Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 MANEJO ECOLÓGICO DA PRODUÇÃO DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart.) ORGÂNICO NA VÁRZEA AMAZÔNICA – PARÁ. LEANDRA ROSE PALHETA 1*, MARZANE PINTO DE SOUZA², FELIX LELIS DA SILVA3, REGIANE DA SILVA SOUSA4, IRON DHONES DE JESUS SILVA DO CARMO5 2 1 Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98037-2028, [email protected] Msc. Professora Eng. Agrônoma, IFPA, Castanhal-PA. Fone: (91) 98843-7788, [email protected] 3 Msc. Professor Eng. Agrônomo, IFPA, Castanhal-PA. Fone: (91) 2-2, [email protected] 4 Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98528-3771, [email protected] 5 Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98047-6139, [email protected] Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: Este trabalho teve como objetivo apresentar uma discussão inicial acerca do crescimento da produção orgânica como estratégia de busca da sustentabilidade. Os resultados mostram que umas das grandes questões da agricultura e das relações com o sistema agroextrativista amazônico são a relações do homem e a metodologia de trabalho utilizada para diversos referenciais da várzea amazônica depende e compõe um ambiente frágil, sua limitação é observada por meio da variação sazonal tal como o movimento das marés ao longo do ano, determinando a relação homem natureza e a relação de trabalho por meio do modo de vida da sua população (Ribeirinha). A importância do açaí manejado corretamente é verificada na resistência da espécie aos efeitos climáticos e doenças, além de influenciar diretamente na produtividade, pois observa-se que a produtividade não esta relacionada ao tamanho da área, uma vez que alguns agricultores possuem uma área menor, apresentam maior produção. PALAVRAS–CHAVE: Sustentabilidade, várzea, manejo e açaí. MANAGEMENT OF ECOLOGICAL PRODUCTION ACAI ( Euterpe oleracea Mart. ) ORGANIC IN AMAZON LOWLAND - PARA ABSTRACT: This work aimed to present an initial discussion on the growth of organic production as search strategy of sustainability. The results show that one of the major issues of agriculture and relations with the Amazon agroextractivist system are the relations of man and the work methodology used for various references in the Amazon floodplain depends on and makes up a fragile environment, its limitation is observed by the variation seasonal such as tidal movements throughout the year, determining the relationship with nature and the working relationship through the way of life of its population (Riverside). The importance of acai handled properly is checked in the resistance of the species to climatic effects and diseases, and directly influence the productivity because it is observed that productivity is not related to the size of the area, since some farmers have a smaller area, They have higher production. KEYWORDS: Sustainability, floodplain management and açai. INTRODUÇÃO O desenvolvimento sustentável é compreendido, na observação, como a pratica racional do uso dos recursos da floresta e dos cursos d’água e esta presente nos seus modos de vida. Nos últimos anos com a abordagem sobre a importância da agricultura familiar no desenvolvimento da sociedade brasileira esta passou a ser vista como uma forma de geração de empregos e ocupações produtivas tendo como consequência a fixação do homem no campo (MESQUITA E MENDES, 2012). Agricultura orgânica é caracterizada como uma forma de agricultura que busca atuar em equilíbrio com a natureza, é um sistema de produção agrícola de base agroecológica, onde não há utilização de produtos químicos agrotóxicos, usando basicamente no manejo do solo, compostagem, biofertilizantes, produzindo alimentos mais saudáveis, livres de agrotóxicos, e consequentemente diminuindo os impactos ambientais (SOUZA, 2012; DULLEY, 2003). Trata-se de uma das praticas agroecológicas que surgiu no período de 1925 a 1930, como um novo modelo de agricultura. Segundo CAPORAL & COSTABEBER (2000) a agroecologia é uma ciência que é constituída por diversos princípios, conceitos, metodologia para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas, com objetivo de proporcionar