RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS NA PRODUÇÃO DE CURSOS MASSIVOS ONLINE*1 Marcos Antônio P. Coelho – UEMG – Unidade Carangola Lenise Ribeiro Dutra – Fundação São José de Itaperuna / Faculdade Redentor de Itaperuna Aline Musse Alves Pereira – Colégio Pedro II Vânia Lúcia Musse Alves - CEDERJ RESUMO A modalidade de ensino a distância nas últimas décadas se embasa em teorias de aprendizagens, ferramentas de comunicação e principalmente em ambientes virtuais fechados, em sua maioria modular e em crescimento constante. Para agregar mais valora esse contexto, surgem os Recursos Educacionais Abertos(REA), que proporcionam a seus usuários maior autonomia de escolha tanto do método quanto do conteúdo a ser estudado. Este artigo tem por objetivo realizar um breve estudo sobre os recursos educacionais abertos e dos Cursos Massivos Online (MOOC´S), que os utilizam em sua maioria com base na teoria conectivista proposta por Siemens(2004). A pesquisa se justifica na falta de estudos mais detalhados sobre os dois temas, procurando contribuir com pesquisadores e estudantes da área. A metodologia eleita foi à pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos e na Internet. Percebeu-se que os recursos educacionais abertos, estão em escala de ascensão e são utilizados nos Mooc’s. Palavras-Chave: Recursos Educacionais Abertos, Moocs, Ensino Online INTRODUÇÃO As teorias da aprendizagem tradicionais não foram produzidas vislumbrando ambientes virtuais de aprendizagem, mesmo assim são utilizadas para o mesmo. Alguns autores defendem que são necessários novos estudos e formulação de novas teorias para explicar os fenômenos que ocorrem nesses novos ambientes, comuns na sociedade do conhecimento e em rede. Siemens(2004) e Downes(2004) elaboraram uma teoria nomeada como Conectivismo e considerada por eles como a “teoria da era digital” e posteriormente em 2008, criaram cursos online embasados nessa teoria, o que deu origem aos chamados MOOC´s (Cursos Massivos Online). Não clarificamos ainda os fenômenos que ocorrem na Modalidade de Ensino presencial, semipresencial e a distância e já temos outra modalidade emergente de ensino que nos exige mais esclarecimentos. A autonomia do aluno é revelada e posta à prova por meio dos Recursos Educacionais Abertos e dos Mooc´s, uma nova modalidade de ensino autônoma que exige do aluno um auto grau de disciplina, conhecimentos prévios e total integração em redes de comunicação, assim como o uso de ferramentas midiáticas diversas. Dessa forma, procuramos realizar um estudo sobre os REA´s (Recursos Educacionais Abertos e dos cursos Massivos Online). Esse trabalho se justifica na falta de estudos mais detalhados sobre quais teorias estão embasando as modalidades de ensino que utilizam as Tecnologias da informação e redes de comunicação para produzirem conhecimento. Como metododologia foi eleita a pesquisa qualitativa, por meio de pesquisas bibliográfica e o levantamento de dados na Internet. *1 XII EVIDOSOL e IX CILTEC-Online - junho/2015 - http://evidosol.textolivre.org 2 Recursos Educacionais Abertos (REA) O conceito de REA é relativamente recente e torna-se necessário apresentar explicações acerca de algumas ideias e informações e também, ao mesmo tempo, efetivar um enquadramento histórico/temporal para uma definição e concepção efetiva do mesmo, até chegarmos à sua definição mais atual. Lewis e Spencer (1986) definem a educação aberta como um termo utilizado para descrever cursos flexíveis, desenvolvidos para atender necessidades individuais; que visam remover as barreiras de acesso à educação tradicional, e sugerem uma filosofia de aprendizagem centrada no aluno e prevê o uso dos Recursos Educacionais abertos. O termo REA (Recursos Educacionais Abertos) surgiu pela primeira vez numa conferência da UNESCO em 2002 e foi definido por (Johnstone, 2005, p.16) como: Um conjunto aberto de recursos educacionais, potenciados pelas tecnologias de informação e comunicação, servindo para consulta, uso e adaptação e novamente reutilizados por uma comunidade de utilizadores com propósitos não comerciais. A partir daí, o movimento REA ganhou forte apoio institucional, e há um número considerável de iniciativas na área em vários países. No entanto, apesar da argumentação, ainda há muito que fazer em prol da disseminação e desenvolvimento do movimento (Hylén, 2006). Segundo Ortellado (2009). O ensino