Julho - 2007
INSTITUTO
DO
HOMEM E
MEIO
AMBIENTE
DA
AMAZÔNIA
| Marcos Rügnitz Tito
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Atravessadores de açaí (Euterpe oleracea, Mart): Os dois lados da moeda. Rügnitz,
M. T.; Sills, E.; Bauch S. C.
. -- 1. ed. -- Belém, Brasil.: IMAZON, 2007.
p.; 17 x 23 cm.
1. Atravessador. 2. Açaí. 3. Tipologia 4..
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Conteúdo
Introdução............................................................................................................................................................ 4
Metodologia ......................................................................................................................................................... 5
Açaí (Euterpe oleracea): breve apresentação....................................................................................................... 6
Caracterização dos portos.................................................................................................................................... 7
Organização portuária...................................................................................................................................... 8
Preços – O “efeito cascata”.............................................................................................................................. 8
Qualidade do açaí comercializado.................................................................................................................... 9
Tipo de comprador....................................................................................................................................... 9
Higiene ........................................................................................................................................................ 9
Origem do produto....................................................................................................................................... 9
Local de negociação.................................................................................................................................... 9
Tempo e distância do transporte ................................................................................................................ 10
Diversidade do produto açaí ...................................................................................................................... 10
Controle de qualidade................................................................................................................................ 10
Horário de comercialização........................................................................................................................ 10
Época e fluxo de produção............................................................................................................................. 10
Tipologia de atravessadores............................................................................................................................... 11
Categorias atravessadores ............................................................................................................................ 13
Passador ................................................................................................................................................... 13
Marreteiro.................................................................................................................................................. 13
Atravessador de geleiro ............................................................................................................................. 14
Atravessador de barcos de linha ................................................................................................................ 14
Geleiro....................................................................................................................................................... 15
Feirante - atravessador do porto ................................................................................................................ 15
Atravessador da Fábrica............................................................................................................................ 16
Matriz resume das categorias atravessadores................................................................................................ 16
Estratégia de trabalho em comum.................................................................................................................. 17
Principais despesas ....................................................................................................................................... 17
Regularização de documentos................................................................................................................... 17
Comunicação............................................................................................................................................. 17
Aluguel barco............................................................................................................................................. 17
Perda de material ...................................................................................................................................... 17
Reposição do material ............................................................................................................................... 17
Gelo .......................................................................................................................................................... 17
Diária do coletor......................................................................................................................................... 17
Riscos............................................................................................................................................................ 18
Roubo........................................................................................................................................................ 18
Perda de carga ou avarias à embarcação .................................................................................................. 18
Deriva........................................................................................................................................................ 18
Sobre-oferta do produto............................................................................................................................. 18
A era do conhecimento .................................................................................................................................. 18
Rádio Vhf................................................................................................................................................... 18
Telefone e Celular: .................................................................................................................................... 18
Rádio......................................................................................................................................................... 18
Políticas Publicas............................................................................................................................................... 20
Estudo de Caso: Cadeia de Comercialização do açaí na Comunidade de Jaburú............................................... 21
Palmito .......................................................................................................................................................... 23
Murmuru ........................................................................................................................................................ 23
Frutos ............................................................................................................................................................ 23
Contatos ............................................................................................................................................................ 24
Bibliografia Consultada ...................................................................................................................................... 25
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Introdução
Segundo Bacellar et al (2006), comumente os produtores extrativistas amazônicos desenvolvem sua produção e
comercialização de forma individualizada. Esta estratégia de produção limita o poder de negociação, muitas
vezes “impedindo de conseguir um preço justo para seus produtos, seja pela pequena quantidade produzida,
seja pela dificuldade de transporte para centros consumidores, o que os obriga a ficarem à mercê de
atravessadores que impõe seus preços, em face de serem os únicos compradores disponíveis naquele
mercado”.
Atores envolvidos direta ou indiretamente na cadeia produtiva de um determinado produto agropecuário ou
florestal de alguma forma conhecem o papel do atravessador (intermediário em espanhol e middleman em
inglês). Mas o que é um atravessador? Quais são os tipos de atravessadores? Atualmente, devido à ausência de
uma definição global e estudos sobre o tema, existem diversas interpretações sobre o que é um atravessador e
principalmente, sobre o trabalho desenvolvido pelos mesmos. Muitas vezes, são atores “invisíveis” sob a ótica
dos tomadores de decisões e pesquisadores de institutos de pesquisas.
Em uma definição simplificada apresentada por Kinghost (2007) atravessador é o “indivíduo que atravessa
mercadorias, que as compra para monopolizar o mercado”. Já o dicionário Aurélio (um dos mais utilizados no
Brasil) define atravessador como “aquele que compra mercadorias por baixo preço para revendê-las com grande
lucro. Ações como monopólio e lucro geralmente estão associadas ao atravessador. Entretanto, outra ação
comumente associada é a troca do produto recebido por outras mercadorias. Em uma breve descrição da
estratégia de trabalho dos atravessadores por parte de Capiberibe (2001) narra que “um atravessador fornece ao
trabalhador que vai para a mata os mantimentos e utensílios necessários à realização do seu trabalho (facões,
botas, querosene, óleo, sal, açúcar, farinha, etc.). Depois, este mesmo atravessador compra, a preços ínfimos,
toda a produção retirada da floresta. Além de pagar pouco pelo produto, ele cobra muito pelas mercadorias que
fornece, levando o extrativista a entrar em um círculo vicioso de dívidas, numa espécie de “escravidão branca””.
Na maioria das literaturas consultadas a definição de atravessador possui um aspecto pejorativo.
O histórico da região do estuário amazônico favorece a participação do atravessador como principal agente
intermediário de produtos agro-extrativistas. Nesta região, desde a época de colonização (assentamentos) os
produtores nunca foram completamente autônomos para as questões de comercialização. Naquele então, tendo
a figura do coronelismo como agente responsável pela extração e comercialização dos produtos. Somando-se ao
fator histórico-cultural, a economia de escala e distância dos mercados também contribui para a participação dos
atravessadores.
Neste contexto, o trabalho, desenvolvido dentro do marco de ação do Componente 3 – Mercados – do projeto
“Consórcio Comunidades e Florestas”1, coordenado pelo IMAZON, idealizou uma análise de atravessadores de
PFNMs2 da região do estuário de Marajó. Devido ao período de entressafra de outros PFNMs, concentrando-se
exclusivamente na descrição das estratégias de trabalho de atravessadores de açaí. Entretanto, a informação
gerada possibilita replicar a metodologia para outros PFNMs.
O documento, dividido em três partes, inicia com uma resumida caracterização dos portos e comunidade
visitados. Posteriormente, apresenta-se uma descrição das diferentes categorizas de atravessadores. Por último,
discute-se o efeito das políticas publicas na cadeia de produção do açaí e na atuação dos atravessadores.
Através de entrevistas a 30 atravessadores e 18 informantes chaves, o estudo teve a intenção de compreender:
Como as diferentes estratégias de trabalho de distintos tipos de atravessadores afetam as estratégias de
negociações de açaí dos produtores da região do estuário?
Tendo em consideração as limitações de tempo e informação (referências e número de entrevistas) o documento
não tem pretensão de estabelecer uma “verdade absoluta” e sim fomentar futuras discussões sobre a
importância do atravessador na comercialização de PFNMs. O trabalho parte do principio que os produtores
extrativistas terão melhor condições de negociar quando entenderem não apenas o contexto de seu entorno,
mas também as variáveis que influenciam as mesmas. Desta forma, o entendimento das estratégias dos atores
participantes da cadeia produtiva, incrementa a capacidade de tomada de decisão por parte dos produtores.
1
2
Projeto denominado originalmente “Bridging the Divide: Enhancing Forest Tenure, Management and Marketing in the Brazilian Amazon”
Produtos Florestais Não Madeireiros
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Metodologia
Antecipando o trabalho de entrevistas a atravessadores de alguns dos principais portos do estuário amazônico,
estabeleceram-se diálogos abertos não estruturados com técnicos e atravessadores da região de Belém. Com a
informação obtida neste processo preparou-se um questionário com informação referente à estratégia de vida e
profissional de atravessadores utilizado posteriormente na etapa de entrevista.
Entre os dias 03 a 20 de julho de 2007 foram visitados os portos de Belém (porto do açaí dia – dia 29 de junho),
Macapá (porto dos Igarapés das Mulheres e porto Santa Inês – dia 3 ao 5 de julho), Santana (porto da Fortaleza
e porto do açaí – dia 6 ao 8 de julho), comunidade de São João do Jaburu (comunidade em geral – dia 9 ao 12
de julho), Gurupá (porto de comercialização – dia 13 ao 17 de julho) e Breves (porto do açaí– dia 3 ao 5 de
julho) . Durante as visitas utilizou-se o método etnográfico de observação participante descrevendo as principais
formas de interação produtor-atravessador-processador. Em todos os portos entrevistou-se atravessadores que
estivessem dispostos a oferecer informação. Cada pessoa foi entrevistada uma vez durante aproximadamente
duas horas. Também foram entrevistados “informantes chaves” (produtores, responsáveis por associações e
sindicatos, instituições de pesquisa e de extensão e, agentes de créditos) relacionados direta ou indiretamente
aos atravessadores. Nestes casos, a intenção foi entrevistar informantes que possuíssem bons conhecimentos e
estivessem dispostos a oferecer informação de forma rápida e segura.
Finalmente, através da interpretação dos resultados foram selecionadas as variáveis necessárias para
categorização (tipologia) dos atravessadores.
Figura 1. Mapa portos visitados. Estuário ilhas das Marajó e Belém.
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Açaí (Euterpe oleracea): breve apresentação
Uma importante fonte de alimentação para as comunidades ribeirinhas do estuário amazônico, o fruto e palmito
do açaí são considerados alimentos abundantes, símbolos da cultura nortista. Entretanto, o consumo do açaí
(principalmente o fruto para produção de vinho3) nos últimos anos o vem se expandindo para outras regiões do
país e do mundo (Canto, 2001).
