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ID: 59655952
10-06-2015
Tiragem: 33425
Pág: 13
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 16,36 x 29,90 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Enfermeiros dizem que
conflito entre INEM e técnicos
de ambulância “era evitável”
Emergência médica
Catarina Gomes
Técnicos queixam-se da
sobrecarga de trabalho,
da falta de pagamento de
subsídios e de horas extras e
de mais cortes nos salários
A Ordem dos Enfermeiros diz que o
conflito que levou a uma declaração
de greve às horas extraordinárias por
parte dos técnicos de ambulância de
emergência “era evitável”, assim como a criação “de alarmismo na população como forma de negociação de
condições laborais”, já que “a reiterada realização de horas muito para
além do normal horário de trabalho
não é um facto recente”.
O Instituto Nacional de Emergência
Médica (INEM) recebeu ontem o préaviso de greve às horas extraordinárias que vai arrancar dia 24 de Junho.
“Será por tempo indeterminado”,
explica Ricardo Rocha, presidente do
Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), que representa cerca de 400 dos 700 destes
profissionais no país. O sindicalista
explica que, por ano, os técnicos não
podem ir além das 150 horas extraordinárias e que esse limite já foi atingido este ano, sobretudo em Lisboa.
Os técnicos de ambulância de
emergência queixam-se de sobrecar-
ga de trabalho, da falta de pagamento
de subsídios e de horas extras e de
mais cortes no salário. Segundo a Federação Nacional dos Sindicatos dos
Trabalhadores em Funções Públicas
e Sociais, a tutela está a pôr em causa
a assistência a doentes emergentes
e a impor aos trabalhadores com
funções de técnicos de emergência
“períodos de trabalho com descanso
somente ao fim de 20 e mais dias”.
Ricardo Rocha diz que há falta de
pessoal porque “o Estado não contrata e, quando contrata, é abaixo das
necessidades”. O responsável diz que
“o Estado esmifra os trabalhadores
e aproveita-se da sua boa vontade”,
lembrando que um turno de oito horas era pago, em 2005, a 70 a 90 euros e hoje esse mesmo horário de trabalho não é remunerado além dos 25
euros. O sindicalista diz que pelo menos desde Junho do ano passado que
reclamam a urgências de mais contratações junto da direcção do INEM.
Seriam precisos, na sua opinião, “no
mínimo mais 250”, no entanto, diz, o
INEM adiou para Janeiro o início de
um concurso público para contratar
85 técnicos mas que só estará concluído no final deste ano. “Se tivesse
sido lançado nessa altura, estes técnicos já estariam a trabalhar. Está-se
a fazer gestão de algibeira”, critica.
A greve oficial às horas extras só começa dia 24 de Junho, mas na segunda-feira um grupo de funcionários
decidiu “mostrar a sua indignação” e
não comparecer ao trabalho, explica.
“Eles faltaram ao serviço, arriscandose a ser alvo de processos disciplinares por faltas não justificadas”, diz.
“A maior parte dos trabalhadores não
são sindicalizados.” De 92 técnicos
em Lisboa não compareceram 47.
“É revelador”, diz Ricardo Rocha.
Em comunicado, o INEM divulgou que, na segunda-feira, “sem
aviso prévio, não compareceram 26
técnicos de emergência no período
da manhã e 21 no período da tarde”,
na Grande Lisboa, tendo ameaçado
participar ao Ministério Público contra quem colocar em risco o socorro
urgente a pessoas, referiu a Lusa.
O STAE acusou o INEM de, nesse
dia, ter substituído estes técnicos
por “pessoal não qualificado”. Ivone
Ferreira, do gabinete de comunicação do INEM, nega essa afirmação.
“Estão todos em condições legais de
exercer, com os diplomas e certificados legalmente reconhecidos.” A
responsável diz que o INEM recebeu
o pré-aviso para dia 24 de Junho e
que irão cumprir a lei, assegurando
os serviços mínimos.
O comunicado da Ordem dos Enfermeiros diz que era “igualmente
evitável o recurso excessivo a horas extraordinárias dos técnicos de
emergência caso o ministério e o conselho directivo do INEM assumissem
modelos integrados de emergência
pré-hospitalar que rentabilizassem os
enfermeiros disponíveis no terreno.”
NELSON GARRIDO
Os técnicos de ambulância de emergência queixam-se de sobrecarga de trabalho
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