1 Funções Hidroxiladas Introdução A família dos compostos orgânicos discutida neste capítulo se encontra com muita frequência na natureza. O ser humano logo apreendeu a produzir estes materiais para o seu próprio uso. Desde o início das civilizações está registrado o uso que povos primitivos já faziam do álcool. Assim de acordo com Gênesis, “ Noé plantou um vinhedo depois do dilúvio, bebeu vinho retirado das suas uvas e se embriagou.” A invenção humana descobriu que algumas espécies eram capazes de fornecer a fonte “aqua vitae”, a água da vida. O álcool foi obtido da fermentação das frutas, grãos, batata, arroz, e por vezes de cactus. Ele foi prescrito para uso medicinal no século XVII, mas na maioria das vezes foi utilizado sem esse critério. O que nós sabemos do álcool atualmente, é que ele é mais um membro de uma grande família e que possui o mesmo nome. Nelas se incluem outros, também populares, tais como o colesterol e os carbohidratos. O nome de outras funções considerada neste capítulo, como o éter , está relacionado com os anestésicos. Há também uma outra classe química nas quais muito dos seus componentes são empregados em hospitais cujas características são aroma pungente, e um odor antiséptico sendo conhecida como fenol, e constituem-se os membros da terceira família deste capítulo. A razão de colocá-los todos em um mesmo capítulo, é porque podemos considerá-los como derivados da água. Essa é sem dúvida o principal composto inorgânico que nós estudamos. E não deve ser surpresas que compostos orgânicos sejam de importância vital para a vida e saúde. Outros como os carbohidratos, serão tratados separadamente nos próximos capítulos pois merecem um estudo a parte. 1- O grupo funcional Álcoois, fenóis e éteres podem ser comparados como derivados da água. Considerando a molécula de água como: O H H Nesta molécula de água o átomo de oxigênio está ligado a dois de hidrogênio. Se nós substituirmos um hidrogênio e adicionarmos um grupo alquila (R-) [ sendo que o carbono ligado ao oxigênio deverá ter hibridização sp3 (saturado)], nós obteremos o composto abaixo. 2 Carbono sp3 O R CH2 H Grupo substituínte A fórmula geral de um álcool nos é familiar. O grupo alquila pode ser metila, etila, isopropila ou pode ser mesmo um grupo alifático de cadeia complicada para ter um nome simples. O que importa é que o grupo ligado a hidroxila seja um grupo alifático (carbono saturado do tipo sp3). Se o grupo hidroxila estiver ligado diretamente a um anel aromático, surge uma família diferente de compostos. Compostos no qual o grupo arila (Ar-) está ligado ao grupo hidroxila é denominado de fenol. Ex. O Ar H OH Um exemplo da família dos fenóis é: Hidroxibenzeno -Fenol- A química dos fenóis é bastante diferente das dos álcoois o que justifica a separação destas famílias em duas classes distintas. Contudo, para ambas as famílias, as propriedades químicas são muito influenciadas pela presença do grupo funcional hidroxila. Também, as propriedades físicas, de ambas são influenciadas pela presença do grupo funcional hidroxila. Assim um grupo de átomos, os quais conferem propriedades químicas e físicas a uma determinada família são denominados de grupos funcionais. O grupo hidroxila é um entre vários grupos funcionas na química orgânica. Nós já estudamos outros. A dupla ligação carbono-carbono (C=C) nos alquenos , a tripla ligação carbono-carbono (C≡C) nos alcinos, constituem-se em grupos funcionais. Em ambos, esta característica estrutural confere aos membros de suas famílias propriedades químicas particulares. Por exemplo alquenos e alquinos tendem sofrer reações de adição. Os halogênios nos compostos denominados de halogenetos de alquila são também grupos funcionais. Os alcanos por sua vez se caracteriza por baixa reatividade. Alguns dos mais importantes grupos funcionais da química orgânica estão listados na tabela 1. 3 Grupo funcional Classe de compostos Fórmula Geral Alcanos Não R H R R Alquenos C C R C C R Alquinos C C Éteres C O C Aldeídos O C O H Cetonas C Aminas R C C R R O R O R C H O R C R C N R R C N H R C N R R H Ácido Carboxílico C C R C O C O C R O O C N R R R O O Amidas R H R C N R OH R C OH O Ésteres R R R O O O R C N H R C N H H R R C N R R 2- Classificação e Nomenclatura dos Álcoois A Propriedade dos álcoois depende dos arranjos estruturais dos átomos de carbono na molécula Os álcoois podem se agrupar em três classes distintas cuja as estruturas diferem entre si. Estas classes são denominadas de primária, secundária, e terciária e um álcool é classificado de acordo com o tipo de átomo de carbono ao qual o grupo hidroxila está ligado. A) Átomo de carbono primário: é o átomo de carbono que está ligado diretamente a um único átomo de carbono. Exemplo C C OH Ambos átomos de carbono são primários 4 b) secundário: O átomo de carbono é ligado diretamente a dois átomos de carbono. Ex. Carbono 2 ario C C C OH c) terciário: O átomo de carbono é ligado diretamente a três átomos de carbono. Ex. C C C C OH Carbono 3 ario Assim podemos dizer que á álcool primário é aquele que possui uma hidroxila ligada a um carbono 1ario, álcool secundário o que está ligado a um carbono 2ario e álcool terciário o que está ligado a Carbono 3ario Ex: Na tabela 2- Encontramos alguns exemplos de álcoois , com a sua nomenclatura oficial e comum juntamente com a sua classificação. 