Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Bacharelado em Química Industrial Jessica Nathany de Oliveira Síntesedos Complexos [Co(NH3)5 NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 e Estudo da Influência do pH na Isomerização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 Anápolis-GO Março, 2014 Jessica Nathany de Oliveira Síntesedos Complexos [Co(NH3)5 NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 e Estudo da Influência do pH na Isomerização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 Trabalho de Curso II submetido ao corpo docente da Coordenação do Curso de Química Industrial da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial. Orientador: Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos Anápolis-GO Março, 2014 OLIVEIRA, Jessica Nathany. Síntese dos Complexos [Co(NH3)5 NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 e Estudo da Influência do pH na Isomerização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 Síntese dos Complexos [Co(NH3)5 NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 e Estudo da Influência do pH na Isomerização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 Jessica Nathany de Oliveira_2014 Orientador: Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos TC(Graduação), Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, 2014. 1. Síntese e Estudo. 2. Influência do pH 3. Isomerização dos complexos [Co(NH3)5ONO]Cl2 e [Co(NH3)5NO2]Cl2 I Ciências Exatas II. Química Industrial. 4 Jessica Nathany de Oliveira Síntese dos Complexos [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 e Estudo da Influência do pH na Isomerização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 Trabalho de Curso submetido ao corpo docente da coordenação de curso de Química Industrial da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial Aprovado em de março de 2014 Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos Orientador Prof. Dr. Ademir João Camargo Membro da Banca Prof. Dr. Renato Rosseto Membro da banca Anápolis, GO Março de 2014 5 Dedicatória Dedico este TCC, este curso de graduação a você mãe Marly Maria de Oliveira, a pessoa que mais me inspira nesta vida, a pessoa que sempre fez e faria o impossível pra me ver feliz. Só nós duas sabemos o quanto foi difícil chegar à reta final, portanto esta vitória é tão minha quanto sua. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente e acima de tudo a Deus, pela sua forte presença em todos os momentos da minha vida, guiando os meus passos e me levando ao melhor de mim mesma, agradeço por me mostrar que as coisas irão acontecer no tempo dele e não no meu e por me ensinar que eu posso ir além se tiver fé. Agradeço a Jesus simplesmente por tudo, por tudo o que sou e agradeço a minha mãezinha por passar sempre à frente na minha caminhada. Agradeço a minha família em nome da minha mãe Marly Maria de Oliveira pelo apoio incondicional, pelas palavras amigas, pelos puxões de orelha, pelas palavras de incentivo, conselhos, pelos abraços e por sempre estar ao meu lado. Agradeço ao meu irmão Gilvanio de Oliveira Junior pelo computador emprestado, pelo amor e por tantas vezes nestes anos ter se sacrificado por mim. Agradeço aos meus amigos pelo incentivo, pela compreensão de tantas noites onde eles foram trocados por pilhas e pilhas de livros, pelos momentos bons enfim pela amizade. Agradeço ao Prof. Dr. José Daniel Ribeiro de Campos, pela convivência durante anos que contribuiu muito para o meu crescimento pessoal e profissional, pelos conselhos que tanto me fizeram crescer, pela paciência e dedicação. Agradeço ao Veeja, Maanaim e Jave pela cumplicidade, pela força e orações que tanto me ajudaram. Agradeço a todos que de uma forma direta ou indireta contribuíram financeiramente para que eu pudesse subir este degrau. Agradeço aos meus tios Irene e Waldivino Elias da Silva por anos e anos acordando às 5h para me levar no ponto de ônibus. Agradeço ao meu avô José Isolino de Oliveira pelos cuidados de avô e de pai. 7 RESUMO O cobalto é um metal encontrado na natureza associado principalmente a cobaltita e a esmaltita. É também um dos metais mais importantes na química de coordenação em função da sua capacidade de formar um vasto número de complexos. Um dos complexos formados pelo cobalto é o composto [Co(NH3)5Cl]Cl2 um precursor na síntese de dois isômeros de ligação o [Co(NH3)5ONO]Cl2 e o [Co(NH3)5NO2]Cl2 sendo o isômero [Co(NH3)5NO2]Cl2 o complexo mais estável. Neste contexto foi sintetizado o complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2 e consecutivamente os dois isômeros. Todo os complexos foram caracterizados por espectroscopia no infravermelho (IV) e no ultra-violeta-visível (UV-vis). Após caracterização dos isômeros, efetuou-se estudo da influência do pH na isomerização do complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 (nitrito) em[Co(NH3)5NO2]Cl2 (nitro). Foram preparadas 3 (três) amostra do complexo nitroso variando-se os pH’s em 3,5; 7,0 e 10. O acompanhamento do processo de isomerização foi feito por espectroscopia no UV-vis. Os resultados mostraram que o pH não influenciou no processo de isomerização, tendo em vista que a