8 CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO UNIFAI TATIANA VIVE COLOMBO GIUSFREDI COMO O PSICOPEDAGOGO PODE ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 1 A 2 ANOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL São Paulo 2010 1 COMO O PSICOPEDAGOGO PODE ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 1 A 2 ANOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Tatiana Vive Colombo Giusfredi¹ Orientador: Vania Ramos² RESUMO Este artigo científico relata a importância de que o Psicopedagogo tem em conhecer e estimular o desenvolvimento de crianças, no caso de 1 a 2 anos, na própria Educação Infantil; onde se aprende brincando a descobrir o mundo de um jeito próprio. Na pesquisa foram utilizados alguns autores como Piaget, Freud, Erikson, Wallon e Le Bouch para confirmar a importância do estímulo em todas as etapas que a criança passa em seu desenvolvimento, onde foi realizado uma pesquisa de campo, através de atividades lúdicas bem elaboradas com os objetivos bem definidos em proporcionar as descobertas, a necessidade de experimentar e de descobrir tudo o que as envolve; possibilitando assim a construção do adulto de amanhã. Palavras-chave: Psicopedagogo; criança; estímulo; desenvolvimento. ABSTRACT This scientific article describes the important knowledge of a psychologist have to stimulate children development, aged 1 to 2 years, during the children education; time where they discover, kidding, the world by themselves way. At the research names like Piaget, Freud, Erikson, Wallon e Le Bouch, were used to confirm the importance of the stimulus during every stage that the children pass in your development, where was done a field research, through well prepared playful activities with well defined objectives to give the discoveries, the necessity to try on and discover every thing around them; doing be possible the building of the tomorrow’s adult. Key words: Psychologist; child; stimulus; development. 1-Pós-graduada em Psicomotricidade e Pedagoga ambos pela Unifai. Professora de Educação Infantil da rede Municipal de São Paulo. 2-Doutora em Ciências Sociais e Mestre em Gerontologia pela PUC/SP, Psicopedagoga Psicomotricista, sócio titular n.132 da SBP. Coordenadora do curso de Pós-graduação em Psicomotricidade da Unifai. 2 INTRODUÇÃO A base de todos os princípios de conhecimentos adquiridos toma como partida a Educação, mais precisamente na Educação Infantil, área onde atuo com crianças na faixa etária de 1 a 2 anos, como professora em um CEI da rede municipal da cidade de São Paulo, pode dizer que esta é a fase onde todo o desenvolvimento inicia, tanto motor como o cognitivo, pois os aspectos físico, psíquico e intelectual, uma vez estimulados em diferentes etapas do crescimento, auxiliam o indivíduo na construção do pensamento e da inteligência. Ampliando estes conhecimentos, ocorre a estimulação na fase inicial onde o desenvolvimento é acentuado e decisivo, evitando assim possivelmente, problemas futuros e promovendo a construção de um ser humano integrado. Possui um embasamento biográfico de alguns autores como, Piaget, Wallon, Freud, Erikson, Le Boulch, entre outros, que relatam suas teorias sobre o desenvolvimento humano contribuindo assim para um melhor conhecimento da criança e destacando a relação entre eles com a importancia do desenvolvimento humano para a atuação do psicopedagogo. Este artigo científico, com o tema “Como o Psicopedagogo pode estimular o desenvolvimento de crianças de 1 a 2 anos na Educação Infantil” parte do conhecimento do desenvolvimento afetivo e cognitivo esperado para a idade escolhida, onde é possível analisar as incoerências e assim realizar atividades de caráter lúdico, que estimulam as diferentes etapas do crescimento, onde foi utilizado uma pesquisa de campo para comprovar tais informações, feita com 27 crianças com idade de 1 ano e 3 meses a 1 ano e 8 meses, alunos de um CEI – Centro de Educação Infantil, uma instituição de ensino municipal, localizado em São Paulo, no período de fevereiro a abril de 2010; para comprovar que o Psicopedagogo tem a possibilidade de auxiliar o indivíduo na construção do pensamento, da inteligência e do ato motor preciso e harmonioso. 