I 1 V180.1.3S VOR0i190 V15.)01 0iNOCIO/3Sii WANDA ROCHA GRONEFELD BAUMANIN DOENÇA DAS CÉLULAS DE LANG ERHANS HISTIOCITOSE X Florianópolis 2007 UFSC/ODONTOLOGIA BIBLIOTECA SETOR, WANDA ROCHA GRONEFELD BAUMANN DOENÇA DAS CÉLULAS DE LANGERHANS HISTIOCITOSE X Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e lmaginologia da Universidade Federal de Santa Catarina, como parte dos requisitos obrigatórios para obtenção do titulo de Especialista em Radiologia Odontológica e lmaginologia. Orientador: Prof. Dr. DeImo Tavares Florianópolis 2007 WANDA ROCHA GRONEFELD BAUMANN DOENÇA DAS CÉLULAS DE LANGERHANS HISTIOCITOSE X Este trabalho de conclusão foi julgado adequado para obtenção do titulo de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Especialização em Radiologia Imaginologia. Florianópolis, de 2007 de BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Delmo Tavares Orientador Prof. Dr. Membro Prof. Dr. Membro Odontológica e Pas Curt Augusbx Na busca do saber Encontrei AGRADECIMENTOS A todos que contribuíram e participaram de uma forma ou de outra para a realização desta etapa do meu aprendizado e que ela seja o inicio de um novo projeto de vida. Aos meus filhos, Victor Andreas e Marco Antonio, que compartilharam cada momento difícil e souberam compreender o que eu estava buscando e aceitaram as minhas muitas ausências. A minha irmã Maria Ligia que nos momentos mais difíceis de sua vida não pude fazer-lhe companhia. A Berenice, amiga, quiçá nora, que possamos desfrutar de vários momentos juntas no seio familiar. Aos meus funcionários Monica, Terezinha, Roseane e Cristina obrigada pelo carinho e colaboração. Aos meus pacientes que durante a minha ausência foram realmente pacientes. Aos funcionários do curso de especialização o meu muito obrigada pelo carinho e compreensão. Aos amigos que sempre me fortaleceram nos momentos difíceis E a você, mamãe, que do alto de seus 90 anos ainda tem a garra de querer aprender e a vontade de viver dedico-lhe este novo projeto de vida. A José Simão, meu pai muito amado, que me ensinou o caminho da retidão, hombridade e amor ao proximo, a Luiz Carlos, saudoso irmão, que sempre me orientou na área da saúde, mostrando-me o verdadeiro sentido da missão de HIPOCRATES, meu eterno amor, e a Helaine Mara, minha eterna amizade. (in memonan) Uma andorinha sozinha não faz o verão... Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espirito da sabedoria. Preferi a sabedoria aos cedros e tronos e, em comparação com ela julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata sera como lama. Amei-a mais que a saúde e a beleza, e quis possui-la. Mais que a luz, pois o esplendor que dela irradia não se apaga. Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável esta em suas mãos. Livro da Sabedoria 7,7-11 ADEUS VOCÊ se fez presente em todos os momentos firmes e trimulos. E, passo a passo, pude sentir a sua mão na minha mão, Transmitindo-me a segurança necessária para enfrentar rneu carninho e seguir.. A Sua presença é qualquer coisa como a luz e a vida, e sinto que em meu gesto existe o Seu gesto E em minha voz, a Sua voz Aos Mestres 'Mestre é aquele que não retém o poder nem o saber, mas que estei disposto a perder o poder para fazer emergir o saber Mestre, par opção ou natureza, é difícil de se ter.... Mestre que, às vezes não TIOS compreende nem se faz compreender... Mas existe aquele que se interessa, se responsabiliza, trabalha com afinco; que cresce e acrescenta; que inquieta e não só comparece; que caminha junto conosco, não nos abandonando. A esse mestre é que agradeço". Do saber se faz preciso Do querer se faz saber Da busca se faz encontrar Da alegria se faz amizade Do saber encontrei a amizade Da amizade encontrei o saber Do Mestre Maior encontrei o amor Dos mestres do saber encontrei o caminho e a luz do saber Ao Prof. Dr. DeImo Tavares o meu multo obrigada por set um mestre do saber. Aos colegas Ainda hi tempo... Mesmo que as dúvidas persistam, Que a emoção nos traia e a esperança falte, Mesmo que as palavras fujam. Não importa, porque ainda hi tempo... Para trocar o silêncio pelo sorriso, Os punhos fechados pelos braços abertos, Dispensar a distância e acolher a cumplicidade, Pedir perdão e sentir saudade... De tudo e de todos. Porque agora tudo faz falta... O abraço que negamos, As risadas que não nos permitimos. Mas ainda há tempo... Porque temos uma vida inteira para continuarmos AMIGOS_ multo melhor ousar grandes empreendimentos, para obter triunfos gloriosos, ainda que com falhas, do que alinhar-se aos pobres de espírito que não se alegram e nem sofrem muito, porque vivem em um crepúsculo que não conhece vitória ou derrota." MEODORE ROOSEVELT BAUMANN, W. R. G. Doença das células de Langerhans-Histiocitose X. 2007. 94f. Trabalho de Conclusão (Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia) - Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. RESUMO A Doença das Células de Langerhans (DCL) é uma desordem de etiologia incerta que se apresenta com um comportamento clinico bastante variado. Seu fazem parte do Sistema histiócitos que advém de aparecimento Reticuloendotelial, um dos mais importantes mecanismos de defesa do organismo. As doenças que compõe a DCL são: o Granuloma Eosinófilo (GE); Doença de Hand-Schuller-Christian (DHSC); e Doença de Letterer-Siwe (DLS), que fazem parte da reticuloendoteliose não lipidica. 0 levantamento da situação atual dos conhecimentos da DCL no meio cientifico baseou-se na revisão da literatura médica e odontológica. Todos os aspectos como etiologia, incidência, características clinicas e radiográficas, diagnóstico diferencial, tratamento e prognóstico foram abordados de forma a fazer deste trabalho um manual para que o clinico da Odontologia tenha um eficiente recurso literário para suas pesquisas nos relacionamentos com estas doenças. Palavras-chave: Doença das Células de Langerhans. Histiocitose X. BAUMANN, W. R. G. Doença das células de Langerhans-Histiocitose X. 2007. 94f. Trabalho de Conclusão (Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia) - Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. ABSTRACT The Langerhans' Cell's Disease (LCD) is an uncertain ethiologic disorder which shows great variability of clinical behavior. It's happening comes of histiocytisis from the reticuloendothelial system, one of the most important organism's self defense mechanism. Other diseases contained in the LCD are: the Eosinophilic Granuloma (EG); Hand-Schuller-Christian's Disease (HSCD); and Letterer-Siwe's Disease (LSD); which are part of the Nonlipidic retiuloendotheliosis. The study of LCD's current knowledge situation in the cientific group is sustained by Medical and Odontological Literature revision. All aspects, as ethiology, incidence, clinical and radiografic characteristics, diferential diagnostic, treatment and prognostic were studied in such way to make this work a manual so the dentist will have an efficient literary resource for your researches taken with LC Disease. Key words: Langerhans Cell Disease. Histiocytosis X. LISTA DE FIGURAS Figura 1 — Processo de maturação do monócito 23 Figura 2 - Monócito sanguíneo (mede lOmm - 15mm de diâmetro) 24 Figura 3 - Macrófago em tecido 24 Figura 4 - Células da linhagem dendritica 29 Figura 5- A origem celular dos macrófagos, células de Langerhans, e células dendriticas 32 das CD34+ células progenitora Figura 6- Célula de Langerhans — Visão por microscópio eletrônico (Observar os grânulos 33 de Birbeck) Figura 9— Doane! Periodontal 44 Figura 10 - Sindrome de Papillon-Lefèvre 45 Figura 11 - Cisto periapical 45 Figura 12 - Cisto residual 46 Figura 13- Osteomielite crônica supurada 47 Figura 14- Linfoma de Burkitt 48 Figura 15- Fibroma ossificante 48 Figura 16- Mieloma múltiplo 49 Figura 17- Displasia óssea fibrosa 50 Figura 18— Metástases tumorais 50 Figura 19 - Metástases tumorais. 51 Figura 20- Granuloma eosin6filo 51 Figura 21 - Areas esqueléticas envolvidas da DCL 56 Figura 22— Aspectos radiográficos do GE. Radiografias panorâmicas realizadas por um período de aproximadamente 10 meses mostram perda óssea alveolar, característico de um granuloma eosinófilo, em uma mulher de 24 anos 87 Figura 23— Aspectos radiográficos do GE. Levantamento periapical 87 Figura 24 - Aspectos radiográficos do GE. Radiografia panorâmica (mesmo paciente da FIG. 23) 88 Figura 25 - Aspectos Radiográficos do GE. Radiografia em norma lateral — não apresenta 88 lesão Utica na calota craniana (mesmo paciente da FIG. 23) Figura 26 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia em norma frontal — apresenta 89 lesão lítica na calota craniana Figura 27 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia em norma lateral — apresenta 89 lesão litica na calota craniana (mesmo paciente da FIG. 26) Figura 28 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia panorâmical — apresenta perda 90 óssea alveolar generalizada (mesmo paciente da FIG. 26) Figura 29- Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia periapical — região de molares deciduos (D e E) — apresenta perda óssea alveolar severa (mesmo paciente da FIG. 26) 90 Figura 30— Aspectos Clínicos da DHSC. Radiografia panorâmica tirada após 27 anos do diagnóstico inicial da doença de Hand-Schaller-Christian. Nenhuma indicação de lesões 91 na mandíbula é evidente. Lesões foram tratadas com radiação. Figura 31 — Aspectos Clínicos da DLS. Lesões de pele cobrem o corpo inteiro de um garoto de 10 meses de idade. A cabeça foi enfaixada para absorver a continua transpiração na cabeça. 91 Figura 32— Aspectos Clínicos da DLS. Visão intra-oral mostra erupção precoce da dentição 92 LISTA DE GRÁFICOS Grifico 1 — Distribuiçâo das lesões orals nos c:asos de GE ...... 41 Gráfico 2— Distribuição dos sintomas em casos de GE......-.__._. . ... ..........._. .. . . ... . 42 Gráfico 3- Proporção das áreas esqueléticas envolvidas da DCL........................... ..... 57 Gráfico 4— Distribuição das lesões orais nos casos de DHSC ........... .... ............................ 59 Gráfico 5 — Distribuição dos sintomas em casos de Gráfico 6— Distribuição das lesões orais nos casos de DLS ....,........................ .. 59 . . ... 67 Greif:* 7— Distribuição dos sintomas em casos de DLS..,...................................... ..... Gráfico 8 - Distribuição de casos de Doença da Célula de Langerhans 67 . ............ 75 Gráfico 9— Distribuição de casos de Doença da Célula de Langerhans ............................ 