mesma ocorreu em meio ácido, neutro e básico. O fator determinante foi o fato de o composto nitrito estar em solução, sendo a isomerização independente do pH. Palavras-Chave: Cobalto, Isomeria de ligação, UV-vis, pH. 8 ABSTRACT Cobalt is a metal found in nature mainly associated cobaltite and esmaltita. It is also one of the most important metals in coordination chemistry due to its ability to form a large number of complexes.One of the complexes formed by the compound is cobalt [Co(NH3)5Cl]Cl2 precursor in the synthesis of two isomers binding [Co(NH3)5ONO]Cl2 and [Co(NH3)5NO2]Cl2 isomer [Co(NH3)5NO2]Cl2 more stable the complex. In this context was synthesized [Co(NH3)5Cl]Cl2 complex and consecutively the two isomers . Analyses were also made in IR features to them and make sure that the two isomers were synthesized. Knowing that the isomers were synthesized this paper proposed to study the influence of the acidic environment in the nitro - nitrite isomerization. The sample (nitrite) was diluted in three solutions with different pH ranges and subsequent reading in the UV-vis daily for a week in order to realize changes in the absorption spectra of the bands. The results showed that the pH did not influence the isomerization process, given that it occurred in acid, neutral and basic. The determining factor was the fact that the nitrite compound is in solution as the aqueous medium. Keywords: Cobalt, Isomerism bounding, pH, UV-vis. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Amostras e estruturas dos complexos [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2.................13 Figura 2 - Preparo de solução tampão com pH 3,5........................................................................22 Figura 3 - sobreposição dos espectros dos isômeros nitro e nitrito........................................................23 Figura 4 - Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 3,5...........................................24 Figura 5 -Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 7,0...........................................25 Figura 6- Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 10,0.........................................25 10 Sumario 1. Introdução........................................................................................................................................ 11 2. Revisão de Bibliográfica ................................................................................................................. 13 2.1 Complexos de cobalto ..................................................................................................... 13 2.2Isomerismo....................................................................................................................... 13 2.2.1Isomeria estrutural de ligação ....................................................................................... 15 3. Objetivos .......................................................................................................................................... 19 3.1 Geral ................................................................................................................................ 19 3.2 Específicos ...................................................................................................................... 19 4. Materiais e Métodos ........................................................................................................................ 20 4.1 Síntese e Caracterização do Complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2 .............................................. 20 4.2 Síntese e Caracterização do Complexo[Co(NH3)5NO2]Cl2............................................20 4.3 Síntese e Caracterização do Complexo [Co(NH3)5ONO]C2........................................... 21 4.4 Preparam das soluções tampão ....................................................................................... 22 5. Resultados e Discussão....... ...................................................................................................23 5.1 Caracterização dos complexos: Cloreto de Pentaaminoclorocobalto (III) [Co(NH3)5Cl]Cl2, Cloreto de pentaamino(nitro)cobalto(III) [Co(NH3)5NO2]Cl2 e Cloreto de pentaamino(nitrito)cobalto (III) [Co(NH3)5ONO]Cl2 por espectroscopia de absorção na região do infravermelho........................................................................................................23 5.2 Estudo Cinético da Influência do pH na Isomerização do isômero [Co(NH3)5ONO]Cl2 para o isômero [Co(NH3)5NO2]Cl2........................................................ ...................... ..........24 6. Conclusão....................................................... ......................................................................28 7. Referências Bibliográficas................................. .................................................................29 11 1. Introdução Na maioria desses minerais, o cobalto ocorre associado a outros elementos metálicos, tais como níquel, cobre, chumbo, ferro e prata e uma das características deste metal é formar complexos. Quimicamente apresenta os estados de oxidação I, II, III, IV, V e VI, entretanto os estados de oxidação mais comuns são +2 e +3. O estado +2 também é conhecido como cobaltoso, e o + 3 cobáltico. No estado mais +2 ele forma sais simples estáveis e no estado +3 forma sais complexos estáveis. Seus sais são coloridos e os cobaltosos são de cor avermelhado ou azul, dependendo do grau de hidratação e de outros fatores. Os íons complexos de cobalto apresenta uma grande variedade de cor. Um exemplo é o cátion [Co(H2O)6]2+que é estável em solução, no entanto, a adição de outros ligantes facilita aoxidação a Co3+. Por outro lado, o íon [Co(H2O)6]3+ é um forte oxidante e pode ser 2+ reduzido a Co . Todavia existem ligantes capazes de estabilizar o estado de oxidação 3+ em solução aquosa, nesta categoria destacam-se ligantes contendo átomos de nitrogênio (AYALA, et al.,2003). A reação do íon [Co(H2O)6]2+ com NH3 na presença de peróxido de hidrogênio leva a formação do complexo [Co(NH3)5(H2O)]3+ , que tratado com HCl concentrado leva à formação do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2(Equação 1): 4[Co(H2O)6]2+(aq)+ 4 NH4+ (aq) + 20 NH3 + H2O2 4 [Co(NH3)6 ]3+(aq)+ 26 H2O (Equação 1) O complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2 também pode ser sintetizado a partir do CoCl2.6H2O (Equação 2): 3CoCl2.6H2O + 2 NH4Cl + 8 NH3 + H2O22 [Co(NH3)5Cl]Cl2 + 14 H2O (Equação2) O complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2 é um composto cristalino, de cor violeta-avermelhado, com estrutura octaédrica, pouco solúvel em água fria, etanol e éter. Este composto se decompõe acima de 150°C liberando NH3(g) e também é o precursor na síntese de dois importantes complexos o [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2. Sua importância está no fato de ser um dos poucos complexos dentro da química de coordenação a formar isômeros de ligação, sendo assim estudados e citados como referência quase sempre nas aulas práticas de química inorgânica (AYALA, et al, 2003). Existem vários tipos de isomeria: geométrica, óptica, de ionização e de ligação, com isso a capacidade de compostos formarem isômeros devem ser levadas em consideração (BARBOSA apud SIMÕES et al., 2010). 12 A isomeria de ligação ocorre quando um ligante pode se ligar através de diferentes átomos, um exemplo clássico deste tipo de isomeria são os complexos [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2, onde o íon NO2- pode se coordenar pelo átomo de nitrogênio ou pelo de oxigênio (SHRIVER; ATKINS, 2008). Este trabalho propõe a síntese dos complexos cloreto de pentaminclorocobalto(III) ([Co(NH3)5Cl]Cl2) que será um reagente de partida para a síntese dos isômeros cloreto de pentamino(nitro)cobalto(III) ([Co(NH3)5NO2]Cl2) e cloreto de pentamino(nitrito)cobalto(III) ([Co(NH3)5ONO]Cl2) com posterior estudo cinético desta variação de pH. isomerização em função da 13 2. Revisão de Bibliográfica 2.1 Complexos de cobalto Intimamente ligado ao desenvolvimento da química de coordenação, o cobalto pertence ao grupo nove da tabela periódica e apresenta quimicamente os estados de oxidação I, II, III, IV e V sendo os estados II e III os de maior importância. Já em relação à estabilidade, os íons Co2+ são mais estáveis, enquanto que os íons Co3+ são relativamente instáveis e oxidantes sendo umas das características deste metal a formação de complexos (COLTON, apud, MOURA; et al., 2006). Praticamente todos os complexos de Co(III) estão dispostos em um arranjo octaédrico possuindo 6 ligantes, onde muitos deles apresentam formas isoméricas sendo que os ligantes mais comuns são os doadores N (amônia, amina e amida) como nos complexos [Co(NH3)5NO2]Cl2 amarelo e [Co(NH3)5ONO]Cl2 róseo (salmão) (Figura 1) (MOURA, et al., 2006). Figura 1 - Amostras e estruturas dos complexos(a) [Co(NH3)5NO2]2+ e (b) [Co(NH3)5ONO]2+ . Fonte:PEARSON, 2004. 2.2 Isomerismo Em 1830 dois trabalhos sobre o isolamento dos compostos inorgânicos foram enviados a J. J. Berzelius os dois sobre a descoberta de um novo composto, ambos de fórmula AgCNO, o (cianeto de prata (AgNCO) e o fulminato de prata (AgONC)) mas com propriedades diferentes. Após varias análises Berzelius percebeu a possibilidade de existir várioscompostos 14 com mesma fórmula molecular, mas com propriedades diferentes, (BARBOSA, apud, SIMOES, et al., 2010). Surgiu então em 1830 o termo isomeria, onde Berzelius considerou as palavras gregas (iso = mesma e mero = parte) para dar a idéia de mesma composição. Assim, a definição de isomeria é dada como uma série de substâncias de mesma fórmula molecular, mas cujas conectividades e/ou arranjos espaciais de átomos são diferentes. Com a descoberta do fenômeno da isomeria foi possível compreender que as propriedades das substâncias químicas não dependem somente de sua composição, mas também do arranjo espacial dos átomos na molécula. A isomeria ocorre quando há dois ou mais compostos (chamados isômeros) com a mesma fórmula molecular, mas diferentes arranjos dos seus átomos, os isômeros têm diferentes propriedades físicas e químicas que podem ser observadas com maior intensidade em alguns compostos e outros não, dependendo do tipo de isomerismo (FONSECA, apud, CORREIA, et al, 2010). Em se