Na America do Sul existem 49 espécies do gênero Euterpe, entre elas as espécies olerácea (açaí de touceira), e
o precatoria (açaí de terra-firme), presentes na região amazônica. O açaí de touceira, adaptado às condições das
várzeas, encontra-se principalmente no estuário amazônico, nos estados do Pará e Amapá. O açaí de terra-firme
prevalecente nos demais estados sob a forma de plantações comerciais (Menezes et al, 2005).
O açaizeiro não suporta períodos de seca prolongada. Desenvolve-se em ambientes com uma pluviosidade de
2.000 a 2.700 mm anuais, bem distribuídas durante o ano, umidade relativa do ar comumente que ultrapassa a
80%, e temperatura média de 28 C.
O açaizeiro pode produzir o ano inteiro dependendo do manejo e região. Entretanto, segundo Canto (2001)
citando a (Mourão, 1999) cada ecossistema apresenta condições naturais diferentes de produção de frutos no
açaizeiro, caracterizando safras. O mesmo autor citando a (Lorenzi, 1992; Jardim, 1996; Jardim e Stewart,1994;
Shaley et al, 1998; Poullet 1998) indica que no Estado do Amapá a principal época de frutificação acontece entre
os meses de janeiro a junho, enquanto microrregiões próximas a Belém do Pará a maior produção ocorre nos
período julho a dezembro.
O açaí tem um mercado de consumo tradicional e consolidado, na sua própria região de Origem. Na época de
safra, no estado do Pará se calcula que o consumo passa a 300 mil litros diários de suco concentrado de açaí.
Somente em Belém, o consumo de ultrapassa 200 mil litros por dia (Guimarães, 2006). “O mercado tende a se
ampliar, na medida em que o processamento do açaí incorpore procedimentos que atendam exigências da
classe média urbana, em termos de higiene, apresentação e qualidade do produto” (Melo et al, 2003).
Devida a sua crescente importância socioeconômica regional, diferentes organizações e pesquisadores vêm
trabalhando para promover a comercialização do açaí. Num estudo sobre a cadeia produtiva do açaí do estado
do Amazonas, Menezes et al (2005), apresentam alguns dos principais fatores limitantes (gargalos) e problemas
que afetam a cadeia produtiva.
Gargalos:
ü Dificuldades de escoamento da produção.
ü Inexistência de organização da produção.
ü Comercialização do produto em grão.
ü Pouca produção e baixa qualidade do produto.
ü Falta de informações sobre as áreas de produção.
Problemas:
ü Perda de frutos durante a queda do cacho e contaminação dos frutos no solo.
ü Aumento da perecibilidade dos frutos, devido à embalagem inadequada, manuseio e transporte
inadequado.
ü Fermentação da polpa ou vinho.
ü Padronização e qualidade do açaí beneficiado, para garantir o preço do produto.
ü Falta de fiscalização da vigilância sanitária municipal penaliza os produtores que investem na qualidade.
ü Regiões mais distantes dos principais centros consumidores carecem de um mercado consumidor
garantido.
ü Falta de apoio técnico para manejo do açaí nativo e açaí cultivado.
ü Falta de crédito para incentivar coleta, transporte e beneficiamento para incentivar a maior oferta de açaí.
3
Produtos extraídos da parte comestível do fruto do açaizeiro após amolecimento através de processos tecnológicos adequados. Sua
classificação está de acordo com a quantidade de adição de água e seus quantitativos (Melo et al, 2003):
ü Açaí grosso ou especial (tipo A): é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando acima de 14% de sólidos totais e
uma aparência muito densa.
ü Açaí médio ou regular (tipo B): é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando, acima de 11 a 14% de sólidos
totais e uma aparência densa.
ü Açaí fino ou popular (tipo C): é a polpa extraída com adição de água e filtração, apresentando de 8 a 11% de sólidos totais e uma
aparência pouco densa.
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Caracterização dos portos
Cada do porto se diferencia pelo horário de funcionamento, tipo de produtos negociados, tipos de atravessadores
que freqüentam os portos, tipos de riscos percebidos pelos atravessadores, forma de organização portuária, as
condições de higiene, origem dos produtos e época de safra do açaí. A tabela 1 resume as principais variáveis
de diferenciação.
Tabela 1.
Horários de
funcionamento
Tipo de produtos
negociados
Porto dos
Igarapés
das
Mulheres
(Macapá)
Horário: Manhã (6 a
8 am) e tarde
Produtos: Açaí e
pescado
Porto Santa
Inês
(Macapá)
Horário: Madrugada
(4 a 6 am)
Produtos: Exclusivo
para açaí
Porto da
Fortaleza
(Santana)
Porto do
Açaí,
(Santana)
Porto de
Gurupá
Porto do
Açaí
(Bréves)
Horário: Tarde (1 a
3 pm)
Produtos: Exclusivo
para açaí
Horário: Madrugada
(4 a 7 am)
Produtos: Açaí e
pescado
Horário: Manhã (6 a
8 am) e tarde
Produtos:
Mercadoria em
Geral
Horário: Manhã (6 a
8 am)
Produtos: Exclusivo
para açaí
Tipos de
atravessadores
encontrados e
tipos de riscos
percebidos
Passador e
marreteiro
Riscos: Roubo de
objetos nas
embarcações
Todos menos
geleiros
Riscos: Maresia;
Roubo de objetos
nas embarcações
Todos os tipos
atravessadores
Riscos: Menores
riscos; Roubo de
objetos nas
embarcações
Todos os tipos
atravessadores
menos os geleiros
Riscos: Roubo as
embarcações e no
porto
Passador e
marreteiro
Riscos: Maresia;
Roubo de objetos
nas embarcações
Passador e
Marreteiro, que
vendem os
produtos.
Riscos: Menores
riscos; Roubo de
objetos nas
embarcações
Porto do
Açaí
(Belém)
Horário: Madrugada
(3 a 6 am)
Todos os tipos
atravessadores
Produtos: Açaí,
palmito, carne,
alguns produtos
agroextretivistas.
Riscos: Roubo de
embarcações e de
mercadoria no
porto; Maresia
Organização
portuária e
Condições de
Higiene
Organizados
pelos próprios
feirantes
Condição de
Higiene:
Precária
Organizados
pelos próprios
feirantes
Má condição de
higiene
Nenhuma
Condição de
higiene
intermediaria
Organizados
pelos próprios
feirantes
Condição de
Higiene:
Precária
Nenhuma;
Origem dos
produtos e
época de safra
do açaí
Origem: Região
do Bairiqui
Porto utilizado principalmente
para a comercialização do
pescado.
O porto oferece boas condições
para a proteção da maresia.
Origem: Ilha dos
Porcos, Furo da
cidade,
Município de
Afuá
Porto distante dos outros portos
(tripulação)
Péssimas condições para
embarque e desembarque
devido a força da maresia.
Origem: Ilha da
Chaga, Igarapé
Grande
Boa organização da associação
dos pescadores
Possui área coberta
Boa proteção contra maresia
Fácil escoamento do produto
Origem: Furo da
cidade,
Município de
Afuá;
Jaburu
Área comercial próxima
Proxima à área de
embarcações de tripulantes
Origem: Mujú,
Não tem a presença de geleiras
e nem de fábricas.
O principal consumo do açaí na
região e a partir de tarde
Origem: Ilha do
Mutum;
Furo do Gil;
Rio Tajurupu
Tributo municipal: 8 anos de
impostos (10 centavos por lata)
Em época de safra, em media,
passam 4 barcos medios ou
grande e 4 barcos pequenos
por dia.
Os atravessadores de terra
devem esperar ate o fim das
negociações por parte dos
batedores.
Origem: Guajuru,
Limoeiro;
Curralinho; Jurú,
Cameta;
Aranaí
Breves;
Mujú, Gurupa;
Ponta de Pedra
Marajorí;
Estimativa de negociação de
180 mil litros de vinho de açaí
por dia. (Bacellar et al 2006)
Má condição de
higiene
Organizado pela
prefeitura.
Existencia de
cobertura;
Boa condição de
higiene.
Presença diária
de fiscais da
saúde. Limpeza
diária do porto.
Organizados
pelos próprios
feirantes;
Má condição de
higiene
Outras Características
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Alta diversidade de origem do
produto do açaí
Organização portuária
Apenas um dos portos visitados apresentava organização de sua infra-estrutura e mercado. O porto de açaí da
cidade de Breves possui uma organização portuária realizada por fiscais da prefeitura. A intenção desta
organização é contribuir com a higiene, otimizar as negociações e inibir a presença dos atravessadores de terra
ao mesmo tempo que é cobrado imposto. Assim, os vendedores de açaí que utilizam as instalações do porto
devem pagar um tributo de 5% do valor das vendas totais do dia aos fiscais do município. Anteriormente a
fixação deste percentual foi cobrado durante 8 anos no mesmo local um tributo de 10 centavos por lata
independente do valor negociado no dia .
Nos outros portos a falta de organização favorece principalmente aos atravessadores com maior experiência,
comunicação e as fábricas. Normalmente estes atravessadores acompanham a variação dos preços desde o
inicio das operações do porto, entretanto aguardam ate o final para começar a comprar o excedente, pagando
R$3 a R$10 a menos por saca.
Preços – O “efeito cascata”
Os preços de açaí nos portos são negociados diariamente baseados na relação oferta-demanda e qualidade do
produto disponível. O efeito da qualidade nos preços será explicado no seguinte tópico “Qualidade do açaí
comercializado”.
A relação oferta-demanda é influenciada por distintas situações, entre elas, a presença de chuvas, alagamento e
até mesmo a época da semana, do mês e do ano.
A sobre-oferta de açaí ou mais conhecido como “alagamento” do produto, ocorre normalmente em época de
safra. Esta situação acontece devido à má interpretação do mercado e falta de comunicação por parte dos
atravessadores. A influência de produtos de açaí trazido de outra região também causa a o efeito de sobre-oferta
no mercado, principalmente quando este produto chega em grandes embarcações. “Quando um barco grande
encosta o preço cai até R$18 por sacai”.