5 Nome comum Nome IUPAC Primário Álcool metílico Metanol CH3CH2OH Primário Álcool etílico Etanol CH3CH2CH2OH Primário Álcool propílico Propanol Secundário Álcool Isopropílico Isopropanol Primário Álcool Butílico 1-Butanol Secundário Álcool secbutílico 2-Butanol Primário Álcool Isobutílico 2-Metil-1propanol Terciário Álcool T-butílico 2-metil-2propanol Secundário Álcool ciclohexílico Ciclohexanol Primário Álcool Benzílico Fenilmetanol Fórmula estrutural CH3OH CH3CHCH3 OH Classificação CH3CH2CH2CH2OH CH3CH2CHCH3 OH CH3 CH3CHCH2OH CH3 CH3CCH3 OH OH CH2OH Tabela -2 6 3-Propriedades Físicas dos álcoois Inicialmente podemos considerar o álcool como um derivado da água. Esta relação tem algo de verdadeiro, especialmente para compostos homólogos de baixo peso molecular, quando se refere as propriedades físicas e químicas. Devemos lembrar que metano, etano e propano são gases e são insolúveis em água. Em contraste metanol, etanol e propanol são líquidos e são completamente miscíveis em água. Desta forma se nós substituirmos um átomo de hidrogênio (H) por um grupo hidroxila (-OH), isto resulta numa mudança na solubilidade e propriedades físicas da molécula. Esta diferença é resultante da habilidade das pontes de hidrogênio dos álcoois. As pontes de hidrogênio são as responsáveis pelas atrações intermoleculares entre as moléculas de álcool. Em geral os homólogos desta série de peso molecular mais baixo são líquidos a temperatura ambiente. Os álcoois podem formar também pontes de hidrogênio com moléculas de água, e também os homólogos de baixo peso molecular são solúveis na água. A tabela 3, indica o peso molecular e ponto de ebulição de alguns álcoois comuns. A tabela mostra também, que substâncias que possuem pequenas diferenças em seus peso molecular nem sempre possuem pontos de ebulição próximos. Fórmula Nome CH4 H20 C2H6 CH3OH C3H8 CH3CH2OH C4H10 CH3CH2CH2OH Metano Água Etano Metanol Etano Etanol Butano 1-Propanol P.M. –peso molecular16 18 30 32 44 46 58 60 Ponto de Ebulição 0C -164 100 -89 65 -42 78 -1 97 Tabela 3 No caso dos álcoois, o ponto de ebulição relativamente alto, são resultados diretos das fortes atrações intermoleculares. Relembrando que, o ponto de ebulição é medida da energia necessária para separar um composto do estado líquido dos seus pares e passar para o estado gasoso. Se estas moléculas estão muito fortemente atraídas uma pela outra, significa que são atraídas por pontes de hidrogênio e será necessário fornecer uma certa quantidade de energia para quebrar estas ligações. Somente então as moléculas no estado líquido poderão escapar para o estado gasoso. A figura 1 ilustra as pontes de hidrogênio na água e no álcool. Neste esquema se pode perceber porque a molécula de água tem um ponto de ebulição maior do que o álcool metílico, embora seja uma molécula de baixo peso molecular. Observe que se forma um trímero de moléculas onde participam na formação das pontes de hidrogênio tanto o átomo de oxigênio como dois de hidrogênio, podendo eventualmente formar até um quarteto de moléculas de 7 água. Os álcoois resultam da substituição de um átomo de hidrogênio da molécula de água por um grupo alquila. O grupo alquila não participa das pontes de hidrogênio, desta forma o álcool está associado somente a duas moléculas. É necessário mais energia para romper as pontes de hidrogênio de três ou quatro moléculas do que somente duas. A energia necessária para quebrar uma ponte de hidrogênio é de aproximadamente 5 Kcal/mol. Embora esta energia seja menor do que a necessária para quebrar algumas pontes de hidrogênio intramoleculares entre álcoois e água, mesmo assim é uma apreciável quantidade de energia. Estes dados se tornam evidentes pela diferença de ponto de ebulição. H H . . .. O H .. O .. H H H .. .O. .... H . .. O. H .. O .. H H H A H H H H H H H B Fig. 1- Pontes de hidrogênio intermoleculares A) na água B) no álcool Polaridade e pontes de hidrogênio são fatores importantes tratando-se da solubilidade dos álcoois na água. Uma expressão comum entre os químicos é “semelhante dissolve semelhante”, isto implica em aceitar que solventes polares dissolvem solutos polares e solventes não polares dissolvem solutos não polares. Entretanto, precisamos tomar cuidado de não aplicar esta norma para todos os casos. Todas as moléculas de álcool são polares, no entanto nem todos os álcoois são solúveis em água. Por outro lado nem todos os álcoois são solúveis em solventes apolares ( cloreto de metila, éter, hexano). Somente os homólogos da série, de baixo peso molecular, são bastante solúveis na água. A medida que a cadeia de carbono cresce, a solubilidade diminui. Contudo se o grupo hidroxila for uma porção substancial na molécula, esta será solúvel em água. O grupo hidroxila desta molécula ficará rodeado de moléculas de água. Entretanto se o álcool se assemelhar mais a estrutura dos alcanos (os quais são insolúveis em água) a solubilidade decresce. A habilidade do grupo hidroxila de estabelecer pontes de hidrogênio com a água é quase totalmente sobrepujado pela baixa atração entre a água e a longa cadeia de alcano da molécula (fig. 2). 