3 1. O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO O desenvolvimento humano é condição para a aprendizagem e a aquisição das estruturas próprias de cada nível, fase ou período que capacita o sujeito a novas e mais amplas aprendizagens. Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem apresentam-se como indissociáveis, pois o próprio conceito de desenvolvimento, essencialmente ligado a processos de mudança, de transformação, ao longo da vida do sujeito, e em cada uma das múltiplas dimensões do seu funcionamento psicológico, inclui, necessariamente a ocorrência de processos de aprendizagem. Esses processos dizem respeito a um amplo número de experiências do sujeito no mundo, desde o mais simples comportamento até os mais complexos fenômenos de construção. As práticas educativas ocupam lugar de destaque nesses processos, dada sua importância na construção do ser humano. Neste sentido, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo (Bossa, 2000, p. 23). Ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo. Portanto, o psicopedagogo tem como função identificar a estrutura do sujeito, suas transformações no tempo, influências do seu meio nestas transformações e seu relacionamento com o aprender. Este saber exige do psicopedagogo o conhecimento do processo de aprendizagem e o estudo do desenvolvimento humano e todas as suas interrelações com outros fatores que podem influenciá-lo, das influências emocionais, sociais, pedagógicas e orgânicas. Possuindo todos esses conhecimentos sobre o desenvolvimento de uma criança de 1 a 2 anos, e muitos outros a serem pesquisados, o Psicopedagogo poderá agir de uma maneira lúdica, para estimular esse desenvolvimento, tornando-o cada vez mais estruturado, evitando assim problemas futuros, inclusive na aprendizagem. Estabelece assim a importância de desenvolver essas atividades na Educação Infantil com o apoio e suporte do professor, um aliado essencial. 4 Atividades estas mencionadas encontram-se as que estimulem a ampliação da linguagem, como histórias com fantoches, objetos variados e os próprios livros; músicas infantis, parlendas, trava-línguas e relatos da vida diária em uma roda de conversa ou um bate-papo, como também álbuns-seriados com imagens de seu dia-a-dia; são ótimas atividades para estimular a ampliação do vocabulário e o aperfeiçoamento da pronúncia, algo extremamente importante nesta idade, pois seu vocabulário se amplia em números grandiosos em pouco tempo como afirma Piaget (1993) quando menciona sobre o Período Pré-Operatório fase da qual destaca-se o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem acarretando modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as interações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem. Pode-se dizer que a brincadeira e o faz de conta são meios também de desenvolver a linguagem, pois imaginando a criança se comunica, constrói histórias e expressa vontades. Estas crianças que vivem num ambiente rico em interações aprendem a demonstrar desejos, sentimentos e necessidades. Outro fator a ser estimulado é a sociabilização, que segundo Erikson (1971) a primeira ocorre durante o primeiro ano de vida. A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Se a mãe não responde às suas necessidades, a criança pode desenvolver medos, receios, sentimentos de desconfiança que poderão vir a reflectir-se nas relações futuras. Se a relação é de segurança e as suas necessidades são satisfeitas, a criança vai ter melhor capacidade de adaptação às situações futuras, às pessoas e aos papéis socialmente requeridos. A criança, para Wallon (1998), é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. Já para Freud in Ferrari (2008) o consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção, o raciocínio. Wallon enfatiza o papel da emoção, do relacionamento no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o 5 nascimento, são feitos de emoções e não apenas cognições, é por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades; as transformações fisiológicas