A sobre-demanda pelo produto de açaí ocorre em períodos de entressafra e em dias ou épocas chuvosas. A
presença de chuva impossibilidade a coleta o que ocasiona falta de produto no mercado. Entretanto os
atravessadores que conseguem abastecer de açaí de outras regiões são beneficiados por estes eventos. “A
chuva beneficia a venda do diaii”.
O efeito do dia da semana na comercialização do açaí também é considerado. Geralmente, as segundas-feiras e
dias posteriores aos feriados são dias considerados ruins para o mercado de açaí (caro, pouco e baixa
qualidade). Os coletores não trabalham no domingo.
A época do mês também influencia a relação oferta-demanda. Na época de pagamento (26 a 10 do dia do mês)
da prefeitura e casa comerciais, existe uma maior demanda (consumo) pelo açaí. A influência da época do ano é
explicada pela época de safra. Diferença de preços entre épocas de produção podem chegar a R$15 por lata
(300%). Na época de entressafra a lata (14 kg) é negociada a R$20 enquanto que em época de safra a lata é
negociada a R$5,00. Cabe ressaltar que a relação entre o volume de produção e os lucros por parte do produtor
nas diferentes épocas não são as mesmas. “Quando o açaí era negociado a R$70/saca (entressafra) se reúne
num dia 4 a 7 latas. Agora (época de safra) a saca e negociada a R$20 mas a produtividade da coleta aumenta
até 25 latas/dia/coletoriii”.
A influência do tipo de comprador nos preços será melhor descrita no sub-tópico “Tipo de comprador (tópico
Qualidade do açaí comercializado)” e nas estratégias de trabalho de cada atravessador descrita no tópico
“Estratégia de trabalho”. No entanto, cabe destacar as seguintes generalidades:
§ Há uma evidente variação (flutuação) nos preços negociados nos mercados diariamente. Quanto mais
tarde o açaí é negociado no dia, aproximando-se da finalização do mercado, menor o valor deste. “A lata
em Belém "abre" valendo 15 e "fecha" valendo 11iv”.
§ O valor pago pela fábrica sempre está abaixo do valor de mercado. O preço do produto no mercado
nacional acompanha o valor do açaí. O preço no mercado internacional não acompanha o valor do açaí.
v
“Quando as fábricas estão fechadas sobra açaí ”. “As fábricas atualmente estão esperando a caída do
vi
preço mínimo do açaí ”.
§ Diferença entre preços: As diferenças nos preços pagos entre os batedores e as fabricas durante a etapa
de entrevista variou entre 17 a 22%. No qual os batedores pagavam melhor produto recebido.
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§
§
§
Os preços estabelecidos pelas geleiras são baseados nos valores negociados em Belém. E o efeito do
um eventual alagamento do produto açaí em Belém afetam diretamente os preços das negociados nos
outros portos da região.
Açaí não possui uma só qualidade. O preço negociado não é o mesmo.
O valor pago a produtores de uma mesma região pode ser diferenciado dependendo da capacidade
(volume de produto) e freqüência da entrega. Alguns geleiros pagam um valor diferenciado: R$5,50
passadores e R$5,00 portos grandes (20 a 30 sacas).Os valores do produto do açaí são negociados nos
trapiches (produtor-atrevessador) conforme as negociações do dia ou viagem anterior. O valor do
produto negociado entre atravessador e processador é baseado no valor do dia.
Qualidade do açaí comercializado
A qualidade e especificações do açaí comercializado variam muito, geralmente dependendo da origem do
produto, local e horário de negociação, tipo de comprador (destino final) e exigência, higiene do produto e do
local de comercialização e, tempo e distância entre local de produção e o mercado.
Tipo de comprador
A exigência da qualidade do açaí pode ser dividida primeiramente a partir de seus dois principais compradores:
batedores e fábricas:
Geralmente as fábricas iniciam seus trabalhos de processamento de açaí quando existe um volume
suficiente de açaí maturo no mercado, evitando comprar açaí imaturo. Entretanto devido ao grande
volume de encomendas trazidas pelos geleiros fica muito difícil de separar os diferentes teores de
maturação e qualidade do produto. Somente os paneiros que apresentem muita distinção entre os outros
entregues são rechaçados.
Os batedores – que compram menores porções individualmente – exigem melhor qualidade do produto.
Geralmente os batedores selecionam o açaí por tamanho, dando preferência ao açaí miúdo (também
conhecido como chumbinho), com boa coloração e que tenham mais polpa. O procedimento usual é
provar uma amostra (algumas unidades) de cada lote com a intenção de detectar a quantidade de polpa.
Em caso de dúvidas fixam-se no odor exalado pelo produto e a temperatura (fermentação) no meio do
paneiro.
Higiene
A higiene do produto também é lavada em consideração no momento de negociação nos portos. Os
atravessadores têm como recomendação não transportar pessoas junto com os produtos por questão de higiene.
Em casos em que o atravessador transporte passageiros, dentro dos paneiros de açaís comumente são
encontrados cabelo, farelo de comida, etc; Estes são conhecido como “açaí mijado”.
Origem do produto
Todos os entrevistados declararam que é importante conhecer a procedência do produto no momento de
negociá-lo. Os batedores exigem saber a procedência do produto para relacionar esta procedência ao
rendimento da produção de vinho. Um bom exemplo do “conhecimento popular” sobre a origem do produto esta
em que o rendimento do açaí da região de Mararú é considerado 30 % melhor do que o açaí da região de Mojú.
Usualmente alguns dos vendedores de açaí apresentam como origem de seu produto regiões consideradas de
boa origem, assim facilitando sua venda.
Local de negociação
Em alguns portos é negociado apenas o açaí. Nos portos que não possuem essa exclusividade a questão de
higiene é inferior e existe uma menor diversidade de origem açaí. Como bom exemplo o porto do Igarapé das
Mulheres (Macapá) tem produtos com qualidade do açaí consideradas inferiores (boa parte com procedência da
região do Bairiqui) em relação ao porto do açaí de Macapá e Santana.
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Tempo e distância do transporte
O tempo e distância do transporte também afetam a qualidade do produto comercializado. O açaí é um fruto
altamente perecível (recomendado o beneficiamento no máximo três dias após a coleta). Quanto maior o tempo
e a distância maior a possibilidade de desidratação e fermentação do açaí.
Diversidade do produto açaí
A diversidade na maturação e qualidade dentro de um mesmo lote (barco) comumente afeta a negociação do
mesmo. Geralmente, os batedores não negociam um mesmo preço para paneiros com diferentes maturações e
qualidades. A diversidade no mercado é ainda maior devido às diferentes procedências (regiões). É exatamente
esta diversidade uma das principais dificuldades para as cooperativas e fábricas em negociar grandes volumes
diariamente.
Controle de qualidade
A participação de fiscalização sanitária é diferente para cada porto. Os fiscais têm a autoridade de embargar
produtos que não possuem um padrão mínimo de qualidade, ou seja, produtos que apresentem processo de
fermentação. Atualmente, nos portos de Breves e Santana, os fiscais de saúde estão fomentando a utilização de
caixas em lugar de paneiros, evitando assim o contado do produto com o solo.
As atuações dos fiscais podem beneficiar aos atravessadores. Em determinados casos em que um fiscal da
saúde emite um laudo para um produto embargado, este documento pode ajudar ao atravessador a compartir o
prejuízo com os produtores quando o produto estiver sob a forma de consignação.
Horário de comercialização
Em portos em que o açaí e negociado no período da tarde (ex. porto da Fortaleza em Santana) o produto recebe
um maior valor. Isto ocorre pois o produto é mais fresco, tirado no mesmo dia (conhecido como "Açaí da Maré"
ou "Açaí do Dia").
Época e fluxo de produção
Atualmente existem diferenças na safra e no fluxo de comercialização do açaí entre as regiões de Amapá,
Gurupá, Breves e Belém. No entanto, esta diferença na sazonalidade produtiva entre estas regiões está cada vez
mais se reduzindo, havendo regiões produzindo na mesma época, que influencia diretamente no fluxo de
comercialização do açaí.
Os câmbios na sazonalidade produtiva estão provavelmente relacionados ao aumento na capacidade produtiva
de cada região e à atual mudança climática. O aumento na capacidade produtiva da cada região está vinculado
ao recente histórico de manejo e plantio dos açaizais. As mudanças no período e distribuição das precipitações
de chuvas, temperaturas e umidade relativa do ar, provocam alterações no período produtivo (atrasos ou
antecipação) e quantidade de produção do açaí. Atualmente já existe uma constatação destas mudanças por
vii
parte dos entrevistados. “Se continuar como está a produção na região vai até dezembro ”, “A produção ano
viii
passado comercializou de abril a setembro. Este ano começou em junho ”.
Estas mudanças produtivas mudam os hábitos de comercialização nos mercados e os fluxos das geleiras. Nos
últimos anos, em regiões que normalmente recebiam geleiras buscavam açaí já não estão chegando com a
mesma intencidade, preferindo regiões produtivas mais proximas ao local de venda do açaí. Esta confusão é
ainda maior em anos em que se apresentam duas safras.
O período produtivo da região de Santana é de abril a junho. De setembro a dezembro começa a produção da
região de Breves e Belém.
As movimentações das geleiras e barcos de linha transportando cargas de açaí da região de Santana à região de
Belém, normalmente acontecem nos meses de março a julho. No período de outubro a dezembro este processo
é inverso (Belém a Santana). De agosto a fevereiro, Amapá e Santana recebem açaí da região de Curralinho,
Limoeiro (safra de açaí de até fevereiro) e São Sebastião Boa Vista. Junho e julho, Gurupá recebe açaí da região
de Afuá. Agosto e setembro Belém recebe açaí da região de Curralinho. De fevereiro a abril Belém recebe açaí
da região de Anajás.
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O inicio de veda do pescado (período da desova) é de 1 dezembro (região do Pará), 10 novembro (região do
Macapá).