tratando de isômeros em complexos inorgânicos é sempre importante lembrar que a síntese dos mesmos, a comprovação de suas estruturas moleculares e a avaliação de suas propriedades, forneceram os argumentos decisivos para que Werner pudesse desenvolver e defender a sua teoria de coordenação. A importância destes estudos à sua época colocou Werner em posição de destaque na química de coordenação de tal maneira que o seu nome é virtualmente sinônimo deste campo.O fenômeno do isomerismo cis-trans em química inorgânicaé capaz de ilustrar, em termos de número de exemplos conhecidos, o progresso da química inorgânica sintética. De fato, desde os estudos realizados por Werner no início deste século até os nossos dias, uma gama enorme de trabalhos envolvendo este tipo de isômeros vem sendo mencionada na literatura (QUEIROS, et al, 1997). Contudo, investigações similares a respeito de novos isômeros e das suas reações de isomerização são relevantes na atualidade uma vez que estudos físicos, químicos e teóricos de algumas destas reações podem conduzir ao entendimento de mecanismos, bem como o entendimento de estruturas químicas. O isomerismo pode ser dividido em vários tipos, mas existem duas formas básicas: isomerismo estrutural e estereoisomerismo. (MASCIOCCHI apud, BOLDYREVA ,et al, 1993). No isomerismo estrutural uma ou mais moléculas apresentam mesma fórmula empírica, mas os constituintes ficam arranjados de formas diferentes. Os mais importantes nesta classe são os de hidratação, de polimerização, de coordenação e de ligação. O estereoisomerismo surge quando dois ou mais compostos têm a mesma fórmula empírica e a mesma sequência de ligação átomo a átomo, mas com um arranjo espacial diferente. O 15 estereoisomerismo, por sua vez, é subdividido em isomerismo geométrico e isomerismo óptico(LINHARES, et al, 1997). Isomeria de hidratação: também conhecida como isomeria de solvatação. Neste tipo de isomeria, a água está envolvida e também pode ser similar a alguns tipos de isomeria de ionização. A água pode estar diretamente ligada ao metal central, ou presente como solvente livre na rede cristalina ou em solução um exemplo é o complexo [Cr(H2O)6]Cl3 e seu isômero solvatado [Cr(H2O)5Cl]Cl2.H2O (LEE, 1996). Isomeria de coordenação:esta forma de isomeria surge a partir da troca de ligantes entre complexos catiônicos e aniônicos de diferentes íons metálicos presentes em um sal. Um exemplo é dado por [Co(NH3)6]3+ [Cr(CN)6]3-, em que os ligantes NH3 ligados ao Co3+ e CNligados ao Cr3+ , onde neste caso ocorre a troca de ligantes formando os isômeros [Cr(NH3)6]3+ e [Co(CN)6]3-, pois o NH3se liga ao Cr3+ e CN- coordena ao Co3+( LEE, 1996). Isomeria de polimerização:Um caso especial de isomeria de coordenação que surgiu para uma série de compostos que tem a mesma fórmula empírica, mas diferentes massas moleculares para o sal onde apesar de não envolver polimerização de acordo com a definição convencional envolvendo a ligação junto de uma única unidade de repetição. Exemplo de polimerização [Co (NH3)6] [Co(NO2)6]x ( x = 2 ) (LEE, 1996). Isomeria geométrica:O isomerismo geométrico do tipo cis-trans é observado quando dois grupos iguais ocupam posições adjacentes (cis) ou opostas (trans) um em relação ao outro em um complexo. Um grande número de exemplos ilustram esta situação na geometria, podendo-se citar o exemplo clássico dos isômeros violeta (cis) e verde (trans) do [Co(NH3)4Cl2]+Cl-, investigados por Werner. Na geometria quadrado planar isômeros cis e trans são também comuns (LINHARES, et al,1997). Isomeria óptica:Um composto diz-se exibir isomerismo óptico, quando é possível construir uma imagem no espelho, sendo que esta imagem não é sobreponível com o original. A forma mais comum de isomeria óptica é encontrada em compostos orgânicos. 2.2.1 Isomeria estrutural de ligação Dois complexos metálicos são considerados isômeros de ligação se contiverem ligantes ambidentados ligados através de um átomo diferente em cada um dos isômeros. Estes diferentes modos de coordenação podem ser conseguidos termicamente ou fotoquimicamente (WARREN, apud, GREEN, 2011). A isomeria de ligação é um tipo de isomeria de complexos de metais de transição onde ligantes são capazes de se coordenar por diferentes átomos devido 16 ao fato de mais de um átomo ter condições de doar um par eletrônico. O primeiro exemplo de isomeria de ligação foi relatado por Jörgensen, em 1893, para os complexos de cobalto (III) nitro (Co-NO2) e nitrito (Co-ONO). Após 1893, foram relatados novos isômeros de ligação envolvendo vários ligantes como NCS-, NCO-, CN-, NO-, NO2-, SO32-, CO2- (BASOLO,apudBUDA, et al., 2005). Os isômeros de ligação têm potencial importância tecnológica, como exemplo tem-se a mudança do índice de refração em uma escala molecular, associado também com uma mudança fotoinduzida nos cristais, o que permite a concepção da capacidade de armazenamento de dispositivos (COPPENS, et al, 2001). A coordenação do ligante NO2 em metais de transição da primeira e segunda serie da tabela periódica, atualmente vem sendo objeto de pesquisa na química inorgânica. As pesquisas são voltadas tanto para um entendimento da parte estrutural como dos mecanismos de