8 H2C H CH3 H2C O O H H H H O H Fig. 2. A- Ponte de hidrogênio entre o Álcool etílico e as moléculas de água. O álcool é totalmente solúvel Em água. CH3 O H O H H H O O H H2C CH3 Analisando a tabela 4, no qual estão listados a solubilidade de álcoois de quatro carbonos na água, observamos uma diferença na solubilidade que não pode ser atribuída a diferença no peso molecular, Já que todos possuem a mesma massa molecular. A diferença de solubilidade é resultado da diferença da forma geométrica dos álcoois. O álcool terc- butílico apresenta fraca interação com outras moléculas e é mais facilmente “solvatado” (cercado pela molécula do solvente). Por isto o álcool terc-butílico tem um ponto de ebulição menor (83 0C) do que os outros isômeros todos superiores a 100 0C, e uma alta solubilidade Álcool Fórmula Butílico CH3CH2CH2CH2OH Solubilidade (g/100g H2O) 8 Isobutílico (CH3)2CHCH2OH 11 Sec-butílico CH3CH2CH(OH)CH3 12,5 Terc-butílico (CH3)3COH Completamente solúvel Tabela 4 Resumindo, a solubilidade envolve o balanço do grupo polar e apolar da molécula, assim como a estrutura da molécula . Uma molécula mais polar tem a forma mais compacta, e com isto aumenta a sua solubilidade na água. Moléculas que podem efetivamente formar pontes de hidrogênio com a água são mais solúveis. Assim cada grupo funcional, como a Hidroxila (-OH) , pode formar pontes de hidrogênio com a água, permitindo solubilizar grupos alquila de 4 ou 5 carbonos. Este número é uma fronteira entre os compostos solúveis e insolúveis na água. Na 9 fig. 2 está indicado a comparação de solubilidade entre os álcoois de quatro carbonos. CH3 CH3 OH CH3 OH CH CH33 H3C H3C C H3C OH CH3 OH Diminui o volume do grupo hidrofóbico Aumenta a solubilidade na água Grupo hidrofóbico Grupo Hidrófilo Fig. 2 3- Preparação dos álcoois Os álcoois mais simples são preparados pela hidratação de alquenos (adição de água a dupla ligação). Devemos lembrar que os alquenos em geral são obtidos pelo crackeamento do petróleo, assim o fornecimento da maioria dos álcoois ( especialmente álcool etílico e isopropílico) depende em grande parte do fornecimento do petróleo. O etanol é obtido pela hidratação do etileno em presença do ácido sulfúrico H H C H C H + + H H OH H H C H C H H OH De maneira similar, o álcool isopropílico é produzido pela adição de água ao isopropileno H H H C C CH3 + H OH H+ H H C H C CH3 H OH 10 Com o 2-metilpropeno, produz o 2-metil-2-propanol H CH3 CH3 H H+ H C C CH3 C C CH3 + H OH H H OH Observe que nas últimas duas reações o hidrogênio se dirige para o átomo de carbono ( que envolve a dupla ligação) que é mais hidrogenado. O grupo hidroxila se dirige para o menos hidrogenado. Desta forma adição de água ao propileno produz o álcool isopropílico (2-propanol) e não o n-propílico (1propanol). H sempre H H H C C + CH3 + H OH H C H C CH3 H OH H H Nunca H C H C CH3 HO H A regra acima, é uma das mais gerais, ela foi formulada em 1870 por um químico russo chamado de Vladimir V. Markovnikov. Ela é muito conhecida como a regra de Markovnikov. Algumas vezes esta regra é memorizada com a frase “quem é rico fica mais rico” ( ou seja o C da dupla mais hidrogenado ganha mais hidrogênio). Embora a hidratação de alquenos seja um método industrial importante para a preparação de álcoois, ele é um método secundário nos laboratórios, porque existem outros métodos mais convenientes. Contudo, a reação de hidratação é muito comum na bioquímica. Muitos compostos hidroxilados que estão presentes nos organismos vivos são formados desta maneira. A reação seguinte por exemplo ocorre em uma etapas do ciclo de Krebs H HOOC C C COOH + H Ác. fumárico H OH Enzima H OH HOOC C C H H COOH Ác. málico Antes de 1923, o metanol era preparado pela destilação destrutiva da madeira- assim ele era conhecido pelo nome comum, álcool da madeira. Quando a madeira é queimada a 450 0C, na ausência de ar, ela se decompõem em carvão e uma fração volátil. De 2 a 3% desta fração é metanol e pode ser separada de outros componentes ( acetona e ácido acético) por destilação. Em média, 1 tonelada de madeira produz 16 kg de metanol. Atualmente o metanol é preparado de uma forma mais econômica, pela combinação de hidrogênio e 11 monóxido de carbono sob alta temperatura e na presença de óxido de zinco e trióxido de cromo como catalisador. 