Tipologia de atravessadores
O caráter dinâmico do processo da comercialização do açaí (época de safra, flutuação dos preços) influencia
diretamente a estratégia de trabalho dos atravessadores. Assim, os atravessadores são caracterizados por terem
uma estratégia de trabalho dinâmica, exercendo diferentes funções (tipos de atravessador) ao longo do ano. “Se
não conseguir vender em Breves mudo de estratégia e vou vender em Belémix”. Esta estratégia dinâmica dificulta
o processo de caracterização (tipológica) dos atravessadores.
O trabalho de tipologia parte do uso de denominações já existentes. Para o caso dos atravessadores de açaí da
região do estuário das ilhas de Marajó e Belém, as denominações utilizadas (de uso comum) são: passadores
(que recolhem o produto), marreteiro (que negocia mercadoria), geleiro (que comercializa grande volumes de
açaí congelado) e feirantes (que comercializa nos portos os produtos do açaí de outros atravessadores ou
produtores).
Entretanto, existem outros tipos de atravessadores de açaí que exercem distintas funções mas são conhecidos
unicamente por “atravessadores”. São estes: os atravessadores que fornecem exclusivamente produtos aos
geleiros, atravessadores que utilizam os barcos de linha para transportar seus produtos a longas distâncias
(outros portos) e atravessadores que se responsabilizam por negociar exclusivamente parte do volume de açaí
consumido pela fábrica. Para estes casos o trabalho denominou estas categorias como “Atravessador Geleiro”,
“Atravessador Barco de linha” e “Atravessador Fábrica”.
Entre as variáveis utilizadas durante o processo de entrevistas (questionário - Anexo 1) que diferenciam estas
categorias estão:
§ Local de compra do produto
§ Origem do produto
§ Posição na cadeia de produção
§ Principais produtos de comercialização durante o ano
§ Destino da venda
§ Presença na cadeia de comercialização
§ Número de comercialização (compra ou venda?) na semana
§ Distância ao local de residência onde coleta (ou compra?) o açaí
§ Quantidades de horas de transporte e coleta do produto
§ Margem mínima de rentabilidade (real/paneiro)
§ Volume de açaí negociado (paneiros/viagem)
§ Custo por viagem (combustível, empregados, etc)
§ Tipo de atividade em época e dias que não comercializa o produto
§ Tipo de comunicação utilizada
§ Tipos de serviços sociais prestados
§ Forma como paga e recebe pelo produto
§ Tipos de risco
§ Principais custos
§ Participação associações ou colônia de pescadores
A tabela 1 apresenta os principais critérios de seleção para a criação das categorias de atravessadores de açaí.
Entre as variáveis identificadas que não distingue as tipologias estão: Idade; tempo na profissão; grau de
instrução/educação (até que série estudou); propriedade do barco; histórico da profissão; impressão sobre o
trabalho, produção transportada; tipo de contrato de venda do produto (existência de um comprador fixo) e
participação política e religiosa.
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Tabela 1. Matriz resumo de variáveis tipologicas de atravessadores de açaí
Atravessador
Barco de
linha
Portos
Barcos
Passador
Marreteiro
Atravessador
Geleiro
Geleiro
Feirante
Local de compra do produto
Trapiches
Trapiches
Barcos
Trapiches
Barcos
Trapiches
Barcos
Origem do produto
Produtor
Produtor,
passador
Produtor,
passador
Produtor,
Passador,
Marreteiro
Portos
Barcos
Produtor,
Passador,
Marreteiro,
geleira
2
2a3
2a3
2a4
3a4
2a3
3a4
Açaí, pescado,
frutas
Batedor,
passador,
carregador,
feirante,
geleira, fábrica
Negocia e
acompanha o
produto
Açaí, produtos
vivenda
Batedor,
passador,
carregador,
feirante,
geleira, fábrica
Negocia e
acompanha o
produto
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí
Açaí, palmito
Geleira
Batedor,
carregador,
feirante,
fábrica
Batedor,
geleira fábrica
Batedor,
carregador,
feirante,
fábrica
Fábrica
Negocia e
acompanha o
produto
Negocia e
acompanha o
produto
Apenas
negocia
Negocia e
acompanha o
produto
Apenas
negocia
Variável
Posição na cadeia de comercialização
(considerando o produtor como o
primeiro)
Principais produtos de comercialização
durante o ano
Destino da venda
Presença na cadeia de comercialização
Produtor,
Passador,
Marreteiro,
Atravessador
Fábrica
Portos
Barcos
Produtor,
Passador,
Marreteiro,
geleira
Número de comercializações na semana
2a3
1a3
2
1
6
1a2
6
Distância ao local de residência onde
coleta o açaí
Quantidades de horas de transporte do
produto
Quantidades de horas recolhendo o
produto
Margem mínima de rentabilidade
(real/paneiro)
Volume de açaí negociado
(paneiros/viagem)
Custo por viagem (combustível,
empregados, etc) (real/viagem)
Tipo de atividade em dias que não
comercializa o produto (além de
agendar novas compras e vendas de
açaí).
Próximo (1 a 4
horas)
Médio (6 a 8
horas)
Médio (6 a 8
horas)
Distante (partir
de 24 horas)
-
Próximo (1 a 4
horas)
-
2 a 16 hs
4
4
60
-
24 a 36
2
2 a 6 hs
4 a 9 hs
2 a 6 hs
24 a 30 hs
-
12
4
1
1
1
4
0,25
2
0,25
50 a 500
100 a 500
100 a 1500
700 a 5000
¿?
700 a 1500
1500 a 5000
150 a 300
150 a 300
100 a 200
2000 a 5000
-
1000 a 2000
-
Coleta açaí,
manejo, pesca
subsistência.
Compra
mercadoria
Coleta açaí,
manejo
Descanso
Descanso
Descanso
Descanso
Manejo, pesca
Comercializa
outras
mercadorias
(Palmito)
Manejo, pesca
-
Descanso
Celular
Celular, rádio
Vhf
Celular, rádio
Vhf
Telefone,
celular
Telefone,
celular
Telefone,
celular
Não fornece
Não fornece
Não fornece
Não fornece
Não fornece
Cobra pelo
serviço
Não fornece
Não fornece
Não fornece
Tipo de atividade em época que não
comercializa o produto
Geralmente
não cobra
Geralmente
não cobra
Cobra pelo
serviço
A vista, a
prazo
(consignação)
Geralmente a
vista e a prazo
Mercadoria, a
vista
Mercadoria, a
vista
Geralmente a
vista e a prazo
Geralmente a
vista e a prazo
Médio
Médio
Alto risco
Médio
Baixo
Baixo
Médio
Maresia
Alto
Alto
Médio
Baixa
Nenhuma
Baixo
Nenhuma
Pane no motor
Alto
Alto
Alto
Alto
Nenhuma
Baixo
Nenhuma
Alagamento do
mercado
Alto
Alto
Médio
Médio
-
Médio
-
40
60
800
Muito variável
-
-
-
Constante
devido à má
Constante
devido à má
Constante
devido à má
Constante
devido ao
-
-
Caminhão e
caminhonete
correspondência
mercadoria
Transporte de
passageiros
Forma como paga o produto
Forma como recebe pelo produto
Probabilidade de
roubo
Tipos de risco
Custos
Comercializa
outras
mercadorias
(Palmito)
Telefone,
celular, rádio
Vhf
Cobra pelo
serviço
Cobra pelo
serviço
Cobra pelo
serviço
Antecipado,
mercadoria a
vista
Cheque, a
vista, a prazo
Tipo de comunicação utilizada
Tipos de servicos
sociais prestados
Descanso
Repara o barco
Combustível (media
de litros viagem ou
dia)
Manutenção barco
Cobra pelo
serviço
Cobra pelo
serviço
Cobra pelo
serviço
Não fornece
Não fornece
Não fornece
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A vista, a
prazo
(consignação)
Cheque, a
vista, a prazo
A vista
Cheque, a vista
a prazo
Cheque, a
vista, a prazo
Cheque, a vista
a prazo
Numero de
Empregados
(empregados ou
diaristas?)
Paneiros e caixas
Outros tipos
Participação associações ou colônia de
pescadores
condição do
barco
condição do
barco
condição do
barco
desgaste
Nenhum a 1
pessoa
1 a 2 pessoas
6 pessoas
1 a 2 pessoas
Recebe o
paneiro da
geleira
Renovação
constante de
1500 a 3000
paneiros
Renovação de Renovação de
50 a 100
100 a 300
paneiros a cada paneiros a cada
ano
ano
-
Mercadoria
Armas, gelo
Sim
Não
Não
Não
Nenhum
1 pessoa
2 a 3 pessoas
por porto
¿?
Renovação de
700 a 1500
paneiros a cada
ano
Caixa
-
Transporte nos
barcos (R$1 a
1,5 por
paneiro)
Manutenção
caminhão,
carregadores
caixas
Não
Não
Não
Categorias atravessadores
Passador
O passador é caracterizado por coletar o açaí diretamente dos trapiches dos produtores e negociar com todos os
outros tipos de atravessadores ou a diretamente com os processadores (fábricas ou batedores). Histórico
profissional normalmente vem da relação com algum familiar que já fazia este trabalho ou transportando e
negociando seu próprio produto. Geralmente o passador trabalha com o próprio capital, pagando no momento
em que coleta o açaí. Em alguns casos excepcionais recebe o produto em consignação. O capital necessário
para uma viagem é entre R$500 a R$3500 por viagem (inclui o preço de compra do produto). O custo da viagem
varia com a distância aos portos, capacidade do barco e volume transportado. Em média esta categoria gasta
entre R$150 a R$300 por viagem incluindo gastos com transporte, contratando o serviço de um acompanhante e
acarreio. Normalmente recebe o pagamento a vista pela venda de seus produtos. Em casos de venda a prazo
espera em média uma semana para receber. Dificilmente aceita cheque.