reação. Grande parte desse interesse surgiu a partir da confirmação da formação de diferentes estruturas para este ligante (NOELL, et al, 1978). A isomerização nitrito-nitro é um tipo clássico de isomeria de ligação que ocorre em complexos de Co3+. Podem ser obtidos tanto por síntese ou por interconverção de acordo com a influência de alguns fatores como temperatura e radiação. Nos complexos [Co(NH3)5NO2]2+ e [Co(NH3)5ONO]2+ o íon NO2- coordena-se de duas formas diferentes ao centro metálico, sendo no primeiro caso pelo átomo de nitrogênio e no segundo pelo átomo de oxigênio (AYALA, et al, 2003). Segundo (MASCIOCCHI, et al, 1993), o que se observa é que este tipo de isomerização pode ocorrer tanto intramolecularmente em solução como também no próprio estado sólido, com isso o estudo dos aspectos estruturais são importantes pra compreender a isomerização tanto “inter” quanto “intra” molecular. Estudos desta isomerização também permitem entender a relação entre uma transformação intramolecular (isomerização de ligação) e a distorção da estrutura cristalina induzidas por uma reorganização intramolecular. Existem vários artigos e trabalhos sobre a isomerização nitrito-nitro, alguns tratam da influencia da temperatura neste processo (VIROVITS, et al, 1994 faz um estudo comparativo das estruturas de cristais de complexos contendo ligantes NO2 e ONO onde relata a influencia da temperatura), outros estudam os efeitos fotoquímicos um exemplo é o estudo feito por Grenthe e Nordim onde é feito uma comparação da isomerização nitrito nitro em estado solido levando em consideração a influência fotoquímica, efeitos do solvente (ADAMO,1994) pesquisa o equilíbrio do solvente ligado e sua interferência no processo de isomerização), e até mesmo cálculos teóricos (BOLBYREVA, et al, 1985 estudou por métodos 17 computacionais a isomerização de ligação nitrito/nitro). Todos os exemplos citados apontam para como ocorre o processo. Em 1979, Noell e colaboradores mostraram, de forma geral, duas contribuições de primordial importância para a estabilidade do complexo nitro que apresenta um ângulo de torsão, sendo estas contribuições causadas por interações eletrostáticas e de transferência de carga. Ambas as contribuições são dependentes da ocupação do orbital π* orbital do monômero nitrosil (NOELL, MOROKUMA, 1979). Outro estudo comparativo da isomeria de ligação dos isômeros [Co(NH3)5NO2]Cl2e [Co(NH3)5ONO]Cl2 em estado sólido revelou através de técnicas de raio-X que a isomerização nitrito- nitro fotoquimicamente é, provavelmente, um processo intramolecular que ocorre através de um estado de transição ( GRENTHE, NORDIN, 1970). A retenção da ligação Co-O durante a reação de substituição sugere que complexos podem ser formados e isolados a partir de reações, sob condições brandas, com excesso de íons NH3. Basolo e Hammake conseguiram preparar complexos de nitrito pentaaminocromo (III), Rh3+ , Ir3+ e de Pt4+. Com a exceção do complexo de Cr3+, todos isomerizaram tanto em solução como no estado sólido para a forma nitro. O modo de ligação do íon nitrito mostra ser bastante sensível às mudanças nos requisitos estéricos de outros ligantes na esfera de coordenação desses complexos, com o aumento do impedimento estérico (BASOLO, HAMMAKE apud, HAMMAKE, 1968). Existem pesquisas que comprovam que os isômeros ONO e NO2 podem tanto ser sintetizados como também podem ser obtidos pela pelo uso de radiação ultravioleta. Tomando como exemplo a técnica de estudos dos isômeros em estado sólido, pode-se dizer que esta é limitada por ele se apresentar fragmentado no decorrer do percurso da irradiação, entretanto técnicas de pó e o composto em solução são possíveis até mesmo para estudar a deformação da estrutura, ou seja, a mudança da banda o (inverso de nitrito-nitro). Tomando como exemplo o complexo [Co(NH3)5ONO]Br2no processo de isomerização nitro-nitrito o sistema cristalino ou permanece inalterado ou se torna mais simétrico, isso com uma análise feita por técnicas de raios-x de difração de pó (XRPD). A isomerização nitrito-nitro é permitida por existir sítios de coordenação para oxigênios terminais, ou seja, existe uma possibilidade de ele se arranjar. As técnicas de difração de raios-x são apenas um exemplo em meio a outras técnicas que podem ser usadas como ferramentas para o estudo desta isomerização como infravermelho e UV (BOLDYREVA, apud, MASCIOCCHI, et al, 1993). 18 A isomerização nitrito-nitro obtida a partir da fotoisomerização mostra que a isomerização envolve apenas os íons complexos enquanto que a estrutura do cristal vai permanecer intacta de acordo com o previsto pela literatura (BOLDYREVA, et al, 1985). Outro ponto importante deste tipo de isomeria é que esta também pode ser estudada em solução. Sendo assim, é possível analisar vários fatores que podem influenciar no processo de conversão. Neste caso, as interações soluto-solvente serão tratadas com precisão, pois dependo do tipo de soluto a isomerização pode ocorrer de forma efetiva. Desta forma, a cinética é imprescindível para uma compreensão detalhada da isomerização ( ADAMO, et al, 1994). Segundo Adamo 1994, a isomerização pode ser tratada com modelos contínuos que