UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA ROBSON COSTA SANTOS O TRABALHO DA LEITURA COMO PROCESSO DE LETRAMENTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS Mundo Novo, novembro de 2013 1 ROBSON COSTA SANTOS O TRABALHO DA LEITURA COMO PROCESSO DE LETRAMENTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS Artigo apresentado ao Curso de Letras a Distancia da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Letras. Profª. Márcia Bicalho, orientadora. Mundo Novo, novembro de 2013 2 ROBSON COSTA SANTOS O TRABALHO DA LEITURA COMO PROCESSO DE LETRAMENTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS Artigo apresentado ao Curso de Letras a Distância da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Letras. Data de aprovação: ____/____/____ Banca examinadora ____________________________________________________________________ Orientador _____________________________________________________________________ Examinador _____________________________________________________________________ Examinador 3 RESUMO A escassez da leitura acaba por impossibilitar o processo de formação do aluno que não possui esse hábito e principalmente por vezes quando não é oferecida essa oportunidade. O trabalho da leitura como processo de letramento se torna necessário e tem levado vários estudiosos a discutirem esse processo, como Antunes (2009), e Sole (1998 e 2008), cujo objetivo se fez por buscar esclarecer o processo que contribui na formação do sujeito letrado. Nesse sentido, nosso objetivo de estudo se constitui pelo trabalho da leitura no ambiente escolar, como caminho eficaz na promoção do apego pelo ato de ler, ou seja, as competências esperadas que a leitura possa oferecer num trabalho constante incluindo o uso de várias estratégias que podem ser incluídas no trabalho do professor nos momentos antes e depois das leituras. Para a fundamentação teórica nos respaldamos em Freire (1998), Soares (2009), Antunes (2009) e Sole (1998 e 2008). Pela trilha da pesquisa de natureza bibliográfica, o foco foi descrever teoria e exemplo de prática que culminassem em um cujos objetivos de esclarecer e oferecer oportunidade para desenvolver a capacidade do professor e dos alunos no trabalho da leitura em sala de aula. Palavras chaves: leitura, letramento, estratégias. 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................07 2.0 O TRABALHO DA LEITURA COMO PROCESSO DE LETRAMENTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS..........................................................................................09 2.1 LEITURA NA SALA DE AULA.................................................................................10 2.2 O ENSINO DA LEITURA............................................................................................12 2.3 AS COMPETÊNCIAS GERADAS PELA PRÁTICA DA LEITURA......................................................................................................................16 3 CONCLUSÃO..............................................................................................................19 REFERÊNCIAS............................................................................................................21 5 1 INTRODUÇÃO O conhecimento sempre fez parte da vida do homem desde o período das cavernas na luta pela sobrevivência, até o início da civilização nas descobertas de como conviver em comunidade. De todas as muitas competências e habilidades da cultura humana, o ato de ler parece-nos ser a mais valorizada entre todas. A compreensão, a liberdade a autonomia que um sujeito adquire com a leitura vem a ser o que damos o nome de letramento ou processo de letramento, mas apesar de que como já disse Soares (2009) um indivíduo para ser letrado não necessariamente precisa saber ler e escrever, em outras situações ele se mostra capaz de se sobressair mesmo sem saber decodificar o código. A esse processo de letramento damos destaque quando ele está inserido num trabalho constante de leituras voltadas para as aulas de português em especial, pois é aí que o leitor estará mais próximo de diversos textos e estratégias e como diz Antunes 2003 (apud, Aldrigue, 