JORNAL IMAGEM www.oimagem.com.br ESPECIAL São Miguel do Oeste - Quarta-feira, 24/04/2013 - Edição 654 05 Doces finos Sabor com requinte, sofisticação e beleza Os produtos são mais que alimentos. São partes refinadas de uma arte São Miguel do Oeste abe aqueles doces que lhe dão água na boca antes mesmo de você prová-los? Que só pela beleza e a delicadeza da confecção lhe fazem desejar comê-lo? Você já imaginou como eles são feitos? Que sua produção vai além da cozinha e envolve criatividade, pesquisa e muitos ensaios para aguçar seu paladar e, claro, o pecado da gula? Pois é! Se foi o tempo em que o doce da vovó, o brigadeiro caseiro ou de lata, comprado no mercado, e o bolo recoberto de merengue e confetes coloridos reinavam absolutos nas mesas de sobremesas das festas infantis, casamentos e formaturas. S Hoje, na culinária fina ou gourmet, a cozinha virou laboratório. Já para os doces finos, se transforma num ateliê onde são criadas as pequenas, delicadas, saborosas e apetitosas obras de arte. E é no seu ateliê que Elisiane Cenci, ou simplesmente Bia, de 26 anos, dá forma a seus doces, que hoje integram os mais requintados eventos de cidades dos três estados do Sul, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Proprietária da Doce Caminho Delicatessen, Bia iniciou sua carreira de forma inusitada. Aos 17 anos foi trabalhar de babá na cidade do Rio de Janeiro (RJ). À época, sua antiga patroa, esposa de mili- tar, trabalhava com a confecção de doces para as mais variadas festas e, numa noite, atrasada com a produção, pedia à Bia se poderia lhe ajudar a terminar o trabalho. Foi ali o start para uma paixão irrefutável. Reparando na delicadeza e cuidados tomados por Bia para produzir os doces, a antiga patroa a incentivou a fazer cursos. O primeiro deles foi para a montagem de bolos fake (falsos) e esculturas com pasta americana. Logo depois, as tarefas aumentaram e Bia ganhou um curso para trabalhar com os mais variados tipos de chocolates e depois para linha fina. Dois anos depois, voltou para São Miguel do Oeste, onde trabalhou como babá e deixou os doces de lado. Mas o destino não deixou barato. Ela retornou ao Rio de Janeiro, agora com 19 anos, onde foi trabalhar de recreadora na educação infantil. Para incrementar a renda, ela voltou a produzir doces, desta vez, trufas, que eram vendidas em frente à uma universidade. A propaganda cabia às amigas, que incentivam os colegas a comprarem os "doces da Bia". Guinada Em 2007, foi convidada pela antiga patroa, que por ser esposa de militar, estava na cidade de São Borja (RS). Bia não pensou duas vezes e aceitou o desafio. Permaneceu na cidade gaúcha por três anos e voltou para São Miguel do Oeste decidida a não mais trabalhar com doces. Para sua sorte, o destino mais uma vez lhe colocou no eixo do sucesso. Dessa vez, a inauguração de um salão de beleza lhe deu o impulso para se transformar, hoje, na referência regional. Bia conta que assim que chegou na casa de sua mãe, a irmã insistiu para que ela confeccionasse os doces para tal inauguração. Mesmo que um pouco contrariada, ela aceitou o desafio. Foi ali que surgiu a empresa Doce Caminho. As clientes do salão adoraram os doces e a informação dos belos e saborosos doces se espalharam na cidade. Atualmente, Bia, que começou seu trabalho na pequena cozinha de sua mãe, tem seu próprio espaço, devidamente adequado à atividade, onde trabalha com mais duas pessoas. Ela revela que chega a trabalhar até 18h por dia. No seu ateliê são produzidos mais de 200 tipos de doces, como o doce indiano, com tâmaras, uva passas, damasco e amêndoa em lasca e o brigadeiro de pimenta rosa com limão siciliano, um fino e requintado doce que provoca as mais várias sensações gustativas. Os doces diet também integram a lista de produção. Recompensa Com o sorriso estampado no rosto e com uma pequena amostra de suas obras de arte sobre a mesa, Bia revela que a agenda não tem mais espaço para pedidos até dia 2 de junho. Ela lembra também das dificuldades, das horas de sono perdidas e dos desafios enfrentados, mas que tudo isso ficou para trás no dia em que seu primeiro cliente entrou pela porta do novo ateliê. O mercado Sobre o mercado, Bia diz que é vasto, mas que necessita de dedicação, empenho, pesquisa e testes. Seu sonho é de ter uma linha produção maior, sem deixar de lado seu principal diferencial: o requinte com o toque artesanal. Hoje, a carta de clientes supera a margem dos 600. Fotos: Agência IAF