2H2 + CO 0 200 atm, 350 C ZnO, Cr2O3 CH3OH A produção de espíritos alcoólicos é uma reação muito antiga. Desde os tempos bíblicos o álcool etílico já era preparado pela fermentação de açúcar ou de amido provindo de várias tipos de grãos os quais ao serem fermentados produzem o etanol, (fig. 3). O etanol é muito popular e ele é denominado simplesmente de “álcool”. O maior uso do etanol é para bebida. Vinhos contém em média 12% de álcool por volume (garrafa); champanhe de 14-20%, cervejas e cidras ( suco de maçã) 4%, Whisky, gin e brandy de 40-50%. Cachaça de 40 a 60%. O conteúdo alcoólico é conhecido como “proof spirit”1. O valor “proof” é o dobro é o dobro do conteúdo alcoólico por volume, e assim whisky que possui 50% de álcool é conhecido como 100 proof. Álcool fermentado pode ser concentrado a 95% por meio da destilação. O álcool de grãos é muito usado como solvente para medicamentos de consumo interno. Fig. 3- Os álcoois podem ser obtidos da fermentação de materiais que contenham amido ou açúcares. Da esquerda para direita temos: vinho obtido de arroz, vodka de batata, aperitivo de alcachofra, raki de passas de uva e vinho de uva 5- Propriedades fisiológicas dos álcoois Os álcoois mais simples são de uma certa forma tóxicos. Na tentativa de quantificar o grau de toxidez, os cientistas empregam o termo LD50 (dose letal) , tal designação indicaria uma dose letal para 50% dos animais testados. Assim como os humanos, diferentes animais respondem de forma diversa a vários venenos. Alguns animais morrem numa quantidade muito menor do que o valor LD50; por ouro lado outros sobrevivem a quantidade consideravelmente maior. Desta forma, o termo LD50, é um valor estimado usado para animais. Extrapolar esta toxidez para o ser humano pode levar a erros grosseiros. A dosagem normalmente é expressa relacionando a quantidade de substância testada por 12 quilograma do peso corporal do animal. Um pequeno valor de LD50, significa que uma baixa quantidade da substância já é suficiente para matar o animal, e por isto a substância é muito mais tóxica. A tabela 5 lista valores de LD50, para ratos com administração oral de álcoois. Observe que não é fornecido o LD50 do metanol. Embora a sua toxidez seja por um período curto ela não é muito alta, o metanol pode causar cegueira permanente ou a morte, mesmo em pequena concentração. A cada ano muitos acidentes são atribuídos a este álcool. E não devemos fazer pouco caso dos seus efeitos. O metanol não deve ser aplicado diretamente no corpo humano, nem os seus vapores devem ser inalados, porque ele é rapidamente absorvido através da pele e do trato respiratório. Álcool Estrutura Álcool Metílico CH3OH Ponto de LD50 ( Ebulição Kg/g por (0C) peso corporal) 64 A Álcool etílico CH3CH2OH 78 7,06 Álcool Propílico Álcool Isopropílico Álcool Butílico Álcool hexílico Etileno Glicol CH3CHOHCH3 97 1,87 Glicerol Usos CH3CH2CH2CH2OH 82 5,8 Solvente, Aditivo de combustível Solvente, bebidas Solvente, polimento solvente CH3CH2CH2CH2OH 118 4,36 solvente CH3(CH2)4CH2OH 156 4,59 - HOCH2CH2OH 198 8,54 anticongelant e Creme hidratante HOCH2CHOHCH2O 290 >25 H Tabela 5 a Nenhum LD50 foi atribuído ao metanol. Sua toxidade é curta e não é muito alta. Contudo, ele é metabolizado a formaldeído (HCHO) no corpo, e nesta forma a toxidez é prolongada (crônica) e bastante elevada. O LD50 administrado em ratos por via oral é de apenas 0,70 g/kg do peso corporal. O LD50 do acetaldeído proveniente do metabolismo do álcool etílico, já é 1,9 g/kg. A razão para que o metanol seja tão perigoso é que seres humanos e outros primatas possuem no fígado enzimas que oxidam álcoois primários a compostos denominados aldeídos. O etanol por exemplo, é oxidado a acetaldeído. CH3CH2OH Etanol Enzimas do fígado CH3 Etanal C O H 13 O acetaldeído por sua vez é oxidado a ácido acético, o qual é um constituinte normal presente nas células. O ácido acético é oxidado a dióxido de carbono e água. De uma forma similar, o metanol é oxidado a formaldeído. CH3OH Metanol Enzimas do fígado H C O Formaldeído H O formaldeído reage rapidamente com os componentes da célula. Nas proteínas ele causa coagulação, da mesma forma como um ovo é coagulado ao ser aquecido. A grande toxidez do metanol se deve indiretamente a esta propriedade do formaldeído. O LD50 do formaldeído administrado oralmente aos ratos é de 0,070 g por quilograma corporal. Para o acetaldeído sob as mesmas condições, o LD50 é de 1,9 g por quilograma corporal. Assim o formaldeído é aproximadamente 27 vezes mais tóxico para os ratos do acetaldeído. Por sua vez, o antídoto para o envenenamento com metanol é administração de etanol de forma intravenosa. O etanol é preferido pelos sítios enzimáticos do fígado do homem e de outros primatas. Desta forma as enzimas ficam ocupadas oxidando o etanol a acetaldeído e assim não catalisam a oxidação do metanol