75 LISTA DE ABREVIATURAS CM Célula Apresentadora de Antígeno DCL Doença das Células de Langerhans DHSC Doença de Hand-Schüller-Christian DLS Doença de Letterer-Slwe GE Granuloma Eosinófilo HC!. Histiocitose das Células de Langerhans SFF Sistema Fagodtário Mononuclear SNC Sistema Nervoso Central SRE Sistema Retkulo-Endotelial SUMARIO 1 INTRODUÇÃO 20 2 PROPOSIÇÃO 21 3 REVISÃO DA LITERATURA 22 3.1 SISTEMA FAGOCITÁRIO MONONUCLEAR 22 3.1.1 Origem do macrófago 23 3.1.2 A origem da histocitose e da desordem histiocistica 31 3.2 HISTORIAMENTO DA DOENga das Células de Langerhans 33 3.2.1 Granuloma eosinofilico 38 3.2.1.1 Conceito 38 3.2.1.2 Etiologia 39 3.2.1.3 Características clinicas e radiográficas 39 3.2.1.4 Diagnóstico diferencial 43 32.1.4.1 Doença periodontal 44 3.2.1.4.2 Síndrome de Papillon-Lefèvre 45 3.2.1.4.3 Cisto periapical 45 3.2.1.4.4 Cisto residual 46 3.2.1.4.5 Cisto primordial 46 3.2.1.4.6 Osteomielite crônica supurada 47 3.2.1.4.7 Linfoma de Burkitt 47 3.2.1.4.8 Fibroma ossificante 48 3.2.1.4.9 Mieloma múltiplo 49 3.2.1.4.10 Displasia óssea fibrosa 49 3.2.1.4.11 Metástases tumorais 50 3.2.1.4.12 Granuloma eosinófilo 51 3.2.1.5 Diagnóstico definitivo 52 Tratamento 53 3.2.1.7 Prognóstico 54 3.2.1.6 3.2.2 Doença de Hand-Schuller-Christian 55 3.2.2.1 Etiologia 55 3.2.2.2 Características clinicas e radiográficas 56 3.2.2.3 Diagnóstico clinico 60 3.2.2.4 Diagnóstico diferencial 60 3.2.2.5 Diagnóstico definitivo 61 3.2.2.6 Tratamento 61 3.2.2.7 Prognóstico 61 3.2.3 Doença de Lefterer-Siwe 63 3.2.3.1 Características clinicas e radiográficas 64 3.2.3.2 Tratamento 68 3.2.3.3 Prognóstico 68 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS 69 5 CONSIDERAçÕES FINAIS 74 BIBLIOGRAFIA 79 APÊNDICES APÊNDICE A - DOCUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SOBRE OS ASPECTOS CLÍNICOS E FtADIOGRAFICOS DA DCL 87 20 1 INTRODUÇÃO Em 1940 um grupo de patologistas americanos reuniu um conjunto de doenças que apresentavam um substrato comum de reação de macráfagos que seriam as retículo-endotelioses, proposição que foi aceita sem julgamento adequado por toda uma geração de hematologistas americanos (OLIVEIRA, 1988). Somente em 1953, o termo Histicitose X, proposto por Lichtenstein, passou a designar este mesmo conjunto de doenças que compartilhavam as mesmas características clinicas e patológicas. Entretanto, há uma série de dúvidas a respeito da utilização desta terminologia para descrever diferentes tipos de patologias que representam fases diversas de uma entidade única. 0 conceito que o Granuloma Eosinófilo, Doença de Letterer-Siwe e Doença de Hand-Schüler-Christiam representam formas transicionais evolutivas de uma só entidade patológica tem recebido inúmeras objeções nos últimos anos. Diante das controvérsias na literatura pertinente sobre o agrupamento destas três lesões sob o nome de Histiocitose X, se faz necessário uma revisão bibliográfica do seu estado atual de conhecimento visando o interesse do profissional da Odontologia, já que apresentam uma alta incidência na região da cabeça e com grandes manifestações bucais. 21 2 PROPOSIÇÃO 0 presente trabalho tem por objetivo realizar uma investigação na literatura pertinente, com maior foco nos últimos 10 anos, mas incluindo menção de trabalhos históricos sobre a Doença das Células de Langerhans (DCL), para a partir dos dados obtidos situar o estado atual dos conhecimentos, formatando o trabalho de maneira a resultar num manual de consulta referente h doença das células de Langerhans. 22 3 REVISÃO DA LITERATURA1 Para proporcionar um melhor entendimento sobre o desenvolvimento da doença das Células de Langerhans, se faz necessário um pequeno detalhamento sobre o histiócito, que é o principal componente desta doença. 3.1 SISTEMA FAGOCITARIO MONONUCLEAR Sistema Mononuclear Fagocitário (SMF), Sistema Mononuclear Macrofágico (SMM) ou Sistema Retículo -endotelial (SRE) são termos coletivos para denominar um sistema de distribuição de células com grande expressão fagocitária que atuam sob uma vasta gama de microorganismos. Possuem origens e fung6es comuns, mas com localização em vários tecidos conjuntivos dispersos pelo organismo. Segundo Leeson e Leeson (apud LAITANO, 1988), o termo Sistema Fagocitário Mononuclear (SFM) é o mais apropriado, pois, as células que o comp6e não formam endotélio verdadeiro e muitas delas não têm relação com 1 Baseado na NBR 10520: 2005 da ABNT. 23 um retículo; no entanto, na literatura pertinente sobre Imunologia, a denominação Sistema Retículo -endotelial (SRE) ainda tem sido adotada. 3.1.1 Origem do macr6fago O SFM é formado por células originárias da linhagem mielóide produzidas pela medula óssea. A forma mais embrionária que compõe esse sistema é denominada de célula-tronco ou monoblasto, que através de inúmeras maturações origina uma coleção de células da série monocitica. Trowbridge e Emling (1996) apontaram as células do SMM pelo comportamento macrofágico. Os monócitos (FIG. 1) são células relativamente imaturas que mantêm a capacidade de se reproduzir, podem permanecer por longo período na circulação sanguínea (TROWBRIDGE; EMLING, 1996) e terão vários destinos. Os fagócitos mononucleares desenvolvem-se na medula óssea, circulam no sangue como monácitos e são encontrados em todos os tecidos do corpo. São células que podem diferenciar-se em formas especializadas em tecidos particulares, como o Sistema Nervoso Central (SNC). Possuem um núcleo em forma de ferradura, geralmente com grânulos azurofilicos pálidos e citoplasma contendo lisossomas, vacUolos fagociticos (TROWBRIDGE; EMLING, 1996). F Tecidos Songue M- edulo Osseo Th •ac..õ(oqo trivo do- >r- Ativação monob..,-„ r • - lác'to ^/ocófcgc Diferenciação M;crógiios ;SNC) Cé yips de Ki.pie• .figodo) Mocrarogos ulveolate pulnu5c) Osteocicsk» (3SSOS (Fonte: HOFLING, 2006. Adaptada de Abbas) Figura 1 — Processo de maturação do mon6cito 24 Segundo as condições fisiológicas ou patológicas do organismo, estas células adquirem função fagocitária, transformando-se em fagócito ativo, ou seja, macráfago (FIG. 2 e 3). (Fonte: HOFLING, 2006. Adaptado de Parham.) Figura 2 - Monácito sanguíneo (mede lOmm - 15mm de diâmetro) (Fonte: HOFLING, 2006, Adaptado de Parham.) Figura 3 - Macráfago em tecido Segundo hil5fling (2006), os macráfagos podem ser encontrados em todos os órgãos e tecidos conjuntivos, podendo assumir diferentes morfologias dependendo da localização tecidual. Também assumem formas epiteliáides ou 25 fundem-se a fim de formar células gigantes e, segundo Brasileiro Filho (2004), são típicas das inflamações crônicas granulomatosas. Esses agregados celulares organizados na forma de granulomas podem conter monáfagos agrupados de diferentes formas: a) Células Epitelióides: quando se agrupam de modo semelhante a células epiteliais. Nessa situação, esses macrófagos não fagocitam, embora mantenham a capacidade de participar (englobar partículas liquidas). Formam-se por estímulos imunogênicos, como por exemplo, na presença do ovo do Schistossoma mansoni, Mycobacterium tuberculosis, Paracoccidioides brasiliensis. b) Células Gigantes Multinucleadas: resultam da fusão de macrófagos. Há dois tipos: (i) tipo Langhans, encontradas de forma característica na tuberculose, cujos núcleos estão organizados na periferia, e (ii) tipo corpo estranho, quando os núcleos estão distribuídos irregularmente no citoplasma, e são comuns em granulomas induzidos por corpos estranhos imunologicamente inertes. Segundo Bogliolo (1981) e Trowbridge e Emling (1996), quando o monócito penetra no tecido conjuntivo ocorre a sua diferenciação em macrófago recebendo diferentes denominações dependendo do tecido em que se encontrar (QUADRO 1). No tecido conjuntivo, os macrófagos são também conhecidos como histiócitos. Os histiócitos são responsáveis pela apresentação e processamento do antígeno para o sistema imunológico, assim como digestão de materiais estranhos orgânicos e inorgânicos. Existem vários tipos de fag6citos mononucleares, entre eles destacam-se: as células do retículo dendritico, células de Langerhans (células interdigitadas), histiócitos (macregagos) circulantes (DEHNER, 1989). e monácitos 26 CÉLULAS Células precursoras ou Promonócitos Monoblastos Pró-monácitos Monócitos Macráfagos LOCALIZAÇÃO Medula óssea Medula óssea Medula óssea Medula óssea e Sangue periférico Tecidos: - Conjuntivo (histiócitos) - Pulmão (macrófagos alveolares) - Fígado (células de Kupffer) - Bago (macrófagos livres e fixos) - Linfonodos (macráfagos livres e fixos) - Medula óssea (macráfagos) - Cavidades Serosas (macrófagos pleurais e peritoneais) - Sistema nervoso (micróglia) - Ósseo (osteoclastos) - Fusão de macrófagos (células gigantes, corpos estranhos) - Pele (células de Langerhans) (Fonte: BOGLIOLO, 1981) Quadro 1 — Componentes do Sistema Fagocitario Mononuclear Cada uma destas células são macrófagos, mas em determinadas situações revelam características particulares e juntas formam o Sistema Fagocitario Mononuclear (SFM). Conforme citado na Leitura complementar 39, Pato Arte Geral (2001) 2 , as células deste sistema mostram as seguintes características: a) alta capacidade de fagocitose de células do organismo e de outros corpos; b) tendências a aderir em superfície; c) possuem receptores específicos para imunoglobulinas do IgG, participam ativamente das reações de hipersensibilidade, aumentando os mecanismos de ativação, reconhecimento e fagocitose; e 2 Disponível no site www.fo.usp.brilido/patoarteoeral/patoarteinfl10A.htm. 27 d) alto poder de digestão pela presença de abundantes lisossomos e de produção de enzimas lisossomiais. 0 Sistema Fagocitário Mononuclear, segundo Haling (2006), possui duas funções principais, realizadas por dois tipos celulares distintos, ambos derivados da medula óssea. 