Geralmente avisa e negocia com um dia de antecedência o volume de açaí a ser recolhido. Não separa os
produtos que recebe. Dificilmente negocia com antecedência a venda com objetivo de ter alguma garantia
(ligando desde a comunidade). Esta situação facilita os prejuízos causados pelo “alagamento do mercado”. Em
situações em que não consegue vender ou não esteja satisfeito com os preços oferecidos o passador aguarda
até o dia seguinte para negociar novamente seu produto ou envia até outro porto. Dependendo do horário de
funcionamento do mercado e da distância o “passador” deve dormir no porto. Alguns passadores têm a
estratégia de diversificar (maior número) seus compradores com intenção de garantir o comprador em épocas
consideradas difíceis (maior oferta que demanda). Esta categoria tem como recomendação não transportar
pessoas por questão de higiene.
Têm preferência por transporte a distâncias mais curtas, entregando para outros atravessadores, ganhando
menos, evitando riscos e retornando à casa no mesmo dia.
O passador comumente oferece serviços sociais como transporte de cargas e passageiros cobrando ou não por
estes serviços. Normalmente aproveitam o retorno de suas viagens para trazer mercadorias como "rancho"
(frango).
Esta categoria trabalha na comercialização do açaí principalmente durante a época de safra e em curtos
períodos antes a após esta época.
Marreteiro
Também caracterizado por coletar o açaí diretamente dos trapiches dos produtores e negociar com todos os
outros tipos de atravessadores ou diretamente com os processadores, a categoria de marreteiro se diferencia da
categoria de passador por necessariamente negociar outros produtos (víveres) no momento da coleta do produto
de açaí. Geralmente vende as mercadorias com uma taxa de 10 a 30% do valor do produto. Em casos mais
extremos, em comunidades distantes de centros comerciais, o atravessador vende os produtos com até 200% de
lucro.
Trabalha com o próprio capital, pagando no momento em que coleta o açaí ou paga em outras mercadorias.
Geralmente oferece crédito (mercadorias) para assegurar a colaboração do produtor em futuras negociações.
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Esta categoria gasta um maior tempo recolhendo o açaí que os passadores devido à negociação das
mercadorias.
O capital necessário para uma viagem é entre R$1500 a R$3500 por viagem. O custo da viagem varia com a
distância aos portos, capacidade do barco e volume transportado. Normalmente recebe o pagamento a vista pela
venda de seus produtos. Possibilidade de receber cheque.
Geralmente avisa e negocia com um dia de antecedência antes de recolher o açaí. Não separa (distingue) o açaí
que recebe dos vários produtores. Entretanto confere o volume de cada paneiro. Em algumas ocasiões negocia
com antecedência a venda com objetivo de ter alguma garantia. O marreteiro não oferece serviços sociais como
transporte de passageiros.
Esta categoria trabalha na comercialização do açaí e outros produtos (palmito, frutas) durante todo ano.
O marreteiro usualmente compra suas mercadorias no momento em que vai aos portos negociar os produtos
agro-extrativistas recolhidos. Também, recebe mercadoria encomendada a outros atravessadores (ex. produtos
de Belém trazidos pelas geleiras).
Atravessador de geleiro
Parte de um grupo atravessador temporários – em que parte do ano exerce este trabalho – o atravessador de
geleiro se caracteriza por negociar unicamente o produto do açaí com as geleiras durante um determinado
período do ano. Este pode coletar o açaí diretamente dos trapiches dos produtores, também como receber o
produto de outros atravessadores (passador ou marreteiro).
Esta categoria se diferencia do marreteiro por não negociar (vender) mercadorias durante a coleta do açaí. Isto
ocorre porque a venda de alimento atrasa a viagem.
Devido a estratégia de trabalho esta categoria demanda ter comunicação (geralmente via rádio Vhf) constante
com outros atravessadores e compradores (geleiras).
Este tipo de atravessador usualmente recebe um número limitado de paneiros entregue pelos próprios geleiros.
No momento da entrega dos paneiros o geleiro paga adiantado o valor total que será comprado pelos
atravessadores. Algumas vezes o atravessador de geleiro tem a possibilidade de negociar um provável excesso
de produto do açaí (quando não existir muito açaí no mercado do porto final).
Atravessador de barcos de linha
Também parte do grupo de atravessadores temporários, o atravessador de barco de linha se caracteriza por
utilizar o barco de linha – que transportam passageiros – para transportar açaí (não congelado) até os principais
portos durante um determinado período do ano. Esta categoria pode coletar o açaí diretamente nos trapiches dos
produtores, também como receber o produto de outros atravessadores (passador ou marreteiro) diretamente nos
portos. Geralmente, compra seus produtos em portos aguardando até o final do dia de comercialização com a
finalidade de comprar o excedente a um menor preço. Confere o volume de cada paneiro. Após a compra o
atravessador embarca o produto nos barcos pagando entre R$1,00 e R$1,50 por paneiro transportado (Breves –
Belém, Gurupá – Belém). Estes barcos, geralmente, possuem uma área bem demarcada (separada) para o açaí.
Tanto para embarque como para o desembarque o atravessador necessita contratar os serviços de
carregadores. O atravessador paga por volume ou por tarefa de algumas horas. Em Belém os carregadores
cobram R$1,00 por saca transportada. Em Breves os carregadores recebem por tarefa. Freqüentemente os
carregadores possuem pouco tempo para embarcar os barcos (2 h). Esta situação demanda um maior número
de carregadores. O embarque de 750 latas necessita 10 pessoas (R$7,00 por pessoa) trabalhando por duas
horas (tempo do barco ancorado).
Sempre antes de negociar a compra de açaí este atravessador liga para os portos ou para o comprador para
saber o preço. Esta categoria tem a estratégia de trabalhar com mais de uma pessoa (sócio, empregado ou
chefe) que negocia o produto com antecedência em outros portos e tem opção de receber o produto embarcado.
Os atravessadores desta categoria argumentam que não levam a produção até Belém em barcos próprios devido
aos riscos (principalmente o roubo) existentes.
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Geleiro
A categoria geleiro se caracteriza por comercializar grandes volumes de açaí congelado. Esta categoria atua em
diferentes regiões e portos dependendo a época do ano (safras). O geleiro compra o produto do açaí de outros
atravessadores diretamente de seus barcos em regiões estratégicas (ponto de encontro de rios – “bocas de rios”)
ou diretamente nos trapiches de produtores (que estão no caminho) que possuem volumes maiores que 20
sacas.
O capital necessário para uma viagem (despesas e compra do produto) é entre R$9.000 a R$30.000. Entre os
principais custos de viagem estão: remuneração dos trabalhadores (geralmente seis trabalhadores), combustível,
gelo (5 a 20 toneladas de gelo) e reposição do material de acondicionamento (paneiros e caixas). Os custos são
melhores detalhados no tópico “principais despesas”.
Devida ao grande volume de açaí comercializado em cada viagem, os geleiros devem assumir os prejuízos
devido à diminuição do volume total do açaí (também conhecido como "quebra do açaí") negociado nos portos,
causado principalmente pela desidratação do açaí (“muchamento”) durante a viagem, perda (desperdício) de
material durante transporte (ex. rompimento dos paneiros) e, má medição do volume no momento da coleta nos
trapiches. Alguns geleiros estimam que estas perdas estejam entre 6 % do volume total do açaí entregue nos
portos em casos que existiu uma adequada medição nos trapiches (utilização de latas) e de 12 % em casos em
que não houve uma medição adequada.
Este tipo de atravessador é o principal afetado pelos constantes roubos de embarcações nas baías próximas aos
grandes centros urbanos (Belém, Breves). Nestes roubos ladrões abordam de surpresa (sempre bem armados) e
buscam roubar principalmente a peças do motor como o “revés” e dinheiro, e em poucas ocasiões levam a
mercadoria.
O geleiro constantemente utiliza o rádio de comunicação Vhf e o telefone celular para o intercâmbio de
informações sobre preços e mercados, passar notícias de roubos ocorridos na região e de aopio para a
navegação.
Os grandes barcos geleiros podem transportar de 2.500 a 5.000 paneiros com uma margem mínima de
rentabilidade por unidade (paneiro ou caixa) menor que os pequenos barcos geleiros. Geralmente pagando
melhores preços aos seus atravessadores que as pequenas geleirs. Assim, as menores geleiras (capacidade até
1.500 paneiros) sofrem com a concorrência de maiores geleiras na região. Nestes casos a pequenas geleiras
devem se deslocar a outros pontos de coleta.
Algumas vezes o geleiro traz encomendas (ex. batedeiras e farinha) aos atravessadores com quem negociam.
Têm estratégia de negociar volume e preço com seus compradores (fábricas) e vendedores (atravessadores)
antes de viajar para coletar o produto. Também têm estratégia de trazer a maior parte do produto no gelo e a
outra parte in natura (açaí do dia, dependendo da distância e logística).
Açaí gelado é negociado a um maior valor em relação ao natura (ex. R$9,00 e R$8,50 respectivamente). Ter
duas qualidades distintas de produto (gelado e natura) da maior garantia de venda. Algumas fábricas somente
compram açaí gelado outras recebem in natura.
Alguns geleiros têm capital de giro suficiente para receber cheques e aguardar até o dia de troca (15 a 30 dias).
Os geleiros que não tem esta capacidade usualmente trocam o cheque recebido pela fábrica em posto de
abastecimento (cidades ou Portos) com taxas de 5% em cheques para 15 dias e 10% em cheques para 30 dias.
Outra solução para os geleiros que não possuem capital de giro para aguardar até o dia de troca é vender ou
negociar seus produtos a feirantes. Normalmente um geleiro distribui seu produto de 15 a 20 feirantes.