básico e superior depende, hoje, em grande parte, de recursos didáticos impressos como livros, apostilas, artigos e revistas. Assinala também que, no ensino básico, existe grande dependência dos livros didáticos distribuídos pelo poder público. a. No ensino superior especificamente, é conhecida a dependência de alunos de livros didáticos de alto custo, o que ocasiona um alto número de cópias irregulares de materiais didáticos. Para Santana, Rossini e Pretto(2012) no Brasil, os debates sobre os Recursos educacionais abertos estão galgados em quatro pilares ao mesmo tempo em que refletem as estruturas internas da educação tradicional e as associam às novas oportunidades proporcionadas pela mudança em direção às redes digitais e para a disseminação e utilização de recursos educacionais, tais como: o acesso público a materiais educacionais em geral, bem como uma estratégia de educação aberta para incluir o indivíduo, a família, a comunidade e toda a sociedade no processo de aprendizagem e de produção colaborativa de conhecimento; o ciclo econômico de produção de materiais educacionais e seu impacto no “direito de aprender dos cidadãos”; os possíveis benefícios que os REA podem trazer para as estratégias de aprendizagem, para a produção de recursos educacionais mais apropriados à diversidade regional e aos padrões regionais de qualidade; impacto dos recursos digitais, online e abertos no desenvolvimento profissional continuado dos professores. (P. 42) Percebe-se que nesses eixos, a prioridade não está somente na aprendizagem e sim na formação tanto do professor, quanto na sociedade de forma generalizada por meio das redes digitais e das novas tecnologias da informação e da comunicação. Essa realidade se encontra explícita em sites do Governo Federal como o portal do professor e domínio público. Que oferece recursos educacionais abertos e de apoio aos professores, como livros, materiais didáticos multimídia, áudio aulas e outros. 3 No que tange a legislação específica que trata do uso de Recursos Educacionais Abertos no Brasil, Santana, Rossini e Pretto(2012, p. 57) cita o Plano Nacional de Educação – Projeto de Lei Federal n º. 8.035/2010 que traça diretrizes e metas para a Educação no Brasil e tem prazo de até dez anos para que todas elas sejam cumpridas. Santana, Rossini e Pretto(2012, p. 57) afirmam também que duas das propostas ainda constam na última versão do Projeto de Lei do PNE 2011-2020: Selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para educação infantil, o ensino fundamental e ensino médio, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para software livre e recursos educacionais abertos, bem como acompanhamento dos resultados do sistema de ensino que forem aplicadas; Implementar o desenvolvimento de tecnologias educacionais, e de inovação das práticas pedagógicas nos sistemas de ensino, inclusive a utilização de recursos educacionais abertos, que assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem de alunos. Vimos que os Recursos Educacionais Abertos, é um termo genérico, cujo uso foi popularizado pela UNESCO em 2002. Na contemporaneidade, além das emergentes universidades abertas, abrange também as práticas de oferta e utilização de recursos midiáticos, entre outras grandezas de uso e disponibilização de tecnologias e pesquisa de acesso livre. Massive Open Online Course (MOOC´s) Para Mattar(2013), MOOC é acrônimo de Massive Open Online Course (MOOC) e consiste em um tipo de curso baseado na teoria de aprendizagem Conectivista, no qual as informações estão abertas e acessíveis pela internet de forma massiva. Mattar (2013) afirma que o MOOC é uma das tentativas de ampliar o modelo conectivista para larga escala e é em princípio “um curso online (que pode utilizar diferentes plataformas), aberto (gratuito, sem pré-requisitos para participação e que utiliza recursos educacionais abertos) e massivo (oferecido para um grande número de alunos)”. (p.30) Mattar(2013. p.31) informa também, que uma das primeiras práticas com MOOCs foram realizadas por George Siemens e Stephen Downes em 2008, 2009 e 2011. Intitulado “Connectivism and Connective Knowledge, com aproximadamente 2.400 inscritos, e tinha como objetivo o estudo da teoria da aprendizagem contectivista de forma massiva e aberta. O termo massivo está associado com a falta de restrições do número de participantes e tem a característica de ser