Desembargador morre de enfarte Euclides Oliveira Aproximadamente 500 pessoas, entre autoridades do município e membros da comunidade jurídica acompanharam, no final da tarde de ontem, no Cemitério Parque dos Ipês, o sepultamento do desembargador da 4ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Lourenço Agostinho Abba Filho. Vítima de um enfarte fulminante, o desembargador morreu aos 58 anos, em sua casa, na Chácara Urbana, em Jundiaí, por volta das 6h30 de ontem. Nascido em Casa Branca (SP), Abba Filho era visto pelos amigos como uma pessoa extremamente bem humorada e, ao mesmo tempo, preocupada com as decisões que tomava. Ele começou sua carreira na Magistratura como juiz da Comarca de Guariba, na região de Ribeirão Preto. Depois, o desembargador galgou cargos até assumir a titularidade da 4ª Vara Civil do Fórum Regional de Santana, na capital, passando pelo Tribunal de Alçada Criminal, até assumir a vaga de desembargador no TJ-SP, há pouco mais de dez anos. "O Judiciário perdeu um juiz de excepcional qualidade e um técnico do Direito, cujas decisões eram marcadas pelo equilíbrio, dedicação e bom senso", avalia o advogado Edgar Antônio de Jesus. Além da brilhante carreira jurídica, o desembargador atuava como professor de Direito Civil das Faculdades de Direito Padre Anchieta (Fadipa), que suspendeu as aulas ontem, em função de seu passamento. Abba Filho era casado com a advogada Cristina Storani de Castro Abba e tinha três filhos: a advogada Juliana, de 29 anos, a nutricionista Ana Cláudia, de 24 e o estudante Guilherme, de 17. Dada a comoção com sua morte, o Velório Municipal permaneceu lotado durante todo o dia. Foram necessárias três salas para acomodarem as cerca de 35 coroas de flores enviadas pelos parentes e amigos. Um deles era o vice-presidente do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, o jundiaiense José Renato Nalini, que resumiu as inúmeras qualidades do ex-colega: "O Lourenço era uma pessoa bem humorada e, ao mesmo tempo, sutil. Ele foi um grande juiz, cumpridor dos seus deveres e que fazia questão de manter o serviço em dia, durante o tempo em que trabalhou em nosso tribunal", disse Nalini. Também presente ao velório, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o desembargador Márcio Martins Bonilha, classificou a morte prematura de Abba Filho como um "duro golpe" para a Magistratura do Estado. "É uma perda muito sentida. Ele deixa seu nome para sempre na história da nossa instituição, porque, durante o tempo em que exerceu suas funções, ele se revelou um funcionário altamente sensível às questões que lhe eram submetidas", comentou o presidente do TJ-SP. Visivelmente emocionado, o juiz da 5ª Vara Civil e da 281ª Zona Eleitoral de Jundiaí, Sulaiman Miguel Neto, fez uso de poucas palavras para enaltecer as qualidades de Abba Filho enquanto pessoa e representante da Justiça. "Lourenço era a alma mais pura da comunidade jurídica", resumiu Sulaiman. Estiveram ainda no velório o prefeito de Jundiaí, Miguel Haddad (PSDB), o seu vice, Castro Siqueira, o deputado estadual Ary Fossen (PSDB), a titular da Delegacia de Defesa da Mu-lher (DDM), Fátima Giassetti, os advogados Marco Aurélio Germano de Lemos e Tarcísio Germano de Lemos Filho, os desembargadores Antônio Gomes do Amaral e Danilo Panizza Filho e o presidente da 33ª Subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil, Gustavo Casserta Maryssael de Campos.