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São Paulo, sábado a segunda-feira, 07 a 09 de novembro de 2015
Política
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princípio podem parecer situações desconexas, tal como apregoada na teoria do caos, a qual
menciona que uma pequena
variação nas condições em
determinado ponto de um
sistema dinâmico pode ter
consequências de proporções
inimagináveis. Olhando mais
de perto e utilizando-se a teoria do consumidor, tratam-se
de bens substitutos, ou seja,
produtos que o consumidor
considera como similares ou
comparáveis. De forma teórica,
um produto A e B são substitutos quando a demanda de um
aumenta, quando o preço do
outro sobe.
Mas qual a razão desta
comparação, considerando
um produto que em minha
memória remete aos tempos
da casa da vovó, onde havia
sempre um filtro de barro no
canto da pia, coberto com
capas plásticas ou de crochê?
Quem visualizou certamente
já passou pela situação de
chegar sedento e acabar a
água, havendo a necessidade
de completar a parte superior
e aguardar até que as velas fizessem seu trabalho. Como era
pequeno, me divertia subindo
na cadeira e completando o
nível com uma bule ou uma
chaleira de metal.
Voltemos a comparação.
Passava eu por uma banca
de jornal, quando uma foto
na capa de um dos jornais de
maior circulação em São Paulo
chamou-me a atenção. Nela
havia uma série de vasos de
barro enfileirados, com a seguinte manchete: energia cara
e crise hídrica elevam procura
por filtro de barro em 20%,
seguida por uma reportagem
com a história da líder do setor,
cuja produção deverá crescer
20% neste ano, chegando a
A
incríveis 220 mil unidades de
um produto que, para mim,
era parte do passado, tal como
serão as bancas de jornal num
futuro próximo.
Consumidores assustados
com a conta de luz e a crise
hídrica, estão trocando os bebedouros que mantêm a água
gelada por filtros de barro, os
quais reduzem em até 5 graus
a temperatura do líquido. Lembram como era fresquinha a
água, mesmo fora da geladeira?
Outro motivador é a estiagem
e os boatos de fornecimento
de produtos de má qualidade,
até mesmo as compradas em
galões. As antigas velas dos
filtros, cumprem um papel
de purificação eficiente, além
de serem mais baratas que
os congêneres utilizados em
aparelhos elétricos.
Analise a cadeia de suprimentos de seu negócio: fornecedores, concorrentes, canais
e consumidores, avaliando
produtos complementares e
substitutos, assim como de
que maneira uma subida nos
preços de um produto levaria
a um aumento na demanda de
outro, encontrando eventuais
oportunidades. Lembre-se que
a palavra crise em chinês é
composta pelos componentes:
WEI e JI, os quais significam
perigo e oportunidaae.
Enfim, apesar de insólita
e de representar apenas um
pequeno nicho de negócios,
este exemplo corrobora o
ditado: enquanto uns choram,
outros fabricam lenços, demonstrando as oportunidades
de mercado que até uma crise
de proporções inéditas podem
trazer a alguns setores da economia, mesmo aqueles onde a
tecnologia passa longe.
Conforme diz o presidente
da empresa: “Barro tem em
qualquer lugar. Qualquer um
acha que sabe fazer, mas não
é bem assim”.
(*) É executivo, professor, palestrante
e consultor. Sua palestra, As 4
Chaves do Pensamento Estratégico,
aborda de maneira lúdica temas
como definição de metas, inovação,
gerenciamento do tempo e motivação
(www.marcosmorita.com.br).
Defesa do Consumidor
aprova portabilidade
da conta de luz
Reprodução/TV Câmara
Coutinho: “A ampliação da concorrência beneficia os
consumidores”.
A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara aprovou proposta que, entre outros pontos,
cria a portabilidade da conta de
luz para permitir aos consumidores optar entre diferentes fornecedores no mercado de energia
elétrica. A medida está prevista
no projeto de autoria do deputado
Marcelo Squassoni (PRB-SP) e de
outros parlamentares.
Em um primeiro momento,
o projeto reduz as exigências
para que os grandes consumidores, em geral indústrias,
comprem energia livremente.
Mas a ideia é abrir gradualmente esse mercado para que, a
partir de 2022, também o consumidor comum possa escolher
de quem comprar energia, em
um sistema de abertura total.
Para atingir o objetivo, o projeto
modifica o funcionamento do
setor elétrico brasileiro.
Um dos pontos alterados diz
respeito às licitações para concessões de usinas hidrelétricas.
Hoje, elas já são licitadas. A novidade é que o projeto inclui as
pequenas centrais hidrelétricas
entre os objetos de licitação
(hoje elas são cedidas mediante
autorização) e exclui do processo
os autoprodutores, como as indústrias que produzem energia
para consumo próprio. A licitação ocorrerá nas modalidades de
leilão ou concorrência, com prazo
de concessão por até 30 anos.