tratam o solvente como um meio dielétrico. O soluto (amostra) e colocado neste meio continuo e as interações soluto-solventes são tratadas tanto clássica como mecanicamente. Os resultados mostraram que a inclusão do campo solvente na reação tem um papel definitivo na estabilidade relativa dos dois isômeros nitrito e nitro. Um estudo comparativo da estrutura do cristal nitrito e nitro em um complexo inorgânico foram realizados também onde os compostos foram sintetizados e durante todo o processo tratado no escuro para evitar isomerização antes do tempo. Segundo este estudo, existem condições objetivas para a rotação dos átomos de oxigênio do grupoNO2 e os átomos de hidrogênio do grupo NH3. Isto é talvez responsável pela orientação observada destes grupos. Esta hipótese é consistente com a isomerização de ligação nitrito-nitro (VIROVETS, et al, 1994). O mecanismo da reação de isomerização parte do isômero nitrito (ONO-Co) instável que se converte ao isômero nitro (O2N-Co) em um processo de equilíbrio. [Co(NH3)5ONO]2+ ⇄ [Co(NH3)5NO2]2+ 19 3. Objetivos 3.1 Geral Sintetizar e caracterizar os complexos [Co(NH3)5Cl]Cl2 [Co(NH3)5ONO]Cl2 e estudar o efeito do pH na , [Co(NH3)5NO2]Cl2 e isomerização do complexo os isômeros [Co(NH3)5ONO]Cl2 para o [Co(NH3)5NO2]Cl2 . 3.2 Específicos Sintetizar o complexo precursor Co(NH3)5Cl]Cl2 e [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2 ; Caracterizar os complexos por espectroscopia no infravermelho e UV-vis; Acompanhar por espectroscopia no UV-vis a isomerização do complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 (nitrito) em [Co(NH3)5NO2]Cl2 (nitro), variando-se o pH. 20 4. Materiais e Métodos 4.1 Síntese e Caracterização do Complexo[Co(NH3)5Cl]Cl2 (JOLLY, 1970). Foram dissolvidos 2,5 g de NH4Cl (P.A., Dinâmica), em 15 ml de NH4OH (28%, Dinâmica) concentrado em um béquer de 100mL. Em seguida, a solução foi transferida para uma cápsula de porcelana média. A esta solução foram adicionados 5 g de CoCl2.6H2O (P.A., Vetec), em pequenas porções, sob agitação contínua. Durante a agitação adicionou-se, lentamente e em pequenas porções,6,0mL de água oxigenada 30%, (30%, Merck), pelas paredes do recipiente. Quando a efervescência cessou foram adicionados 15 mL de HCl concentrado (38%, Anidrol). A mistura então foi aquecida em banho-maria até que seu volume reduziu para a metade. A solução foi agitada com bastão de vidro evitando que o sal cristalizasse nas bordas da cápsula. A solução foi resfriada a temperatura ambiente e em seguida em banho de gelo.Os cristais vermelhos foram separados por filtração a vácuo e lavados com pequenas porções de água gelada e depois com álcool etílico (96%, Itajá). Os cristais foram secos o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando. O produto formado foi caracterizado por espectroscopia no infravermelho em pastilha de KBr e no UV-vis em água deionizada. O espectro vibracional no infravermelho do complexo mostrou absorção máxima na faixa de 3600cm-1, 1600cm-1e 850cm-1. 4.2 Síntese e Caracterização do Complexo [Co(NH3)5NO2]Cl2(JOLLY, 1970). Preparou-se uma solução contendo 25 ml de água destilada e 2mL de amônia concentrada (28%, Dinâmica)saturada com 2,00g do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2. A solução foi aquecida ligeiramente a 60°C e filtrada a quente. Foi resfriada a temperatura ambiente e logo em seguida neutralizada com solução de ácido clorídrico 6 mol/L. Foram adicionados 3,0g de nitrito de sódio (99%, Vetec) sólido à solução que, em seguida, foi aquecida ligeiramente a 60°C até que todo o precipitado avermelhado formado inicialmente se dissolveu por completo. A solução foi resfriada a temperatura ambiente, e em seguida, adicionado muito lentamente no início e depois mais rapidamente 35mL de HCl concentrado (38%, Anidrol), Após a adição do HCl a solução foi novamente resfriada em banho de gelo. Os cristais foram separados por filtração a vácuo e lavados,em seguida, com 21 pequenas porções de água gelada, álcool etílico (96%, Itajá). Os cristais foram secos o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando. O complexo foi caracterizado por espectroscopia no infravermelho em pastilha de KBre no UV-vis em água deionizada. O espectro vibracional do complexo no infravermelho mostrou absorção máxima na faixa de 1500cm-1, 1315cm-1 e 850cm-1 com um aumento de intensidade na faixa de 1430cm-1. 4.3 Síntese e Caracterização do Complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2(JOLLY, 1970). Preparou-se uma solução contendo 20mL de água destilada, 5mL de amônia concentrada (28%, Dinâmica) e 1g do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2. A solução foi aquecida ligeiramente a 60°C, filtrada a quente, resfriada a temperatura ambiente e depois neutralizada com solução de HCl(38%, Anidrol), 6 mol/L. Foram adicionados1,50g de nitrito de sódio (99%, Vetec) e 1,5mL de ácido clorídrico 6,0mol/L, sob agitação e, em seguida, a solução foi resfriada em banho de gelo.Os cristais foram separados por filtração a vácuo e, em seguida, lavados com pequenas porções de água gelada, álcool etílico (96%, Itajá). Os cristais foram secos o máximo possível, no próprio funil, deixando o sistema de vácuo funcionando. Após a secagem dos cristais foi feito a caracterização do complexo por espectroscopia no infravermelho em pastilha de KBr e no UV-vis em água deionizada. O produto foi armazendo em frasco fechado, envolvido em papel alumínio para protegê-lo da luz e na geladeira, para retardar sua isomerização. O espectro vibracional do complexo no infravermelho mostrou absorção máxima na faixa de 1500 cm-1, 1315 cm-1 e 850 cm-1 o composto apresentou dois picos adicionais observados em 1460 cm-1 e 1065 cm-1 que o difere do composto nitro. 