0 primeiro conhecido como macrófago fagocitico "profissional", tem função predominante de remover antígenos particulados, e o segundo, como Célula Apresentadora de Antigeno (CAA), tem função de internalizar o antígeno e apresenta-lo as células T. Além de serem importantes células efetoras tanto da imunidade inata quanto da imunidade adquirida. Braier; Sackmann; Muriel (1995) incluíram, como CAA, três subgrupos celulares: reticulares dendriticas, reticulares interdigitantes e de Langerhans. Pela função de apresentação do antígeno, Unanue e Benacerraf (1986) e Trowbridge e Emling (1996) caracterizaram os fagócitos mononucleares como células acessórias nas fases de reconhecimento e ativação dos linfácitos. Classificam-se como células acessórias os monácitos, macr6fagos e células que possuem processos dendriticos - como as de Langerhans da epiderme e as dendriticas encontradas no tecido linfóide. Para 1-16fling (2006), as principais funções das células acessórias são exibir o antígeno em uma forma que possa ser reconhecido pelos linfócitos T e produzir proteínas secretadas e de membrana que sirvam de sinais de ativação das células "T". Trowbridge e Emling (1996) atribuíram as funções macrofágicas como responsáveis pela remoção de células mortas ou que estão morrendo macráfagos no fígado e bago removem células vermelhas, envelhecidas, da circulação: limpeza - retirada dos tecidos danificados, preparando o caminho para os fibroblastos e novos capilares no reparo de feridas; defesa primária contra partículas inaladas; e remoção de grandes partículas nas reações de corpo estranho. É a primeira linha de defesa contra alguns microorganismos. 28 O macráfago ativado tem um grande número de propriedades que lhe proporcionam uma capacidade melhor em matar e digerir os microorganismos fagocitados, em degradar substâncias especiais e em participar das reações imunes. Para englobar microorganismos, os nnacrófagos são ativados por substâncias como INFT, GM-CSF, IL-2 e TNF (TROWBRIDGE; EMLING, 1996). Os mesmos autores apresentaram o resultado da ativação quando comparados a macrófagos não ativados: aumento do tamanho da célula; aumento do número de lisossomas e nas enzimas lisossomais; aumento no número de vilosidades da membrana plasmática; aumento na formação de pseudópodos; quimiotaxia aumentada; maior capacidade de aderência; maior capacidade de fagocitar microorganismos e determinadas substâncias; aumento do metabolismo da glicose; maior produção de metabólitos tóxicos a partir da conversão do oxigênio, aumentando a capacidade de matar os microorganismos ingeridos, como também a capacidade de apresentar antígenos aos linfácitos. Os macráfagos ativados são também capazes de liberar substâncias que avisam as células mesenquimais que elas devem se acumular e/ou proliferar no local de lesão. Essas substâncias incluem fatores de crescimento derivados de plaquetas e fibronectina, fibroblastos e resultando no recrutamento e na proliferação dos de novos vasos sanguíneos - angiogênese (TROWBRIDGE; EMLING, 1996). Unanue e Benacerraf (1986) resumiram a função do macráfago em uma combinação de três propriedades: remoção do excesso de antígeno; apresentação de antígeno; e secreção de moléculas estimuladoras. As células dendriticas são CAA que exercem funções importantes na indução das respostas dos linfócitos T aos antígenos protéicos e constituem uma população heterogênea de leucócitos com capacidade imuno-estimulatória muito eficiente. As células de Langerhans da epiderme são os principais protótipos da célula dendritica (HOFLING, 2006). 29 Segundo Lins et al. (2003), as células dendriticas são capazes de interagir com linfácitos Te Be também modular suas respostas. A morfologia das células dendriticas (FIG. 4) varia de acordo com o seu estágio de maturação. As células dendriticas maduras caracterizam-se por uma forma irregular, estrelada, exibindo numerosos prolongamentos citoplasmáticos longos e delgados que partem do corpo celular seguindo direções variadas. Já as células dendriticas imaturas apresentam-se com formas arredondadas e prolongamentos citoplasmáticos curtos (LINS et al., 2003). (Fonte: HbFLING, 2006. Adaptado de Parham) Figura 4 - Células da linhagem dendritica. As células de Langerhans, descritas pela primeira vez por Paul Langerhans em 1868, representam um estágio de diferenciação das células dendriticas, exibindo aspectos peculiares como núcleo denteado ou lobulado, aparelho de Golgi bem desenvolvido, ausência de melanossomas ou pré-melanossomas, desmossomas e tonofilamentos e presença de grânulos de Birbeck (LINS et al., 2003). Para DiFranco et al. (1985), os grânulos de Birbeck, por serem característica exclusiva, diferenciam as células de Langerhans dos queratinácitos e melanácitos. 30 Portanto, as células de Langerhans são células dendriticas, derivadas da medula óssea e situadas na escamosos região supra-basal da maioria dos epitélios estratificados. Elas devem agir como células denunciantes do antígeno durante a indução das respostas imunológicas. Embora possuam funções similares a outras células dendriticas e macráfagos, as células de Langerhans são especializadas e capazes de migrar até aos linfonodos, amadurecendo e se tornando eficiente e na apresentação de antígenos aos linfócitos T (LOMBARDI et al., 1993; HOFLING, 2006). Lombardi et al. (1993) sugeriram que as células de Langerhans são cruciais na indução das respostas imunopatológicas que ocorrem em níveis cutâneos, mucosos, ou ambos. Estas células podem representar a primeira linha de sensibilização do sistema imunológico, levando a um esclarecimento sobre o antígeno ou fenômeno patológico; entretanto, segundo os mesmos autores, não é conhecido o que leva a proliferação dessas células nas lesões histiocitárias. De acordo com Lins et al. (2003), as células de Langerhans apresentam um baixo potencial de proliferação celular no interior do epitélio, e sendo a migração de células progenitoras oriundas da medula óssea a responsável pelo aumento do número de células de Langerhans no tecido, e não um processo de renovação celular. Segundo Braier e Sackmann Muriel (1995), um grupo heterogêneo de alterações do Sistema Fagocitário Mononuclear são denominadas Histiocitoses. Cada síndrome histiocitica é resultado de uma proliferação reativa ou neoplásica de um dos três tipos celulares: reticulares dendriticas, reticulares interdigitantes ou de Langerhans. 31 Em 1987, a Sociedade de Histiocitose recomendou dividir as Síndromes Histiociticas em três classes (BRAIER; SACKMANN MURIEL, 1995): a) classe I - Histiocitose de células de Langerhans (apresentador de antigeno) e Reticulohistiocitose congênita autoinvolutiva de HashimotoPritzker; b) classe II - Histiocitose de fagócitos mononucleares (processador de antígeno); C) classe III - Histiocitoses Malignas. 3.1.2 A origem da histocitose e da desordem histiocistica Cline (1994) esquematizou a evolução entre a célula de Langerhans e o nnacrófago da célula progenitora (a FIG. 5 representa esta seqüência). A transformação do macrófago comum da célula progenitora (CFU-GM) nas células de Langerhans é obscuro. Embora muitos dos casos estudados, provavelmente, representem tanto desordens reativas como hemafagocitoses por macráfagos benignos. Provavelmente existe uma característica maligna dos macrófagos, o que é raro, isto é baseado sobre evidências da linhagem de células com anomalia dos cromossomas copiados. 32 MACROffiAGE MONOCYTE PHOMONOCYTE CFU-GM 1111 ,----+ „. • • •• 411/ • . • \\? LANGERHANS CELL Sc DENDRITIC CELL Fonte: CLINE, 1994. Figura 5 - A origem celular dos macr6fagos, células de Langerhans, e células dendriticas das CD34+ células progenitora Segundo Difranco (1984) os critérios ultra-estruturais para a caracterização das células de Langerhans são os seguintes: núcleo dentado ou lobulado, aparelho de Golgi bem desenvolvido, ausência de melanossomas ou pré-melanossomas, desmossomas e tonofilamentos e presença de grânulos de Birbeck e por serem estes uma característica exclusiva das células de Langerhans, as destinguem dos ceratinácitos e melanácitos, conforme observado na FIG.8. Biblioteca Universitdria UFBC 33 (Fonte NEVILLE et al , 2004, p 494) Figura 6 - Célula de Langerhans — Visão por microscópio eletrônico (Observar os grânulos de Birbeck) 3.2 HISTORIAMENTO DA DOENÇA DAS CÉLULAS DE LANGERHANS 0 século XIX foi pródigo em descobertas cientificas, principalmente no ramo da Medicina, que revolucionou a maneira de considerar as doenças e lançou as bases da pesquisa médica cientifica, proporcionando um diagnóstico adequado às várias patologias. Dentre os avanços científicos deste século destaca-se a descoberta dos raios X. Tudo começou em 8 de novembro de 1895, na cidade de Wurzburg, na Bavária, Alemanha, quando William Conrad Roentgen descobriu os raios catódicos que permitiam a visualização da parte interna do corpo humano. Mediante a possibilidade do uso dos raios X, iniciou-se uma nova era da Medicina. A tecnologia permitiu a visualização do corpo humano em seu interior, 34 sem danificá-lo, viabilizando uma análise dos dados morfológicos e anatômicos de órgãos e estruturas que, até então, eram exploradas pelas características externas durante a avaliação dos pacientes. Primeiramente com a tecnologia dos raios X e, posteriormente, com outros meios de exames por imagens, foi possibilitado um diagnóstico mais precoce e preciso de certas doenças que, pelo tardar da identificação, eram tidas como incuráveis (SOARES, apud GRECCO, 2006). Dentre as doenças que tiveram avanços no seu conhecimento e diagnóstico através do desenvolvimento da semiotécnica da imagem, se destaca a Doença das Células de Langerhans que é o alvo de interesse no presente estudo. A enfermidade Doença das Células de Langerhans (DCL) vem despertando a atenção dos pesquisadores por várias décadas. De acordo com os estudos de Hargreaves (1994), a DCL acometeu um personagem ilustre por volta de 1483, o príncipe de Gales Edward V, que faleceu aos 12 anos. Os exames realizados em sua mandíbula mostraram que as lesões eram compatíveis com a DCL, mais precisamente com a do Granuloma Eosinófilo. Paul Langerhans, em 1868, descreveu uma população de células dendriticas derivadas da medula óssea e situadas na camada suprabasal do epitélio escamoso estratificado, tanto da epiderme como no epitélio da mucosa oral, que exibiam aspectos ultra-estruturais peculiares. Atuam como células apresentadoras de antígeno (CAA) durante a indução de respostas ao sistema imunológico e estima-se que sua proliferação anormal leve 6 ocorrência de doenças (LOMBARDI et al., 1993). Em 1863, Hand relatou um caso clinico de uma criança, com 3 anos de idade, que apresentara quadro de poliúria, hepato-esplenomegalia, linfadenopatia generalizada e áreas de destruição óssea no crânio (TOMMASI, 35 1977). Já em 1921, o próprio Hand observou outros casos semelhantes e revisou relatos clínicos de Kay (1906), Christian (1920) e Schüller (1916), constatando que a doença descrita era uma nova patologia e não uma tuberculose, conforme os