SANTANA, A.F.; GÓES, V.S.; OLIVEIRA, L.M.; ROCHA, M.L.; LUCCHESE, A.M.; REBOUÇAS, T.C.S. Atividade antioxidante e composição química do extrato metanólico e fração clorofórmica da parte aérea de Martianthus leucocephalus J.F.B. Pastore (Lamiaceae). In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 54). Atividade antioxidante e composição química do extrato metanólico e fração clorofórmica da parte aérea de Martianthus leucocephalus J.F.B. Pastore (Lamiaceae) Amanda Ferreira Santana1; Valéria Silva Goés2; Lenaldo Muniz de Oliveira3; Marilene Lopes da Rocha4; Angélica Maria Lucchese5; Teresa Cristina Souza Rebouças6 1 Mestranda em Recursos Genéticos Vegetais pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. 2 3 [email protected]; Mestre em Recursos Genéticos Vegetais – UEFS. [email protected]; Docente do 4 Departamento de Ciências Biológicas – UEFS. [email protected]; Docente do Departamento de Ciências 5 Biológicas – UEFS. [email protected]; Docente do Departamento de Ciências Exatas – UEFS. 6 [email protected]; Mestranda em Recursos Genéticos Vegetais – UEFS. [email protected] Palavras-chave: Cromatografia, flavonoide, DPPH, betacaroteno. Introdução Martianthus leucocephalus, conhecida como alecrim de tabuleiro, é endêmica da caatinga e vem sendo alvo de estudos agronômicos e farmacológicos. O potencial analgésico da parte aérea cultivada desta espécie foi demonstrado recentemente (GOÉS et al., 2014), justificando um estudo dos componentes químicos envolvidos nestas atividades, bem como da participação de compostos com ação antioxidante. Fatores como condições de cultivo e tipo de solo podem influenciar na composição química dos extratos, por este motivo há interesse pela domesticação da espécie visando o desenvolvimento de trabalhos que melhorem a utilização medicinal para fins fitoterapêuticos. Portanto, este estudo teve como objetivo realizar a prospecção fitoquímica, avaliar o conteúdo de fenólicos e flavonoides totais e determinar a atividade antioxidante do extrato metanólico (EMML) e fração clorofórmica (FCML) de M. leucocephalus. Materiais e Métodos Indivíduos cultivados de M. leucocephalus foram coletados na Unidade Experimental do Horto Florestal da Universidade Estadual de Feira de Santana. O extrato metanólico das partes aéreas foi preparado por maceração em metanol e a fração clorofómica, por partição líquido-líquido desse extrato. O perfil cromatográfico do extrato e fração foi analisado por Cromatografia em Camada Delgada usando como reveladores Anisaldeído-Ácido Sulfúrico, NP/polietilenoglicol e Libermann-Burchard. O teor de fenólicos foi determinado pelo método de Folin-Ciocalteau, por espectrofotometria (750 nm), com ácido gálico como padrão (PERES et al., 2009). Flavonoides totais foram determinados por reação com cloreto de alumínio por espectrofotometria (425 nm), com quercetina como padrão (WOISKY, 1996). A atividade antioxidante foi determinada pelo método do sequestro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) a 517 nm, com trolox (concentrações de 3 a 18 μg/mL) e ácido ascórbico (1 a 12 μg/mL) como padrão (SOUSA et al., 2007). As amostras do EMML foram diluídas nas concentrações de 20 a 80 μg/mL e as da FCML de 50 a 300 μg/mL. Os testes foram feitos em triplicata. A quantidade de antioxidante necessária para decrescer a concentração inicial de DPPH em 50% (CE50) foi determinada por regressão linear. O teste de inibição de oxidação do β-caroteno/ácido linoleico foi realizado segundo Lima (2008) com adaptações, por espectrofotometria (470 nm) usando trolox (0,2 mg/mL) como padrão. O decaimento da densidade ótica do controle foi considerado como 100% de oxidação. A partir dessa relação o decréscimo da absorbância das amostras foi correlacionado com a queda do controle, obtendo-se a porcentagem da inibição da oxidação: (%Proteção= 100 – %oxidação). Para verificar a eficiência do antioxidante foi também realizada uma avaliação a partir das tangentes expresso através dos valores de F1 e F2, calculados a partir de dois intervalos da curva cinética de oxidação. Quando a razão entre essas tangentes (F1 ou F2) apresentarem valores inferiores a 1, o composto testado atua eficientemente como antioxidante; quando o valor apresentado for acima de 1, indica uma ação pró-oxidante do composto (JARDINI; MANCINI-FILHO 2007). Resultados e Discussão Terpenos, esteroides, compostos