HOSPITAL DE SANTA MARIA
COMISSÃO DE CONTROLO
DA INFECÇÃO HOSPITALAR
Piso 6, Tel. 5401/1627
Norma n.º 4
(Actualização em Março de 2006)
PREVENÇÃO DA
INFECÇÃO CIRÚRGICA
De acordo com o Inquérito de Prevalência da Infecção de 2003 realizado em 67
hospitais portugueses (entre os quais o HSM) a infecção cirúrgica representava
13% do total das infecções nosocomiais, sendo a 3ª infecção mais frequente.
Sendo que é considerada uma das infecções com custos humanos e
económicos mais relevantes é importante implementar medidas de eficácia
comprovada que permitam a sua prevenção.
I - PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
1 - PREPARAÇÃO DO DOENTE
O período de internamento deve ser limitado ao mínimo.
1.1 - Banho
¾ O banho deve ser feito na véspera da cirurgia e no próprio dia, efectuado
até 2h antes da cirurgia. Incluir o couro cabeludo e a higiene cuidada das
unhas. Utilizar anti-séptico com acção residual (ex. clorohexidina a 4%,
sol. aquosa ). O cabelo deve ir bem seco para o bloco operatório. Fornecer
ao doente toalhete e toalha limpos.
¾ Na cirurgia crânio-encefálica deve dar-se especial atenção à lavagem da
cabeça.
¾ Quando se trata de implantação de próteses ou transplantes, sempre que
possível o banho deve ser feito na véspera de manhã e à noite, e no próprio
dia de manhã efectuado até 2h antes da cirurgia.
¾ É importante a higiene cuidada da cavidade oral, pelo que se deve vigiar o
seu cumprimento.
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¾ A vigilância de todo o processo da higiene pré-operatória do doente deve
ser uma prioridade, assim como o ensino destas práticas aos doentes
autónomos. Na cirurgia programada o doente tem de ser instruído
previamente para fazer preparação pré-operatória no domicilio.
¾ A mudança da roupa da cama e/ou da maca de transporte para a sala de
operações, deve ser feita após o banho do doente e, se necessário,
novamente antes de ir para o bloco operatório.
1.2 - Tricotomia
É um factor muito importante no aparecimento da infecção da ferida cirúrgica.
Enquanto parte da preparação pré-operatória, esta prática deve ser executada
por técnicos de saúde ou sob orientação e supervisão destes.
A tricotomia deve ser feita:
¾ Só quando estritamente necessário;
¾ Em área o menos extensa possível;
¾ Imediatamente antes da cirurgia, de preferência, no bloco operatório;
¾ Com máquina eléctrica que corte o pêlo sem lesar a pele e não com
lâmina de barbear ou de bisturi.
1.3 - Antibioticoterapia pré-operatória
A antibioticoterapia profilática, se necessária, deve ser efectuada de acordo
com as directrizes da Comissão de Antibióticos.
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II - PERÍODO INTRA-OPERATÓRIO
Recomenda-se que seja ponderada a colaboração na sala de operações do
pessoal que apresente infecções respiratórias e/ou da pele, visto representar
um possível reservatório de agentes infecciosos e consequentemente risco
acrescido para o doente.
1 - PREPARAÇÃO DA EQUIPA CIRÚRGICA
¾ Todo o pessoal que entra na sala de operações deve retirar jóias, relógios
de pulso e outros adornos e deve manter as unhas curtas e sem verniz. O
pessoal que integra a equipa cirúrgica deve abster-se de usar unhas
artificiais.
¾ Utilizar vestuário apropriado e nunca sair com ele do bloco operatório.
Utilizar batas e campos que sejam barreira microbiológica eficaz mesmo
quando molhados.
¾ Utilizar escova para limpar cuidadosamente as unhas apenas na primeira
intervenção do dia.
¾ Desinfectar as mãos utilizando um anti-séptico com acção residual
associado a um agente de lavagem (ex. clorohexidina a 4%, sol. aquosa)
ou, em alternativa, utilizar sabão líquido seguido de um soluto
alcoólico.
No primeiro caso, friccionar as mãos e antebraços durante 1,5 minuto
e repetir a operação, mantê-los afastados do corpo e levantados de
forma a que a água escorra em direcção aos cotovelos. Secar com
toalhetes esterilizados, usando um toalhete para cada lado.
No segundo caso, lavar as mãos e antebraços com sabão líquido
durante 1 minuto, secar com toalhete (não necessita de ser estéril) e aplicar
soluto alcoólico, friccionando em todas as áreas das mãos e antebraços
durante pelo menos 3 minutos e deixar secar (a meio deve repetir-se a
aplicação).
¾ Calçar luvas estéreis que devem ser mudadas em tempos operatórios
diferentes da mesma cirurgia e sempre que for considerado necessário.
¾ Colocar touca a cobrir completamente o cabelo.
¾ Colocar máscara que cubra o nariz e a boca e mudá-la sempre que estiver
húmida ou que seja considerado necessário.
¾ Usar máscara com protecção de fluidos e protecção ocular sempre que seja
previsível a ocorrência de salpicos.
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¾ Usar calçado apropriado (que suporte lavagem e desinfecção térmica) de
uso exclusivo no bloco. Deve existir calçado para a eventualidade de, em
casos particulares, ser necessário a entrada no bloco de pessoal que não o
frequente habitualmente.
¾ A equipa de anestesia deve cumprir os protocolos estabelecidos para a
prevenção da infecção, dentro da sala de operações.
¾ O número de pessoas dentro da sala de operações deve ser reduzido ao
mínimo necessário. Devem movimentar-se o suficiente para a execução
dos actos e procedimentos e evitar gestos e movimentações
desnecessários.