2009, p. 179 e 179)os leitores estão inseridos numa verdadeira leitura de “textos autênticos, leitura interativa, motivadora, crítica, diversificada apoiada em textos”. Sendo um dos maiores desafios do ensino escolar o trabalho da leitura, muitas vezes, ela passa a fazer parte nas aulas de língua como atividade para casa, o que não da a certeza de uma leitura correta, muitos alunos a consideram como um trabalho restrito ao ambiente escolar não cabendo a ele se deter no ato de ler como algo para qualquer lugar que não seja a escola para o conhecimento dele mesmo. Uma leitura estimulante, prazerosa e eficaz, é o que espera que o professor proporcione no ambiente escolar, mandar que o aluno leia em casa estimula ao desapego na hora de ler, ao compartilhamento de ideias entre colegas e professores, é um momento de conhecimento que jamais deverá ser substituído apenas por o ensino de gramática, que também é importante, o sujeito letrado se auto afirmará como leitor proficiente quando lhe for oferecido a oportunidade. Estudiosos com trabalhos voltados para a leitura como ferramenta para a formação do sujeito, como Antunes(2009), Freire(1989), Soares (2009) e Solé, (1998 e 2008) com destaque neste artigo, vem somar as propostas do trabalho da leitura motivadora. A valorização do conhecimento prévio do leitor e do professor como mediador desse trabalho que através de uma leitura e com a ajuda de estratégias como as defendidas por Solé (1998 e 2008) poderá proporcionar ao aluno a ler por partes, aos poucos sabendo o que se vai ler, o porquê, o que se compreende com aquilo, a cada passo. Esse desafio é algo preocupante para muitos professores no momento de traçar leituras prazerosas não forçadas, quando a leitura é imposta 6 como algo obrigatório, ela passa a ser desmotivada e não leva o indivíduo a uma compreensão total e satisfatória. Ler no ambiente escolar é algo fundamental principalmente quando se traçam estratégias, o sujeito letrado fruto desse processo será ao final capaz de enfrentar com êxito as diversas situações durante sua vida, isso se alcança com um trabalho constante de uma leitura instigadora com monitoração do professor visando o aperfeiçoamento do leitor e seu crescimento como sujeito letrado. A partir dessa visão este trabalho se formaliza pelos seguintes tópicos: O trabalho da leitura como processo de letramento nas aulas de português; Leitura em sala de aula; O ensino da leitura e as competências geradas pelo trabalho da leitura. 7 2 O TRABALHO DA LEITURA COMO PROCESSO DE LETRAMENTO NAS AULAS DE PORTUGUÊS Porque as famílias mandam seus filhos para as escolas? Se analisarmos de uma forma ampla podemos elencar uma longa lista de alternativas, mas antes de tudo podemos dizer que o principal objetivo é o aprender a ler, e aprendendo, estando o indivíduo apto a ser autônomo e suficientemente crítico diante das diferentes situações. O trabalho da leitura está para o aluno como um processo de formação contínua que acontece em todos as disciplinas, mas principalmente nas aulas de português onde a trabalho da leitura se dará com diversas estratégias, diversos textos, levando o sujeito a ser conhecedor, e capaz de poder inferir. Mas além de decodificar o código e saber ler não basta, o sujeito precisa passar por o processo, digamos que apurado, de letramento, mas ser letrado não é apenas saber ler e escrever simplesmente? Sobre esse questionamento podemos obter uma resposta concisa através da explicação dada por Soares (2009) “letramento é pois o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e a escrever estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência deter-se apropriado da escrita”. Ainda segundo Soares (apud, Pereira 2011, p. 19) é o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e a escola em que os indivíduos se envolvem num contexto social. Em entrevista ao Diário na Escola, Soares (2003), diz ainda que “letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno”. Desta forma, o processo de letramento efetivamente é além da escrita a habilidade no ato da leitura que pode ser oferecida como interação, poder de conhecimento e de interpretação. Para Soares (Apud, Pereira, 