autores sugeriram (TOMMASI, 1977). As diferentes nomenclaturas descritas por Hand, Schüller, Siwe e Letterer geraram uma confusão nomenclatural, que foi, parcialmente, resolvida por Lichtenstein em 1953. Lichtenstein reconheceu que a patologia, pluralmente relatada, consistia em componentes de uma doença envolvendo o histiócito e que, em cada uma delas, apresentava um padrão característico. Ele então propôs a unificação dos termos para Histiocitose X, onde a letra X caracterizava o fator desconhecido (NEVES et al., 2004). Lichtenstein foi o primeiro a introduzir o termo Histiocitose X, em 1953, para designar um grupo de desordens raras relacionadas com o sistema retículo endotelial, ou seja, distúrbios proliferativos dos histiócitos ou macráfagos (YU, 1995). Alguns destes distúrbios, como os linfomas histi6citosos, são claramente malignos enquanto outros, como as proliferações reativas de histiócitos nos linfonodos são benignas (OLIVEIRA, 1988). Segundo Oliveira (1988) a DCL está incluída em um grupo de enfermidades que estão sob a designação de "reticuloendoteliose" ou de modo mais curto "reticuloses" que não devem ser confundidas com condições que apresentam uma reação macrofágica secundária a um transtorno metabólico, como a doença de Gaucher, por exemplo, nas quais o macráfago cumpre apenas a função de fagocitar uma substância metabolicamente anormal, qualitativa ou quantitativa. Todas as três classificações (GE, DHSC e DLS) apresentam um substrato comum de reação macrofágica, reativa. talvez primitiva (neoplásica), ou 36 Histicitose X é um distúrbio do sistema reticulo endotelial, caracterizado por proliferação inflamatória de macrófago associada de de aspecto normal, com ou sem eosinófilo, neutrófilo e células reação multinucleadas, envolvendo órgãos, ossos e pele (CARNEIRO FILHO; LEITE; ANDRADE NETO, 2002). A etiopatogênia da DCL não está devidamente esclarecida, embora a doença possa representar uma reposta reativa a um defeito na célula mediadora de imunidade (PRINGLE et al., 1992). Para alguns pesquisadores a sua origem pode ser em detrimento das reações de hipersensibilidade imunológica, máabsorção intestinal, disfunção pituitária e auto-imune (TOMMASI, 1977). Outros como Regezi e Sciubba (2000) e Robbins (1994) salientaram que a sua etiologia possa ser de origem inflamatória. Gabriel li et al. (1996) em sua pesquisa sugeriram que a sua etiologia possa ser de origem infecciosa, possivelmente viral, e trauma local recente seriam fatores predisponentes para o desenvolvimento da DCL. Todavia, atualmente, a doença é mais aceita como sendo um processo reativo do que uma desordem verdadeiramente neoplásica. Alguns autores discutiram o papel das citocinas na patogênese da doença, e detectaram a presença dos linfácitos T no interior da lesão que podem atrair neutrófllos, eosinófilos, macrófagos e linfócitos CD34 da circulação sanguínea e são capazes de se diferenciarem em células de Langerhans. Recentes investigações mostram expressão anormal de moléculas de adesão celular das células da DCL, o que contribui numa migração anormal das células de Langerhans (SOUZA et al., 1997). Atualmente o termo Histiocitose X não é mais utilizado, passando-se a empregar: Histiocitose Idiopática, Histiocitose das células de Langerhans, Granuloma de Células de Langerhans e Doença de Células de Langerhans devido semelhança ultra-estrutural e imuno-histoquirnica das características desta 37 doença com as células de Langerhans presente na epiderme e mucosa (ROCHENBACH; CHERUBINI; VEECK, 2004). 0 termo Histiocitose X é correspondente a um grupo de patologias que possuem uma característica clinica diferente, mas, com o mesmo padrão histológico: como no Granuloma Eosinófilo, forma crônica localizada; na Doença de Hand-Schiiller-Christian, forma crônica disseminada; e na Doença de LettererSiwe, forma aguda disseminada. Visto que, as células envolvidas nestas enfermidades apresentam o mesmo fenótipo das células de Langerhans, a designação de Histiocitose de Células de Langerhans (HCL) tem sido mais recentemente utilizada (TOMMASI, 1977; ROBBINS, 1994; SOUZA et al., 1997; BARROS; BARROS, 2000; NEVES et al., 2004). Segundo Dehner (1989) a classificação da HCL inclui as categorias, de acordo com a Sociedade de Histiocitose Americana: Histiocitose de Células de Langerhans (Histiocitose X, Granuloma Eosinófilo, Doença de Hand-SchüllerChristian, Doença de Letterer Siwe); Histiocitose de Células não Langerhans (síndrome hemofagociticas reativas associadas a infecções, linfo-histiocitose eritrofagocitica familiar, sarcoma histiócito neoplásico, histicitose maligna, e leucemia monocitica-monoblástica aguda). Para Carneiro Filho; Leite; Andrade Neto (2002) a Histiocitose X é um distúrbio do sistema reticuloendotelial, caracterizado pela proliferação de macrófagos de aspecto normal, com ou sem reação inflamatória associada de eosinófilos, neutrófilos e células mononucleares envolvendo a pele, ossos e vísceras se classificando em Granuloma Eosinófilo, Síndrome de Hand-Schuller- Christian e Síndrome de Letterer-Siwe. 0 Granuloma Eosinófflo inclui lesões ósseas solitárias ou múltiplas não tendo envolvimento visceral. A Doença de Hand-Schüller-Christian envolve além dos ossos, a pele, vísceras e linfonodos, já a Doença de Letterer-Siwe tem 38 implicação cutânea, visceral e da medula óssea (WALDRON, 1998), sendo esta, a que melhor representa um processo neoplásico maligno (NEVES et al., 2004). As observações literárias expostas demonstram as dificuldades históricas, que se prolongam até o presente momento, referentes à definição da etiologia, classificação, aspecto histológico e nomenclatura da Doença das Células de Langerhans (DCL). 3.2.1 Granuloma eosinofilico 3.2.1.1 Conceito É uma lesão não neoplásica, benigna agressiva caracteriza-se por uma proliferação intensa de elementos retículo -histiocitários com quantidade variável de linfácitos, eosinófilos, neutrófilos, células plasmáticas e células gigantes nucleadas. 3 0 nome eosinofflico se deve à presença de numerosos eosincifilos dispersos na lesão (MANTESSO; RAITZ, 2006). É a forma mais suave e freqüente da DCL sendo do tipo crônico localizada apresentando lesões ósseas únicas (monostóticas) ou múltiplas (poliostóticas) que acometem crianças e adultos jovens (KELLY, 1962; NEVES et al., 2004). Segundo Castro (2000) não se observa o envolvimento visceral no GE. Sedano et al. (1969) mostraram que as lesões liticas ocorrem nos ossos do crânio e mandíbula principalmente na região posterior. 3 Disponível em: www.lesoesosseas.usp, acesso em 21 de março de 2006. 39 Pereira et al. (2004) afirmaram que o GE solitário na infância é considerado raro. Yu et al. (1995) demonstraram que o GE afeta o crânio, vértebras, pelve sendo que os maxilares são os mais afetados. a entidade da DCL que representa um total maior de incidência de todas as reticulo-endotelioses não lipidicas, perfazendo um total de 50% a 60% segundo Hartman e Colonel (1980). 3.2.1.2 Etiologia Embora haja um consenso entre os pesquisadores sobre a célula de Langerhans ser a origem da doença, a sua etiologia, em termos de fatores desencadeantes, não está ainda bem esclarecida. Segundo Menaches et al. (1998) o GE tem sua etiologia ainda desconhecida. Para Gallini et al. (1988), o GE é uma variedade benigna do mieloma múltiplo enquanto que outros pesquisadores o consideram uma osteite não purulenta e mais precisamente uma histiomatose inflamatória. Laitano (1988) considerou o GE como um processo reativo e neoplásico. 3.2.1.3 Características clinicas e radiográficas Ao se examinar um paciente, o cirurgião dentista deve ficar atento às lesões orais presentes, para chegar ao diagnóstico do GE. A abordagem deve ser interdisciplinar, tendo em vista que as manifestações são características e até mesmo únicas. 40 0 paciente pode apresentar estado febril, irritabilidade, perda de peso, cefaléia, anorexia, adenopatia duras e móveis, sendo indicio de que o GE é poliostótico (LAITANO, 1988). Geralmente não existe sintomatologia dolorosa e quando presente esta é difusa e localizada. Leal Filho et al. (2003) em sua amostra, citou que o GE apresentou sintomatologia dolorosa em 87% dos casos, o que foi corroborado por Pereira et al. (2004). Segundo Oliveira (2004), o GE pode apresentar dor ou ser assintomático, bem como apresentar hipersensibilidade dentária. Os sintomas bucais são os primeiros fatores que induzem o paciente a procurar o tratamento odontológico (TOMMASI, 2002). 0 primeiro sinal é a mobilidade dental sem causa aparente, o que se recomenda exame anátomo-patológico dos tecidos moles curetados junto aos dentes quando do tratamento periodontal ou exodontia, visando um correto diagnóstico; assim como exame radiográfico completo do esqueleto e cintilografia óssea com Tc-99 bem como tomografia computorizada segundo Franjul et al. (1998), já que o exame radiográfico não nos dá um quadro preciso do GE devido à sua semelhança com outras doenças radiolkidas. Hartman e Colonel (1980) efetuaram interessante trabalho com 114 pacientes portadores de DCL e encontraram 89 casos de GE em que as lesões bucais se apresentavam como uma massa palpável e dolorosa. 0 GRAF. 1 mostra a distribuição de lesões encontradas no referido trabalho, onde predominaram as lesões intra-ósseas mandibulares em região posterior, seguidas de lesões no tecido mole-gengiva. 0 número médio de lesões por paciente foi de 2,63 nos 60 casos de GE monostótico e de 3,52 nos 29 casos de GE poliostótico. 41 ID Lesões de Tecidos Moles da Boca - Mucosa Bucal o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Selo Maxilar O Lesões de Tecidos Moles da Boca - Soalho da Boca ID Lesões de Tecidos Moles da Boca - Palato Duro Cl Lesões de Tecidos Moles da Boca - Genghe o Lesões !we Osseas Maxilares Ausente O Lesões Intra Osseas Mar-dares Antenor • Lesões Intra Osseas Mar-tiaras Posterior o Lesão Intra Ossea Mandibular Ausente O Lesão Intra õssea Mandibular Antenor Lesão Intra Ossea Mandibular Postenor 10 20 r 30 40 50 70 Número de casos (Fonte: HARTMANN: COLONEL, 1980) Gráfico 1 — Distribuição das lesões orais nos casos de GE Ocorre retardamento de cura após exodontia (OLIVEIRA, 2004). As manifestações bucais são úlceras necróticas, edema, halitose, mobilidade dental com perda ou esfoliação precoce do elemento dental (TOMMASI, 1977; TOLEDO et al., 1997). 