Estudo da relação de rendimento entre fruto/doce de guabiraba (campomonesia xanthocarpa) Clevson Ricardo do Nascimento¹, Natália Barbosa da Silva², Valeska Feitosa do Nascimento³, Lucilene dos Santos4, Adivanir Soares da Silva5, Geane dos Santos6, Djalma José Correia de Figuerêdo7, Francisco Bahia Barreto Campello8, Introdução Objetivou-se com este trabalho desenvolver formulações de doce em massa de guabiraba com tecnologia simplificada para seu processamento e rendimento, observando-se otimizar o rendimento da fruta “in natura”, de modo que pudesse ser facilmente reproduzidas pelas doceiras do município de Paudalho-PE. Foi realizado apenas um único estudo de rendimento devido ao fato desse projeto ter sido aprovado pela FACEPE,em maio de 2005, após a safra natural dos frutos de janeiro a abril de 2005. A Guabiraba (Campomanesia xanthocarpa Berg ),é uma árvore de espécie frutífera,da família das Mytaceae, originária de cerrados do centro-oeste e sudeste do país,encontrada no Espírito Santo,Minas – Gerais,Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Seus frutos e folhas são ricos em vitamina A e C que ajudam no combate à gripe, tratamento de diarréia, cãibra entre outros. Seu consumo pode ser in natura ou até mesmo para elaboração de doces, geléias, sucos, etc. O doce de guabiraba é muito conhecido nessa região. Ele é feito com a polpa dos frutos(obtidos pela catação em baixo das árvores,num processo extrativista,visto que não há cultivo comercial) que varia de coloração – do verde ao amarelo- pelas doceiras artesanais que representam uma cultura centenária que faz da cidade um expoente nessa atividade, e tem toda um ritual refinado na sua fabricação. É acondicionado em latas e potes plásticos e em tabletes enrolados com papel vegetal(rodelas).São comercializados em barracas à beira de estrada e de porta – em – porta.A produção é insipiente,uma vez que não se tem estabilidade de frutos,tendo em vista depender das condições de um bom inverno para incrementar a produção.Contudo,consegue assegurar sustentabilidade econômica para as “doceira”,gerando renda e integrando-as nas atividades econômicas do município. Material e Métodos Foram avaliadas no período de março a junho de 2006 diversas formulações na composição do doce, que incluíram ácido cítrico em pó, suco de limão e açúcar utilizando-se frutos de guabiraba, com casca de coloração amarela e verde, nas condições do laboratório de Agroindústria do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas/CODAI, visando obter o melhor rendimento em relação á quantidade em gramas de frutos,polpa e consequentemente, de doce.Foram colhidos os frutos,condicionados em sacos plásticos e levados ao laboratório ,num prazo máximo de 2 horas após a colheita, sendo mantida sob refrigeração a parte dos frutos destinados à análise e a parte destinada ao beneficiamento . Os frutos foram devidamente higienizados, cortados e separados de suas sementes. Para a avaliação de rendimento, procedeu-se à pesagem dos frutos inteiros com casca, frutos sem casca, sementes e frutos sem casca e sem sementes. Utilizaram-se quatro formulações para o processamento de doce em massa,para dois grupos distintos: frutos de cascas com coloração amarela e frutos de cascas com coloração verde,de acordo com as seguinte formulações: A- polpa e açúcar B- polpa, açúcar e 0,5% de ácido cítrico C- polpa, açúcar e 0,25% de acido cítrico D- polpa, açúcar e 1,6 ml de suco de limão Para o preparo do doce foram utilizadas as mesmas quantidades de açúcar e de polpa dos frutos, como o recomendado pela literatura específica. 1-6. Estudante do Curso Técnico em Agropecuária, Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI/UFRPE). Avenida Doutor Francisco Correia, 643 Centro São Lourenço da Mata, PE CEP 54735-000. . E-mail: [email protected] 7-8. Professor, MSc;Engenharia Agronômica Prof. Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas(CODAI/UFRPE) Avenida Doutor Francisco Correia, 643 Centro São Lourenço da Mata, PE CEP 54735-000 . E-mail: [email protected]. Do conteúdo total de guabiraba utilizado nas formulações, dois terços (2/3) correspondiam a frutos maduros e um terço (1/3), a frutos não maduros. Conforme a literatura consultada (USDA, 1995), a utilização desses últimos justifica-se pelo seu maior teor de pectina em relação aos frutos maduros, o que reduz o teor de pectina a ser adicionada para proporcionar textura desejável ao doce. Nas quatro formulações não se utilizou pectina, pois a guabiraba já tinha pectina o suficiente para garantir textura de corte ao produto. Para o envase dos doces, foi utilizada a técnica de enchimento a quente (hot fill), pois a polpa do guabiraba, de natureza ácida, assim o permite (MARTIN e KATO, 1991; USDA, 1995). Após o envase, as embalagens foram colocadas inversas para sanitizar a tampa e depois armazenadas em temperatura ambiente, em local seco e ventilado (MARTIN e KATO,1991; USDA, 1998). Com o objetivo de avaliar a melhor formulação quanto às características sensoriais do doce em pasta, foram realizados o teste de perfil de características e ordenação de preferência (FERREIRA et al., 2000). No teste de perfil de características, foram utilizados cinco pontos avaliando-se aparência, cor, aroma, textura e sabor (DUTCOSKY, 1996). Os testes foram realizados com alguns provadores não treinados. A Tabela 1,em anexo,apresenta os valores do Grau Brix e de Ph das Formulações. Para obter dados do Brix das amostras retiramos a polpa e com um pano esprememos e colocamos diretamente as gotas no refratômetro, o pH foi feito de cada amostra através do P- Agâmetro calibrado com soluções Tampão de 4 e 7. Resultados e discussão As tabelas 2 e 3 , mostram os valores das quatros formulações utilizadas no estudo bem como os dados de peso dos frutos, peso das polpas e peso do doce. As formulações são: A - polpa e açúcar, B - polpa, açúcar e 0,5% de ácido cítrico, C - polpa, açúcar e 0,25% de acido cítrico D - polpa, açúcar e 1,6 ml de suco de limão. os rendimentos foram os seguintes: Os resultados desse estudo mostram que não houve diferenças quantitativas entre o rendimento do doce feito com frutos de casca com coloração amarela quando comparado com aquele feito com frutos de casca com coloração verde, indicando que ,nesse caso, o estágio fisiológico mensurado pela cor das cascas dos frutos não é o que interfere no aumento de rendimento entre frutos e o doce, e sim , a quantidade e qualidade da polpa do fruto , de preferência a polpa de cor amarela. Quanto ao Grau Brix do fruto parece haver diferenças quando se observa a utilização de diferentes polpas de frutos na fabricação do doce de guabiraba.Polpas com maior Grau Brix ( Formulação A) indica que há diferenças quanto a quantidade e qualidade de doce, sendo este avaliado como um produto de melhores características organolépticas. Polpa de frutos com menor Grau Brix (Formulaão D), produziram um menor rendimento quantitativo quando se mensurou a relação entre o peso dos frutos com o peso de sua polpa, indicando uma menor produção de polpa e de doce a partir dos frutos com casca de coloração amarela. Referências Agradecimento Ao Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI/UFRPE) por todo o apoio que nos deu na condução das nossas atividades, a Comunidade de Tiúma por todo seu empenho e ao Profº. Djalma José Correia de Figueredo pela dedicação e confiança, a Comunidade pela colaboração e participação de suas valiosas informações [1] CARVALHO; P. E. R. de. Gabiroba, a fruta do mato. Disponível em www.revista globorural. globo.com/GloboRural. Acesso em 30/08/2008. [2] César,Getulio, Curiosidade de Nossa Flora, pags157-160,Recife, 1956 [3] Ciência e Agrotecnologia,Universidade Federal de Lavras,vol. 21 pag 237 – 240,abril / junho 1997. [4] FRUPEX, goiaba para exportação pág 2224,EMBRAPA – SP [5] Guia Rural/ Plantar ,ed Abril pág 80 [6] Lorenzi,Harri,Árvores Brasileiras,vol I e II, pág.1992. ANEXOS Tabela 1 – Brix, Peso e pH das formulações °Brix Peso 1) 14° Brix 25g 2)10,5° Brix 25g 3) 10° Brix 25g 4)13,5 ° Brix 25g Ph 3,98 4,11 3,89 3,25 Resultados e discussão Tabela 2 - Fruto de casca com coloração amarela Formulação A fruto 1kg polpa 400g doce 600g B 1kg 457g 571,25g C 1kg 392g 420,50g D 1kg 457g 571,25g X 1kg 426,50g 540,75g Tabela 3 - Fruto de casca com coloração verde Formulação A fruto 1kg polpa 460g doce 620g B 1kg 457g 506,98g C 1kg 450g 507,14g D 1kg 385g 463,42g X 1kg 438g 524,38g