fenólicos e flavonoides foram detectados no EMML e FCML. Esses resultados são compatíveis com a literatura, que descreve a presença destes metabólitos em várias espécies do gênero Hyptis (FALCÃO; MENEZES, 2003). Os resultados obtidos na quantificação de fenólicos e flavonoides totais demonstraram que o EMML e a FCML apresentaram baixos teores (Tabela 1), quando comparados com outras espécies do gênero estudadas (Hyptis fasciculata, Hyptis tetracephala e Hyptis elegans) (FALCÃO; MENEZES, 2003). A atividade antioxidante dos compostos fenólicos deve-se II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015 Valorização e Uso das Plantas da Caatinga principalmente às suas propriedades redutoras e estrutura química (SOUSA et al.,2007). Assim a ação de sequestro do DPPH, foi inferior aos controles (Tabela 2). A capacidade antioxidante pelo teste de inibição de oxidação do β-caroteno/ácido linoleico pode ser observado na tabela 3. A curva cinética de degradação do β-caroteno foi determinada para avaliar a eficácia do antioxidante adicionado em vários intervalos de tempo e seus percentuais de inibição da oxidação (Tabela 4). O extrato metanólico apresentou valores de F1 e F2 inferiores a 1, indicando sua capacidade de inibir a formação inicial de radicais tanto na etapa de indução, quanto nas reações secundárias. O fracionamento levou a uma redução dessa eficiência nas reações secundárias, já que FCML apresentou valores de F2 acima de 1, indicando uma ação pró-oxidante. Tabela 1. Teor de fenólicos e flavonoides do extrato e fração, expressos em: miligramas de equivalente ácido gálico e miligramas de equivalente quercetina por gramas de extrato ± desvio padrão. Amostra Extrato Metanólico (EMML) Fração Clorofórmica (FCML) Fenólicos (mg EAG/g ±DP) 92,09±12,61 67,90±1,24 Flavonoides (mg EQ/g ±DP) 24,26±0,41 42,88±0,76 Tabela 2. Atividade antioxidante do EMML e da FCML avaliada pelo CE50. Amostra Extrato Metanólico (EMML) Fração Clorofórmica (FCML) Trolox Ácido Ascórbico CE 50± DP (μg/mL) 58,41 ± 1,16 189,19 ± 1,02 9,49 ± 0,82 7,12 ± 0,66 Tabela 3. Parâmetros cinéticos do potencial antioxidante no sistema β-caroteno/ácido linoleico (amostras F1 e F2), para o extrato (EMML). Extrato/Fração (%) Metanólico - EMML Trolox (200 μg/mL) Clorofórmica - FCML Trolox (200 μg/mL) 100 F1 0,94 0,28 0,84 0,22 F2 0,92 0,37 2,15 0,71 F1 0,76 F2 0,86 Concentrações (μg/mL) 300 400 F1 F2 F1 F2 0,68 0,80 0,61 0,86 0,75 1,55 0,62 200 1,84 0,53 1,78 500 F1 F2 0,50 0,92 600 F1 F2 0,36 0,77 0,53 0,46 2,13 2,13 Tabela 4. Valores do percentual de inibição da oxidação no sistema β-caroteno/ácido linoleico do extrato (EMML). Extrato/Fração (%) Metanólico - EMML Clorofórmica - FCML 100 18,11 12,46 200 23,50 17,88 Concentrações (μg/mL) 300 400 29,77 34,40 23,74 29,23 500 41,45 34,26 600 50,16 43,59 Conclusão A espécie apresentou atividade antioxidante e a presença de metabólitos pertencentes as classes de ácidos fenólicos, flavonoides, esteroides e terpenos foi detectada. Os resultados obtidos contribuem para uma maior conscientização da população no uso sustentável desta espécie e consequente utilização na fitoterapia. Referências FALCÃO, D. Q.; MENEZES, F. S. The Hyptis genus: an ethnopharmacological and chemical review. Revista Brasileira de Farmacologia, v.84, n.3, 2003. GÓES, V. S. et al. Avaliação da atividade miorrelaxante e antinociceptiva dos extratos de Martianthus leucocephalus Mart. Ex Benth. (Lamiaceae). In: XXIII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Anais. 2014. JARDINI, F. A.; MANCINI-FILHO, J. Avaliação da atividade antioxidante em diferentes extratos da polpa e sementes da romã (Punica granatum, L.). Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.43, n.1, p.137-147, 2007. LIMA, A. de. Caracterização química, avaliação da atividade antioxidante in vitro e in vivo, e identificação dos compostos fenólicos presentes no pequi (Caryocar brasiliense, Camb.). São Paulo, 2008. PERES, M. T. L. P et al. Estudos químicos e biológicos de Microgramma vacciniifolia (Lansd. & Fisch.) Copel (Polypodiaceae). Química Nova, v. 32, n. 4, p. 897-901. 2009. SOUSA, C. M. DE M. et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007. WOISKY. R.G. Método de controle químico de amostras de própolis. 74f. Dissertação (Mestrado em Fármacos e Medicamentos – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015