2011, p. 19) “essa forma de letramento corrobora para autoestima, para a construção de identidade forte, para a estruturação de agentes sociais em suas culturas”. O sujeito se torna o próprio autor no processo de letramento desde que diante dos desafios de leituras diversas que o professor lhe ofereça, haja total entrosamento entre as partes do processo sujeito-texto-autor. A formação de leitores competentes e estimulados nas aulas de português é mais que um desafio, uma preocupação que parte de todos os interessados nessa questão. Apenas o ensino de gramática não se torna suficiente para esse feito, estratégias são necessárias, inúmeros são os estudos que se dedicam a essa problemática, Antunes, Solé, Soares, Kleiman e outros, todos buscam explicar, apontar formas de compreender o trabalho da leitura 8 prazerosa na formação do sujeito leitor, diante da crise na leitura e falta de compreensão do que se lê. 2.1 LEITURA NA SALA DE AULA A preocupação com o trabalho da leitura voltada para o ambiente escolar tem-se tornado fator importantíssimo para as alternativas de incentivo e estratégias de leitura. Podemos pensar que, falar de leitura nas aulas de português seja algo ultrapassado, cansado e que ninguém mais se interessa em discutir já que justamente nesse momento em que o aluno está mais em contato com a leitura, seria muito bom se realmente os alunos de língua pudessem sozinho formar-se um sujeito letrado. É difícil para um profissional incentivar o gosto pela leitura interativa apenas sugerindo que a faça como atividade para casa. Porque não fazer das aulas de português um momento de ação leitora entre todos? Para Alves (Apud,. Pereira 2011, p. 71-77) “A preocupação com relação à leitura e ao processo de compreensão textual cresceu significativamente”. “Na escola dificilmente são realizadas atividades de compreensão de textos com vistas ao letramento do aluno leitor”. As práticas de leitura realizadas no contexto escolar algumas e muitas vezes se resumem no apego a pequenos textos que se limitam ao jogo de perguntas e respostas de uma única interpretação como nas perguntas dos vestibulares. O leitor se torna sujeito passivo, preso, paciente de um sistema de métodos que não lhe permite fazer inferências, nem tão pouco explorar o que está além do que texto diz. São inúmeros os motivos da falta de leitura durante o momento de aula, que vai depender de cada docente e de sua metodologia ou do programa desenvolvido pela escola. Um exemplo de como a leitura é deixada a segundo plano é explicado por Antunes (2009, p. 185) Uma pesquisa feita em escolas da cidade de Campinas (SP), na década de 1980, deu conta de que existiam escolas cuja programação não reservavas tempo para a leitura, porque nas palavras dos alunos “os professores se preocupavam com a gramática” ou “se lessem não ia dar tempo pra aprender toda a matéria. Apesar de essa pesquisa ter sido realizada 33 anos atrás, o que ela revela não tem nada de surpreendente de novo em nossas salas de aula, em especial nas aulas de língua. No ensino fundamental II e ensino médio há um apego feroz a gramática, em especial no fundamental II. Trabalham-se classes gramaticais, nada que explore uma interação mais profunda, onde o que objetiva-se como estudo de gramática fica de lado focando em frases soltas para explicar 9 nomenclaturas. Mas não queremos aqui nos apegar a essa crítica do ensino de gramática, tampouco criticar professor, estes já estão sobrecarregados de críticas não somos nós que vou me apegar a isso nem tenho respaldo para tal. É sabido que se não compreendermos os usos e as funções gramaticais fica difícil escrever, logo lê se torna complicado. Diante de certas ineficiências na aquisição do gosto pela leitura e compreensão da mesma se torna algo de extrema necessidade quando se pretende fazer da leitura uma prática social, o aluno como ator dessa prática , fica como prioridade o trabalho da leitura com a supervisão do professor e não apenas passando atividades para serem lidas em casa o que não motiva em nada o gosto pela mesma. Quando se tem um ensino desconexo sem acesso a leitura dificilmente o aluno terá desempenho satisfatório não só