22 4.4 Preparam das soluções tampão Solução tampão ácido acético- acetato pH 3,5: Foram medidos 5,0mL de acetato de sódio 2 mol/L e 20,0 ml de ácido acético 2 mol/L, as soluções foram transferidas para um balão volumétrico de 1 litro e o volume foi completado com água destilada. O pHmetro foi calibrado e em seguida foi medido o pH do tampão para se certificar que ele realmente estava na faixa de 3,5 como o previsto. Os tampões foram guardados em geladeira até diluição com a amostra. O fluxograma abaixo mostra de forma simples o preparo: Figura 2-Preparo de solução tampão com pH 3,5. 23 5. Resultados e Discussão 5.1 Caracterização dos complexos: Cloreto de Pentaaminoclorocobalto (III) [Co(NH3)Cl]Cl2, Cloreto de pentaamino(nitro)cobalto(III) [Co(NH3)NO2]Cl2 e Cloreto de pentaamino(nitrito)cobalto (III) [Co(NH3)ONO]Cl2 por espectroscopia de absorção na região do infravermelho. A leitura foi realizada na região de 4000 a 400 cm-1. Foi obtido as bandas dos diversos modos vibracionais dos grupos NH3 no complexo pentaaminoclorocobalto(III), que por comparação com os espectros dos complexos pentaamino(nitro)cobalto(III) e pentaamino(nitrito)cobalto(III) identificou-se as bandas do grupo NO2 e ONO. Os espectros dos isômeros [Co(NH3)NO2]Cl2 e [Co(NH3)ONO]Cl2são mostrados na figura 4. Figura 5 -Espectro no infravermelho dos complexos [Co(NH3)5NO2]Cl2 e [Co(NH3)5ONO]Cl2. Os espectros de ambos os compostos revelam absorbância máxima em na faixa de 1500, 1315 e 850 cm-1.A diferença entre os dois espectros esta no composto nitrito que apresenta dois picos adicionais observados em 1460 e 1065 cm-1 já no composto nitro há um aumento de intensidade na banda na faixa de 1430 cm-1característica do composto. 24 5.2 Estudo Cinético da Influência do pH na Isomerização do isômero [Co(NH3)ONO]Cl2 para o isômero [Co(NH3)NO2]Cl2 O estudo cinético da isomerização foi feito utilizando-se soluções tampão prontas (Dinâmica) em três pH’s diferentes: 3,5; 7,0 e 10. O complexo [Co(NH3)ONO]Cl2 foi diluído nas soluções tampão de diferentes pH . Num espectrofotômetro de UV-vis (PerkinElmer, Lambda 25), foram obtidos espectros a cada 30 min. por 24 h, em cada pH. Na primeira etapa foram obtidos espectros no UV-vis dos complexos [Co(NH3)ONO]Cl2e [Co(NH3)NO2]Cl2 em água deionizada. Em seguida, preparou-se uma solução de 0,0037g do complexo [Co(NH3)ONO]Cl2 em 10 ml de solução tampão pH 3,5. Os espectros no UV-vis foram obtidos na faixa de 400 a 700 nm, a cada 30 min., por 24h. O mesmo procedimento foi realizado com o isômero em solução de pH 7,0 e 10. Os espectros de absorção no UV-vis do processo de isomerização em pH 3,5; 7,0 e 10 são mostrados nas figuras 5, 6 e 7, respectivamente juntamente com as tabelas dos máximos λ de onda. Tempo (min) λ max. pH 3,5 30 485 nm 150 453 nm Figura 4- Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 3,5. 25 Tempo (min) λ max. pH 7,0 30 485 nm 180 453 nm Figura 5- Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 7,0. Tempo (min) λ max. Abs. pH 10 30 485 nm 240 453 nm Figura 6-Espectro de Absorção no UV-vis do isômero nitrito em pH 10,0. A princípio tinha-se então um composto de cor vermelho tijolo apresentando uma banda larga centralizada em aproximadamente 485 nm, indicando que havia apenas o complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2. Em todos os três pH estudados, observa-se nos espectros no UV-vis da figuras 5, 6 e 7 que, em função do tempo, essa banda de 485nm começou a se deslocar para menor número de onda, até um banda centralizada em aproximadamente 453nm, a qual refere-se ao complexo [Co(NH3)5NO2]Cl2. Esses dados mostram que o complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 isomeriza-se a [Co(NH3)5NO2]Cl2 independentemente do pH em que ele esteja e na presença de luz. O conjunto de espectros no UV-vis da figura 5 mostra que em pH 3,5 o complexo[Co(NH3)5ONO]Cl2se isomerizou a[Co(NH3)5NO2]Cl2 em aproximadamente 150 min, em pH 7,0 esse evento se deu em aproximadamente 180 min e em 26 pH 10, em aproximadamente 240 min. Pode-se concluir que a isomerização ocorreu em todos os pH’s: ácido, neutro e básico. No entanto, em pH 3,5 (ácido) o processo se deu mais rapidamente que em pH 7,0 (neutro) e que em pH 10 (básico). No estado sólido e quando armazenado em baixa temperaturas, o complexo [Co(NH3)ONO]Cl2 pode-se manter estável por mais de uma semana. Os dados obtidos sugerem que a isomerização se dá mais facilmente quando o complexo [Co(NH3)ONO]Cl2 está em solução aquosa se comparado ao estado sólido. Isto talvez se deva ao fato da água favorecer um estado de transição no mecanismo de isomerização ou simplesmente o complexo