0 GRAF. 2 mostra a distribuição dos sintomas encontrados pesquisados por Hartman e Colonel (1980). nos casos 42 O Parestesia • Hemorragia Gengival O Infecção de Vincent El Dificuldade na Mastigação 0 Ma Cicatrização • Alteração do Hato e Gosto O Dor ou Sensibilidade - Ulceração Oral 0 Dor ou Sensibilidade - Dentes Perdidos • Dor ou Sensibilidade - Gengivite OAumento de Volume Gengival o 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Número de Casos (Fonte: HARTMANN: COLONEL, 1980) Gráfico 2 — Distribuição dos sintomas em casos de GE Existe uma predominância pelo gênero masculino na proporção de 2:1 segundo Pereira et al. (2004) e Leal Filho et al. (2003). Para Mesa Zarate et al. (1983) esta proporção também é de 2:1, apesar de estudos anteriores como o de Camargo et al. (1988), que não especifica o índice do GE sobre o gênero. Radiograficamente a destruição do osso alveolar é um dos sinais mais característicos do GE podendo simular uma periodontite localizada severa ou uma infecção periapical (RAPP; MOTTA, 2000). Segundo Higashi; Shiba; Ikuta (1991) as imagens radiográficas dos ossos alveolares apresentam uma aparência de "comida de mariposas" com resultante aparência de dentes flutuantes, soltos no alvéolo. As lesões ósseas quando ocorrem em crianças podem ser confundidas com a periodontite juvenil e em adultos jovens pode se assemelhar a periodontite progressiva com exposição das raizes dentárias (ISHII et al., 1992). 43 A imagem radiográfica é radiolúcida arredondada com margens bem menos definidas que um cisto e os dentes aparecem como se estivessem flutuando no ar (ISHII et al., 1992; SOUZA et al., 2000). Os ossos gnáticos são os mais envolvidos, principalmente a mandíbula, provocando uma área mais localizada de destruição óssea periapical na região posterior (SEDANO et al., 1969; GIONA et al., 1997; PASLER; VISSER, 2005), sendo que autores como SIGALA et al. (1972) não determinaram a sua localização. Segundo Pasler e Visser (2001), as lesões osteolíticas são pouco definidas e se confluem; na mandíbula, reconhece-se uma linha basal delimitante, sombreada, em forma de guirlanda e muitas vezes com reações osteoblásticas, envolvimento da lamina dura que está destruída mostrando os dentes flutuantes, o que leva as fraturas patológicas. Tommasi (1977) descreveu uma reação periosteal junto a áreas osteolitica, e que a expansão óssea é rara. Shafer; Hine; Levy (1987) declararam que em desdentado ocorre uma área de radiolucidez uniforme, sem osteogênese reacional, o que lembra uma neoplasia. 3.2.1.4 Diagnóstico diferencial 0 GE tem seu diagnóstico diferencial com as seguintes patologias ósseas, segundo Ishii et al. (1992): cistos, doença peridontal avançada, osteomelites, linfoma de Burkitt, displasia fibrosa óssea, mieloma múltiplo tu morais. e metástases 44 Zachariades et al. (1987) apresentaram como diagnóstico diferencial do GE outras entidades patológicas tais como: doença periodontal, síndrome Papillon-Lefèvre, cistos odontogênicos, querubismo, osteomielites, mieloma múltiplo, ameloblastoma, mixoma odontogênico, hemangioma, defeito ósseo traumático, depresão da glândula sublingual, linfoma, sarcoma osteogênico, fibroma ossificante, displasia fibrosa, osteogênese imperfeita e metástase óssea. 3.2.1.4.1 Doença periodontal É caracterizada pela presença de inflamação gengival grave, hiperplasia ou recessão gengival, ocorrendo uma recessão gengival, com uma rápida destruição do periodonto de inserção. Os possíveis fatores etiológicos da peridontite de estabelecimento precoce se devem a microbiota especifica, alterações no cemento e no sistema imunológico devido â presença de citocinas (TOLEDO et al., 1997) (FIG. 9). (Fonte: Radiografia cedida por Dr. DeImo Tavares) Figura 9 - Doença Periodontal 45 3.2.1.4.2 Síndrome de Papillon-Lefèvre Ocorre uma progressão rápida e inflamação gengival severa. É uma doença hereditária rara com característica autossiimica (TOLEDO et al., 1997) (FIG. 10). (FonteI TOLEDO et al , 1997) Figura 10 - Síndrome de Papillon-Lefevre 3.2.1.4.3 Cisto periapical A imagem é radiolkida com osteogênese racional, bem circunscrita na região periapical do elemento dental (TOMMASI, 1977) (FIG. 11). (Fonte: LANGLAND: LANGLAIS, 2002, p.416) Figura 11 - Cisto periapical 46 3.2.1.4.4 Cisto residual A imagem é radiolúcida, corticalizada e circunscrita na região de um dente faltante na arcada (TOMMASI, 1977) (FIG. 12). (Fonte NEVILLE et al 2004, p116) Figura 12 - Cisto residual 3.2.1.4.5 Cisto primordial Apresenta as mesmas características de um cisto residual, entretanto, a historia clinica relata ausência congênita de um elemento dental (TOMMASI, 1977). 47 3.2.1.4.6 Osteomielite crônica supurada Radiograficamente as áreas radiolúcida são extensas, com limites imprecisos, aparecem áreas com seqüestros ósseos (necróticos), sem expansão óssea (TOMMASI, 1977) (FIG. 13). (Fonte: PASLER et al., 2001, p.234) Figura 13 - Osteomielite crônica supurada 3.2.1.4.7 Linfoma de Burkitt É uma neoplasia com alto grau de malignidade, afeta crianças e está relacionada com o virus Epstein-Baar. Envolve o complexo maxila -mandibular em crianças, apresentando destruição da sustentação dentária, envolvendo os quatro quadrantes (TOMMASI, 2002) (FIG. 14). 48 (Fonte: NEVILLE et al., 2004, p.502) Figura 14 - Linfoma de Burkitt 3.2.1.4.8 Fibroma ossificante Na fase inicial apresenta área radiolkida, sem cápsula, com limites moderadamente definidos e tem predileção pelo sexo feminino (NEVILLE et al., 2004). (Fonte: NEVILLE et al., 2004) Figura 15 - Fibroma ossificante 49 3.2.1.4.9 Mieloma múltiplo Apresenta corticalização, áreas radiolúcidas pequenas e arredondadas, sem afeta mais de um osso, apresenta sintomatologia dolorosa, incidindo em pessoas acima de 40 anos e sua confirmação se faz através de exame sanguíneo em que a proteína Bence-Jones está presente (NEVILLE et al., 2004) (FIG. 16). (Fonte: NEVILLE et aI., 2004, p.504) Figura 16 - Mieloma múltiplo 3.2.1.4.10 Displasia óssea fibrosa Na sua fase inicial apresenta área radiolúcida com limites imprecisos (TOMMASI, 1977) (FIG. 17). (Fonte NEVILLE et al., 2004, p.535) Figura 17 - Displasia óssea fibrosa 3.2.1.4.11 Metástases tumorais Devido à semelhança de imagem radiolúcida deve-se averiguar se há ou houve história de lesões malignas em outras áreas (FIG. 18 e 19). (Fonte: Radiografia cedida pelo Dr. DeImo Tavares). Figura 18 — Metastases tumorais 51 (Fonte: PASLER et al., 2001, p.295) Figura 19 - Metástases tumorais. 3.2.1.4.12 Granuloma eosinófilo A FIG 20 apresenta granuloma eosincifilo de acordo com Tommasi (1977). (Fonte: TOMMASI. 1977, p.489) Figura 20 - Granuloma eosincitito 52 3.2.1.5 Diagnóstico definitivo Os aspectos histológicos do GE são considerados os mais clássicos devido ao acúmulo focal de eosinófilos (TOMMASI, 1997). Segundo Regezi e Sciubba (2000) existe uma proliferação de células grandes com núcleos ovais e riniformes, cromatina dispersa com abundante citoplasma eosinófilo nos corte histológicos corados com hematoxilina-eosina. No estudo imuno-histoquimico observaram que as células anormais foram positivas para HLA-DR, proteína 5-100, CD1 e principalmente ocorria a presença de grânulos de Birbeck quando vistos sob a luz de microscopia eletrônica (REGEZI; SCIUBBA, 2000). Nos exames de cintilografia óssea observa-se uma alta concentração de radiofármacos nas áreas envolvidas (SOUZA et al. 1997). Estas identificações confirmaram estudos anteriores de que o GE apresenta um fenótipo característico e sua origem a partir das células de Langerhans (BARROS; BARROS, 2000). Laitano (1988) cita Leccisotti; Licci; Mirisola (1983) que apresenta uma classificação histológica de Engelbert Holm que nos dá uma melhor idéia da evolução do GE. A classificação se baseia em fases: a) fase proliferativa - hiperplasia com eosinofilia e proliferação difusa- histiocitária; b) fase granulomatosa - presença de células gigantes, numerosos eosinófilos e macráfagos em ação fagocitária, o que dá um aspecto granulomatoso nesta fase; 53 C) fase xantomatosa - presença de células xantomatosas, que nada mais são que histiócitos em atividade lipofágica; d) fase fibrosa - corresponde à evolução final, onde ocorre a proliferação de fibroblastos com sucessiva esclerose local. 3.2.1.6 Tratamento A forma de tratamento recomendada pela maioria dos pesquisadores varia desde a não interferência pela sua regressão espontânea até cirurgias aliadas radioterapia, quimioterapia. Zegarelli et al. (1981), e confirmado por Regezi e Sciubba (2002) são os que preconizaram a regressão espontânea do GE. A forma mais indicada para o tratamento do GE é a remoção cirúrgica feita através de curetagem ou ressecção (KESSLER et al., 2001). As lesões individuais podem ser controladas efetivamente com curetagem ou baixa doses de radiação segundo Regezi e Sciubba (2002) e Ishii et al. (1992). Gonçalves e Cassone (1994) em sua pesquisa utilizaram a infiltração local com corticáides (acetato de metilprednisolona) quando o GE é solitário e quando ocorreu o acometimento múltiplo a escolha foi para a corticoterapia sistêmica e a quimioterapia. Atestaram também que a radioterapia em doses baixas (1000 rads) tem seu papel importante nas lesões solitárias em locais de difícil acesso cirúrgico e no controle de recidiva. A pesquisa envolveu uma amostragem de 47 pacientes em que o GE constituiu 21 casos do total da amostra. 54 Quando o tratamento cirúrgico não for possível, mas existir um envolvimento poliostótico, a radioterapia é a escolhida, sendo que a dose de radiação deve ser escolhida de acordo com a idade do paciente e o local afetado variando de 3 a 10 Gy (BAER; BENJAMIM, 1975; HARTMAN; COLONEL, 1980; KESSLER et al., 2001). A quimioterapia tem sido recomendada quando se observa um envolvimento sistêmico ou quando ocorre uma lesão secundária de uma lesão localizada. Utilizam-se agentes citotásticos, antimetabólicos e imunossupressores entre os quais os mais citados são a Vinblastina, Vincristina, Ciclofosfamida, Metotrexato e Predinizolona (MENACHES et al., 1998; KESSLER et al., 2001; REGEZI e SCIUBBA, 2000; VISCAYA et al., 2005). 