na compreensão do que se lê, mas na produção do que ele escreve. Antunes (2009, p. 186) explica que no Brasil há ainda uma carência muito grande no acesso a leitura e quando é oferecida a oportunidade cansam-se e desistem, ficando todos convencidos de que ler é para as classes favorecidas, os alunos das escolas públicas são convencidos de que há uma delimitação na “aprendizagem” e por isso não “nasceram para a leitura”. Pensando nas dificuldades e no papel importante que o trabalho da leitura tem no processo de letramento e de formação do leitor que aprende no ato de ler, nos apegamos as idéias de pesquisadores e estudiosos do caso no que se refere às estratégias, no incentivo e trabalho da leitura durante as aulas de português na formação do sujeito letrado. 2.2 O ENSINO DA LEITURA Ser letrado é algo que já acompanha o aluno desde casa, durante toda sua infância, o meio já lhe oferece possibilidades de adquirir características que lhe possibilita a ser conhecedor. As atividades de leitura acabam por favorecer o aumento do repertório de informações para o leitor. Essa atividade acaba incorporando diversas e novas ideias, conceitos, informação diversa das coisas, dos acontecimentos de todo o mundo em geral. Estar usando a leitura em poucos e pequenos textos para iniciar uma aula de análise sintática em nada contribui para a leitura verdadeira, que estimule o gosto por ela, dando chance ao aluno de interpretar e aprender, não somente em identificar o código. Por esses motivos consideramos aqui as reflexões que foram feitas por Antunes 2003 (Apud, Aldrigue 10 2009, p. 178 e 179) acerca do que deve se ter como objetivos de uma leitura que possa provocar o aluno, que o incentive. Uma leitura de textos autênticos; Uma leitura interativa; Uma leitura em duas vias; Uma leitura motivadora; Uma leitura crítica; Uma leitura diversificada; Uma leitura apoiada no texto; Uma leitura nunca desvinculada do sentido. Para se promover o trabalho de leitura é necessário sempre que se desenvolva o gosto por ela, já que esta não está para o sujeito como uma capacidade inata, cabe a instituição escolar em especial nas aulas de português, promover o contato imediato, constante e diário dos alunos com o mundo dos textos. Apesar de sabermos que nem só a escola propicia a liberdade que a leitura oferece ao leitor, mas quando ela é feita em ambiente escolar não podermos deixar de mencionar a “leitura de textos autênticos” defendida por Antunes (2003). Quando se diz que a escola deva oferecer textos com autenticidade estamos buscando explicar que a leitura deverá ser pautada num texto que tenha uma função interativa qualquer, textos que possam ser provindos de algum suporte como jornais, revistas, livros, panfletos, textos que possam propor uma análise crítica por parte do leitor. Durante a leitura pretende-se que haja uma compreensão, uma interatividade onde o leitor se aproxima da ideia do autor, deve-se haver uma cumplicidade, uma troca do que está escrito para quem lê. Apenas pedir aos alunos que se debrucem em determinada leitura não ajuda em nada, muito menos faz com que o educando se sinta com vontade de realmente lê o que se pede, Antunes (2003) apresenta “uma leitura motivadora”, ou seja, em tudo que fazemos sempre há um interesse, e nesse caso não é diferente, não pode ser encarado como algo que seja feito simplesmente por obrigação se fosse a leitura deixa de ser proveitosa, mas instigar convencê-lo das vantagens que aquela leitura poderá lhe oferecer. A dimensão que se chega o sentido central do que se lê, as ideias apresentadas, a interpretação dada a cada parte que o texto o professor deverá apresentar ao aluno leitor que tudo o que se lê tem-se um ponto principal, para isso leva-se o aluno a identificar o tema a ideia central como foi dito antes, do que se vai ler, seus argumentos, essa é a chamada “leitura do todo”. 