ter mais mobilidade em solução que no estado sólido. A isomerização do composto nitrito para a forma nitro pode ocorrer ou no estado solido ou em solução, esta reação segundo Murmann e Taube (1956), ocorre de forma intramolecular tanto para o estado solido como também em solução sendo independente da concentração de íons nitrito. Os experimentos mostram que o composto isomerizou até mesmo em meio básico com isso o fator determinante na isomerização neste estudo foi o fato de ele está em solução. O pH não influenciou na isomerização mas ao colocar o complexo em solução foi visto que esta acelerou o processo de isomerização, ou seja, deslocou o equilíbrio de nitrito para nitro. Segundo ADAMO et al, (1994) as interações entre soluto e moléculas de solvente são representativas das variações nas propriedades físicas e químicas de um soluto como também podem influenciar fortemente nas energias dos mecanismos de reação do soluto e, por vezes, os caminhos de reação. Assim com base nestes estudos e nos experimentos realizados no presente trabalho, sugere que as moléculas do solvente indicaram a isomerização fornecendo as contribuições energéticas necessárias para a reação de isomerização, sem influenciar ou alterar diretamente no processo. Um estudo de Ciofini 2001, mostra que existe uma melhor concordância para os comprimentos de ligação Co-NO2 quando o campo eletrostático externo gerado pelo solvente é levado em consideração e os experimentos aqui citados confirmaram esta hipótese. A cinética de todo o processo foi determinada pelas interações específicas solutosolvente e provavelmente ocorreu um rearranjo da ligação Co-O-N-O. A cinética em solução aquosa é independente do NO2 e os íons nitrito não saem da esfera de coordenação. Na verdade, verificou-se que o solvente atuou no estado de transição da interconversão nitrito/nitro, favorecendo fortemente uma espécie com separação de carga isso aumentou o 27 carácter iônico da ligação Co-NO2 e, ao mesmo tempo, diminui a energia de ativação da reação. O mecanismo de reação, em ambos os casos, passa por o isômero (o nitrito), que é instável e converte gradualmente para o isômero N-ligado (nitro) em um processo de equilíbrio. [Co(NH3)5ONO]2+ ⇄ [Co(NH3)5NO2]2+ Segundo Podbereskaya, et al (1992), a foto isomerização pode ocorrer dependendo da estrutura do cristal, tamanho e forma da esfera exterior , mesmo que o modo de coordenação do ligante para o metal seja o mesmo. Está característica pode ser verdadeira também para os experimentos realizados. O composto também mudou de cor, pois no primeiro ciclo a solução apresentava uma cor avermelhada e ao fim do experimento mudou para verde amarelado. Para um certo íon metálico a cor depende do tipo de ligante. Segundo o diagrama de cromaticidade proposto pela Teoria do Campo Cristalino se um composto absorve na faixa de 480 a 500 nm ele absorve no verde azulado e a cor observada é o vermelho alaranjado. Se ele absorve de 430 a 480 nm ele absorve no azul esverdeado e a cor observada é verde amarelado. Isso foi propriamente o que aconteceu nos experimentos. Um dos fatores que afetam a mudança de cor é a geometria dos complexos por afetar diretamente na separação dos orbitais d. 28 6. Conclusão Neste trabalho estudou-se a influência do pH na isomerização do complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 em [Co(NH3)5NO2]Cl2. Em todos os pH’s testados (pH 3,5; 7,0 e 10) o processo de isomerização foi observado. No entanto, em pH 3,5 a isomerização ocorreu completamente em 150 min, em pH 7,0 ocorreu em 180 min e em pH 10, em 240 min. O fato do complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 ser estável no estado sólido, quando mantido a baixas temperaturas, mostrou que o fator determinante para a isomerização foi o fato do complexo [Co(NH3)5ONO]Cl2 estar em solução aquosa. A estabilização adicional complexo [Co(NH3)5NO2]Cl2 é encontrada em solução, os resultados mostram que o isômero nitro é mais estável do que o complexo de nitrito em solução com isso o complexo nitrito tende a isomerizar. Os efeitos do solvente no caso afetaram fortemente o equilíbrio a favor das espécies nitro. As pesquisas deixam muitas perspectivas futuras tendo em vista que o mecanismo de isomerização é amplo e nada simples. Sendo assim a influencia do pH na isomerização é apenas o inicio para a compreensão do processo como um todo. Assim seria interessante pesquisas com pHs que não fossem soluções tampão, estudar a influência da temperatura no processo, a influência do H+ como catalisador e a influência de diferentes soluções. 29 7. Referências Bibliográficas ADAMO, C.; LEJI, F. Equilibrium Solvent Effect in the Framework of Density Functional Theory.Application to the Study and Inorganic TautomericEquilibria.Mach, 1994. ADAMO, C.; LELJ, F. Equilibrium solvent effect in the frameworkof density functional theory.Application to the study of the thermodynamicsof some organic and inorganic tautomericequilibrio. Italy 1994. AGHABOZORG, H.R; AGHABOZORG,H; GHOLIVAND, K, H.The Kinetic Study Of The Linkage Isomerism In [Co(NH3)5NO2] F2 Complex. P. 102, 1993. ATKINS, P, W; SHRIVER, D, F. 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