de uma criança, por exemplo. Assim como as emoções algo altamente orgânico, onde ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio. Partindo deste ponto quando observa-se crianças que convivam apenas com adultos ou até mesmo com outras crianças em casa se e ao iniciarem na Educação Infantil se deparam com a questão do dividir em plena fase egocêntrica, algo bem conhecido quando nos referimos a Jean Piaget, onde explica que o egocentrismo é característico desta fase do desenvolvimento entendemos a importância de um trabalho bem desenvolvido. Assim, neste estágio, embora a criança apresente a capacidade de atuar de forma lógica e coerente (em função da aquisição de esquemas sensoriais-motores na fase anterior) ela apresentará um entendimento da realidade desequilibrado (em função da ausência de esquemas conceituais), por este motivo é necessário o desenvolvimento de atividades em que proporcionem oportunidades de dividir objetos, jogos coletivos que de uma forma lúdica ajuda a criança a desenvolver este senso de sociabilização e até mesmo de afetividade. Por fim mais um fator a ser estimulado seria o motor, este que nesta idade está sofrendo enormes modificações assim como a linguagem "... A experiência vivenciada ritmicamente desenvolver-se-á não só no plano motor, mas também no plano da linguagem, pondo em jogo não só o aparelho motor-fonador, mas também a sua relação sonora".(LE BOULCH, 1984:140). A criança de 1 a 2 anos está descobrindo o seu corpo, cada parte, as funções e as possibilidades de cada uma. Passa a descobrir sua imagem corporal, como ela se vê, como um ser independente. O movimento pode ser visto como um meio de expressão e está relacionado à significação de si, do outro e do mundo. O sentido que os bebês atribuem a si próprios como pessoas independentes está fortemente ligado ao desenvolvimento da capacidade de controlar suas ações motoras, de manipular objetos e de se deslocar. Quando as crianças têm espaço liberdade para se movimentar, aprendem a medir sua força e seus limites. Elas se exercitam até que o domínio da ação as impede ao próximo desafio. 6 Para Piaget (1993) o movimento no recém nascido, as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo). Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais movimentos reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final do período sensório-motor já se interagindo com objetos, tempo, espaço, causalidade objetivados e solidários. Por volta do primeiro ano de vida, a criança começa a construir uma representação do próprio corpo, dos seus segmentos e de suas possibilidades e limitações. Esse esquema corporal é criado com base em experiências cognitivas, verbais, motoras ou relacionadas a sensações. Os conceitos de organização espacial também se formam nessa fase por meio do contato com as expressões que os adultos usam para indicar a localização do bebê (dentro, fora). Com o tempo, eles são interiorizados e dão início à construção das idéias sobre o espaço e o tempo (em cima, embaixo, amanhã, depois) Para Le Boulch (1992), a energia desta criança ainda é impulsiva, mas já possui um certo controle cortical e seus interesses estão centrados no mundo exterior. Esta criança começa a criar seus próprios modelos, inicia-se a atividade visio-motora, com o controle do tono e da atividade sinestésica pela visão. Os deslocamentos da criança de 2 anos, não são mais problemas, o equilíbrio e a coordenação braços-pernas estão assegurados e a motricidade vai se tornando rítmica. Quando se menciona ritmo, pensa-se que desde a vida intrauterina convivemos com o ritmo, algo muito importante no desenvolvimento, afirma Le Boulch (1992). Atividades que estimulem equilíbrio, coordenação motora ampla e fina, visio-motora, lateralidade, noção de tempo e espaço, são alguns aspectos que estão sendo desenvolvidos e que necessitam ser estimulados. Lembramos dos jogos simbólicos, onde a criança cria um universo mágico onde o real e o imaginário se mistura; assim como afirma também Piaget, quando coloca a importância deste jogo simbólico, dando o exemplo do brincar de “casinha”. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por limitar o fluir de fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da pessoa como relata Wallon (1998) confirmando assim Le Boulch (1992). 7 Procurando entender que o valor da educação já nessa fase de desenvolvimento do ser humano parte do pressuposto de que a Educação Infantil tem o objetivo não apenas de cuidar, mas também de educar crianças nessa faixa etária. Destaca-se na Constituição (art. 205) que a educação é direito de todos e, por inclusão, também das crianças de zero a seis anos. Segundo o artigo 208, “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”. Ressalta-se, contudo, que essas crianças possuem especificidades que as caracterizam como sujeitos que sentem e pensam o mundo de um jeito próprio, sendo nas interações que estabelecem com as pessoas e com o meio que revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem. Nesta perspectiva, a criança é vista como um ser humano em processo de humanização, ou seja, um ser histórico social construtor do seu desenvolvimento e do seu conhecimento. Desde cedo, o contato com o mundo permite à criança construir conhecimentos práticos à sua volta, relacionados à sua capacidade de perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, sons, odores, de movimentar-se nos espaços e manipular objetos, descobrir o seu próprio corpo, experimentando expressar e comunicar seus desejos e emoções sobre seu mundo. O novo papel do ensino na Educação Infantil é oferecer condições, propiciar oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-se, socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar situações de conflito dos mais diversos, naturais nesta fase como afirma Wallon que não é adepto da idéia de que a criança cresce de maneira linear para ele o desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso apropriando-se assim do processo de aprendizagem como sujeito de sua história. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas, adultos ou crianças essas aprendizagens também dependem dos recursos de cada criança. Dentre esses recursos destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal. 8 O Psicopedagogo se baseia na idéia de que brincando a criança desenvolve a capacidade de imaginar, se insere na cultura e na sociedade e aprende a viver em grupo. Sozinha ou com os amigos, ela usa todos os recursos de que dispõe para explorar o mundo, ampliar sua percepção sobre ele (e sobre si mesma), organizar o pensamento e trabalhar com afetos e sentimentos. Isso tudo ocorre num grau ainda maior quando o brincar envolve o chamado faz de conta. O principal material de trabalho na Educação Infantil com crianças de 1 a 2 anos de idade. 2. PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo foi realizada com 27 crianças, com idade de 1 ano e 3 meses a 1 ano e 8 meses, alunos de um CEI – Centro de Educação Infantil, uma instituição de ensino municipal, localizada em São Paulo, no período de fevereiro a abril de 2010; onde através de 3 atividades escolhidas foram abordados os seguintes aspectos: linguagem, motricidade e sociabilização, sendo possível levantar a questão da importância do estímulo para o desenvolvimento da criança. 2.1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PESQUISA DE CAMPO 2.1.1 - ÁLBUM SERIADO Esta atividade foi realizada 2 vezes por semana durante 2 meses em um espaço fechado, sala de aula. Para realização desta atividade com caráter de estímulo a linguagem, foi necessário utilizar 2 colchões grandes para as crianças sentarem sobre eles dando a idéia de que a atividade estaria acontecendo ali e de um álbum seriado confeccionado previamente pela psicopedagoga, onde incluía várias folhas sulfite brancas encadernadas, que possuíam uma figura colada em cada uma; figuras estas que representavam ações e objetos da realidade das crianças. 