a implantação e o desenvolvimento de práticas agrícolas mais sustentáveis, esta ciência possui bases científicas que apoiam a conversão do modelo tradicional que basicamente é caracterizada pelo preparo intensivo do solo, uso de adubos minerais de alta solubilidade, agrotóxicos para combater pragas, doenças e plantas espontâneas, para essa agricultura mais sustentável, a agroecologia. A lei nacional nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, caracteriza o sistema orgânico de produção agropecuária como todo aquele em que se adotam técnicas especificas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis, respeitando a integridade cultural dos povos tradicionais, com intuito de a sustentabilidade econômica e ecológica, a diminuição da utilização de energia não renovável, utilizando métodos culturais, biológicos e mecânicos (BRASIL, 2003). A importância do desenvolvimento tem sido observada a partir de uma base conceitual que justifica o crescimento sociocultural e econômico e estes influenciam nas mudanças ocorridas na sociedade que vai refletir diretamente nas ações sustentáveis como os sistemas de produção (CAPORAL & COSTABEBER, 2000; ROMEIRO, 2001). A sustentabilidade é um fator de agregação de valores que possui sentido socioambiental, em que a principal observação é relação homem e natureza e como essas duas variáveis estão relacionadas dentro do sistema. CAPORAL & COSTABEBER (2000), justificam o rápido crescimento deste segmento em decorrência de inúmeros estudos e pesquisas tanto de natureza tecnológica e ambiental quanto de caráter socioeconômico. Por isso, justifica-se a pesquisa e o estímulo à agricultura orgânica e à agricultura sustentável desenvolvida por agricultores familiares organizados e fortalecidos em associações a partir do desenvolvimento de uma agricultura ambientalmente consciente que valoriza o conhecimento local e empírico dos agricultores, a socialização do conhecimento e sua aplicação visando a sustentabilidade. Assim, o objetivo desse artigo é apresentar uma discussão inicial acerca do crescimento da produção orgânica como estratégia de busca da sustentabilidade. Diante perspectiva, agir de forma sustentável em um território é estudar, planejar e programar ações pensando no hoje e no amanhã, abordando os aspectos econômicos, sociais e ambientais, respeitando as diferenças culturais do rural tradicional e moderno. MATERIAL E MÉTODOS Dentro do contexto da extensão rural, foram utilizados metodologias da extensão rural, algumas ferramentas para realização da atividade, composta pelo DRP (Diagnostico Rural Participativo): Entrevista semi-estruturada, Calendário Sazonal, Rotina Diária e Caminhada transversal. Nesse contexto, a base da extensão rural no desenvolvimento do estagio foi de suma importância, quando aplicadas as principais ferramentas metodológicas, como a busca de estilos de desenvolvimento social e economicamente equilibrado e ambientalmente sustentável, onde objetiva-se melhorar as condições de vida com proteção à utilização dos agroecossitemas na relação homem e trabalho. A ilha Campompema esta localizada no município de Abaetetuba este pertence à mesorregião do Nordeste Paraense, possuindo coordenadas geográficas de 01º 43’ 24”de latitude Sul e 48º 52’ 54” de longitude a Oeste. Ocupa uma área de 1.610,74 km² e conta com uma população de 139.819 habitantes, localizando-se a 120 km da capital, Belém (IBGE, 2007). Conta com 72 ilhas, situadas na confluência do rio Tocantins com o rio Pará, no estuário do rio Amazonas, onde vivem 35.000 habitantes, denominados de ‘moradores das ilhas’ ou ‘ribeirinhos’. RESULTADOS E DISCUSSÃO O açaí extrativista manejado possui resistência aos fatores climáticos e de alto risco para o produtor, ganhou produtividade devido à melhoria com a tecnologia do manejo orientado por assistência técnica, deixando a cultura resistente aos efeitos climáticos e doenças. O importante é o tipo de tecnologia empregada, a qualidade do gerenciamento e as vantagens competitivas desenvolvidas através do tempo. Em relação ao crescimento da produção e produtividade atrelado ao tamanho da área, observa-se que o tamanho da área