Feirante - atravessador do porto
O feirante – também conhecido como atravessador do porto – é caracterizado por comercializar nos portos o
açaí de outros atravessadores ou produtores. Esta categoria possui amplo conhecimento sobre o funcionamento
do mercado nos portos e agentes participantes (atravessadores e processadores). As duas formas de
comercialização (estratégia de trabalho) são a compra (e venda) ou representação o açaí de outros
atravessadores ou produtores. Entre os tipos de atravessadores que repassam os produtos aos feirantes estão
os passadores, os marreteiros e os geleiros. Para a estratégia da compra e venda, o feirante compra o produto
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por um preço baseado no valor do dia anterior, da quantidade de produto no mercado e nas suas capacidades e
expectativas de venda. No caso da representação, o feirante recebe uma determinada quantidade de produtos
de açaí sob forma de consignação e vende no mercado recebendo ao final uma comissão (geralmente de R$0,10
a R$0,25 por lata). As outras categorias de atravessadores e/ou produtores geralmente utilizam os serviços dos
feirantes fornecendo produtos devido à que estes possuem rápida capacidade de comercialização e capital de
giro suficiente para receber cheques (de fábricas) ou negociam a prazo e pagar e pagar em dinheiro.
Geralmente, esta categoria tem seu espaço (ponto de venda) no porto bem demarcado e, em algumas ocasiões
ou locais (portos), impedem (ou dificultam) outros tipos de atravessadores e produtores de vender seu produto,
principalmente na época de alagamento.
Atravessador da Fábrica
Responsável por negociar exclusivamente parte do volume de açaí consumido pela fábrica, a categoria
atravessador de fábrica se caracteriza por comprar grandes volumes do produto do açaí de produtores, outros
atravessadores ou disponíveis nos portos. Os atravessadores da fábrica geralmente negociam a compra de um
volume mínimo com um a dois dias de antecipação (garantizando o suprimento mínimo diário). Nos portos,
geralmente, aguardam até o final do dia de comercialização com a finalidade de comprar o excedente a um
menor preço. Esta categoria possui a menor margem mínima de rentabilidade (0,25 real/paneiro). Entretanto,
devido ao grande volume de compra diária, estes recebem uma boa rentabilidade ao final de cada negociação.
Esta é a única categoria que não tem problemas (riscos) com o alagamento de produto do açaí no mercado,
muitas vezes beneficiando-se desta situação. Esta categoria possui seus próprios empregados responsáveis
pelo carregamento e transporte em caminhões.
Matriz resume das categorias atravessadores
Para facilitar o entendimento dos distintos tipos de atravessadores, a tabela 2 apresenta as principais
semelhanças e diferenças existentes entre os atravessadores.
Tabela 2. Matriz comparativa entre tipos de atravessadores. Principais semelhanças e diferenças.
Passador
Passador
Vende
diretamente
com o produtor;
Viaja curta
distancia
Geleiro
Feirante
Atravessador de
barco de linha
Principais Diferenças
Marreteiro
Atravessador
Geleiro
Marreteiro
Atravessador
Geleiro
Vende ao
geleiro;
Viaja curta
distancia
Geleiro
Feirante
Principais Semelhanças
Negocia com
Vende ao
feirantes;
batedor
Utiliza os
serviços dos
carregadores
Vende
Vende ao
Negocia com
mercadoria;
geleiro;
feirantes;
Maior tempo
Viaja curta
Utiliza os
recolhendo o
distancia
serviços dos
açaí
carregadores;
Oferece
Entrega
crédito
encomendas de
Confere o
mercadorias
volume de
cada paneiro.
Recebe produto de outro
Utiliza rádio de
passador
comunicação Vhf
Entregam exclusivamente para
as geleiras
Congela o produto;
Transporta açaí longa distância
Contratam os serviços dos passadores marreteiros
e atravessadores-geleiros Assume maiores riscos
e custos.
Unicamente negocia açaí no porto
Recebe açaí dos passadores marreteiros e atravessadores-geleiros e
geleiros.
Transporta açaí a longa distância; utiliza barcos de Não congela o
linha como meio de transporte
produto; assume
menores riscos e
custos. Busca o
produto em uma
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Vende ao
batedor
Recebem
cheque ou
negociam a
prazo
Transporta
açaí a longa
distância;
utiliza barcos
de linha
Atravessador
barco de linha
Atravessador
Fábrica
Vende ao feirante Vende à
ou ao batedor
Fábrica
Vende ao feirante Vende à
ou ao batedor
Fábrica
Negocia com
antecedência o
volume
Negocia com
antecedência o
volume
Viaja grande
distancias
Negociam
grandes
volumes
Negociam com
atravessadores
de fábrica
Negociam nos
portos (em
terra)
Negociam com
as fábricas;
Negociam
grandes
volumes
menor
diversidade de
regiões
Atravessador
Fábrica
Unicamente negocia açaí no porto
como meio
de transporte
Recebe açaí
do feirante;
Negocia
muito volume
diário de açaí
Unicamente
negocia açaí no
porto
Estratégia de trabalho em comum
O estebelecimeno de contrato é uma característica em comum para todos os distintos tipos de atravessadores.
Os "contratos” (acordos orais) são estabelecidos entre atravessadores e consumidores finais (fábricas e
batedores) ou até mesmo entre atravessadores (ex. passadores e atravessador de fábrica). A existência do
contrato dá a opção de chegar mais tarde aos portos e assim não arriscar-se tanto na maré. Muitas vezes os
atravessadores utilizam os contratos em momentos considerados oportunos tal como época de safra. Foi
evidenciado apenas um atravessador que mantém um contrato constante com um processador. Neste caso o o
passador diz ter um contrato que protege a ambos durante todo ano.
Principais despesas
Regularização de documentos: Antes de regularizar os documentos dos barcos (documento necessário para
acessar o seguro desemprego de pesca) os barqueiros tem que tramitar seus próprios documentos pessoais
(CPF, RG). O principal entreve para a tramitação dos documentos é o desconhecimento do processo, dias
necessários (impedem o trabalho) e não saber ler e escrever. Num dos casos entrevistados o atravessador
chegou a gastar R$250 (pago a um assessor) para trâmite de documentação e cadastramento do barco. Entre
outros custos estão: curso carteira marítima (R$4), pagamento da matricula do motor do barco (R$13) e o seguro
barco (R$65, todo ano).
Comunicação: O custo da comunicação varia com a capacidade e necessidade de compra. Um rádio Vhf pode
chegar até R$1000 (serve para apoiar na navegação) .
Aluguel barco: Em alguns casos o atravessador aluga o barco com o qual trabalha. O aluguel de um barco pode
variar de R$400/mês um barco com capacidade de 20 sacas, até R$1200 com capacidade de 500 sacas.
(Recentemente a prefeitura de Afuá está alugando seus barcos, utilizados para o transporte de estudantes, por
R$800 a R$1200 durante o período de ferias). Também existe a opção de alugar por poucos dias. A diária de um
barco é negociada em R$30 a R$50.
Perda de material: Também conhecido como "quebra do açaí" a perda de material é causado principalmente pela
desidratação do açaí (“muchamento”) durante a viagem, perda (desperdício) de material durante transporte (ex.
rompimento dos paneiros), e má medição do volume no momento da coleta nos trapiches. Um dos geleiros
entrevistado estima uma diminuição de 6 % do volume total do açaí entregue nos portos em casos que exista
uma adequada medição nos trapiches (utilização de latas) e de 12 % em casos que não ocorra uma medição
adequada.
Reposição do material para o acondicionamento: O paneiro é vendido a R$1,50. Estes podem durar um ou mais
períodos de safra dependendo da intensidade e forma de uso. No caso dos geleiros os paneiros podem durar
menos de 4 viagens (1 mês). Os atravessadores de barco de linha, de fábrica e os geleiros comumente utilizam
caixas de plástico. A caixa é vendida a R$14. Atualmente os fiscais de sanidade incentivam uso das caixa para
diminuir o contato do açaí com o solo.
Gelo: Os geleiros chegam a utilizar de 5 a 20 toneladas de gelo por viagem. Para esfriar 1500 paneiros uma
geleira necessita de 8 toneladas de gelo e mais 1 tonelada colocada na volta para garantir o esfriamento do açaí.
O custo destas 9 toneladas são R$720 (R$80/tonelada de gelo).
Diária do coletor: Comumente os diferentes tipos de atravessadores têm sua própria produção de açaí. Devido
ao trabalho como atravessador estes não têm tempo hábil para a extração. Desta forma, contratam coletores de
açaí (“tiradores”) pagando R$20 a diária ou negociam um porcentagem (geralmente, 50%) das vendas do açaí
coletado. Esta estratégia depende da quantidade de açaí disponível (época de safra ou não) e da necessidade
de entrega.
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Riscos
Entre os riscos percebidos pelos entrevistos estão: roubo de mercadoria ou do barco, perda de carga ou dano
físico da embarcação devido a um efeito climático (maresia ou temporal), ficar à deriva devido a uma falha do
motor e, sobre-oferta de açaí nos portos (“alagamento do mercado”).
Roubo: O roubo foi o risco mais mencionado. Porém, existem dois tipos de roubo nas embarcações: roubos
marítimos (barco em movimento) e furtos de barcos ancorados nos portos. O roubo de barco em movimento
geralmente ocorre nas baías próximas aos grandes centros urbanos (Belém, Breves). Os ladrões procuram
roubar peças do motor como o “revés” e dinheiro, poucas vezes levam mercadoria. Os principais afetados por
este tipo de roubo são os geleiros. Esta situação desmotiva atravessadores de outras categorias a levarem
produtos em barco próprios preferindo utilizar barcos de linha no transporte aos portos como Belém. Os furtos de
barcos ancorados nos portos acontecem quando o barqueiro esta negociando seu produto, fazendo compras nos
mercados ou descansando. Outro tipo de roubo são os furtos durante a descarga ou negociação nos portos.
Perda de carga ou avarias à embarcação: A perda de carga ou danos físicos à embarcação ocorrem usualmente
em áreas abertas (baías) e portos que não possuem proteção (quebra ondas). O temporal impossibilita a
navegação e molha o açaí (desvaloriza o produto e algumas vezes causa a perda do açaí).
Deriva: A situação de deriva acontece majoritariamente devido a mau estado da embarcação e falta de
manutenção. A ausência de um rádio Vhf dificulta ainda mais a situação.
Sobre-oferta do produto: Explicado anteriormente no tópico “preços”.