para o perigoso formaldeído. O metanol que não é oxidado é gradualmente excretado do organismo. Apesar de sua toxicidade, o metanol apresenta alto valor como solvente industrial. Ele também tem grande uso como material de partida para diversas sínteses ( transformações em novos produtos). Ele é usado como solução para lavagem de parabrisa de automóveis, como solvente para tintas, colas, e gomalaca. O metanol juntamente com o etanol, é misturado na gasolina para aumentar a sua octanagem. O álcool etílico é potencialmente tóxico. Uma ingestão rápida de aproximadamente 500 ml de etanol pode levar algumas pessoas a morte. O álcool livre penetra no cérebro, onde deprime o centro respiratório, provocando falhas no músculo respiratório do pulmão, causando sufocamento. Acredita-se que o álcool atue nas membranas das células nervosas , provocando dificuldade na pessoa em se comunicar, em pensar, nos atos de cognição (lembrar), e julgamento. Ingestão prolongada por um longo período (anos), produz a deterioração do fígado (cirrose), perda da memória e torna o indivíduo dependente do álcool. Só nos Estados Unidos as estatística comprovam que há 40 vezes mais dependentes do álcool ( aproximadamente 10 milhões de pessoas) do que dependentes de heroina. No Brasil com uma população inferior a Americana o número de alcoólatras é equivalente, sendo que 90 % das internações em hospitais psiquiátricos no Brasil se devem a dependentes do álcool. Se o etanol for diluído ( como nas bebidas alcoólicas) ele é consumido em menor quantidade, e ele é relativamente seguro. O organismo possui enzimas 14 que são capazes de metabolizar o álcool etílico em dióxido de carbono (CO2) e água. O álcool que é produzido com finalidade como combustível e não para bebidas, é preparado a partir da hidratação do etileno, o qual é um sub produto da indústria do petróleo. O álcool assim produzido contém uma concentração de aproximadamente 95% os restantes 5% são água, a qual não se separa por formar uma mistura azeotrópica. Este álcool com 95% de pureza é usado nos laboratórios como solvente. Se for necessário utilizar um álcool 100% puro, são necessários processos especiais de purificação e secagem. Um dos métodos utiliza óxido de cálcio (CaO), o qual tem grande afinidade pela água e não se combina com o álcool. O álcool assim preparado é conhecido como álcool absoluto (100%). O etanol é muito empregado como solvente para perfumes, formulações medicinais ( tinturas), laques, vernizes, goma-laca. O álcool desnatura enzimas em bactérias, por esta razão ele é muito usado como antiséptico em líquidos bucais e desinfetantes de aerosóis. O etanol também é utilizado para síntese de outros compostos orgânicos. Quando o etanol é empregado para propósitos industriais ele não é sobretaxado como ocorre com o álcool utilizado nas bebidas alcoólicas. Para assegurar o uso correto de tais álcoois o mesmo contém certos aditivos que impedem o seu uso em bebidas, tal álcool é denominado de álcool desnaturado. Um desnaturante comum é o metanol e o 2-propanol. Estes compostos são tóxicos mas não interferem nas propriedades de solvente do etanol. A partir de 1979 começou- se a misturar etanol ( e metanol) na gasolina. Os resultados foram satisfatórios e eles substituíram os aditivos de chumbo (poluidores) usados na gasolina, empregando-se de 10 a 20% de álcool. O álcool funciona, aumentando a octanagem da gasolina. Uma outra maneira de se obter álcool etílico é a partir de grãos de cereais ou de cana de açúcar ou beterraba. No Brasil devido a abundância de território e da possibilidade de plantação de cana de açúcar, foi desenvolvido a produção de álcool a partir da cana numa tentativa de sustentação energética alternativa ao petróleo. Uma solução de 70% de álcool isopropílico (CH3CH(OH)CH3) é denominada como “álcool de polimento”. Ele possui alta pressão de vapor e se evapora rapidamente, esta rápida evaporação produz na pele uma sensação de resfriamento e auxilia a baixar a febre. O álcool de polimento, da mesma forma que o etanol, desnatura as enzimas das bactérias e por isso também é empregado como antiséptico para a limpeza de pele, como ocorre antes de se retirar uma amostra de sangue, por exemplo. O álcool isopropílico é tóxico se ingerido, mas não da mesma forma como o metanol, pois ele não é rapidamente absorvido pela pele como sucede com o metanol. Embora mais tóxicos que o etanol, eles geralmente causam menos danos. Em caso de acidentes por ingestão, pode-se induzir o vômito. Desta forma ele não permanecerá no organismo por um longo período o que poderia causar a morte. Outros álcoois de cadeias maiores comportam-se de maneira similar. A maior parte da produção do isopropanol é para a produção da acetona e para introduzir outros grupos funcionais em sua estrutura. 