AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE
BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO
USANDO EM SUA COMPOSIÇÃO AGREGADO MIÚDO
RECICLADO
Adriana Goulart dos Santos
Carina Cagneti
Bianca Michels
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE BLOCOS DE CONCRETO PARA
PAVIMENTAÇÃO USANDO EM SUA COMPOSIÇÃO AGREGADO MIÚDO
RECICLADO.
Adriana Goulart dos Santos
Carina Cagneti
Bianca Michels
Universidade de Estado de Santa Catarina - UDESC
CCT – Departamento de Engenharia Civil
RESUMO
Várias pesquisas tem mostrado que a utilização de agregados reciclados da construção civil pode ser uma
alternativa econômica e tecnicamente viável para a pavimentação urbana. Sob este enfoque, o presente artigo
tem como principal objetivo avaliar a resistência mecânica de blocos de concreto para pavimentação usando em
sua composição agregado miúdo reciclado em substituição ao agregado miúdo natural. Para isso, foi definido um
traço piloto usando em sua composição areia natural e, a partir daí, feita a sua substituição por areia reciclada em
proporções variando de 20% a 100%. Por meio de resultados de ensaios de resistência à compressão constatouse que é possível utilizar areia reciclada na confecção de blocos de concreto para pavimentação uma vez que os
mesmos atingiram resistências superiores a 35 MPa nas proporções de substituições iguais a 20%, 40% e 60% .
1. OBJETIVO
Esta pesquisa tem como principal avaliar a resistência mecânica de blocos de concreto para
pavimentação usando em sua composição agregado miúdo reciclado em substituição ao
agregado miúdo natural.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O agregado miúdo reciclado foi fornecido por uma usina de reciclagem de Resíduos de
Construções e Demolições (RCD), sediada na cidade de Joinville-SC. As características
físicas do agregado miúdo reciclado e do agregado miúdo natural foram determinadas a partir
dos seguintes ensaios: massa específica aparente, massa específica, granulometria, massa
unitária, módulo de finura e diâmetro máximo característico. O agregado graúdo foi
caracterizado fisicamente a partir da distribuição granulométrica, massa unitária e módulo de
finura. A etapa seguinte consistiu na determinação do traço do concreto contendo diferentes
porcentagens de areia fina reciclada (0%, 20%, 30%, 40%, 60% e 100%). Os blocos de
concreto foram confeccionados em uma empresa especializada na produção de pavimentos
intertravados. A resistência mecânica dos blocos de concreto foi avaliada pelo ensaio de
resistência à compressão. A norma brasileira NBR 9780 (1987) especifica que a resistência à
compressão dos blocos de concreto para a pavimentação deve ser maior ou igual a 35 MPa
para solicitação de veículos comerciais, e maior ou igual 50 MPa para o tráfego de veículos
especiais ou solicitações capazes de produzir acentuados efeitos de abrasão.
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1 CARACTERÍSITICAS FÍSICAS DOS AGREGADOS
Os resultados dos ensaios de caracterização física realizados com os agregados indicaram que
o agregado graúdo possui massa específica aparente e massa unitária, respectivamente, de
2,61 g/cm³ e 1,362 g/cm³ e o agregado miúdo natural possuí massa específica aparente e
massa unitária, respectivamente, de 2,090 g/cm³ e 1,205g/cm³. Do ensaio de granulometria
obteve-se que o módulo de finura do agregado miúdo natural é de 0,911 e o diâmetro máximo
igual a 0,6mm. Já o agregado miúdo reciclado possui massa específica aparente e massa
1
unitária, respectivamente, de 1,170 g/cm³ e 1,280g/cm³. A partir do ensaio de granulometria
obteve-se que o módulo de finura do agregado miúdo reciclado é de 3,291 e o diâmetro
máximo igual a 9,5mm
3.2 DETERMINAÇÃO DA DOSAGEM DO CONCRETO
As dosagens empregadas seguiram a proporção 1: 2,27: 1,27: 0,91 (cimento: areia: brita:
água), com substituição do agregado miúdo em 20%, 30%, 40%, 50% e 100%, por agregado
britado proveniente de RCD.
3.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Foram moldados corpos de prova, nas dimensões de 20cmx10cmx6cm. Os blocos de concreto
foram ensaiados quanto à resistência à compressão. O procedimento do ensaio seguiu as
recomendações propostas pela norma. Os blocos foram curados em câmera úmida até um dia
antes de serem ensaiados, na idade de 28 dias. Antes de serem ensaiados os corpos de prova
foram capeados com argamassa de cimento e areia fina e imersos em água por 24 horas
visando à saturação completa no momento do ensaio. A tabela 1 apresenta os resultados dos
ensaios de resistência à compressão. A resistência máxima apresentada corresponde a média
dos resultados de ensaios de 6 corpos de prova para cada traço avaliado.
Tabela 1: Resultados dos ensaios de resistência à compressão
Porcentagem de areia
reciclada
0%
20%
30%
40%
60%
100%
Resistência (MPa)
36,34
43,70
47,78
36,05
32,46
25,30
4. CONCLUSÕES
Analisando os valores apresentados na tabela 1 pode-se verificar que os blocos de concreto
confeccionados com 20% e 30% de areia reciclada apresentaram os maiores valores de
resistências. A partir de 40% de substituição do traço piloto por areia reciclada os valores de
resistência começaram a diminuir. Considerando o que preconiza a NBR 9780 (1987), os
blocos de concreto confeccionados com 20%, 30% e 40% de areia reciclada podem ser
utilizados em pavimentos que sejam solicitados por veículos comerciais, pois apresentam
resistências superiores a 35 MPa.
Referências bibliográficas
ABNT (1987) NBR 9780 – Peças de concreto para pavimentação– Determinação da resistência à compressão,
Rio de Janeiro, 1987.
ABNT (2004) NBR 15116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos, Rio de Janeiro, 2004.
Amadei, Daysa I. B.; Avaliação de blocos de concreto para pavimentação produzidos com resíduos de
construção e demolição do município de Juranda/PR; Dissertação de Pós-graduação, Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 2011.
Bittencourt, Sarah F.; Avaliação da resistência à compressão de pavers produzidos com agregados de resíduos
de construção e demolição e areia de fundição. Tese de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas,
Limeira, 2012.
Emails: [email protected])1,
Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina
Rua Paulo Malschitzki, s/numero - Campus Universitário Prof. Avelino Marcante - Joinville, SC, Brasil.
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