11 Quando o aluno consegue entender a ideia central ou levanta suposições dentro do contexto daquilo que foi lido e se ele conseguir perceber o mundo com outra visão anterior à leitura, entrando a fundo a leitura se torna satisfatória, proveitosa, aí se pode afirmar que houve uma “leitura crítica”. A leitura tem sim o poder de mudar o que pensamos nossa forma dever as coisas, nosso respaldo em uma suposta intervenção, o ator também age sobre a leitura Antunes (2003) defende que “o texto propõe visões novas”. É necessário também que seja feita uma “leitura diversificada “desde textos literários, charges, cartazes, jornais, etc. tudo o que possa estar sempre trazendo novos saberes, de cunho crítico, que leve o leitor a estar em contato com as mais diversas visões, linguagens, todos os gêneros são bem-vindos. Se as estratégias de leitura mudam os textos devem acompanhar também essa mudança. O suporte em que o texto está pode será apresentado como uns dos fatores que alteram as diferenças de linguagens ditas anteriormente. Por último temos “uma leitura apoiada nos textos” em que Antunes (2003) destaca que “as palavras que estão no texto funcionam como sinais, como pistas do sentido contextualizado de cada texto”, deve-se ter atenção na importância das palavras e seus efeitos de sentido, como os pronomes, conjunções, preposições, locuções adverbiais, recursos como textualização, repetição e substituição que estabelecem nexo entre os diversos segmentos do texto (orações, períodos, parágrafos...) que desencadeiam as interpretações acerca da coerência do texto, a conclusão que tira dele. Traçar estratégias de leitura para alunos que já vem de certa forma preparados ou diríamos de certa forma letrados, pode ser que seja um meio caminho andado ou possa ser que venham com algumas lacunas na questão do gosto e do hábito da leitura. O que sempre estará em evidência, são os métodos ou estratégias que o professor fará uso com os docentes, esta tarefa tem sido um desafio constante por todos os professores, estudiosos e pesquisadores que buscam alternativas de inserir o aluno no mundo das leituras. Freire (1989, p. 71) ressalta que: “a insistência na qualidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita”. O professor em sala de aula deve e tem autonomia para inserir no momento de suas aulas à leitura que melhor se adeque a sua turma sabemos que nem só também fica a cargo da instituição escolar nem das aulas de português o gosto e trabalho pela leitura, tem-se aí a parceria da família e a sociedade nessa proposta. Retomando a discussão o que se lê numa sala de aula terá sempre como base o conhecimento de mundo que cada indivíduo possui tudo 12 deve ser levado em conta antes de se iniciar uma leitura. Sobre isso Freire (1989. p. 13) diz em seu famoso pensamento que “[...] a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade a leitura daquela” O sujeito letrado pouco ou muito tem sempre uma bagagem de conhecimentos adquiridos em sua vida, seja em casa com a família que proporciona isso, nas séries iniciais com seus professores e colegas, assistindo televisão, nos jogos, nas brincadeiras, no exemplo de alguém próximo que tem o hábito de ler, entre inúmeras situações que todos passam, gerando assim a oportunidade de se fazer uso desses conhecimentos prévios no intuito de facilitar a introdução de diferentes e diversas leituras. É muito difícil explanar de forma clara em detalhes o que chamamos de estratégias de leituras para o incentivo de leitura em sala de aula. Para iniciarmos tomamos como ponto de partida um exemplo dado por Matos (2001), em sua monografia ela faz uma descrição positiva de um projeto de incentivo à leitura que teve a duração de 15 meses, realizado com sucesso numa escola nova entre os alunos da 5ª série no ano de 2001. Nesse projeto o principal ponto de partida para que se houvesse a motivação em os alunos foi trazer para a sala uma leitura que tivesse compatibilidade com a realidade vivida ali. Como a escola era nova as turmas de 5ª série eram compostas por alunos que não se conheciam, logo não tinham vínculos de amizades, sendo uma turma formada por crianças de diferentes classes e cor de pele, logo surgiu um problema, o preconceito, com piadas, deboches, por conta de classe social e cor da pele, aproveitando a situação teve-se o início do projeto na turma em que isto se dava. Foi proposto que os alunos fizessem a leitura do texto de Ruth Rocha a “Uma lenda sobre a criação do homem” a