15 6-Propriedades Químicas Dos álcoois A reação dos álcoois ocorre principalmente no seu grupo funcional. A principal envolve o ataque ao átomo de hidrogênio situado no carbono vizinho ao grupo hidroxila, ou em algumas vezes no mesmo carbono. Neste capítulo vamos examinar as reações de desidratação e oxidação. A esterificação será vista mais adiante. Desidratação de Álcoois A desidratação (remoção de água) é normalmente acompanhada pela adição de ácido sulfúrico concentrado e aquecimento da mistura. O grupo hidroxila é removido juntamente com o hidrogênio adjacente. Ex: H H H C C H H OH Álcool etílico H2SO4 , 180 0C Excesso de ácido H H + H2O C C H H Etlileno Em condições apropriadas, é possível conduzir a reação de forma a remover água de duas moléculas de álcoois. Neste caso de uma molécula é removido o grupo hidroxilo e de outro o hidrogênio. Na combinação das duas moléculas se produz o éter. CH3CH2 O H Álcool etílico + H O CH2CH3 H2SO4; 140 0C Excesso de álcool CH3CH2 O CH2CH3 + H2O Éter etílico Dependendo das condições reacionais, pode-se preparar ou alquenos ou éter pela desidratação de álcoois. A 180 0C e com excesso de ácido se produz o etileno pela desidratação do etanol. No entanto a 140 0C com excesso de etanol, o principal produto da desidratação do álcool será o éter. A reação de desidratação (e no caso reverso a hidratação) ocorre continuamente no metabolismo celular. Na desidratação bioquímica, enzimas se comportam como catalisadores no lugar de ácidos , e a reação ocorre a temperatura de 37 0C e não a temperaturas tão elevadas como ocorre no laboratório. A reação abaixo ocorre no processo denominado Embden- Meyerhof 16 O HO H O H C C C H OPO3 - C H Enzima C C OH OPO3 H Ácido 2-fosforoglicérico OH + H2O Ácido fosfoenolpirúvico Observe com mais atenção esta reação. O composto envolvido é mais complexos do que o etanol e etileno usado anteriormente, mas a reação não o é. Ignore todos os outro grupos funcionais presentes nesta molécula. Nesta reação estes grupos funcionais permanecem intocáveis no produto. Só uma coisa ocorre é que o grupo hidroxila (-OH) e átomo de H são eliminados do material de partida e em consequência se forma a dupla ligação. Por certo você já deve ter visto nos livros centenas ou mesmo milhares de compostos químicos diferentes. No entanto álcoois tem um grande potencial para sofrer desidratação e nós poderemos encontrá-los em substratos enorme ou mesmo pequenos, não importa, se as condições forem adequadas, estes substratos com grupos alcoólicos tendem a desidratar. No sistema biológico a formação de éteres é menos comum do que as reações de eliminação de água e que produzem alquenos. No entanto nós vamos encontrar na química dos açucares algumas reações em que em última análise consiste na desidratação e formação de éteres ( como no caso dos acetais). Oxidação de Álcoois Álcoois primários e secundários são rapidamente oxidados. Nós vimos como o metanol e etanol são oxidados pelas enzimas do fígado para formar aldeídos. Tais reações podem ser criadas no laboratório com agentes oxidantes. Por exemplo, em solução ácida, o dicromato de potássio oxida o álcool etílico a acetaldeído. Esta reação pode ser justificada como: 8 H+ 2- + Cr2O7 + 3 CH3 ion dicromato laranja CH2 OH 2 3+ Cr + 3 CH3 íon cromo (III) Verde O C + 7 H2O H A avaliação do grau de alcoolismo é feita pela passagem de vapor de álcool sobre o sal de dicromato ( cor laranja) que ao ser reduzida transforma-se em CrVI o qual tem cor verde. A intensidade da cor ( verde) dá medida de ingestão do álcool. 17 De uma forma similar, o álcool isopropílico é oxidado a propionaldeído. Ex: 3 CH3CH2CH2OH + 8 2 + H + O - 3CH3CH2C Cr2O7 3+ + H 2 Cr + 7 H2O Pode-se simplificar esta reação indicando apenas os reagentes. Exemplo O K2Cr2O7 CH3CH2CH2OH H+ Àlc. Propílico CH3CH2C H Propionaldeído A forma abreviada desta equação indica que álcoois primários são oxidados a aldeídos e estes aldeídos são facilmente oxidados a ácidos carboxílicos. Se por outro lado for necessário obter o aldeído, é necessário isolá-lo do agente oxidante e remove-lo antes que se oxide novamente. Isto é feito destilando o aldeído da mistura reacional. Álcoois secundários são oxidados a compostos chamados cetonas. A oxidação do álcool isopropílico pelo dicromato produz a acetona. OH CH3 O K2Cr2O7 CH CH3 Álcool Isopropílico CH3 H+ C CH3 Acetona (Álcool secundário) Ao contrario dos aldeídos, cetonas são relativamente resistente a futuras oxidações, e por isto precauções no sentido de isolar o produto obtido, para prevenir futuras oxidações, não são necessárias. Nós vimos, anteriormente, que a oxidação de álcoois é um importante processo nos organismos vivos. Assim, reações de oxidação controladas por enzimas fornecem energia permitindo as células funcionarem. Uma das etapas do metabolismo dos carbohidratos , envolve a oxidação do álcool secundário álcool CH secundário 2 CH HO CH COOH COOH COOH Ácido Isocítrico CH2 Enzima CH COOH COOH COOH O C Ácido Oxalsuccínico 18 Novamente