não está relacionado com a produtividade, uma vez que alguns agricultores possuem uma área menor, porém com maior produção. O sistema de produção pode ser observado como uma combinação das atividades realizadas e cultivadas, conforme a dinâmica de produção regional, das espécie e também da unidade familiar, de diversos subsistemas produtivos. Neste sentido, o sistema de produção desses ribeirinhos é composto dos seguintes subsistemas: manejo de açaizais (açaí fruto e palmito); extrativismo do peixe e do camarão; criação de aves e suínos; cultivo de frutíferas e extrativismo da madeira. O sistema agroflorestal na área de várzea, dentro da UPF (Unidade Produtiva Familiar) é visto como um consórcio em 07 ha, onde a principal cultura é o açaí e as demais se tornam como alternativa para autoconsumo e produção de insumos, como adubação orgânica, estas estão distribuídas em espécies florestais, dispensando a implementação de técnicas mais elaboradas como espaçamento e fileiras direcionadas, obedecendo apenas o objetivo de complementação. Estes estão ligados principalmente com a relação à questão de uma alternativa sustentável que viabiliza sua produção de açaí orgânica, onde seja extremamente dispensável o uso de adubação sintética, mão de obra, e sua própria alternativa de escoa sua produção, uma vez que este seja sócio de uma cooperativa. A produção de açaí orgânico manejado, encontra-se dentro de um modelo extrativista chamado neoextrativista, onde este se torna a nova alternativa de encaixar o extrativismo a partir da adoção de técnicas, as quais contribuem para o aumento da produtividade e melhoram a forma de trabalho ribeirinho, onde é relatado que o açaí manejado diminuiu os acidentes com a colheita do açaí, em função do não desenvolvimento de palmeiras altas e finas, resultando em acidentes de trabalho. Em relação à preocupação do clima local, este dispensa a pratica de queima, e coloca-se contra o desmatamento, onde este pode causar vários problemas ambientais físicos com o local, bem como o assoreamento do solo em função da mata ciliar, queimadas que pode ocasionar empobrecimento do solo. Podemos observar que a pratica excessiva de desmatamento estar associada a sérios problemas ambientais, como aumento nas alturas de água sobre inundações inesperadas, aumento na temperatura da região, e também interferência na agricultura, onde ocasiona ventos fortes que prejudica a questão dos frutos do açaí, estes em função de ventos desordenados caem com maior frequência, estes problemas entres os outros citados pelo agricultor são uma preocupação extrema para a manutenção e conservação da agrobiodiversidade. Nessas ilhas foram encontradas duas variedades de açaí: o açaí preto, em maior quantidade, e o açaí branco. “o açaí branco é uma etnovariedade por apresentar características morfológicas que difere do açaí preto, considerado o açaí verdadeiro”. Para aumentar a produção de açaí fruto e ainda obter o palmito como subproduto, os ribeirinhos estão manejando seus açaizais de acordo com as seguintes práticas: raleamento da mata, roçagem do açaizal, enriquecimento com açaizeiro e desbaste dos estipes. A poda da mata é realizada com o objetivo de proporcionar para os estipes o aumento da entrada de raios solares, favorecendo o aumento da produção de açaí fruto. São podadas e algumas vezes derrubadas as árvores e além de efetivar a entrada de clareiras para o açaí, proporcionando um semi sobreamento, também tem objetivo de adubação orgânica para o solo. Os ribeirinhos fazem a roçagem no açaizal, no período do verão, com o objetivo de aumentar a produção de açaí fruto e abrir caminhos para facilitar a colheita. O solo é trabalhado a partir do manejo dos estipes mais velhos e das arvores podadas com interesse de adubação orgânica, além de que apontam o ingaço do açaí como fator de adubação e aquisição de terra para ser usada para plantio de cultivos pequenos como hortas, plantas medicinais entre outras. Com relação à aquisição de mudas aumentaram a concentração de açaizeiro através do manejo em que é realizado durante o verão e entressafra da palmeira, assim eliminam os estipes mais velhos e altos e deixam