partir dele, dos debates, das discussões, os alunos incentivados se propuseram a ler e logo depois deu-se início a uma proposta de produção textual com os personagens da história. Esse projeto surgiu como uma das formas que se encontrou para através do incentivo e valorização da leitura, que por muitas vezes não é bem vista pelos alunos por achar que são sempre cansativas e chatas, ou seja, desmotivadora. Temos aí um exemplo claro de como em uma determinada situação se aproveitou para estar trabalhando a leitura, pelo fato de serem alunos de 5ª série a preferência por textos como o de Ruth Rocha é de suma importância para prender a atenção dos leitores. Temos ainda para ajudar na consolidação dessas ideias Solé (2008) que sugere as estratégias de leitura como procedimentos que o leitor deve fazer uso, ou seja, estratégias que podem ser adotadas no momento de leitura em sala que podem ajudar na compreensão das leituras. 13 Tem-se como primeira proposta, o desafio lançado pelo docente, onde a leitura pode ser de textos desconhecidos assim o aluno vai lendo duas páginas por dia, pacientemente se compreendendo aos poucos não tendo que fazer tudo e de uma só vez. Como segunda proposta, traça-se objetivos de leituras, ou seja, ao indicar uma leitura o leitor deverá saber quais os motivos que os levam a ler determinado texto, cada leitura depende de seu objetivo, Solé (2008) estabelece diferentes objetivos em diferentes situações as quais vamos destacar aqui. Obter uma informação precisa; Seguir instruções; Obter uma Informação de caráter geral; Aprender; Para revisar um escrito próprio; Por prazer; Comunicar um texto a um auditório; Praticar a leitura em voz alta; Verificar o que se aprendeu.” Desta forma, o leitor estará em contato com inúmeras linguagens escritas por intermédio de vários textos que venham lhe proporcionar o gosto pela leitura. A terceira proposta por Solé (2008) tem como objetivos, trabalhar os conhecimentos prévios, fator muito importante no trabalho de leitura quando se coloca como ponto o que o leitor já sabe sobre o que vai ler, como o que ele poderá saber sobre os conteúdos afins, ou gêneros, autor, tipo de texto...Explicar aos alunos o que irão ler para relacionar com o que ele já conhece, chamar à atenção como estímulo para os subtítulos, enumeração,palavras chaves. Para ajudar na reflexão Sole (2008) indica como quarta proposta à antecipação de conteúdos, a elaboração de hipóteses “este texto trata do que?”, é triste, é notícia? Assim a curiosidade poderá ser aguçada. A quarta e última proposta da autora implica na elaboração de questionamentos a respeito da leitura, esta estratégia perdura por toda a leitura “que se pretendia explicar neste parágrafo-subtítulo-capítulo?” “qual é a ideia fundamental que extraio daqui?” ou seja faz-se questionamentos para ver se realmente eles estão de fato fazendo uma leitura compreensiva. Essas estratégias apresentadas não únicas, não cabem também em qualquer situação, o professor não pode ficar refém delas, isso caberá em cada situação em específico em determinada sala de aula. Elas não foram exemplificadas aqui afirmando como somente desta maneira pode se alcançar uma leitura satisfatória, em que se possa formar sujeitos letrados, utilizando métodos, mas como alternativa de como é possível sim incentivar o gosto pela leitura, uma leitura focada no aprender, na qualidade do ensino. O aluno somente terá o hábito 14 de ler se tiver uma família como já falamos anteriormente, que lhe proporcione uma escola que lhe ofereça possibilidades, a leitura poderá ser tanto prazerosa quanto contribuinte para a formação para a vida deste leitor. 