se deve observar que a reação foi de transformação de um álcool secundário em cetona, como ocorreu anteriormente com o álcool isopropílico, e não nos devemos deixar impressionar pela estrutura complicada do ácido Isocítrico, e sim nos atermos somente na reação envolvida. Não há H no Carbono terciário CH3 H3C C OH K2Cr2O7 H+ Nenhuma reação CH3 Álcool terciário Álcoois terciários são resistentes a oxidação. Normalmente agentes de oxidação, tais como o dicromato, não provocam mudanças nesta classe de compostos alcoólicos (3arios), os quais não possuem hidrogênio no carbono que está ligado a hidroxila. As reações de oxidação envolvem a formação da ligação dupla carbono Oxigênio (>C=O), assim o carbono ligado ao grupo alcoólico deve possuir também um hidrogênio para poder formar uma dupla ligação com o oxigênio. Este hidrogênio será removido com relativa facilidade nas reações d oxidação. Por isto tanto álcoois primários como secundários são rapidamente oxidados. Álcoois terciários não são tão fáceis de oxidar, pois não apresentam hidrogênio no carbono ligado a hidroxila. Por outro lado a presença de um H no grupo carbonila do aldeído explica porque ele se oxida a ácido com maior facilidade do que cetonas. A seguir as reações abaixo resumem as diferenças nos processo de oxidação. O símbolo [O] significa reagente oxidante. OH R C H [O] H Álcool Primário OH R C R [O] H Álcool Secundário OH R C R R Álcool Terciário [O] O R C H Aldeído O R C R cetona Nenhuma Reação [O] O R C OH Ácido Carboxílico 19 7- Álcoois Multifuncionais: Glicol e Glicerol Álcoois simples podem conter um só grupo hidroxila. Eles são denominados de álcool monohidroxilado. Mas há várias estruturas importantes que possuem mais de uma hidroxila em sua estruturas. Eles são denominados de polihidroxilados. Aqueles que possuem duas hidroxilas são denominados de dihidroxilados, com três, trihidroxilados. Álcoois dihidroxilados ou dihídricos são frequemente denominados de Glicóis. O mais importante deles é o etileno glicol. Este composto é empregado como anticongelante para radiadores de automóveis, utilizado em países de clima frio. O etileno glicol tem sabor adocicado e é um pouco viscoso, com duas hidroxilas forma fortes interações por pontes de hidrogênio e seu ponto de ebulição (p.e = 198 0C) é elevado. Ele é completamente miscível em água. Uma solução contendo 60% de etilenoglicol resiste sem congelar até temperaturas de – 49 0C. A cor da maioria dos anticongelantes se deve a aditivos neles adicionado. O etileno glicol é também empregado para a fabricação de poliéster (polímeros resultante da combinação de álcoois com ácidos carboxílicos), tais como fibras (Dracon) e filmes ( Mylar) sendo que uma das aplicações, é combinálo com óxido de ferro para produzir fitas de disquetes onde são impressas as informações do computador. Etileno glicol é usado como anticongelante O etileno glicol é bastante tóxico, assim como o metanol, cuja toxidez se deve a oxidação ao nível do fígado, no qual o etileno glicol é oxidado à ácido oxálico OH OH CH2 CH2 Etileno Glicol O O Enzimas do fígado OH C C OH Ácido Oxálico 20 Este composto cristaliza na forma de sais de cálcio, produzindo oxalato de cálcio, no fígado. Como consequência há sérios danos renais, podendo levar ao mal funcionamento do fígado e também a morte. Da mesma forma como no metanol, o tratamento para envenenamento com etilenoglicol é administração forçada de etanol (injeção na veia) para bloquear as enzimas do fígado de catalisarem a oxidação do etileno glicol à acido oxálico. Outro álcool dihídrico é o propileno glicol. As propriedades físicas deste composto é muito similar ao do etileno glicol. No entanto as suas propriedades fisiológicas são bastantes diferentes. O propileno glicol não é tóxico e pode ser usado como solvente para medicamentos. Ele também é empregado como agente umectante de alimentos. Da mesma forma como outros álcoois ele também pode ser oxidado pelas enzimas do fígado. OH OH CH3 CH CH2 Propileno Glicol Enzimas do fígado O O CH3 C C OH Ácido Pirúvico Mas neste caso o produto resultante é o ácido pirúvico, o qual é um intermediário muito comum para nós, sendo resultante do metabolismo dos carbohidratos. Glicerol (glicerina) é o mais importante dos álcoois trihidroxilados. Ele é doce, e se apresenta como um líquido de aspecto xaroposo. O glicerol tem grande uso industrial, podendo citar entre os seus usos o seguinte: A) Usado na preparação de cosméticos e pomadas para as mãos. B) Aditivo de tintas. Utilizado em produtos derivados do tabaco em produtos plásticos que utilizam argila e que requerem glicerol para umedecer. C) Supositórios de glicerol D) Agentes adoçantes e solventes para uso em medicamentos E) Lubrificante F) Fonte de produção de plástico. Capa de revestimento. Fibras sintéticas G) Matéria prima para nitroglicerina A equação que ilustra a preparação da nitroglicerina indica que três moléculas de ácido nítrico são necessárias para cada molécula de glicerina. A nitroglicerina necessita ser muito pura par assegurar a estabilidade do produto. 