9 Após estarem sentados nos colchões foi mostrado pela psicopedagoga o álbum seriado. Uma figura de cada vez foi apresentada para as crianças, onde eram estimuladas a verbalizarem o que seria aquela ação ou objeto assim mostrado. Durante a atividade surgiram os seguintes comentários das crianças após a apresentação da figura que constava alguns cachorros; PSICOPEDAGOGA: O que é isso? (apontando para a figura com os cachorros) TAINÁ ( 1 ano e 6 meses): Au, au. KAIAN ( 1 ano e 8 meses): Au, au. PSICOPEDAGOGA: É o cachorro? KAIAN: Cassoro? PSICOPEDAGOGA: É o cachorro. Como esta atividade foi realizada em várias semanas, foi possível observar o progresso das crianças ao mostrar as mesmas figuras. PSICOPEDAGOGA: O que é isso? (apontando para a figura com os cachorros) ANA BEATRIZ ( 1 ano e 8 meses): Cachoro. KAIAN ( 1 ano e 8 meses): Cassoro. PSICOPEDAGOGA: É o cachorro. As crianças gostaram da atividade, que tinha como objetivo a ampliação do vocabulário. 9 Foto 1 – As crianças estão observando as figuras do álbum seriado mostrado pela Psicopedagoga e sendo incentivadas a verbalizá-las. 2.1.2 - JOGUE A BOLA Esta atividade foi realizada 2 vezes por semana durante 2 meses em um espaço aberto, denominado Solário. Para realização desta atividade com caráter de sociabilização, foi necessário utilizar uma bola. Após formarem uma roda e sentarem no chão, foi mostrada pela psicopedagoga a bola e como seria a atividade. Esta consistia em que as crianças deveriam ao receber a bola jogá-la a um amigo que estaria esperando por ela sentado em seu lugar e depois jogá-la para outro amigo, seguindo assim atividade. 9 No primeiro dia que a atividade foi realizada as crianças mostraram-se bastante impacientes ao terem que esperar a sua vez de receber a bola e até mesmo desconfortáveis ao ter que jogar a bola para outra criança, levando assim a duração de apenas 2 minutos de atividade. Durante a atividade surgiram os seguintes comentários das crianças; NAYARA (1 ano e 4 meses): É meu. (ao pegar a bola) ISABELLA (1 ano e 6 meses): A bola é meu. (Ao pegar a bola da mão de outra criança) Com o passar das semanas foi possível notar que as crianças já compreendiam melhor a regra da atividade e já conseguiam em sua grande maioria, esperar a sua vez de receber e jogar a bola o que permitia a atividade durar mais tempo, aproximadamente 10 minutos. Durante a atividade surgiram outros comentários das crianças; ISABELLA (1 ano e 6 meses): Dá pa ele a bola. (quando outra criança estava com a bola e recusava-se a jogá-la) IAGO (1 ano e 5 meses): É pa voxe. ( antes de jogar a bola para um criança) As crianças gostaram muito da atividade que tinha como objetivo melhorar a sociabilização entre eles, justamente em uma fase onde se encontram individualistas, egocêntricos e imediatistas, características normais para a idade em que estão. 9 Foto 2 – As crianças estão sentadas em círculo, jogando a bola para o colega um de cada vez. 2.1.3 - PRIMEIRO PASSO Esta atividade foi realizada 5 vezes por semana durante 2 meses em um espaço fechado, sala de aula; algumas semanas não foi possível essa freqüência pois é uma criança com várias faltas por motivo doença. Para realização desta atividade com caráter motor, não foi necessário nenhum material. Esta atividade foi realizada com apenas uma criança, Kethelyn com 1 ano e 3 meses sendo a única a não andar, encontrando assim dificuldades em se relacionar com as outras crianças, pois procura ficar longe dos demais por ter medo de ser machucada. 9 Ao colocá-la em pé segurando suas mãos percebemos ter a firmeza em suas pernas, mas demonstra muita insegurança quando soltam uma de suas mãos, pois começa a chorar, falar não e senta-se no chão não querendo sair mais do local. Diante desta situação a mãe foi procurada e questionada em relação ao comportamento da criança em casa ao estímulo do andar, esta informou que Kethelyn chora quando é colocada no chão e por este motivo a mãe e os irmãos mais velhos a levam sempre no colo. A falta de estímulo ao andar leva esta criança a insegurança principalmente em casa, com isto esta atividade foi direcionada a ela para que possa criar confiança e iniciativa a andar. Durante a atividade Kethelyn foi colocada de pé sendo segurada pelos quadris pela psicopedagoga, a princípio demonstrou insegurança e quis sentar, mas com insistência e conversa aceitou ficar em pé desta maneira, e em poucos minutos já