O relator na comissão, deputado João Fernando Coutinho
(PSB-PE), recomendou a aprovação da matéria. Ele avaliou
que, ao criar um ambiente
institucional que autorize a
portabilidade da conta de luz, o
projeto estimula a concorrência
no setor elétrico brasileiro. “A
ampliação da concorrência beneficia os consumidores, por estimular o aumento da eficiência
dos participantes do mercado e
a redução de suas margens de
lucro. As consequências seriam
a melhoria da qualidade e a redução do custo do serviço prestado aos destinatários finais”,
observou Coutinho. O projeto
tramita em caráter conclusivo
e será analisado ainda por três
comissões (Ag.Câmara).
Para economistas presentes em seminário na Câmara, o Brasil ainda não fez um verdadeiro ajuste
fiscal para conseguir controlar a inflação e retomar o equilíbrio econômico
evento discutiu o possível uso de outros mecanismos, além da taxa de
juros, para combater a inflação,
reduzir as despesas públicas e
viabilizar um ajuste fiscal menos
doloroso para o País.
Para o professor e diretor
da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade
da UnB, Roberto Ellery Junior,
o governo ainda não saiu de um
discurso de austeridade, sem
conseguir realizar um ajuste
mais forte. Para ele, uma segunda solução, caso um corte mais
amplo em despesas como a do
funcionalismo não for feito, seria
aumentar ainda mais a taxa de
juros. “A taxa de juros do Brasil
não está tão alta em relação ao
padrão brasileiro, quando, mesmo assim, conseguimos investir
e crescer mais”, declarou.
A pesquisadora visitante
do Peterson Institute for International Economics, em
Washington, Mônica de Bolle,
afirmou que alcançar juros
baixos com inflação com índices
menores, como foi entre 2003 e
2008 – antes da crise financeira
internacional e durante o boom
de preços das commodities
O
Poluição das
águas da
transposição
do Rio São
Francisco
O Tribunal de Contas da
União (TCU) apresentou
em Juazeiro do Norte (CE),
durante audiência pública
da Comissão Externa da
Transposição do Rio São
Francisco, relatório que
aponta risco de poluição
das águas do projeto de
transposição. De acordo com
o TCU, 57% dos municípios
da área de influência direta
do projeto, ou seja, cidades
com proximidade de até 50
km dos canais, cujo impacto
influencia diretamente a
qualidade da água, não possuem serviços adequados de
esgotamento sanitário nem
convênios para construção
de esgoto.
O projeto no São Francisco envolve, além das obras
principais (canais, aquedutos etc.) e da revitalização
da bacia do rio, obras de
esgotamento sanitário e
de coleta e tratamento de
resíduos sólidos nos municípios das bacias atendidas
pela transposição. Segundo
o representante da Secretaria de Controle Externo do
TCU, Tibério César Loureiro,
há um gargalo que pode
prejudicar a transposição,
pois, com a ausência dos
sistemas de esgoto, há um
elevado risco de poluição
das águas, impossibilitando o
abastecimento humano.
“O TCU determinou que os
órgãos gestores elaborassem
um plano de ação para todas
as obras, que serão monitoradas. Há obras paralisadas
ou em ritmo lento de execução, não iniciadas ou com
licenciamento ambiental
vencido, além de empresas
com capacidade operacional incompatível com a
execução da obra — sem
empregados, equipamentos
e recursos”, informou Loureiro (Ag.Câmara).
O governo ainda não saiu de um discurso de austeridade,
sem conseguir realizar um ajuste mais forte.
exportadas pelo Brasil, é algo
possível, mas é essencial um
ajuste fiscal mais efetivo.
Tanto Ellery Junior como Bolle concordam que o ajuste fiscal
é condição para se pensar em
uma redução de inflação e juros.
“Não dá mais para fazer remendo fiscal que se faz quando temos
crise. Nenhum de nós consegue
ser desatado sem esforço fiscal
relevante e estrutural”, afirmou
a economista.
Já o professor adjunto da
UFRJ, Ricardo Summa, se disse
cético sobre a efetividade de um
ajuste fiscal mais severo como
elemento central para reduzir
a inflação. Para o deputado
Alfredo Kaefer (PSDB-PR),
ficou claro que não é possível
reduzir juros e inflação no momento atual. O equilíbrio deve
vir, de acordo com Kaefer, do
corte de gastos obrigatórios
e não só com diminuição de
investimentos.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG) acredita
que é essencial dialogar com a
sociedade sobre os elementos
da crise para tratar de outras
variáveis além dos juros e da
inflação. “Se buscarmos as soluções através da solução de uma
ou outra variável, diante dessa
complexidade toda, corremos o
enorme risco de errar”, afirmou
(Ag.Câmara).
Veto à desaposentação
divide opinião de deputados
A lei que institui as novas
regras para a aposentadoria foi
sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que vetou artigo
que permitia a chamada desaposentação. Por essa regra, um
aposentado que continuasse
trabalhando poderia contribuir
para a Previdência por mais
cinco anos, pelo menos, e pedir
o recálculo da aposentadoria.
Um grupo de deputados
ligados à Frente Parlamentar
em Defesa dos Aposentados se
articula para tentar derrubar o
veto no Congresso. Entre eles,
o líder do PPS, Rubens Bueno.