21 CH2 OH CH OH + CH2 OH Glicerina 3 HONO2 CH2 H2SO4 0 10 a 20 C CH ONO2 ONO2 CH2 ONO2 Trinitro Glicerina A nitroglicerina também auxilia na construções de estradas e fabricação de túneis A nitroglicerina é um líquido amarelo que detona sob impacto. O poder explosivo deve se a rápida transformação de um pequeno volume de líquido em uma grande quantidade de calor gerado pela expansão dos gases. 4 C3H5(ONO2)3 6 N2 + CO2(g) + 10 H2O (g) + O2(g) A temperatura produzida nesta reação é acima de 3000 oC e a pressão acima de 2000 atm. A onda de calor e pressão provocada por tal explosão é enorme o que acarreta grandes danos após a detonação. 8- Fenol Compostos com o grupo hidroxila ligado diretamente a um anel aromático são denominados de fenol. O composto de fórmula C6H5OH é denominado de fenol. Ele é um cristal branco com um odor característico (“cheiro de hospital”). Os outros compostos desta família podem ser nomeados como derivados do fenol, mas a maioria dos compostos conhecidos e de interesse possuem nomes não sistemáticos. Os fenóis em geral são sólidos com baixo ponto de fusão ou líquidos a temperatura ambiente. A maioria são um pouco solúvel em água. Eles são amplamente empregados como gemicidas e antisépticos (substâncias que matam microorganismos ou tecidos vivos) e como desinfetante ( substâncias que são 22 produzidas para matar bactéria em móveis, ornamentos, assoalhos e utensílios domésticos. O primeiro antiséptico usado largamente foi o fenol, o qual foi inicialmente de ácido carbólico. Joseph Lister o utilizou como antiséptico em cirurgia em 1867. Infelizmente o fenol não mata somente os microorganismos indesejados. Ele mata todo os tipos de células. Aplicado na pele ele pode causar queimaduras graves. Na corrente sangüínea, ele é veneno sistêmico, isto significa que ele pode produzir danos e afetar todo o organismo. Devido aos efeitos colaterais, procurou-se pesquisar antisépticos mais seguros, e um grande número deles foi encontrado. Um dos mais ativos antisépticos locais é o 4-hexilresorcinol, ele é muito mais poderoso como germicida que o fenol e tem poucos efeitos colaterais indesejados. Por isto, ele é seguro o suficiente para ser utilizado como ingrediente ativo de líquido de higiene bucal e tablete para infecção de garganta. OH OH OH OH CH2 OH Fenol O-fenilfenol CH2CH2CH2CH2CH2CH3 4-Hexilresorcinol Cl O-benzil-p-Clorofeno Entre os principais desinfetantes estão os compostos o-fenilfenol e o-benzilp-clorofenol. Estes compostos são os principais ingredientes na preparação de desinfetante como lysol. Os metil derivados são denominados de cresóis . Eles são importantes ingredientes na preservação de madeiras na forma de creseoto. OH OH OH CH3 CH3 p-cresol CH3 Ao contrario dos três isômeros de cresóis os hidroxilados possuem nomes próprios. Eles tem muita importância comercial, e dois deles são importantes moléculas bioquímicas. A hidroquinona está presente em uma coenzima, e o catecol é parte de uma estrutura de um neurotransmissor chamado catecolamina. O-cresol m-cresol OH OH OH OH Catecol Resorcinol OH OH Hidroquinonaa 23 Hexaclorofeno foi amplamente utilizado como germicida em soluções de limpeza (pHisohex) e como um ingrediente em cremes desodorantes e outros cosméticos. Os produtos continham mais de 3% de hexaclorofeno. O composto era geralmente considerado como seguro e um agente bactericida efetivo. Entretanto, em 1972 as coisa mudaram de figura rapidamente. Uma explosão de doenças neurológicas entre as crianças do norte da França foi tratada com um poderoso bactericida chamado Bébé, o qual continha 20% de hexaclorofeno. Mais de 30 crianças morreram. O hexaclorofeno foi banido de todos os produtos e proibida a sua venda. Ele é ainda encontrado em prescrições hospitalares mas em concentrações inferiores a 3%. A mais importante reação comercial do fenol é a condensação com formaldeído para a produção de um polímero denominado de Baquelite. Ele foi usado inicialmente para como isolante elétrico e por último para produzir componentes plásticos na indústria de automóveis e eletrônica. O fenol também é empregado como indicador na forma de fenolftaleina, o qual é um indicador ácido-base. Cl Cl CH2 OH H OH C C H Cl Cl Cl OH HO OH OH Cl Hexaclorofeno O Fenolftaleina Baquelite A maior diferença entre álcoois e fenóis é que este último é um pouco mais ácido ( Ka = 10-10) do que os álcoois os quais são neutros. Os fenóis podem ser neutralizados por bases fortes, mas por serem também ácidos fracos não reagem com base fracas, tais como bicarbonato em solução aquosa. Esta última reação serve para diferenciar dos ácidos carboxílicos os quais diferentemente dos fenóis reagem com NaHCO3. CH3CH2OH + NaOH OH + NaoH OH + NaHCO3 Não Reage O - Na+ Não Reage