3.2.1.7 Prognóstico Todos os autores pesquisados são unânimes quanto ao prognóstico do GE que é de bom a excelente desde que ocorra um diagnóstico correto para evitar tratamentos inadequados (CHASE et al., 1974). indicado um acompanhamento por muito tempo para afastar a possibilidade de recidiva (CHASE et al., 1974; RAPIDISI, 1978; ISHII et al., 1992). Para Hartman e Colonel (1980) pode ocorrer recidiva, e segundo Sedano et al. (1969) pode existir a possibilidade de evoluir para a doença disseminada multifocal. UFSC/ODONTOLOGIA BIBLIOTECA SEITIDIAI 55 3.2.2 Doença de Hand-Schuller-Christian A doença de Hand-Schuller-Christian (DHSC) se apresenta como a forma crônica da DCL também denominada Granuloma Eosinófilico multifocal. Apresenta uma tríade clássica representada por lesões osteoliticas nos ossos membranosos, exoftalmia e diabetes insipidus (TOMMASI, 1977). A diabetes insipidus provém do infiltrado de linfócitos na hipófise que leva também à ocorrência de nanismo, infantilismo e polkiria, e a exoftalmia é proveniente do infiltrado de histiócitos na órbita (BAER; BENJAMIN, 1975; BARROS; BARROS, 2000). Podem ocorrer alterações em outros tecidos como o fígado, vísceras, pele, nódulos linfáticos, pulmões e mucosa (BAER; BENJAMIN, 1975). Apresenta uma maior incidência em crianças e jovens adolescentes (HARTMAN; COLONEL, 1980). Além da tríade clássica, os pacientes apresentam estado febril, erupções descamativas difusas semelhante à seborréia, sobretudo no couro cabeludo (TOMMASI, 1977); nos canais auditivos ocorrem otites e mastoidites; também ocorrem infecções respiratórias e fibroses pulmonares (ARAÚJO JR; SOUZA, 2004). 3.2.2.1 Etiologia A variante da DCL apresenta a mesma etiologia do GE, como já foi descrito. 56 3.2.2.2 Características clinicas e radiograficas As manifestações clinicas surgem antes dos 5 anos de idade e em adulto jovem, apresentado envolvimento visceral, porém, não tão difusa e disseminada como a forma disseminada aguda. Envolvem todo o esqueleto afetando o crânio, mandíbula, pelves, costelas, tibia, escápula, fêmur e úmero, além de poder apresentar lesões cutâneas (TOMMASI, 1977). Kilpatrick et al. (1995), a partir do estudo de 263 casos de DCL, mapearam a distribuição das lesões ósseas em todo o esqueleto, o que pode ser observado na FIG. 21 e seu correspondente no GRAF. 3. 27% (137) 11% (56) 6%(32) 4% (19) <1% (1) 8%(42) 8%(41) <1%(2) 3%(1 5) <1%(1) <15(0(1) (Fonte: KILPATRICK et al . 1995) Figura 21 - Areas esqueléticas envolvidas da DCL 57 14% 27% • Cega • Trunco o Mentirre inferiores D Men-toms Superiores (Fonte: KILPATRICK et al., 1995) Gráfico 3 — Proporção das areas esqueléticas envolvidas da DCL A mandíbula apresenta grande destruição óssea, ocorrendo mobilidade dental e perdas precoces dos dentes ou exposição radiculares bem como hálito fétido e salivação abundante (CHASE et al., 1974). Os sintomas mais característicos são a poliúria, polidipsia, perda de peso e dermatite seborrêica (ARAÚJO JR; SOUZA, 2004). Segundo Zachariades et al. (1987), os sinais e sintomas da DHSC compreendem estomatite generalizada, hemorragia gengival, úlceras e necrose da mucosa oral, destruição óssea progressiva do processo alveolar, perda prematura dos dentes e assimetria facial. Cranin e Rockman (1981) relataram que a presença dos diabetes insipidus e a exoftalmia ocorreu em 80% dos casos por eles estudados e que são causadas pelo acúmulo de histiocitos resultantes da pressão na hipófise e globo ocular; já Tommasi (1977) apresenta um número menor de 10%. 58 Artzi; Gorsky; Raviv (1995) enfatizaram para a perda do osso alveolar superficial, geralmente imitando uma periodontite juvenil ou marginal localizada que pode levar ao diagnóstico errôneo da DHSC. As destruições osteoliticas, segundo Laitano (1988), se dão principalmente nos ossos chatos do crânio seguido por mandíbula, maxila e depois pelos ossos longos, pelves, fêmur, costelas e vértebra, sendo que as vísceras são as últimas a serem afetadas. Quanto a proporção de ocorrência de casos de DHSC, Araújo Jr e Souza, (2004) em sua pesquisa com 33 pacientes da DCL encontraram uma porcentagem de 30% de DHSC com idade variando de 6 meses a 15 anos. Já Sigala et al. (1972), em uma amostragem de 50 pacientes, encontraram 74% com idade variando de 1 mês a 64 anos. Hartman e Colonel (1980) encontraram 12% numa amostragem de 114 com a idade variando de 0 a 59 anos. Na pesquisa de Hartman e Colonel (1980), os 14 casos de DHSC encontrados entre os 114 pacientes com DCL, apresentaram uma distribuição das lesões orais de acordo com o GRAF. 4, com predominância de lesões intra&seas mandibulares posteriores (64%) e lesões na gengiva (64%). A distribuição de sintomas está apresentada no GRAF. 5, ainda de acordo com a pesquisa, com maior significância o aumento de volume gengival, gengivite e perda de dentes, todos com participação de 28%. 59 o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Mucosa Bucal Lesões de Tecidos Moles da Boca - Selo Master O Lesões de Tecidos Moles da Boca - Soalho da Boca 0 Lesões de Tecidos Moles da Boca - Palato Duro O Lesões de Tecidos Moles da Boca - Gengiva o Lesões Intra Osseas Maslares Ausentes 0 Lesões tntra bsseas Mayaares Antenor • Unties Intra Osseas Maxilares Postenor o Lesão intra Osseo Mandibular Ausentes O Lesto Intra Osseo Mandibular Antenor o Lesto Intra Osseo Mandibular Posterior 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Número de casos (Fonte HARTMAN, COLONEL 1980) Gráfico 4 — Distribuição das lesões orais nos casos de DHSC o Parestesia • Hemorragia Gengival Infecção de Vincent O Dificuldade na Mastigação ORO Cicatrização • Alteração do Hálito e Gosto 13 Dor/Sensibilidade - Ulceração Oral 0 Dor/Sensibilidade - Dentes Perdidos IIII Dor/Sensibilidade - Gengivite 0 Aumento de Volume Gengival 0 05 1 ,5 2 2,5 3 3,5 4 Número de Casos (Fonte HARTMAN, COLONEL 1980) Gráfico 5 — Distribuição dos sintomas em casos de DHSC 60 Radiograficamente as areas radiolúcidas se apresentam com contornos limitados sem corticalização, que tendem a coalescer assumindo um aspecto de mapa (LAITANO, 1988). A destruição da lamina dura ressalta o aspecto de dentes flutuantes WNW et al., 1997). As lesões se iniciam geralmente junto ao colo dental envolvendo-o e ocasionando a sua perda precoce (TOMMASI, 1977). Em adulto jovem as lesões são comuns em torno das raizes dentárias podendo ser confundidas com cistos e tumores. 3.2.2.3 Diagnóstico clinico feito levando-se em consideração as alterações clinicas e radiográficas. 3.2.2.4 Diagnóstico diferencial Em razão da ocorrência de manifestações bucais no estagio inicial da doença e sua semelhança clinica e radiografica com lesões periodontais e infecções periapicais o diagnóstico deve ser feito com um certo rigor já que não existem sinais patognomônicos para DHSC. Rockenbach; Cherubini; Veeck (2004) citaram a diferenciação de acordo com as areas envolvidas. Se múltiplas, pequenas e se ocorrem em outros ossos do esqueleto podem ser confundidas com espaços medulares, mieloma múltiplo e lesões metastaticas. 36, as lesões grandes caracterizadas por uma ou mais areas radiolúcidas nos maxilares, sem envolvimento de outros ossos, devem ser 61 diferenciados de alveólo por extração, cistos, granulomas, querubismo e síndrome de Gorlin-Goltz. Tommasi (1977) citou a semelhança da DHSC com mieloma múltiplo em razão das lesões cranianas tipo saca-bocado e com síndrome Papillon-Lefèvre, linfossarcoma e doenças periodontais. 3.2.2.5 Diagnóstico definitivo feito quando da visualização, durante o exame anatómo-patológico, dos grânulos de Birbeck e mielografias, radiografias e tomografias (CARNEIRO FILHO; LEITE; ANDRADE NETO, 2002). 3.2.2.6 Tratamento Várias são as modalidades de tratamento para DHSC desde cirurgia, radioterapia e quimioterapia aliada a antibióticos drogas citotóxicas e cortiaSides (TOMMASI, 1977). 3.2.2.7 Prognóstico Para Carneiro Filho; Leite; Andrade Neto (2002) a sobrevida da DHSC é de 70% em sua pesquisa, onde vários fatores devem ser considerados importantes para o prognóstico: 62 a) a idade do paciente no inicio da doença; b) extensão da doença clinica determinada pelo exame físico, avaliação laboratorial e radiológico; c) local especifico de comprometimento orgânico; d) probabilidade de uma resposta satisfatória à terapia baseada na retenção da função do órgão afetado bem como o quadro patológico especifico do órgão comprometido na biópsia. Laitano (1988) citou a classificação de Komp (1987) que relaciona a idade com o número de órgãos atingidos, fornecendo o índice de risco para DHSC: a) risco /eve: quando a idade é maior que 2 anos e não tem disfunção de órgãos; b) risco intermediário: quando a idade é menor que 2 anos e não tem disfunção de órgãos; c) risco grave: quando, qualquer que seja a idade, exista disfunção de órgãos. Kessler et al. (2001) recomendaram um controle clinico do paciente com exames trimestrais por pelo menos 12 a 18 meses, sendo que os recursos como tomografias, ultra-sonografia e cintilografia são solicitadas para ser excluída ou diagnosticada a progressão da doença. 63 3.2.3 Doença de Letterer Siwe - A síndrome de Letterer-Siwe (DLS) foi descrita por Letterer em 1924 e somente em 1938, Siwe realizou a sistematização da enfermidade dando características dos seus aspectos histopatólogicos (OLIVEIRA, 1988). uma doença incomum apresentando uma incidência de 10% dos casos das DCL que é de 1:2.000.000 (SARTORIS; PARKET, 1984). Segundo a classificação preconizada pela Sociedade de Histiocitose, a Doença de Letterer-Siwe ou Histiocitose X aguda ou subaguda disseminada é a forma mais fulminante da DCL. Sua evolução é rápida quase sempre fatal que afeta crianças geralmente abaixo de dois anos (HARTMAN; COLONEL, 1980; OLIVEIRA, 1988; CHASE et al., 1974). Tommasi (1977) afirmou que a DLS não se enquadra na classificação geral das DCL por considerar o fator neoplásico um aspecto característico desta doença. Já Krutchkoff e Jones (apud RAPP; Síndrome de Letterer-Siwe MOTTA, 2000) sugeriram que a pode ser uma entidade clinica separada considerando-a a mais maligna das três variantes da DCL. Como as lesões dos maxilares são menos comuns do que as outras variantes da DCL, o seu diagnóstico fica mais em nível médico do que odontológico já que o paciente apresenta sintomas clínicos gerais como envolvimento cutâneo, visceral e da medula óssea, o que o reporta ao médico pediatra (STEWART, 2000; WALDRON, 1998). 