2.3 AS COMPETÊNCIAS GERADAS PELA PRÁTICA DA LEITURA O leitor, quando lhe são apresentadas as estratégias de leitura e diferentes textos na e durante as aulas de português, não poderá estar sozinho, e sim sempre acompanhado de alguém que ele terá como exemplo de leitor que vai favorecer no desenvolvimento dessa capacidade linguística, o professor. O que se espera não é que saia das aulas de português apenas um leitor eficiente, isso se alcança ao longo do tempo por seus próprios méritos num trabalho constante de muitas leituras, mas que ele se apodere das inúmeras competências que constituem um sujeito totalmente inserido no processo de letramento ou letrado, faz-se necessário que em poucas linhas para entender melhor, nos debrucemos no que explica Antunes (2009, p. 190) a respeito do que vem a ser competência, segundo ele “corresponde a aptidão dos sujeitos para ligar os “saberes” que adquiriram ao longo da vida, as situações de experiências”. “capacidade do sujeito para enfrentar com o maior sucesso possível, as mais diferentes situações da vida”. “inevitavelmente a competência envolve uma relação com o “saber” ou com os saberes acumulados previamente ao longo da vida. “envolve ainda uma relação com o “fazer”, ou seja, com a “execução” de atividades”. A escola é o espaço social sem dúvida de aprendizagem, a leitura como processo de formação do sujeito pode também ser estimulada em todas as disciplinas, aqui especialmente nas aulas de português ele terá uma oportunidade mais extensa e favorável no uso da leitura como ferramenta na aquisição das competências esperadas. A leitura ocupa um espaço de destaque na sociedade por ser um inegável instrumento de cidadania, na escola ela pode favorecer o acesso a cultura ao longo dos tempos, a história dos povos, das civilizações, das línguas, dos hábitos alimentares, das migrações, da globalização, das relações entre todos ao longo dos grandes desenvolvimentos da história há todo um enriquecimento de informações. O ato de ler leva a quem está realizando uma possibilidade de estar diante de novos conceitos, diferentes informações a respeito do mundo dele como sujeito autônomo capaz de entender e de se sair bem em diferentes situações. Leva ao respeito ao mundo, as pessoas, aos 15 direitos a informação, a participação nas decisões, à leitura nos dá a capacidade a oportunidade de conhecer o velho o novo e poder assimilar, se libertar da ignorância, leva o indivíduo a perceber-se como cidadão do mundo com um papel ou vários papéis com a valorização e respeito ao que para ele é diferente, o respeito ao próximo a vida humana. Pensando assim podemos ver o quão grande é o papel da leitura trabalhada de forma prazerosa durante as aulas, não como complemento para cumprir carga horária, mas dedicar um tempo específico a esse feito apesar de sabermos que a leitura não é algo exclusivo das aulas de português, mas de todas as disciplinas, todos os professores também são leitores, e todos os textos das diferentes matérias trazem sempre informações essenciais para o conhecimento. Antunes (2009, p. 195) reforça a importância da leitura como aquisição de competências quando diz que “[...] a leitura acaba promovendo a inclusão social, acaba sendo uma condição do exercício pleno da cidadania”. A leitura nos deixa informados acerca das coisas ao nosso redor, na política na saúde, nas descobertas, do que vai acontecer, das novos conceitos dos formadores de opinião, dos poetas, escritores, do que nos interessa. Antunes (2009, p. 195) ainda diz que: “Daí que a leitura é uma espécie de porta de entrada, isto é, é uma via de acesso à palavra que se tornou pública e, assim representa a oportunidade de sair do domínio do privado e de ultrapassar o mundo da interação face a face”. O conceito de letramento ultrapassa a simples decodificação do código, a utilização da escrita, pois qualquer sujeito mesmo não sabendo ler e que possa ter capacidade de fazer contas, compras entre outras ações. Essa qualidade a qual o leitor adquire vai a cada dia que passa mais e mais se expandindo e se alargando Antunes (2009, p 192) sobre o sujeito letrado diz que o processo de letramento acompanha o indivíduo por toda sua vida, sendo a tríade escrita, leitura e escola juntas estabelecem uma interdependência de maneira tão forte que “qualquer uma das três, necessariamente, leva às outras”. 