EVITA PERÓN UMA AMEAÇA À OLIGARQUIA O General Juan Domingo Perón, em seu retorno a Argentina, após 17 anos de exílio, diante de duas alas opostas que compunham o movimento justicialista, sendo de um lado os montoneiros de esquerda e de outro lado o peronismo verticalista liderado pelo Ministro do Bem-Estar Social, José Lopes Rega, declarou, nessa oportunidade, quando desembarcou em Ezeiza, que o movimento justicialista trata-se na verdade de um socialismo nacionalista. Isto resulta do tempo em que viveu na Itália como Coronel à serviço do governo argentino durante a época de Mussolini e também de sua amizade e convivência com o Generalíssimo Francisco Franco e com o General Alfredo Stroessner, do Paraguai, o qual, num gesto de amizade e admiração, lhe concedeu a patente de General do Exército Paraguaio, além de ter lhe fornecido um passaporte paraguaio num momento histórico decisivo quando então sua presença era considerada inconveniente e perigosa nos países para os quais havia solicitado exílio em 1955. Cumpre reproduzir um artigo publicado em um periódico argentino sobre sua mulher, conselheira e companheira Maria Eva Duarte de Perón. O jornal no qual constou o artigo a seguir foi apreendido no mesmo dia da publicação devido à inconveniência de seu tema com relação ao pseudo-partido peronista atual: Em maio de 1943 chegou a Buenos Aires, incógnito e velado pelo mais absoluto segredo, o general Wilhelm von Faupel, conselheiro do Führer para políticas sulamericanas. Nesta oportunidade conferenciou largamente com militares e membros da marinha argentinos de orientação nacionalista e com ... senhora Eva Peron. Isso acontecia quando, salvo os mal informados, quase todos na Argentina pensavam que Evita não era mais que uma atriz de teatro. Nada mais que isso. Ainda hoje se defende essa idéia segundo a qual Evita teria sido uma espécie de "tontita" que se "avivou de golpe" e que se foi alguém isso se deveu a seu matrimônio com Perón. Alguns historiadores pouco avisados ou malintencionados, repetem a versão de "primeiro encontro" entre Perón e Evita em 1944, ignorando, entre outras coisas, uma profunda documentação diplomática de ordem internacional que confirma o relacionamento do casal Evita - Juan Domingo Perón já em princípios de 1941. Evita nunca negou sua predileção. Não podia nem queria fazê-lo. Era uma socialista-nacionalista pura, dura, íntegra, categórica. Sua ternura, guardava-a para as crianças e para os necessitados. Por outro lado, nunca foi dissimulada: seus atos, seu pensamento, sua entrega, foram as provas mais concretas de sua condição socialista-nacional. Evita atuava e pensava em favor de sua nação, contra os oligarcas. Sua inflexibilidade, sua determinação, sua devoção à causa, sua obediência ao líder, seu indissimulado anti-sionismo, sua feroz defesa dos explorados pelos especuladores, eram evidências claras de suas convicções e de seu comprometimento idealista. Desde 1945 em diante, não faltaram denunciantes de sua evidente opção para criticá-la, e o fizeram tanto aqui como no estrangeiro, porém se encontraram com o fato de que os amos das políticas mundiais preferiam o silêncio porque não lhes convinha polemizar com essa fiel discípula de Perón e arriscar a solidez estrutural do edifício de calúnias e falsidades apoiado em sua condição de vencedores materiais da guerra. Atacar Evita como nazi supunha discussão, não só no reduzido plano argentino, senão no mundial, e isso lhes resultava perigoso. A cúpula aliada sabia e bem quem era de fato Eva Perón, a respeitavam e a admiravam. Reconheciam seu brilho, sua inteligência e intuíam sua iniciação... Evita era temida pelos 'aliadófilos' oligarcas mercadores da política internacional. Sua palavra era incendiária porque trazia o fogo sagrado da iniciação. Sublimada com sua lealdade espiritual. A caminhada de 17 de outubro de 1945, preparada, organizada e dirigida por ela desde o dia 15, porém politicamente muito antes, leva seu selo pessoal de clara inspiração humanista. Foi algo mais autêntico ou mais evoluído que a mesma caminhada sobre Roma. Evita pediu então que cada indivíduo marchasse como se encontrava, com roupa de trabalho, como "puro povo", sem lavar as mãos, com a roupa suja ou o peito descoberto, para que ‘nos vejam como somos e nos devolvam a Perón’. Para quem viu o espetáculo grandioso e até para quem só pode conhecê-lo pela pobre versão fílmica, não cabe dúvida de que se tratou de um típico ato socialista-nacionalista. Ali estavam as bandeiras e os estandartes, os retratos, as ordens, porém sobretudo, o entusiasmo desinteressado, a entrega total, mística, de um povo atraído por uma clara esperança, até então insuspeita sobre o destino fatídico de sua futura vida cívica. Esse progresso não poderia ser obra de um improviso, porém assim preferiu confiar quem nunca entendeu o que estava ocorrendo. Justamente um ano antes, a Chancelaria do III Reich, nada menos, vislumbrando talvez que a queda da Alemanha era questão de tempo, não quis deixar de testemunhar à Evita o reconhecimento de seus serviços, de sua valia e de sua dedicação, e lhe enviou por intermédio do Ministro de Embaixada, Ludwig Freude, um magnífico colar de brilhantes. Evita merecia essa verdadeira condecoração secreta. Essa amizade implícita e explícita entre a Alemanha e a Argentina teve como uma de suas causas o fato do General Perón não ter aderido às forças aliadas que declararam guerra ao Eixo. Porém Evita se foi. Dedicou sua vida a uma luta desigual e grandiosa. Desde então sua militância nacional-socialista é um dos segredos melhor guardados, porque se os povos se inteirassem de que Evita era nazi, se dariam conta de que ser nazi não é tão mal como lhes dizem todos os dias por rádio e televisão.