64 3.2.3.1 Características clinicas e radiográficas Usualmente, os lactentes ou crianças muito pequenas apresentam descarnação, seborréia, eczema e algumas vezes erupções púrpuras trombocitopênicas dependentes de uma insuficiência medular conseqüente a uma infiltração de histiócitos da medula óssea (OLIVEIRA, 1988; AVERY, 1987). As lesões corporais, região palmar e plantar, lembram a pitiriase linfáide assim como o envolvimento cranial lembra a lesões hemorrágicas (ELLIS, 1985). Os nódulos cutâneos são de consistência firme com coloração vermelha a marrom parecendo em seu aspecto como uma picada de inseto que evolui para o tronco, couro cabeludo e extremidades sob forma de uma erupção máculopapulosa muitas vezes podendo estar ulceradas ou cobertas por uma crosta (ROBBINS, 1994). Esses pacientes desenvolvem lesões típicas no fígado, bago, nódulos linfáticos, pele e manifestações esqueléticas através de hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, podendo ocorrer em conjunto anemia, leucopenia trombocitopenia, e exantema em muitos órgãos podendo, também, envolver estruturas ósseas bem como tecido mole (ARAÚJO JR; SOUZA, 2004). A presença de febre e mal-estar confere uma irritabilidade ao paciente, perda de peso e caquexia (TOMMASI, 1977). As lesões destrutivas ósseas ocorrem em ossos longos e maxilares, "dando" uma imagem radiolúcida que pode imitar a doença periodontal juvenil e severa (McDONALD, 1977; AVERY, 1987). 0 envolvimento dos canais auditivos leva a otite média, ocasionando otorréia, mastoidite, secreções nos olhos; há, ainda, disfunção pulmonar caracterizada por um enfisema bolhoso e taquipnéia (HARTMAN; COLONEL, 1980; AVERY, 1987; OLIVEIRA, 1988; ROBBINS, 1994). 65 0 comprometimento ósseo na infância reporta aos mesmos achados radiográficos que ocorre com o sarcoma de Ewing, Linfoma e Neuroblastoma com imagem radiolúcida múltipla e de contornos definidos (ROCHEMBACH; CHERUBINI; VEECK, 2004). Segundo Standish e Gorlin (1988), a imagem radiográfica apresenta uma radiotransparência mal definida que pode simular uma osteomielite; no entanto os mesmos autores relataram que o envolvimento ósseo, detectável radiograficamente, é variável ou, até mesmo, ausente. Alguns autores relataram o envolvimento dos ossos maxilares principalmente da mandíbula, causando abalo e perda de dentes precocemente sendo que maior parte das lesões aparecem na região de molares, dando aspecto de dentes flutuantes como se estivessem somente nos tecidos moles, separação dentária, hiperplasia gengival, lesões ulcerativas, dor, hálito fétido e salivação excessiva (CHASE et al., 1974; McDONALD, 1977; CHOMETTE, 1987; ZACHARIADES et al., 1987; YU et al., 1995; RAPP; MOTTA, 2000; ROCHENBACH et al, 2004). Como uma periodontite de instalação precoce, presença de bolsas periodondais, com destruição óssea, pode estar associada a outras patologias como hiperparatiroidismo, síndrome de Pappillon-Lefrève, neutropenia cíclica e esclerodermia, convém fazer uma biópsia para esclarecimento (TOLEDO et al., 1997; ROCHENBACH; CHERUBINI; VEECK, 2004). Para a análise histológica, se faz necessário um estudo imuno-histoquimico ou por microscopia eletrônica já que as células de Langerhans não podem ser diferenciadas de outros histiócitos com corantes de rotina (WALDRON, 1998). A análise histoquimica pode mostrar células positivas para HLA-DR, proteínas S100 e CD1a. A microscopia eletrônica identifica a presença de grânulos citoplasmáticos em forma de bastonetes, denominados "grânulos de Birbeck" (RAPP; MOTTA, 2000). 66 Histologicannente a DLS caracteriza-se pela proliferação difusa de células histiocitárias de contornos arredondados ou poliédricos, de citoplasma em geral levemente acidófilo e núcleo claro, com nucléolo proeminente, sendo que muitas vezes esses elementos são bi ou multinucleados, exibindo dismorfias. Em numerosas áreas do parênquima esplênico ou ganglionar a proliferação assume uma estrutura granulomatosa. A impregnação argêntica demonstra a presença de numerosas células argirofilas. A identificação dos grânulos citoplamáticos em forma de bastonete, os grânulos de Birbeck são marcadores definitivos para a HCL (OLIVEIRA, 1988; RAPP; MOTTA, 2000). No exame microscópico, os tecidos moles e as lesões ósseas apresentam um aspecto de camadas de histiócitos com ou sem lipídios intracelulares, na maior parte das vezes entremeadas com coleções de eosinófilos, e quando contém muito colesterol assumem um aspecto de espuma sendo referidos como células de esponja (McDONALD, 1977). Nas pesquisas consultadas a incidência da DLS também apresentou participação variada. Araújo Jr e Souza (2004) nos 33 pacientes com DCL encontraram uma porcentagem de 27% de DLS com idade variando de 6 meses a 15 anos. Já Sigala et al. (1972) em uma amostragem de 50 pacientes encontraram 14% com idade variando de 1 mês a 64 anos. Hartman e Colonel (1980), por sua vez, encontraram 10% numa amostragem de 114 com a idade variando de 0 a 59 anos. De acordo com a pesquisa de Hartman e Colone (1980), os casos de DLS apresentaram uma distribuição das lesões orais mostrados no GRAF. 6, com predominância de lesões na gengiva (91%) e lesões intra-ósseas mandibulares posteriores (82%). A distribuição dos sintomas (GFtAF. 7) apresenta o aumento de volume gengival (54%), perda de dentes (45%) e gengivite (36%), como mais significativos. 67 1111 Lesões de Tecidos Moles da Boca - Mucosa Bucal o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Selo Whaler o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Soalho da Boca o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Palato Duro o Lesões de Tecidos Moles da Boca - Gengiva 0 Lesões intro Osseas Maialares Não Ausente o Lesões Intra Osseas Maxilares Antenor ▪ Lesões Intro Osseas Maxilares Postenor 0 Lesão Infra Osseo Mandibular Ausente O Lesão intra Osseo Mandibular Antenor o Lesão Intro Osseo Mandibular Posterior 10 Número de casos (Fonte HARMAN COLONEL, 1980) Gráfico 6 — Distribuição das lesões orais nos casos de DLS o Parestesia • Hemorragia Gengival O Infecção de Vincent El Dificuldade na Mastigação DM Cicatrização 0 1 • Alteração do HAN° e Gosto O Dor/Sensibilidade - Ulceraçâo Oral O Dor/Sensibilidade - Dentes Perdidos • Dor/Sensibilidade - Gengivite O Aumento de Volume Gengival 1 2 3 4 5 6 Número de Casos (Fonte: HARMAN COLONEL. 1980) Gráfi co 7 — Distribuição dos sintomas em casos de DLS 68 3.2.3.2 Tratamento 0 tratamento da DLS se faz a custa de corticoterapia associada a agentes citostaticos (ciclofosfamida ou sulfato de vincristina), para melhorar geral do paciente, a regressão das adenopatias e estabilização o estado do quadro hepático (OLIVEIRA, 1988; MENACHES et al., 1998). Pode-se também fazer uso de radioterapia nas lesões liticas, não em doses tumoricidas, a dose total pode variar de 3 a 10 Gy. Dependendo do local afetado e da idade do paciente, quimioterapia e cirurgias como transplante alogênico da medula óssea melhoram quadro clinico, mas a resposta ao tratamento não é o esperado, já que o paciente sucumbe em pouco tempo (SIGALA et al., 1972; HARTMAN; COLONEL, 1980; REGEZI; SCIUBBA, 2000; KESSLER et al., 2001). 3.2.3.3 Prognóstico O prognóstico da DLS é extremamente ruim. 0 paciente morre dentro de um tempo muito curto, aproximadamente em 2 anos após o diagnóstico (ERLY et al., 1995; RAPP; MOITA, 2000), mas quando a DLS aparece em uma idade mais avançada o prognóstico é um pouco melhor (NEVILLE et al., 2004). Hartman e Colonel (1980) encontraram a predominância do gênero feminino na DLS o que foi confirmado por Araújo Jr e Souza (2004) 69 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS 0 objetivo desta obra expressa no capitulo "Proposição" é formatá-la de maneira a se constituir uma fonte didática de consulta sobre DCL. Desta forma, a apresentação dos dados literários que compõem o capitulo 3 segue uma forma já discursiva, ressaltando concordâncias e discordâncias entre as fontes pesquisadas e fixando as noções mais conclusivas. Neste capitulo e no próximo, serão sumariados eventos importantes dos achados literários com conotação conclusiva, culminando com a apresentação do quadro sumário (QUADRO 02), destacando o elemento didático de consulta. A histiocitose X ou Doença das Células de Langerhans apresenta até o presente momento bastante controvérsia quanto à sua etiologia. Os autores classificam a DCL como uma desordem histiocitária desconhecida como um processo reativo estimulando a proliferação de histiócitos em algum ponto do organismo do que uma reação neoplásica. Rapp e Motta (2000) relataram que outros fatores, como virus e bactéria bem como genético, também podem ser relacionados como fatores etiológicos mas ainda falta uma explicação mais determinada. Pelas características histológicas, a etiologia inflamatória é atribuida, já que durante o curso clinico a doença apresenta uma resposta ao tratamento conservador. 70 A teoria bacteriana foi sugerida, mas tornou-se improvável, pois as técnicas para o isolamento de bactérias especificas não foram eficazes para tal (HARTMAN; COLONEL, 1980). Devido à migração mesenquimal das células de Langerhans, que responderiam a uma resposta imunológica, provocariam a disseminação da doença para outras partes do organismo, o que ainda não foi confirmado. Com o advento da microscopia eletrônica foi possível a identificação dos grânulos de Birbeck, que tem presença marcante no citoplasma das células de Langerhans, nas três formas da DCL, facilitando a sua identificação. Histologicamente, a DCL apresenta uma grande concentração de células de Langerhans, apresentando um número variado de linfócitos, eosinófilos macráfagos, e como também células gigantes multinucleadas que podem apresentar processos de fagocitose. Com a evolução da doença, as lesões são menos celularizadas com poucas células de Langerhans e muitos macrófagos proporcionando uma fibrose. No exame histopatólogico observa-se uma diminuição de eosinófilos principalmente na Doença de Letterer-Siwe e aumento significativo de células espumosas na Doença de Hand-Schuler-Christian. A DCL ou Histiocitose X é uma doença relativamente rara, em que o envolvimento oral é uma manifestação evidente, e em muitos casos é o único sinal visível. O diagnóstico precoce é o fator preponderante para o tratamento evitando o retardamento de sua terapia. Não se evidencia nenhuma característica patognomonica de sinais clínicos como radiológicos e até mesmo testes imunológicos que possam ajudar na sua identificação. 