estava mais firme e segura, pois estava sendo segurada bem levemente, mas não teve a iniciativa de dar alguns passos, algo esperado nesta atividade. Foi criado uma rotina com esta atividade que não se modificou em relação aos resultados por 2 semanas, mas a partir daí foi percebido que Kethelyn já estava mais confiante a ponto de dar uns passos enquanto estava sendo segurada. Após 1 mês de atividade ela já permitia ser conduzida com o apoio de apenas uma mão, algo que antes era impossível de ser realizado. Durante a atividade ela se mostra bem tranqüila e alegre. A mãe foi procurada novamente e solicitada a auxiliar o trabalho em sua casa, entendendo sua importância e aceitando ajudar. Ao final do período de realização desta atividade, Kethelyn se encontra mais segura, já se levanta com apoio de objetos sozinha, e aceita ser conduzida com apenas uma mão, mas ainda possui receio de dar seus primeiros passos sem apoio. 9 Esta atividade continuará a ser desenvolvida com utilização de alguns materiais como, bastões e arco, assim propostos por Lévy (1991), por sua extrema importância e eficácia da qual foi possível constatar, esperando assim um melhor desenvolvimento desta criança. Foto 3 – A criança está sendo segurada pela Psicopedagoga na realização da atividade que tem como objetivo o estímulo ao andar. 9 CONCLUSÃO Através de embasamentos teóricos de renomados autores neste assunto, em suas obras foram obtidas muitas informações de como cada um deles analisa o desenvolvimento humano em um determinado foco e a importância no processo do conhecimento. Foi possível se repensar sobre a prática educativa e a atuação do psicopedagogo, considerando o desenvolvimento intelectual, motor, afetivo e social da criança, cada uma com suas especificidades. Analisando assim, o psicopedagogo tem totais condições de realizar um trabalho juntamente com outros profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da criança, bem como pode contribuir para que as crianças sejam capazes de se desenvolverem de uma maneira harmoniosa; preparando-se assim para um mundo bem melhor. Pode-se entender, do importante papel do psicopedagogo que tem condições de possibilitar um melhor desenvolvimento em crianças, através de brincadeiras, jogos e músicas, ações muito apreciadas por estas principalmente na faixa etária escolhida, 1 a 2 anos. Atividades com caráter preventivo que são tão eficazes, principalmente na Educação Infantil. Observamos na pesquisa de campo, onde foram desenvolvidas 3 atividades das quais se enfatizou aspectos diferentes linguagem, sociabilização e motricidade, a importância do estímulo para o desenvolvimento da criança, onde foi possível comprovar a enorme diferença no comportamento deles antes das atividades e depois, pois passaram a ser mais comunicativos uns com os outros e com os adultos, menos agressivos em uma fase caracterizada pelo individualismo, egocentrismo e imediatismo e a criança pesquisada motoramente mais independente e segura, mas devido a sua necessidade esta atividade terá continuidade, buscando um melhor desenvolvimento desta criança. Pode-se constatar que atividades simples ou não que se incluídas no dia-a-dia da criança, principalmente no local onde muitas vezes ela passa a maior parte do seu tempo, na escola; contribui para o desenvolvimento integrado de uma criança; formando assim um 9 adulto que possuirá uma qualidade de vida melhor, tanto afetivamente, motoramente, cognitivamente e socialmente. “ No fundo, existe apenas um único problema neste mundo: como fazer com que o homem encontre de novo o sentido espiritual da vida, como provocar a nós mesmos para que retomemos o caminho que nos faz olhar nossas próprias almas”. Antonie de Saint-Exupéry – Autor do livro O Pequeno Príncipe Quem sabe lembrando-se de quando éramos crianças... 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSEDAS, E. HUGUET, T., SOLÉ, I. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999. BOCK, A.M.B. FURTADO, O. TEIXEIRA, M.L.T. Psicologia – Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. BOSSA, N.A. 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