2- PREPARAÇÃO DO DOENTE
2.1 - Lavagem e limpeza prévias à desinfecção do local cirúrgico
¾ A área a lavar deve ultrapassar os limites da área a desinfectar.
¾ Lavar a área de modo a remover todos os possíveis contaminantes.
¾ Secar a área lavada com uma compressa que nunca deve ultrapassar essa
área.
2.2 - Preparação da pele
¾ Desinfectar a área cirúrgica com soluto anti-séptico de base alcoólica ou, se
não for possível, utilizar um anti-séptico em solução aquosa respeitando o
tempo de actuação do produto.
¾ Realizar esta operação do local da incisão para a periferia (por ex. com
movimentos circulares) tendo o cuidado de não ultrapassar a área
previamente lavada.
¾ Não reposicionar os campos operatórios.
3 - Técnica Cirúrgica
¾ Manipular os tecidos com suavidade. Manter uma hemostase eficaz e
reduzir ao mínimo os tecidos desvitalizados e corpos estranhos. Erradicar
os espaços mortos no local cirúrgico.
¾ Quando o cirurgião considerar que existe contaminação significativa do
local cirúrgico fazer encerramento primário retardado ou deixar a incisão
fechar por segunda intenção.
¾ Devem ser ponderados os benefícios de colocar drenos face aos riscos
que eles representam de potenciais infecções.
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¾ A saída dos drenos deve ser em local separado da incisão e deve ser
utilizada drenagem em circuito fechado. O penso do local de saída dos
drenos deve ser individualizado.
¾ Remover o dreno logo que possível.
¾ Os drenos devem ser macios, lisos e de material preferencialmente radio
opaco que se mantenha íntegro e não liberte partículas.
4 - CONDIÇÕES RECOMENDADAS PARA A SALA DE OPERAÇÕES
4.1 - Ventilação adequada
¾ Ventilação com
circundantes.
pressão
positiva
relativamente
às
outras
áreas
¾ Manutenção das portas sempre fechadas.
¾ Captação do ar directamente do exterior.
¾ Captação do ar numa zona da sala perto do tecto e eliminação na zona
oposta junto ao chão.
¾ Renovação do ar entre 15 e 20 vezes/hora com pelo menos três
renovações de ar novo.
¾ Filtrar todo o ar, tanto o reciclado como o novo, através de filtros
apropriados (ter em atenção o protocolo de manutenção do sistema,
mudança de filtros, monitorização da pressão positiva e climatização.
4.2 - Limpeza e desinfecção das salas de operações
Cumprir o protocolo de limpeza adequado e existente nos blocos operatórios.
4.2.1 - Entre intervenções
¾ Retirar todo o material contaminado e resíduos produzidos e fazer uma
limpeza sumária do chão.
¾ Se houver derramamento de sangue ou de outros fluidos orgânicos,
desinfectar o chão e as outras superfícies atingidas com um desinfectante à
base de cloro.
¾ Limpar a mesa operatória e as mesas de apoio e desinfectá-las com álcool
a 70%. Deixar secar.
¾ O colchão da marquesa deve ser desinfectado com um desinfectante de
superfícies que seja compatível com o material (por ex. à base de amónio
quaternário).
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4.2.2 - No final da ultima intervenção do dia.
¾ Retirar todo o material e equipamento que possa ser removido para que
seja tratado noutro local.
¾ Limpar todas as superfícies e equipamentos fixos. Estes devem ser
desinfectados com desinfectante compatível.
5. PRÁTICAS NÃO RECOMENDADAS:
5.1 Não deve ser utilizado o autoclave (ciclo rápido) por rotina. Este só deve
ser usado em situações de urgência.
5.2 Não se recomenda o uso de tapetes bactericidas na entrada das salas de
operações por se verificar a sua inutilidade na prevenção das infecções.
5.3 Não se recomenda a separação de salas para cirurgias sépticas. Em
todas as situações a sala deve estar preparada de forma a não constituir
risco.
5.4 Não se aconselha a limpeza e desinfecção por rotina de tectos e paredes.
Devem ser limpos pontualmente e obedecendo a um possível plano de
limpezas gerais.
5.5 Não se recomenda o uso de raios ultravioletas por não se verificar que
essa prática reduza a infecções no local de cirurgia.
5.6 Não é aconselhado a utilização de botas a cobrir o calçado do bloco por
não haver qualquer evidência desta prática na prevenção das infecções.
Este procedimento além de provocar maior movimentação de partículas
presentes no chão podem também contaminar as mãos.
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III - PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
1 - PENSOS
¾ Proteger a incisão encerrada primariamente com penso estéril e técnica
asséptica durante as primeiras 48 horas. Não remover o penso primário
antes das 48 horas, a não ser que seja absolutamente necessário (ex.
penso repassado).
¾ Se após as 48 horas o doente se mantiver com penso este deve ser
manipulado o mínimo possível.
¾ Proceder à lavagem e desinfecção prévia das mãos.
¾ Limpar com soluto estéril (por ex. soro fisiológico) tanto as feridas fechadas
como as abertas que cicatrizam por segunda intenção, removendo todos os
restos de matéria orgânica como sangue, pele, secreções.
Colocar compressas secas de gaze e assegurar-se que os pensos
se mantêm secos e limpos.
¾ Não devem ser utilizados anti-sépticos nas feridas operatórias excepto
quando da retirada dos pontos. Neste caso deve dar-se preferência aos
solutos alcoólicos, excepto na desinfecção de mucosas.
SPara qualquer esclarecimento adicional, contactar a CCIH pelo Tel. 5401/1627
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