71 A DCL tem predileção por crianças e adultos jovens afetando com maior incidência os ossos gnáticos principalmente a mandíbula. Quanto à raga, a incidência é maior na raga branca segundo estudos de Raney Jr e D'Angio (1989). Os achados intra-orais estão relacionados ao rebordo gengival hipertrófico, hipersenssibilidade, esfoliação precoce dos dentes deciduos, erupção precoce dos dentes em crianças. Radiograficamente, a DCL mostra os elementos dentais flutuando como se estivessem soltos no espaço devido à reabsorção do rebordo alveolar. Mesmo com essas evidências, se faz necessária uma investigação radiográfica criteriosa de outras áreas do esqueleto, já que as lesões mandibulares existem concomitantemente com outras lesões em partes diferentes do esqueleto e vice-versa. Deve-se dar maior atenção para região do crânio e fêmur que são sítios de eleição para o desenvolvimento da DCL. Para tanto a radiografia panorâmica é excepcional para avaliar os arcos mandibulares bem como a radiografia lateral de crânio que nos dá uma visualização de toda a calvária. Existe uma gama de patologias bucais que se assemelham a DCL, produzindo lesões com imagem radiolúcidas, sob o ponto de vista radiográfico, como cistos e tumores odontogênicos, osteomielites, neoplasias benignas e malignas e quanto ao aspecto clinico bucal deve-se ficar atento devido à sua semelhança com doenças periodontais e leucemia. Do tratamento da DCL, todos os autores utilizam desde curetagem até tratamento radioterápico e quimioterápico. 72 Para a curetagem deve-se ser mais criterioso e o produto decorrente da raspagem encaminhado para biopsia quando as lesões são inoperáveis; dentes com comprometimento de sustentação devem ser removidos e onde ocorrer grande perda óssea o enxerto ósseo é a solução adequada. A radioterapia se faz necessária isoladamente ou aliada à quimioterapia e cirurgia, utilizando uma dose de radiação baixa e múltipla compreendendo uma faixa de 700 rads a 1500 rads. Apesar da baixa incidência da radiação sempre se corre o risco de alterações de crescimento, lesão no elemento dentário bem como osteorradionecrose, principalmente quando utilizadas em crianças e adultos jovens, portanto a sua eleição se faz quando a cirurgia não for recomendada e também na forma disseminada crônica, ou seja, na Doença de Hand-SchullerChristian. Na Doença de Letterer-Siwe, que é a forma aguda da DCL, o tratamento se torna paliativo utilizando drogas citotóxicas pericialmente o sulfato de vinblastina para melhorar a qualidade de vida já que esta é quase sempre fatal pelo envolvimento de vários órgãos e complicação secundária. 0 Granuloma Eosinófilo é tratado com sucesso quando se faz cirurgia aliado a radioterapia quando existe o envolvimento de outros sítios do esqueleto. Das três entidades pesquisadas, o tratamento terapêutico não é especifico, pois respondem diferentemente às drogas citotóxicas associadas a corticáides e a radioterapia, quando a quimioterapia é suspensa observa-se uma recidiva. Do que foi exposto durante a pesquisa, todos os autores concordam quanto ao diagnóstico precoce da DCL, em que a idade no inicio e o envolvimento de órgão e tecidos são fatores importantes para um prognóstico favorável, ou seja, quanto mais jovem e quanto maior os números de órgãos 73 envolvidos pior sera o prognóstico principalmente nas variantes Letterer-Siwe e Hand-Schuler-Christian. Em todas as formas da DCL o paciente deve ser monitorado por um grande período de tempo devido à alta freqüência de recidivas. 74 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Do presente estudo, ressaltamos os fatos que são de consenso entre os autores pesquisados quanto a evolução, tratamento e prognóstico da DCL. A etiologia da DCL ainda é um fator desconhecido, apesar do avanço da tecnologia. Continua valendo a hipótese de ser um distúrbio proliferativo do retículo -endotelial. Das variantes da DCL, três são as mais representativas: Granuloma Eosinófilo (GE), Doença de Hand-Schuller-Christian (DHSC) e Doença de Letterer-Siwe (DLS). 0 GE é o que corresponde ao maior número de porcentagem com 83%, a DHSC com 12% e a DLS com 5% (HIGASHI; SHIBA; IKUTA, 1991). 0 GE é a forma menos agressiva enquanto a DLS é a mais agressiva. 0 gênero masculino tem uma maior prevalência no GE e na DHSC não houve definição clara de predominância quanto ao gênero. Nos GRAF. 8 e 9, apresentados a seguir, estão representados a distribuição de casos de Doença das células de Langerhans por gênero, nos estudos realizados por Hartman e Colonel (1980) (GRAF. 8), e por Araújo Jr. e Souza (2004) (GRAF. 9). Os gráficos foram construidos a partir de tabelas apresentadas nos respectivos estudos. 75 lam& Granuloma Ecsincfilico Hand-SchillerChristian • Ha-nens Letterer-Sime o Nki heres (Fonte: HARTMAN; COLONEL, 1980) Gráfico 8 - Distribuição de casos de Doença da Célula de Langerhans 14 12 10 6-7 47 2 0Granulomo Eosinofflico • Fbmens 1-kánd-Schülleraristian Laterer-Shne O Mulheres (Fonte: ARAUJO JR; SOUZA, 2004) Gráfico 9 — Distribuição de casos de Doença da Célula de Langerhans 76 A idade de prevalência da DCL varia nas faixas etárias de 0-15 anos sendo que o GE e DHSC aparece numa faixa superior, a DLS é encontrada mais em crianças menores que 3 anos. A raga de preferência não foi enfatizada na maioria das pesquisas e nas que a enfocaram ocorreu a prevalência sobre a raga branca (caucasiana). Os sintomas clínicos como irritabilidade, febre, mal-estar estão presentes nas três formas da DCL. Na DLS aparece nódulos cutâneos, erupção maculo-papulosa e sintomas de infecção aguda. Na DHSC existe a tríade, diabetes insipidus, exoftalmia e lesões ósseas, sendo que cada sintoma pode aparecer isoladamente. As alterações sanguíneas em órgãos hematopoiéticos são características da DHSC e DLS. A forma clinica da DCL é a presença de halitose, sialorréia, úlceras orais sendo mais representativas na GE e DHSC. Radiograficamente e clinicamente as três entidades podem ser associadas 6 outras patologias e o diagnóstico definitivo deve ser confirmado com outros exames como biópsia, tomografia, cintilografia. No GE, as imagens são radiolúcidas sem corticalização, dando aspecto de dentes flutuantes. Na DHSC, os ossos do crânio são os mais afetados dando um aspecto de saca-bocado e com lesões múltiplas tende a coalecer formando uma imagem de mapa geográfico. 77 Na DLS, as imagens são radiolúcidas com contornos definidos. Os maxilares, principalmente a mandíbula na sua porção posterior, são os mais atingidos, seguidos do fêmur em todas as três formas da DCL. 0 tratamento da DCL pode ser feito com curetagem, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, corticóides e citotóxicos como a Vinblastina e Vincristina que são eficazes para o controle da doença, assim como para aumentar o nível de sobrevida dos pacientes, dependendo do grau de envolvimento orgânico. O prognóstico das três entidades vai depender da idade do paciente no inicio da doença, extensão da doença clinica, e determinada pelo exame físico e avaliação laboratorial, local especi fi co de comprometimento orgânico, probabilidade de uma resposta satisfatória a terapia, sendo que o GE é o que apresenta melhor prognóstico desde que seja monitorizado e não tenha recidiva. As lesões ósseas são encontradas mais freqüentemente em pacientes adultos jovens e o prognostico é menos favorável se as porções distais das extremidades estão envolvidas. De todo o exposto o envolvimento oral é o sinal mais visível da DCL devendo o dentista ficar atento aos sinais que podem ser indicativos da DCL. No QUADRO 02 estão as principais características, o tratamento e o prognóstico da Doença das Células de Langerhans. 78 DOENÇA CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS - Manifestações bucais - Exame de rotina Granuloma Eosinófilo - Com ou sem sintomas físicos Taxa de 83% Areas radiolúcidas bem demarcadas PROGNOSTICO - Remissão espontânea - Curetagem - Cirurgia - Sintomáticos ou não - TRATAMENTO - Radioterapia - Quimioterapia - Dentes flutuantes - Corticáides - Jovens e adulto jovem - citotáxicos - Mandíbula parte posterior - - Bom com monitoramento - Dependendo da idade, extensão e comprometiment o de órgãos. - Lesões necróticas e friáveis Doença de Hand-SchüllerChristian Taxa de 12% - Edema gengival, necrose gengival, dor - Hemorragia - Cirúrgico - Perda óssea alveolar - Radioterapia - Mobilidade - Quimioterapia - Triade clássica: exoftalmia, diabetes insipidus, lesões no crânio - Corticáides - Reservado depende do grau de envolvimento orgânico - Citotásticos - Jovens adolescentes - Mandíbula - Estomatite, hemorragia Doença de Letterer-Siwe Taxa de 5% - Ulceras necróticas, halitose - Radioterapia - Envolve todos os ossos - Quimioterapia - Destruição alveolar - Citotásticos - Ruim, utilização de drogas para melhorar a qualidade de vida. - Crianças abaixo de 3 anos Quadro 2 — Principais características, tratamento e prognóstico da Doença das Células de Langerhans. 79 BIBLIOG RAFIA4 ARTZI, Z.; GORSKY, M.; RAVIV, M. 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Radiografia panorâmica (mesmo paciente da FIG. 23) (Fonte: Radiografia cedida pelo Prot. Dr. DeImo Tavares). Figura 25 - Aspectos Radiográficos do GE. Radiografia em norma lateral — não apresenta lesão litica na calota craniana (mesmo paciente da FIG. 23) 89 (Fonte: Radiografia cedida pelo Prof. Dr. DeImo Tavares). Figura 26 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia em norma frontal - apresenta lesão litica na calota craniana (Fonte: Radiografia cedida pelo Prof. Dr. DeImo Tavares). Figura 27 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia em norma lateral - apresenta lesão litica na calota craniana (mesmo paciente da FIG. 26) 90 (Fonte: Radiografia cedida pelo Prof. Dr. De lmo Tavares). Figura 28 - Aspectos Radiográficos da DHSL. Radiografia panorâmical — apresenta perda 6ssea alveolar generalizada (mesmo paciente da FIG. 26) (Fonte: Radiografia cedida pelo Prof. Dr. DeImo Tavares). Figura 29 - Aspectos Radiograficos da DHSL. Radiografia periapical — região de molares deciduos (D e E) — apresenta perda õssea alveolar severa (mesmo paciente da FIG. 26) 91 (Fonte: CRANIN; ROCHMAN, 1981) Figura 30 — Aspectos Clínicos da DHSC. Radiografia panorâmica tirada após 27 anos do diagnóstico inicial da doença de Hand-Schaller-Christian. Nenhuma indicação de lesões na mandíbula é evidente. Lesões foram tratadas com radiação. (Fome: CRAN1N; ROCHMAN, 1981) Figura 31 — Aspectos Clínicos da DLS. Lesões de pele cobrem o corpo inteiro de um garoto de 10 meses de idade. A cabeça foi enfaixada para absorver a continua transpiração na cabeça. 92 (Fonte: CRANIN; ROCHMAN, 1981) Figura 32— Aspectos Clínicos da DLS. Visão intra-oral mostra erupção precoce da dentição