A era do conhecimento
O desenvolvimento de novas tecnologias (ex. telefonia celular) e sua viabilização devido a uma diminuição dos
custos, está contribuindo com o acesso rápido à informação. Este acesso rápido está mudando a estratégia de
negociação entre produtor-atravessador-processador. Entre as tecnologias mais utilizadas estão o rádio Vhf, o
telefone celular, e o rádio AM/FM.
Rádio Vhf
O Rádio Vhf é encontrado principalmente nos barcos de pescadores e atravessadores com maior poder
aquisitivo. Estes utilizam os rádios de comunicação para passar notícia de roubos ocorridos na região, apoiar na
navegação (orientação sobre percurso do rio), solicitar ajuda (motivos técnicos como um pane no motor) e,
intercâmbio de informação sobre preços e mercados.
Telefone e Celular:
A telefonia fixa ainda não está disponível nas áreas rurais. Entretanto com o desenvolvimento da telefonia celular
– principalmente nos últimos dois anos – contribuiu muito no melhor acesso a informação (ex. conhecimento dos
preços e mercado).
Rádio
Diversidade de Emissoras
Questionados quais eram as emissoras de rádios preferidas, os entrevistados apresentaram as seguintes
emissoras:
Local
Emissoras de Rádio
Amapá e Santana Difusora (660 am) ,Santana Fm, Amapa Fm Marco Zero (760 am).
Belém
Rádio Clube, Liberdade Fm (Emissoras evangélicas ), 99 fm
Breves
Rádio Marajo, FM popular e Rádio Breves
Gurupá
Rádio comunitaria 102
Jaburu
Difusora (660 am) , Marco Zero (760 am).
Cabe destacar que em alguns casos os entrevistados optavam em selecionar a rádio que tivesse acesso na
região, muitas vezes selecionando pelo tipo de musica.
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Programas de informação
Rádio Difusora (660 am) possui dois programas de grande audiência entre os produtores e atravessadores de
produtos extrativistas da região de Amapá, Santana e ilhas adjacentes. O primeiro, “Desperta Difusora”
programa às 5:00, comumente repassa o preço açaí. O programa "alô alô amazonia - a hora da mensagem (das
13:00 às 14:00) repassa mensagens que fomentam a compra e venda de produtos.
A criação de programas de informação sobre preços e mercados de PNFM pode afetar certos setores. Este é o
caso dos batedores de açaí de Breves e atravessadores de açaí. No caso dos batedores de açaí da região de
Breves, este não querem que as rádios divulguem os “preços do dia” do açaí porque esta informação pode afetar
suas vendas.
Há também uma desconfiança na veracidade das informações apresentadas em programas de mensagens. O
mensageiro pode passar uma informação errônea sobre uma determinada situação de forma proposital,
confundindo assim aos produtores. " Não se sabe quem esta falando a verdadex".
Rádio comunitária
Algumas pessoas entrevistadas apresentaram a demanda pela criação uma rádio comunitária para a região do
Jaburu. A demanda é especifica para programas do tipo “mensageiro” (programa mensagem e avisos através da
rádio). Entretanto além das questões de custos e capacidade técnica necessária, deve-se levar em consideração
os padrões para a legalidade destas rádios.
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Políticas Publicas
Para facilitar o entendimento da incidência de Políticas Púbicas na estratégia de vida e trabalho dos
atravessadores de PFNMs, apresentam-se nesta seção as principais barreiras enfrentadas pelos agentes
participantes da cadeia de comercialização de PFNMs.
Barreiras de mercado
Informação de mercado: Insuficiente informação sobre a oferta e a demanda.
Poucos compradores: O mercado de PFNMs ainda não esta consolidado.
Preços baixos e incertos: Características da falta de demanda.
Barreiras financeiras
Falta um programa de estímulo ao investimento. Abertura de linhas de crédito e outras formas de
financiamento.
Insuficiente informação sobre créditos disponíveis. Falta de claridade e incentivos para que os
atores locais acessem financiamento não convencional.
Altos custos de produção: Alguns dos PFNMs necessitam ser processados e armazenados antes
da comercialização. Necessidade de capital de giro para a comercialização desses produtos.
Perdas na comercialização: Alguns PFNMS são altamente perecíveis.
Barreiras técnicas
Insuficiente informação sobre mercado, análise de viabilidade econômica de produção e
comercialização de PFNMs.
Necessidade de criação de programas de capacitação profissional e treinamento técnico.
Proporcionar capacidade técnica a funcionários públicos, pesquisadores, atravessadores e
produtores em temas de comercialização de PFNMs.
Barreiras culturais
Falta fomentar a troca de experiências de casos de comercialização de PFNMs de sucesso na
região.
Falta a criação de cooperativas. O que possibilita melhores condições de enfrentar o
mercado.
Necessidade de estabelecer um programa de melhoria na educação básica4
Barreiras institucionais
As instituições carecem de informação apropriada sobre cadeia de produção de PFNMs.
Inexistência de entidades reguladoras de mercados. Esta ausência beneficia a formação de
cartéis na cadeia de comercialização.
Barreiras políticas e legais
Falta desenvolver marcos regulatórios específicos a comercialização PFNMs. Como por
exemplo, a criação de um marco regulatório de PFNM de incentivo, com medidas que fomentem
o desenvolvimento do setor, como o subsidio, favorecimento das exportações, determinação das
especificações técnicas das práticas de manejo como o armazenamento e o transporte.
5
Falta um apropriado programa de eletrificação rural . Eletrificação rural descentralizada.
4
O governo federal recentemente criou o programa “Pescando Letras” que busca alfabetizar prioritariamente a pescadores e pescadoras
profissionais e aqüicultores e aqüicultoras familiares com 15 anos ou mais que ainda não aprenderam a ler e escrever. As metas do
Programa Pescando Letras são:
§
reduzir em 50% o índice de analfabetismo entre os pescadores profissionais e aqüicultores familiares até 2007;
§
atuar em todo o território nacional, disponibilizando aos parceiros locais um projeto pedagógico com metodologia específica para
essa categoria, respeitando sua cultura, experiência e realidade;
5
O governo federal iniciou em 2004 o “Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica - Luz para Todos" com o
objetivo de levar energia elétrica para a população do meio rural. Entre os setores priorizados pelo programa estão:
§
Projetos de eletrificação rural paralisados, por falta de recursos, que atendam comunidades e povoados rurais;
§
Municípios com Índice de Atendimento a Domicílios inferior a 85%, calculado com base no Censo 2000;
§
Municípios com Índice de Desenvolvimento Humano inferior à média estadual;
§
Comunidades atingidas por barragens de usinas hidrelétricas ou por obras do sistema elétrico;
§
Projetos que enfoquem o uso produtivo da energia elétrica e que fomentem o desenvolvimento local integrado;
§
Escolas públicas, postos de saúde e poços de abastecimento d’água;
§
Assentamentos rurais;
§
Projetos para o desenvolvimento da agricultura familiar ou de atividades de artesanato de base familiar;
§
Atendimento de pequenos e médios agricultores;
§
Populações do entorno de Unidades de Conservação da Natureza; e
§
Populações em áreas de uso específico de comunidades especiais, tais como minorias raciais, quilombos e comunidades
extrativistas.
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Estudo de Caso: Cadeia de Comercialização do açaí na Comunidade de Jaburú
Produtores: Alguns dos produtores entrevistados dão preferência
em estar tranqüilo em casa em lugar de ir comercializar
diretamente no porto de Santana e Macapá. Entretanto, em
algumas situações em que estes produtores necessitam ir até a
cidade, eles mesmos levam sua produção diária de açaí, seja em
suas próprias embarcações, ou seja, pagando frete e transporte
nos barcos dos passadores.
Alguns produtores, quando necessário (falta de mão de obra
familiar ou época de safra) têm a estratégia de permitir a coleta de
parte do açaí em sua área e paga 50% do valor negociado aos
coletores. Em algumas circunstancias são estes mesmos coletores
que coletam os paneiros dos atravessadores (negociados um dia
antes), o que dificulta a negociação entre o produtor e o
atravessador. "Às vezes o açaí já esta no trapiche e não dá pra
negociarxi".
As famílias de produtores mesmo que morando próximos entre si,
não negocia a venda do açaí em conjunto.
Alguns produtores têm a estratégia de vender sua produção diária
a mais de um atravessador, assim satisfazendo e garantindo seu
comprador.
Geralmente os produtores têm a percepção que o atravessador do
porto recebe o maior lucro da cadeia de comercialização.
Durante a época de entrevista, foi constatado que um mesmo
atravessador paga um preço diferenciado (R$0,50 a R$2) pelo
açaí. Esta situação ocorre devida a capacidade de negociação do
produtor e o volume de açaí ofertado.
Passador: Manuel dos Santos da Silva (e seu irmão) e Ricardo
Coimbra são os passadores da Região do Jaburú. Geralmente
coletam duas vezes na semana. Para cada viagem necessitam
dois dias de trabalho. Manuel e seu irmão negociam diretamente
no porto, devido que seu pai já trabalhava a muitos anos e tinha
um ponto na pedra garantido. Ricardo prefere negociar com os
feirantes.
Geralmente eles trabalham com o próprio capital, pagando no momento em que coleta o açaí. Em alguns casos
excepcionais recebe o produto em consignação. O capital necessário para uma viagem é aproximado R$700 por
viagem (inclui o preço de compra do produto). Devido ao pouco capital de giro eles recebem o pagamento a vista
pela venda de seus produtos. Não negociam com antecedência a venda de seu produto. Comumente sofrem
prejuízos causados pelo “alagamento do mercado”. Geralmente oferece serviços sociais como transporte de
cargas e passageiros cobrando ou não por estes serviços. Normalmente aproveitam o retorno de suas viagens
para trazer mercadorias como "rancho" (frango).
Marreteiro: Haroldo Barbosa Alvez, coleta o açaí diretamente dos trapiches dos produtores e negocia com todos
os outros tipos de atravessadores na pedra de Santana. Entretanto prefere entregar para as geleiras. Trabalha
com o próprio capital, pagando no momento em que coleta o açaí ou paga em outras mercadorias. Geralmente
oferece crédito (mercadorias) para assegurar a colaboração do produtor em futuras negociações. Compra outros
produtos (palmito, frutas) durante todo ano.