16 3 CONCLUSÃO Ler, muitas vezes se apresenta como tarefa exaustiva para muitos alunos e até mesmo aos professores quando se é feita uma leitura a partir de um texto que não foi previamente trabalhado, ou colocado como trabalho para responder a questionamentos de atividades para casa ou sem que haja um trabalho prévio antes de se iniciar o ato de ler. Um desafio constante tem sido colocar o educando diante do trabalho da leitura, cabe ao professor, em sua metodologia, transformar o hábito da ler em algo prazeroso do dia a dia em sala de aula e fora dela. Buscando explicar não os motivos pelos quais a leitura em sala tem sido algo abominado, nem o motivo que muitos profissionais optam por trabalhar gramática e deixar a leitura como lição para casa, mas levantar sugestões que possam ajudar o professor e aluno numa leitura eficiente, para reforçar esse pensamento temos as ideias de Soares que nos ajudou a entender o que vem a ser um sujeito letrado. Como parte do processo de letramento, nos detemos também nas reflexões de Antunes e Solé que nos traz alternativas que ajudam o professor a refletir e buscar procedimentos diferenciados, onde ele poderá estar atuando como um guia que auxilia o aluno e lhe proporciona o hábito da leitura, e do aprender lendo. O presente trabalho desenvolveu-se encima da proposta de se trabalhar a leitura na escola, focando a sala de aula nas aulas de português, onde o prazer em ler se torne o ponto crucial para essa tarefa, se há desmotivação, devem-se traçar os objetivos do que se vai ler. Elencados por Antunes, que defende essa idéia, dentro também desse segmento temos as idéias proveitosas para a sala de aula defendidas por Solé, com as estratégias de leituras, uma maneira em que os sujeitos da ação, o professor e aluno sócios, sejam inseridos nas mais diversas leituras onde as estratégias atuem como alternativas para o início do ato de ler até sua compreensão final sem que haja desinteresse e abandono da leitura. O meio pelo qual, os educandos estão envoltos como também seus conhecimentos prévios devem ser respeitados quando se objetiva uma leitura motivadora. A leitura deverá ser em qualquer suporte, contanto que traga algo que ajude a formar e informar, uma leitura voltada para a realidade dos alunos, que deve apresentar mais conhecimentos, informações, capacidade argumentativa onde se possa ampliar o desenvolvimento do raciocínio. Ler requer tempo, esforço e motivação, o ambiente escolar deverá estar apto a oferecer isto aos leitores como também não podemos tirar das famílias o papel importante nesse trabalho de formação do sujeito letrado. 17 A formação de leitores dentro das escolas, para a vida como alunos e cidadãos não é algo difícil desde que se tenha alunos motivados, profissionais que priorizem uma leitura diversificada e uma família presente que favoreça o aluno a ter apego ao gosto pela leitura. 18 REFERÊNCIAS ALDRIGUE, Ana Cristina de Sousa. Linguagens: usos e reflexões/Ana Cristina de Souza Aldrigue, Evangelina Maria de Brito Faria (organizadoras) – v. 5 – João Pessoa. Editora da UFPB, 2009. ANTUNES, Irandé, 1937 – Língua, texto e ensino: outra escola possível/Irandé Antunes. – São Paulo: Parábola editorial, 2009. (Estratégias de leitura) FREIRE, Paulo, 1921- A importância do ato de ler: em três artigos que se completam/Paulo Freire – São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. MATOS, Francilene Lima de. Leitura em sala de aula (Monografia de Pós-Graduação) Administração Escolar.Rio de Janeiro – RJ. Universidade Cândido Mendes – Instituto de Pesquisas sócio-pedagógicas. 2001 PEREIRA, Regina Celi Mendes. Práticas de leitura e escrita na escola.Vivência do ensino em língua portuguesa: perspectivas e desafios. Mariane C. B. Cavalcante e Maria de Fátima Almeida. UFPB -editora. SERRANO, Maria Alice, BRANDÃO, Sônia – Organizadoras - . Normas para apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Universidade Federal da Paraíba. 2013 SOLÉ, Isabel, Estratégias de leitura/Isabel Sole; Tra. Cláudia Sehilling. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed 1998. SOLÉ, Isabel, Estratégias de leitura/Isabel Sole; Tra. Cláudia Sehilling 7ª ed. Porto Alegre: Artmed 2008. SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros/Magda Soares. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. 180 p. SOARES, Magda Becker. O que é letramento. Diário na escola Santo André. Diário do grande ABC. 29 de agosto de 2003. In:< http://www.verzeri.org.br/artigos/003.pdf > acesso em 20/10/2013.