as perfilhas. Existe também, outra forma de aquisição de mudas, que pode ser considerada natural, onde é realizado através do semeio a lanço ou pelo transplante de mudas, produzidas sem o uso de saquinho colocando- se apenas as sementes sobre o solo ou naturalmente com a germinação de sementes, que caem sobre o solo durante a colheita ou quando são derrubadas por pássaros. O desbaste dos estipes é realizado na maioria das touceiras, deixando-se de um a quatro estipes jovens e também de um a quatro estipes adultos. Esta prática é feita no momento da roçagem do açaizal. A função dos estipes jovens é a de substituírem os estipes adultos ou aproveitá-los para a produção de palmito. O açaizeiro produz, além do fruto, um palmito que é comercializado e raramente é consumido pelos ribeirinhos. A extração desse alimento é realizada com o corte do açaizeiro a uma altura aproximada de 40 cm do solo, utilizando-se o machado e com o auxílio de um terçado (facão), com o qual, corta-se o palmito, (AZEVEDO & KATO, 2007), o qual é apenas comercializado. Na UPF (Unidade Produtiva Familiar) todas as praticas são desenvolvidas em prol do meio ambiente estando voltada para um recurso sustentável em que é possível tornar o trabalho agrícola viável sem prejudicar o sistema, podemos observar que esta questão depende do manejo desenvolvido e da consciência ambiental praticada pela família, este é realizado com propósito sustentável, onde as espécies que são retiradas são para servir de adubação ao solo, através da produção matéria orgânica ao longo do tempo. CAPORAL & COSTABEBER (2000) caracterizam essa transição ou conversão de sistemas como uma passagem do método de produção convencional para os métodos de produção mais complexos em relação à conservação e manejo dos recursos naturais, ou melhor, pode se dizer que é um processo social baseado na sustentabilidade, equidade, e consequentemente a qualidade de vida social e na atividade agrária, com isso, a conversão agroecológica é um processo baseado em diversas mudanças, através do tempo, usando novas formas de manejo dos agroecossistemas, incorporando princípios, métodos e tecnologia de bases ecológicas. CONCLUSÕES A produção orgânica trouxe muitos benéficos para a para a família condicionando segurança alimentar e sustentabilidade, neste sentido vale ressaltar que a produção orgânica possa torna-se importante para o estabelecimento agrícola familiar na questão de que além de agregar valores é capaz de gerar valores econômicos. O açaí manejado torna-se uma alternativa sustentável para a UPF onde se faz necessário ao aproveito dos recursos naturais, conservação do meio biofísico, para fortalecimento da relação que a família possui com a natureza, voltada para a produção de açaí orgânico visando também à segurança alimentar e desenvolvendo atividades alternativas para a sobrevivência. O manejo desenvolvido na UPF contribui significativamente para a sustentabilidade, uma vez que a propriedade com área de 13 ha total destina 06 ha para unidade de conservação. REFERÊNCIAS Azevedo, j. & kato, O. R. Sistema de manejo de açaizais nativos praticado por ribeirinhos das ilhas de paquetá e ilha grande, Belém, Pará. In: congresso brasileiro de sistemas de produção. vol. 7, 2007. BRASIL, 2003. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10. 831> Acesso em: 07 fev. 2014. Caporal, F. R. & Costabeber, J. A. Agroecologia e sustentabilidade. Base conceptual para uma nova extensão rural. X World Congresso f Rural Sociology, Rio de Janeiro, 2000. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=150010>, Acesso em: 17 jul. 2013. De Mesquita, l. A. P., & Mendes, E. D. P. P. Agricultura familiar, trabalho e estratégias: a participação feminina na reprodução socioeconômica e cultural. Espaço em revista, 14(1), 2012. Dulley, R. D. Agricultura orgânica, biodinâmica, natural, agroecológica ou ecológica. Informações Econômicas, SP, v. 33, n. 10, 2003. Romeiro, A. R. Economia ou economia política dasustentabilidade? Texto para Discussão. IE/UNICAMP n.102, 2001. Souza, J. L. Agroecologia e agricultura orgânica: Princípios técnicos, métodos e práticas. P. 09, Vitória- ES, 2012.