando eu levava um tombo ou outro ... eu era a ::... a palhaça da turma ... ((risos))...”. O relato é atribuído a A.P.S., uma mulher de 38 anos, aluna do ensino fundamental. Há uma informação importantíssima sobre o relato que não é mencionada no comentário do jornalista: o relato faz parte do Projeto Fala Goiana. Trata-se, portanto, de um trecho de fala transcrito para fins de estudo, o que justifica o uso da escrita alfabética e não da ortografia. Mas o enunciado da questão, assim como as alternativas são escritos de acordo com a norma culta e com as convenções ortográficas, o que permite um contraponto. E mais, ousa-se dizer que esse texto poderia ter sido pronunciado por qualquer informante do Projeto NURC (Norma Urbana Culta), pois a supressão do /r/ final no infinitivo verbal é um processo universal na comunidade de falantes de português brasileiro, independente de seu grau de letramento, escolarização, status social e origem familiar. Alguns sociolinguistas já consideram o <r> que aparece na escrita como um arcaísmo, resquício de um estado da língua em que ele era pronunciado, pois agora ele não é mais. A sua presença na fala já soa como uma hipercorreção. O traço que poderia indicar o uso não culto da língua seria a não concordância nominal entre os termos variáveis do sintagma “as minhas colegas”. A informante poderia ter dito “as minhas colega” ou mesmo “as minha colega”, mas ela disse, se a transcrição estiver correta, “as minhas colegas”, fazendo o artigo e o pronome concordar com o nome que é uma das regras do chamado português culto escrito. Muito provavelmente, o fato de se tratar de uma entrevista levou a informante a monitorar a sua fala, evitando marcadores sociais estigmatizados. Entre as oito questões que motivaram a crítica pelo “foco exagerado na linguagem coloquial”, nem todas dão a ler textos em linguagem coloquial. A questão 130, por exemplo, propõe a leitura de um trecho de um texto acadêmico, escrito em norma culta, pela linguista Dinah Callou. O texto trata da vitória de “ter” sobre “haver” em diferentes momentos da história do português e é explorado por uma pergunta cuja alternativa correta é a seguinte: “os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística”. Sem dúvida, o x da questão está nessa alternativa, que faz uma crítica contundente à cegueira impingida pelo purismo. Mas nada causa tanto espanto quanto o ar de censura que paira sobre as questões 110 e 123 que exploram textos de Manoel de Barros e Rubem Alves, respectivamente, ambos tratando da poesia que pode haver em palavras e expressões entoadas pelo povo, pela arraia miúda. Sobre essas questões, a matéria cita como declaração da professora Regina: “Não é mostrar a fala coloquial em qualquer lugar, mas na voz de poetas e escritores consagrados, quase como que um modelo. Há livros maravilhosos didáticos que não são aceitos. Se isso é uma política intencional do MEC, não sei, mas desconfio que sim”. Isso, proferido pela boca de uma mestra em literatura pela Paris III, é incrível. Um poeta da categoria de Manoel de Barros ser dito um mau exemplo para os alunos do ensino médio? O que é isso meu Deus? O que é um bom exemplo para os alunos: Olavo Bilac, Rui Barbosa? O que o jornalista e a professora se “esquecem” de dizer é que a coletânea do ENEM inclui, ao lado de Manoel de Barros e Rubem Alves, textos de Camões, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Fonseca, Rubem Braga, Lima Barreto, Luís Fernando Veríssimo etc. Trata-se, pois, de uma seleta de textos profundamente equilibrada em termos de representatividade dos gêneros, das linguagens, dos registros linguísticos, da historicidade da língua etc. Sobre “os livros didáticos maravilhosos que não são aceitos”, eles muito provavelmente não se afinam com os princípios do novo paradigma de ensino de língua(gem) mediante os quais as obras são avaliadas. Diante de uma declaração estapafúrdia como essa é quase impossível não pensar que se trata do desabafo de alguém ressentido ao se dar conta de que as muitas lições de gramática normativa de nada serviram para que os alunos se safassem no ENEM. Um internauta que comenta a matéria resume bem essa impressão: “Parece uma criança de oito anos que ficou chateadinha porque não fizeram o que ela queria”. Quanto ao lamento e à pergunta feita pelo professor Cláudio Cezar Henriques – “É lamentável que provas desse tipo deem tanto destaque a textos que mostram usos populares ou regionais de nossa língua. Minha crítica é pedagógica e tem a ver com a seguinte pergunta: as universidades querem alunos que tenham capacidade para ler e escrever textos acadêmicos e científicos ou querem alunos que saibam reconhecer variedades linguísticas?” – agora falando em meu próprio nome, como lingüista e professora universitária, eu diria que o aluno que eu quero é aquele que, além de saber “ler e escrever textos acadêmicos e científicos”, saiba ler todos os tipos de textos. Quero o aluno que lê para estudar, para se informar, para se divertir, para participar, como cidadão, do mundo em que vive, para rever posições retrógradas sobre a sua língua materna. Penso em educação linguística de um modo integral e não apenas em ensino de gramática normativa. Educação linguística envolve ensino-aprendizagem de normaculta, mas não se reduz a isso; envolve, principalmente, uma mudança de atitude em relação a toda forma de alteridade linguística. Apenas a educação lingüística, assim pensada e praticada, pode pôr no horizonte do possível uma sociedade sem estigma e sem preconceito, sem pessoas silenciadas pela própria condição de sua língua materna; pode pôr no horizonte do possível uma sociedade em que a compreensão de que “qualquer língua é várias línguas” seja tão natural que ninguém mais se sinta impelido a ir aos jornais para falar do espanto causado pela presença da oralidade e coloquialidade num exame que seleciona candidatos para ingressar na universidade; pode pôr no horizonte do possível uma sociedade em que nenhum lingüista exploda, ao ser interpelado para se pronunciar sobre a “preocupação excessiva da prova em defender o uso oral e informal da língua em detrimento da norma culta” e sobre “a primazia da sociolinguística em relação à gramática”, porque isso terá se tornado um nonsense. BIBLIOGRAFIA BRASIL/SEMTEC/MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM). Brasília: MEC, 1998. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio (PCNEM). Brasília: MEC, 2000. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio + (PCNEM+). Brasília: MEC, 2002. ______. Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM); vol. 1. Brasília: MEC, 2006. ______. Catálogo Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio, Língua Portuguesa (PNLEM). Brasília: MEC, 2008. NETO, Lauro. ENEM faz a mesma pergunta oito vezes. Jornal O Globo, 09/11/12, URL: http://glo.bo/SQL2Js, acessada em 25/11/12.