VITÓRIA, ES, DOMINGO, 31 DE MARÇO DE 2013 ATRIBUNA 39 Economia MANPOWER VÁRIAS GERAÇÕES E UMA CARREIRA O GERENTE da Manpower Specialist-SP, Thiago Medeiros, disse que o desenvolvimento de outras áreas, como a de informática, com a qual os jovens têm muita identificação, acaba atraindo muitos para profissões diferentes das dos pais Mais profissões reduzem tradição À medida que aumenta a ga- colhidas na família pode gerar adma de profissões a seguir no miração e corresponder a uma mercado de trabalho, dimi- mesma escolha. Mas ela pondera que, às vezes, nuem cada vez mais as chances dos filhos optarem pela mesma uma profissão que traz orgulho profissão dos pais, afirmam espe- entre os familiares pode acarretar em um peso muito grande para cialistas. “Anos atrás, era mais comum os que aqueles passos sejam seguifilhos seguirem os mesmos passos dos. “Por isso, o grande desafio dos dos pais. Mas, diante do desenvolpais é conseguir vimento de ouespaço para tras áreas, como Era mais comum dar os filhos fazea de informática, com a qual os joos filhos seguirem rem suas escovocaciovens têm muita os passos dos pais. Mas, lhas nais, indepeni de n ti f i ca ç ão, dente desse dep o r ex e m p l o, com o desenvolvimento na família.” eles acabam sende outras áreas, eles são sejo O doutor em do atraídos para Psicologia, outras profis- atraídos para outras Adriano Pereira sões”, aponta o profissões Jardim, pontua gerente da Manque o ambiente power Specia- Thiago Medeiros, da Manpower f a m i l i a r i nlist-SP, Thiago fluencia na escolha da profissão e Medeiros. Ele avalia que, atualmente, os até em questões biológicas. Ele explica que a vocação proprofissionais estão buscando mais satisfação pessoal atrelada ao re- fissional não é hereditária, mas os torno financeiro, que não necessa- pares de genes que compõem os riamente será alcançada na mes- traços de personalidade podem resultar em características parecima área de atuação dos pais. Mas Medeiros destaca que nas das entre pessoas da mesma famíentrevistas de seleção a uma vaga lia, que podem ter aptidões necesde emprego é frequente candida- sárias a uma determinada profistos afirmarem que a escolha da são. Jardim acrescenta que o amprofissão foi influenciada por um biente familiar também influencia. familiar ou pessoas próximas. Na visão da presidente da Asso- “Os filhos não seguem o que os ciação Brasileira de Recursos Hu- pais falam, seguem o que eles famanos (ABRH) no Espírito Santo, zem. Se admiram a profissão dos Danielle Quintanilha, a percepção pais, há chances de escolherem a que os filhos têm das profissões es- mesma carreira”. “ ” ARQUIVO/AT PAI COM OS FILHOS: interesse para seguir a profissão dos mais velhos começa com o aprendizado que os pais passam para os filhos ainda pequenos O QUE ELES DIZEM DIVULGAÇÃO ANTONIO MOREIRA - 13/07/2011 Maioria dos pais deixa filhos livres O número de profissões para seguir no mercado de trabalho é de perder de vista e maior ainda é a quantidade de dúvidas. É por isso que o apoio dos pais é importante no momento da tomada de decisão sobre qual carreira seguir. Uma pesquisa feita pela Positivo Informática revelou que a liberdade de escolha e o incentivo familiar predominam entre a maioria dos estudantes. Segundo o levantamento, 73% dos jovens não são pressionados para fazer as próprias escolhas profissionais, enquanto que apenas 3% não se sente livre para decidir. A pesquisa mostra ainda que 40% dos futuros profissionais consideram a opinião dos pais, mas que, ao baterem o martelo sobre a carreira que vão seguir, em geral, não deverão decidir com base na orientação familiar. Já 13% dizem que os conselhos dos pais terão grande influência sobre as atitudes que vão tomar. A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) no Espírito Santo, Danielle Quintanilha, afirma que a opi- nião dos pais sempre é importante no processo de escolha da profissão. Mas, a interferência deve ter limites para não atrapalhar a identificação e a escolha do filho por uma carreira. “Além do grande número de profissões no mercado, os jovens estão cada vez mais bem esclarecidos. Afinal, a acessibilidade às informações do mercado de trabalho possibilita que quem vai escolher sua carreira não fique restrito aos exemplos do ambiente familiar, mas tenha possibilidade de enxergar outras perspectivas.” Se as dúvidas são muitas na hora do vestibular, após o ingresso no mercado de trabalho muitos passam a conviver com a frustração, afirma o gerente da Manpower Specialist-SP — empresa especializada no recrutamento e seleção de profissionais de alta e média gerência — Thiago Medeiros. “Grande parte das pessoas que avalio nas entrevistas de emprego estão insatisfeitas, mesmo gostando das áreas que escolheram, seja Influência nas escolhas Como estudantes reagem à pressão de familiares Recebem o apoio dos pais, 73% que deixam os filhos livres para decidir o que querem seguir Não se sentem livre para 3% decidir Levam em consideração a opinião de amigos, a ponto de influenciar na sua decisão 7% Consideram a opinião dos pais, mas acham que não devem decidir de acordo com eles 40% Dizem que a opinião de seus 13% pais têm grande influência em sua decisão Fonte: Positivo Informática pela dificuldade de relacionamento com os gestores, pela falta de perspectivas na profissão ou pelo salário, que nem aparece como um dos principais motivos”, pontua. ANÁLISE “O trabalho pode, sim, proporcionar prazer” É preciso cuidado na repetição da carreira, porque a pessoa tem de identificar até que ponto é vocação ou apenas continuidade “ Danielle Quintanilha, presidente da ABRH no Estado ” Filhos não seguem o que os pais falam e sim o que fazem. Se admiram a profissão dos pais, podem escolher a mesma carreira “ Adriano Pereira Jardim, doutor em Psicologia ” É no núcleo familiar que a criança tem os primeiros modelos de referência e costumam se espelhar nos pais. Mas, ao crescer, os horizontes vão se expandindo e não necessariamente ela vai escolher a mesma profissão dos pais ou de outro familiar. O importante é que a pessoa se sinta livre para fazer as próprias escolhas. A opção de seguir a mesma carreira dos pais será positiva, se acontecer por meio da identificação, e negativa, quando ocorre pela obrigação de manter a tradição familiar. Se não houver uma identificação, esse profissional possivelmente não se sentirá feliz e o caminho dele será muito mais árduo. Quando existe a realização, mesmo com todas as dificuldades comuns no início da carreira, ele vai se Patrícia Rocco, psicóloga clínica e professora universitária sentir motivado. Pais que demonstram para os filhos serem completos e realizados na profissão exercem uma influência positiva e sadia, que trabalhar não tem o objetivo só de ganhar dinheiro. Assim, a criança começa a associar desde pequena que o trabalho pode, sim, proporcionar prazer e realização.