UNIÃO DO PARQUE CURICICA CARNAVAL 2016 CORAÇÕES MAMULENGOS Ei, você, se achegue aqui Não se acanhe, pode vir Paramos nessa cidade Só pra mostrar novidade Sou artista brasileiro Me chame mamulengueiro Um “Mestre” de qualidade Deus, Tomara que não chova Que nenhuma nuvem se mova Pra eu poder levar graça Pra todo mundo da praça Nesse teatro do riso Tem passagens de improviso Para entreter toda a massa Trouxe dentro da carroça Um baú cheio de troça Que eu já vou revelar Peço só pra me escutar Abra a mente e o coração Agora preste atenção Que eu vou já vou começar Mas você tá intrigado? Não tem ninguém do meu lado Tô só eu aqui de gente De carne e osso somente Porém pode acreditar Que eu faço multiplicar Personagens de repente É que os bonecos têm vida E se alguém aí duvida Eu vou agora mostrar A alma a eles vou dar Não conto causo capenga Com a minha mão molenga Faço até o mundo rodar Começa o auto primeiro Mateus, venha cá ligeiro Para aqui se apresentar Chega o professor Tiridá Folgazões fazem pilhéria Vêm Benedito e Quitéria Formando um formoso par Simão, vai tomar um cascudo! Como é que um boneco miúdo Tem tamanha ousadia? João Redondo, quem diria Pega no pé dos “caboco” Até o Cassimiro Coco É no Ceará que se cria E o segundo auto começa Mantendo a fiel promessa De alegrar os presentes Em lendas maledicentes Medo me corrói inteiro Da Cigana do Cajueiro Correm até os mais valentes! Entra em cena ferozmente Um Papa-­‐Figo inclemente Só pra arrumar presepada Mas se é pra dar risada Esqueça o Palhaço dos Coqueirais Que dizem não conseguir jamais Fazer rir a garotada Então o que se há de fazer Para o povo se comover? Muita música e dança Vai começar a festança! Com a verdade eu não falto Vamos ao terceiro auto Porque a noite é uma criança! O corpo bole faceiro Com o povo “batuqueiro” Na bateria “Audaciosa” Baila a menina mimosa Meu Boi Bumba no Bumbá Maracatu chega já Com a sua corte ruidosa Vixe! Vem acolá Lampião Montado em seu alazão Sai da toca sorrateiro Neste auto derradeiro Pra uma batalha final Contra a injustiça social Que enche o coronel de dinheiro Mas meu povo não é fantoche Para viver de deboche E ser tão manipulado Tal qual boneco, coitado Leva a vida por um fio Pra vencer tal desafio Melhor é ser engraçado Pois vou seguir celebrando Com a minha arte brincando Como menino em quermesse Hoje nada me aborrece Vou sorrir agradecido Nesse palco colorido Todo o mal desaparece E tá chegando a minha hora Vou depressa sem demora Outra cidade alegrar Um dia eu hei de voltar Parece que foi tudo um sonho Com este povo risonho Quero de novo sonhar A lágrima que aqui derramo É por fazer o que eu amo: Levar comigo alegria É tamanha a honraria Fico até emocionado Vai meu muito obrigado Em forma de poesia: Mamulengo, mamulenguei Um dia vou ser um rei Não pra acumular vintém Mas para espalhar o bem Colecionando paixões Em mamulengos corações VEM MAMULENGAR TAMBÉM!!! Enredo dedicado aos Mestres, Zé de Vina (Glória do Goitá /PE), Luiz da Serra (Vitória e Santo Antão /PE), Antonino Biló (Pombos /PE), Solon (Carpina /PE), Otílio (Caruru /PE) e Ginu (Recife /PE). Carnavalesco: Marcus Ferreira Texto: João Gustavo Melo Direção de Carnaval: Jeferson Carlos GLOSSÁRIO: Batuqueiros: Músicos que acompanham o mestre nas apresentações do teatro de mamulengos com instrumentos de percussão. Benedito: Personagem típico dos autos de mamulengos. É o vaqueiro que conduz muitas das histórias apresentadas em cena. Cajueiro da Cigana: Nos tempos do Brasil Colônia, o arquipélago de Fernando de Noronha recebia grupos ditos “indesejados” pela sociedade, entre eles o povo cigano. Banidos, viviam isolados do continente. Dizem que uma linda cigana habitava a ilha, ao lado de um frondoso cajueiro. Ao morrer, o lugar teria se tornado mal-­‐
assombrado e sua alma ficou vagando ao lado dessa árvore que ela mesma havia plantado. Cascudo: Pancada na cabeça que o sujeito dá no outro com a mão fechada. Cassimiro Coco: Nome que é dado ao teatro de mamulengos no Ceará. Coronel: O malfeitor do sertão, que vive da indústria da seca e da injustiça do sistema para multiplicar fortuna e poder. Folgazões: São os divertidos mestres mamulengueiros, que dão vida aos personagens nessa modalidade de teatro de bonecos. João Redondo: Nome que se atribui aos mamulengos no Rio Grande do Norte e personagem famoso das apresentações. Mamulengo: É uma forma específica de teatro de bonecos que ocorre, em grande maioria, na região Nordeste. É a partir da busca pelo riso que se desenvolvem “passagens”, ou seja, enredos curtos que servem de guia para o improviso do mestre. A música também está presente nas apresentações, sendo executada ao vivo por instrumentistas. Mateus: É um interlocutor entre o universo fantasioso dos bonecos e o mundo real do público. Deve ser engraçado, ágil, e ter muita habilidade para versar. Mestre: É o mamulengueiro que cria diversas situações para dar ritmo à narrativa. É quem manipula os bonecos. Tem como características o improviso, habilidade manual, grande repertório de histórias e muito carisma. Palhaço dos coqueirais: Também conhecido como “palhaço do coqueiro”, é uma lenda pernambucana. Dizem que o tal palhaço não conseguia fazer ninguém sorrir. Em noite de lua minguante, ele subia no alto de um coqueiro para admirar o sorriso do luar que se abria no céu. Quando vinha uma nuvem e tapava o brilho da lua, o palhaço descia do coqueiro para fazer graça com quem passasse. Os que não rissem eram hipnotizados e açoitados até abrirem um sorriso. Papa-­‐Figo: É um sujeito maldoso, que corre atrás das crianças para lhes roubar o fígado e dele se alimentar. “Figo”, portanto, é uma corruptela de “fígado”. Presepada: Equivalente a palhaçada. Espetáculo ridículo. Fanfarrice. Professor Tiridá: Justiceiro e intrigante personagem presente nos espetáculos de mamulengos, que questiona o poder dos coronéis. Quitéria: É a boneca bonita, dançadora e faceira, fogosa mulher do dono da fazenda. Simão: Cabra batalhador e gozador, que vai procurar emprego na fazenda do Coronel e acaba dançando forró com Quitéria, a mulher do patrão. Tomara que não chova – Expressão utilizada no Nordeste para apresentações de mamulengos e de divesos espetáculos mambembes que, por não terem lona, ficam impossibilitados de se apresentar em caso de chuva. 
Download

Sinopse Carnaval 2016