Atravessador de geleiro: Os três atravessadores que entregam açaí para as geleiras são o Marola, o João Carlos
e o Haroldo. Eles geralmente coletam o açaí diretamente dos produtores, e em certas ocasiões (falta de tempo)
recebem o açaí de Josué Oliveira Santos (passador). Todos mantém constante comunicação via radio Vhf entre
Para o atendimento das escolas publicas o programa prevê a instalação de rede elétrica nas 18 mil escolas públicas brasileiras que não têm
o benefício, num investimento estimado em R$ 90 milhões, beneficiando a 700 mil alunos.
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eles. Houve alguns comentários (alguns produtores) que disseram que estes atravessadores algumas vezes
estabelecem um valor máximo a ser pago no açaí. O que se definiria como formação de Cartel.
Estes atravessadores recebem número limitado de paneiros entregue pelos geleiros. Conforme o conhecimento
local, e também evidenciado durante a entrevista, o Marola tem certo domínio neste tipo de categoria, recebendo
um maior numero de paneiros pelos geleiros, algumas vezes repassando este paneiros a outros atravessadores
(ex. Josué).
Geleiros: Os geleiros recebem unicamente de seus atravessadores. Esta estratégia é parte explicada pelo rápido
e seguro processo de coleta.
Feirantes: Os feirantes da Pedra de Santana, têm seu espaço (ponto de venda) no porto bem demarcado e
geralmente impedem (ou dificultam) o trabalho de outros vendedores.
Atravessador da Fábrica: Os atravessadores da fábrica geralmente negociam a compra de um volume mínimo
com um a dois dias de antecipação (garantizando o suprimento mínimo diário). Na pedra de Santana, aguardam
até o final do dia de comercialização com a finalidade de comprar o excedente a um menor preço.
Aspectos gerais atravessadores: Os atravessadores em Jaburú, geralmente avisam com um dia de antecedência
antes de recolher o açaí. Não separa (distingue) o açaí que recebe dos vários produtores. Usualmente conferem
o volume dos paneiros que tenham duvida em relação ao volume. Em algumas ocasiões negociam com
antecedência a venda com objetivo de ter alguma garantia.
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Outros PFNM
Palmito
Durante época de colheita do açaí (safra fruto), o palmito de açaí não é negociado em grande escala. O volume
de comercialização do palmito aumenta durante a entre-safra da produção do fruto de açaí (momento de manejo
dos açaizais). O período de maior volume de comercialização do palmito na açaí na região é de outubro a
março. Atualmente (meados de julho – época da entrevista) o palmito estava sendo negociado em media a
R$0,60/unidade entregue diretamente no porto.
Foi evidenciado dois diferentes sistemas de classificação do palmito de açaí: “tipo classes” (2 a 5; classe 2
representa dois palmito para completar um pote de palmito) e “tipo categorias” qualitativa (grande/grosso, médio
e fino)
O sistema de classificação “tipo classes” é utilizado pelos compradores nos portos e fabricantes. O palmito
estava sendo negociado pela fábrica a R$0,80 (classe 2/1); até R$0,20 (classe 5/1). Também é negociado o
palmito já beneficiado por outras fábricas em zonas rurais; R$2/vidro extra; R$1,50/vidro de segunda e
R$0,50/vidro palmito picado.
O sistema de classificação “tipo categorias” é utilizado pelos atravessadores em campo. Devido ao caráter
qualitativo, este sistema beneficia o comprador. No momento da entrevista o atravessador estava pagando
R$0,75 (grosso) a R$0,15 (fino) em Jaburu e, em Tauari o mesmo atravessador pagava a R$0,70 (grande),
R$0,60 (grosso), R$0,35 (médio) e R$0,15 (fino).
Murmuru
A comercialização do Murmuru na comunidade de Jaburu esta apenas em etapa de experimentação. Entretanto,
a negociação do preço mínimo é o principal entrave para a comercialização do produto. Num rápido exercício de
cálculo sobre o rendimento e valor do trabalho baseado em um dia de colheita comunal do Murmuru, no final do
dia, sem contabilizar os trabalhos de secagem e retirada da casca, um “tirador” de Murmuru receberia R$15 pela
jornada. Este cálculo foi feito através do contabilização do trabalho de mutirão (6 pessoas, 8 a 15 hs) que
coletaram 17 paneiros (14 kg de produto bruto/ paneiros o que equivale a 5 kg amêndoa, com o valor R$1,10/ kg
amêndoa). Ao total foi colhido o equivalente a 85 Kg de amêndoa (13 Kg amêndoa/pessoa: R$15/pessoa). Ao
mesmo tempo, em uma diária coletando açaí o “tirador” recebe de R$20 até R$40 por jornada de trabalho, o que
inviabiliza a colheita do Murmuru em época de safra do açaí.
Frutos
Entre os principais frutos comercializados pelos atravessadores entrevistados estão cupuaçu, graviola, banana e
o limão. No caso do da comunidade de Jaburu o principal comprador para estes frutos e o Sr. Josoé Oliveira
Santos – um dos passadores de açaí da comunidade que também tem um negócio de venda de frutas em
Macapá.
Cabe destacar que os flutuação dos preços das frutas durante o período de safra não varia tanto comparando a
flutuação de preço do açaí, e que o produto é pago depois de sua venda em Santana (consignação).
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Contatos
Amapá
Federação dos pescadores do Amapá – FEPAP: (96) 2223551 ou 2226146
Ex-pesqueiro/atravessador, responsável em apoiar os pescadores em retirar documentações – Alonso Duarte da
Silva (96) 81195262.
Belém
Fábrica Tropinat (beneficiamento do açaí) – Claudio Mota (91) 96238581
Gurupá
Administrador Sindicato Trabalhadores Rurais – Helio Cleber (91) 36921100
Presidente COOMAG – José Ivanildo (91) 36921100
Santana
Secretario Cooperativa Pescador e Extarivistas Vegetal e Animal do Igarapé da Fortaleza – Denei de Oliveira
(96) 81197374 ou 32830868. Tel da cooperativa: (96) 32832608
Atravessador PFNM – Benedito Augusto Monteiro (BTO) (96) 32811318 ou 99036815
Sambazon do Brasil Comércio Ltda (Açaí do Amapá Agro Indústria Ltda) – Isaac Bando Tel.: (91)
3228-4722 / (96) 3283-0876 Cel.: (91) 8115-0215 Email: [email protected]. Miguel Hauat: Cel.:
(96) 8115-0013
Eng florestal da Sambazon – Breno Floresta: [email protected] (96) 81166881 ou 32830876
Fábrica de Palmito (Rua Rio Jarí 252 ao lado da pedra) – Grimaldo (96) 81129794 ou 32811785. Murilo (socio),
81128554 [email protected] .
Breves
Oziel Menezes Pompeu (Administrador feira açaí Breves): (91) 81234938
Izaias Pontoja de Freitas (funcionário da prefeitura que feira açaí Breves): 81839490
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Bibliografia Consultada
Bacellar A. A.; Souza R. C. R.; Xavier D. J. C.; Seye O.; Bacellar A. A.; Santos E. C. S.; Freitas K.T. 2006.
Geração de Renda na Cadeia Produtiva do Açaí em Projeto de Abastecimento de Energia Elétrica em
Comunidades Isoladas no Município de Manacapuru-Am. Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico –
CDEAM, Universidade Federal do Amazonas – UFAM. 8 pg
Canto S. A. E. 2001. Processo Extrativista do Açaí: Contribuição da Ergonomia com Base na Análise Postural
Durante a Coleta dos Frutos. Tese para Título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pósgraduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 114 pg.
Capiberibe J. M. G. 2001. Da Amazônia para o mundo. Projeto Castanha. Histórias de um Brasil que Funciona Ciclo de Premiação 2001. Programa Gestão Pública e Cidadania. Pg 79 a 82. Consultada em 23 de julho de
2007. Retirada de: http://inovando.fgvsp.br/conteudo/documentos/historias2001/Castanha%20do%20Brasil.pdf
Guimarães O. 2006. Energia Amazônica. Sabores do Brasil. 2 pg.
Kinghost, 2007. Dicionario on-line. Consultado em 27 de junho de 2007. Retirado de:
http://www.kinghost.com.br/dicionario/atravessador.html
Menezes, M.; Pinheiro, M. R.; Guazzell A. C.; Martins, F. 2005. Cadeia produtiva do açaí no estado do
Amazonas. Série Técnica Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Governo do Estado do Amazonas.
SDS. 32 pg.
Melo P. V.; Oliveira Júnior A. R.; Costa A. M. 2003. Projeto Potencialidades Regionais Estudo de Viabilidade
Econômica – Açaí. 66 pg.
SEAP/PR (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca). Consultada em 23 de julho de 2007. Retirada de:
http://200.198.202.145/seap/pescando/objetivo.htm
(SEAP/PR, 2007)
Referencias:
i
Atravessador tipo passador. Entrevistado no Porto do Açaí, Macapá.
Atravessador tipo geleiro. Entrevistado na Boca do rio Taorí, Ilha Grande de Gurupá.
iii
Produtor. Entrevistado na Comunidade de Jaburú
iv
Atravessador tipo geleiro. Entrevistado na Boca do rio Taorí, Ilha Grande de Gurupá.
v
Atravessador tipo passador. Entrevistado no Porto do Açaí, Santana.
vi
Funcionário Fabrica. Entrevistado na cidade de Santana.
vii
Atravessador tipo passador. Entrevistado no Porto do Fortaleza, Santana.
viii
Atravessador tipo passador. Entrevistado no Porto de Gurupá.
ix
Atravessador tipo de Barco de Linha. Entrevistado no Porto do Açaí, Breves.
x
Produtor. Entrevistado na Comunidade de Jaburú
xi
Produtor. Entrevistado na Comunidade de Jaburú
ii
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Atravessadores de açaí