gratuita e promover a colaboração em uma rede de conhecimento entre seus participantes. Parece claro que a falta de restrições como pagamento de taxas é a responsável pela massividade dessa modalidade de cursos. Segundo Siemens(2012), o modelo conectivista dos MOOCs enfatiza a criação, criatividade, autonomia e aprendizagem social em rede, enquanto o modelo de cursos nomeado por ele como “coursera” enfatiza uma abordagem de aprendizagem mais tradicional por meio de apresentações de vídeo e pequenos exercícios e testes. A funcionalidade de um MOOC possui algumas propriedades que o diferenciam das plataformas habituais de ensino a distância (EAD). Nessas plataformas, o conceito da sala de aula tradicional é levado para o ambiente virtual (DOWNES, 2006), assim como nos Learning Management Systems (LMS) ou Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Diferentemente do AVA, o MOOC se baseia no livre acesso à informação. Assim, a implementação de um MOOC geralmente ocorre pelo uso combinado das mais variadas ferramentas disponíveis na internet, como wikis, blogs, microblogs, fóruns, listas de discussão, bookmarks e redes sociais. 4 Como informa Downes(2006), no MOOC não existem grupos ou turmas como ocorre no ensino presencial; e Mota(2009) complementa que em seu lugar surge uma rede de conexões mutante, sem limite de participantes e onde todos estão ao mesmo tempo ensinando e aprendendo de forma ativa. Outra característica do MOOC descrita por Downes(2006) é a manutenção do conteúdo gerado durante o curso, aberto a mecanismos de busca comerciais da internet, garantindo assim o acesso ao conhecimento por parte dos não participantes do curso. Para Santana, Rossini e Pretto(2012): Participantes são encorajados a encontrar, criar e compartilhar recursos dispersos na web, criar suas próprias redes, conexões, e espaços de conhecimento. Tendo em vista a flexibilidade do modelo, não seria difícil imaginar a participação de alunos ou professores em MOOCs, conectando o ambiente presencial da escola ao ambiente virtual. (p.26) Percebe-se nas informações do autor que os Mooc´s podem ser utilizados não só em ambientes virtuais, mas também como um recurso a mais para os professores presenciais, tanto em salas de aula quanto em capacitações mais específicas, criando assim uma metodologia mais rica e motivadora. CONSIDERAÇÕES FINAIS Viu-se então que o governo Brasileiro encoraja o uso de Recursos Educacionais Abertos e estipulou até um prazo para sua implantação. Ficou explícito que a teoria da aprendizagem conectivista é a que ampara os Cursos Massivos Online, pois julga-se que o individual participante desses ambientes pode fazer uso independente doas mídias de comunicação, demonstrando uma alto grau de conexão entre as ferramentas disponíveis. Percebeu-se no percurso da investigação que os Cursos Massivos online, podem ser considerados ou nomeados como Recursos Educacionais Abertos, pois segundo os autores não existe a formação de grupos, turmas ou períodos. Somos convidados então a repensar o papel dos professores e dos alunos nesses ambientes de ensino, onde as barreiras do tempo e do espaço são inexistentes, e as ferramentas são variadas. Percebe-se que as conexões de rede e os mecanismos não humanos estão presentes, dando características conectivista ao ensino presencial e a distância. Novo recursos são criados, novas teorias são desenvolvidas, exigindo assim novas formas de aprender e distribuir conhecimento. Estamos envolvidos em redes de comunicações, mecanismos e ferramentas novas o que nos exige um alto grau de conexão e participação ativa. REFERÊNCIAS ANDERSON, T.; DRON, J. Three generations of distance education edagogy.International Review of Research in Open and Distance Learning, v. 12, n. 3, p. 80-97, 2011. DOWNES, S. Groups and Networks. [S.l: s.n.], 2006. Disponível em: http://www.flickr.com/photos/stephen_downes/252157734/. Acesso em: 15 de novembro 2014. 5 DOWNES, S; SIEMENS, George, Associations Should Consider the MOOC, 2008 http://www.tagoras.com/2010/09/27/mooc/. Acesso em: 11 de novembro 2014. HYLÉN, J. Open educational resources: opportunities and challenges. [S.l.]: OECD’s Centre for Educational Research and Innovation, 2005. Disponível em: <http://www.oecd.org/dataoecd/5/47/37351085.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2011. JOHNSTONE, S. 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