O deputado foi responsável
pelo destaque que permitiu a
inclusão da “desaposentação”
durante a votação do projeto
na Câmara. “Nós vamos ter
mais atividade econômica,
teremos mais gente presente
ao trabalho, teremos mais recolhimento para a Previdência
Social e é no bojo disso tudo
que estamos trabalhando”,
argumentou o parlamentar.
Gustavo Lima/Ag.Câmara
Qual a correlação entre
uma fábrica de filtros de
barro e as trapalhadas
da presidente que
destruíram o setor
energético?
Deputado Rubens Bueno defende a derrubada do veto.
O relator do projeto que deu
origem à lei, deputado Afonso
Florence (PT-BA), defendeu o
veto e disse que, com certeza,
não será derrubado. “Não fazia
parte do acordo esse item.
Quando o texto da MP veio
para o Plenário da Câmara,
ele foi incluído por destaque
e, portanto, era um veto previsto”, justificou.
A nova lei permite que o
trabalhador ganhe a aposentadoria integral quando atingir a
fórmula 85/95, que é a soma da
idade e do tempo de contribuição para mulheres e homens,
respectivamente. A fórmula
85/95 será válida até 31 de
dezembro de 2018. A partir
daí, essa soma é acrescida de
um ponto de dois em dois anos
até 2026, quando terá que ser
90/100 (Ag.Câmara).
Brasil perde para Argentina
na corrida por satélites
Apesar de décadas de investimentos, o Brasil não obteve
os resultados de seus pares no
Brics — Rússia, Índia e China
— no setor espacial. Além disso,
está perdendo para a Argentina,
que coloca em órbita seu segundo satélite geoestacionário
e constrói o terceiro em seu
próprio território. A avaliação
foi feita pelo presidente da
Visiona Tecnologia Espacial,
Eduardo Bonini, em audiência
pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O presidente do Conselho
Superior de Comércio Exterior
da Fiesp, Rubens Barbosa,
atribuiu parte dos problemas
a “uma comédia de erros”, que
começou com a oposição política ao Acordo de Salvaguardas
Tecnológicas Brasil-Estados
Unidos (TSA). Esse acordo foi
assinado em 2000 para viabilizar o lançamento de satélites
da base de Alcântara, no Ma-
Divulgação
Marcos Morita (*)
Na Câmara, economistas dizem que
Brasil ainda não fez ajuste fiscal
Divulgação
Crise impulsiona venda de
produtos substitutos
Presidente do Conselho
Superior de Comércio Exterior
da Fiesp, Rubens Barbosa.
ranhão, por empresas privadas
norte-americanas.
Com a mudança de governo, o
TSA foi colocado de lado, com a
assinatura de um acordo semelhante com a Ucrânia, em 2004.
O dirigente da Fiesp lembrou
que, após 12 anos, o foguete não
foi lançado, obrigando o governo
brasileiro a cancelar o acordo
com a Ucrânia em julho de 2015.
Barbosa garantiu que o tratado
não foi feito para beneficiar
empresas norte-americanas,
mas para viabilizar a base de
Alcântara, que receberia de US$
40 milhões a US$ 50 milhões por
cada lançamento de satélite.
De acordo com Barbosa,
se não tivesse havido essa
“contaminação ideológica”
15 anos atrás, o Brasil teria
desenvolvido a base de Alcântara para fins comerciais, “e os
recursos poderiam financiar”
as demandas para o desenvolvimento da área. A senadora
Ana Amélia (PP-RS) observou
que “o Brasil e a Rússia estão
dentro do Brics e nós fizemos
um acordo com a Ucrânia”. Em
seguida, acrescentou, “a Rússia
invade a Ucrânia e descobre-se
que a fábrica [de foguetes] fica
dentro de território russo”.
Para a senadora, “isso parece
ser equivocado em todos os
aspectos” (Ag.Senado).
Alvaro Dias manifesta apoio a movimento de caminhoneiros
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) manifestou apoio aos
caminhoneiros, que ameaçam
fazer nova greve a partir desta
segunda-feira (9). Segundo o
senador, os caminhoneiros pedem a renúncia da presidente
Dilma Rousseff, o que, a seu ver,
revela o grau de insatisfação da
categoria com o governo. Essa
greve deve agravar ainda mais os
problemas do país, gerando desabastecimento, previu Dias.
O senador afirmou que os
caminhoneiros vivem uma
situação dramática devido ao
acúmulo de dívidas e estão
cansados de negociar, sem
sucesso, uma pauta entregue
ao governo há oito meses, em
que consta, por exemplo, o refinanciamento dos empréstimos
da categoria.
“Compreendemos as razões
desse pleito, a renúncia da presidente. Não querem mais tratar
do assunto com o atual governo.
Veja o clima, o cenário de insatisfação e inconformismo que
toma conta dos caminhoneiros
brasileiros. Está muito difícil,
segundo eles afirmam, continuar
nessa atividade. Enfim, que o
governo tome providências para
evitar prejuízos ainda maiores”,
afirmou (Ag.Senado).
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Na Câmara, economistas dizem que Brasil ainda não fez ajuste fiscal