Infância protegida e turismo sustentável: dois lados de uma mesma moeda Por Célia Carvalho Nahas e Roseane Melquiades O turismo é, reconhecidamente, uma das atividades econômicas que mais contribui para a geração de renda. São atribuídos ao turismo poderosos impactos positivos e negativos. O turismo gera renda, riqueza, traz grandes empreendimentos e divulga a cultura e a produção local. Um dos impactos negativos é o favorecimento a situações de exploração sexual de crianças e adolescentes. A comunidade internacional não tolera a associação entre o turismo e a exploração sexual, pois esta compromete o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes e põe em risco a sustentabilidade dos destinos turísticos. Desde 2005, a AMAS (Associação Municipal de Assistência Social) desenvolve junto à Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, o Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (PAIR) que objetiva integrar políticas para a construção de uma agenda comum de trabalho, para a proteção de crianças e adolescentes contra essa forma de violência. Em 2011, o programa voltou seus esforços na preparação do Município para a Copa das Confederações da FIFA Brasil TM 2013 e para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e como parte destes esforços, houve o lançamento do Projeto BH Turismo: Infância Protegida, em dezembro de 2012. Este projeto tem como objetivo a promoção de um conjunto de ações articuladas entre o poder público, a sociedade civil e as entidades atuantes na cadeia produtiva do turismo na prevenção à exploração sexual de crianças e de adolescentes. O projeto visa ao desenvolvimento de atividades de formação junto às instituições do trade turístico e da segurança pública para a promoção dos direitos e a prevenção de situações de violência contra crianças e adolescentes. Integra o projeto a campanha "Asas para a infância e adolescência seguras e protegidas", que busca sensibilizar a sociedade e, especialmente, funcionários e clientes destas instituições. Todos os profissionais do setor turístico e da rede de atenção à criança e ao adolescente são agentes importantes na proteção dos direitos, por isso é fundamental que conheçam o que é a exploração sexual de crianças e adolescentes e as maneiras de prevenir e denunciar a ocorrência desta violência. Assim, as empresas e instituições que participam desta ação são chamadas a assinar um termo de parceria, declarando assumir o compromisso público e formal de implementar medidas de promoção aos direitos e prevenção à violência contra crianças e adolescentes no âmbito dos negócios e atividades realizados por esta organização. Lembre-se que a violência sexual é uma violação dos direitos humanos, e pode se expressar pelo uso da sedução, força ou coerção, envolvendo meninos e meninas em atividades sexuais para as quais eles ainda não estão preparados. Já exploração sexual é o uso de uma criança ou adolescente com propósitos sexuais envolvendo troca por dinheiro ou favores. Pode acontecer de diferentes formas, como o tráfico de pessoas, pornografia e a sujeição de crianças e adolescentes a situação de prostituição. É importante ressaltar que não apenas o pagamento em dinheiro caracteriza a exploração sexual, mas também a concessão de facilidades, status ou bens como presentes, roupas e passeios. E quando falamos de “exploradores” estamos falando tanto do cliente que paga pelos serviços, como daqueles que induzem, facilitam ou obrigam as crianças e adolescentes a se prostituírem. Por isso é importante que os estabelecimentos que trabalham junto ao turismo (hotéis, pousadas, agências de viagem, bares e restaurantes) estejam atentos às medidas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes, visando mitigar as situações de exploração sexual no contexto do turismo. Estas podem ser ações simples como: ªª solicitar a documentação das crianças e adolescentes no check-in e não s o n a 26 ptos erru inint r no a pre o sem m o c e a! meir a pri 98,7 Mhz A rádio do jeito que você gosta! (35) 3622-4649 Sempre levando até você notícias relevantes e músicas de qualidade. www.jovemfm.com.br (programação ao vivo pela internet e atualização diária de notícias) e-mail: [email protected] 14 Naturale abril/maio - 2013 autorizar a entrada dos mesmos nos hotéis sem a autorização escrita dos pais; ªª as agências não devem utilizar publicidade com fotos sensuais e orientar seus clientes que os destinos turísticos se preocupam com a proteção de nossas crianças e adolescentes, por isso eles precisam viajar com a documentação e autorização dos pais e responsáveis; ªªmanter os seus associados informados sobre a legislação vigente e as revisões dos dispositivos normativos que criminalizam a exploração sexual de crianças e adolescentes, punem administrativamente os empreendimentos e responsabilizam penalmente os proprietários e gestores das empresas; Cultura, tradição e fé Considerado o estado com maior número de católicos, Minas Gerais desenvolve sua cultura aliada a tradição e a fé. Muitas cidades mineiras atraem um grande número de pessoas para assistirem e participarem dos eventos da Semana Santa. Virgínia no Sul de Minas é uma delas, a população e os turistas vivenciam a religiosidade num espetáculo único, marcado pela fé e pela arte. O repique dos sinos, as fachadas e as ruas enfeitadas, transformam a cidade em um grande cenário e mantém a tradição da presença da cultura popular nas comemorações. As encenações emocionam ao lembrar passagens bíblicas diversas, envolvendo todos os presentes. ªªutilizar o Disque Direitos Humanos Nacional (100) ou Estadual (0800 031 1119), ou acionar as autoridades locais, como o Conselho Tutelar ou Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), todas as vezes que houver suspeita de exploração sexual ou que algum colaborador tenha sido solicitado a favorecer o encontro de clientes com crianças ou adolescentes. Mais dicas e informações sobre Boas Práticas para a promoção do turismo e proteção das crianças e adolescentes de sua cidade acesse: www.amas.org.br. Célia Carvalho Nahas e Roseane Melquiades são psicólogas, e atuam na coordenação do PAIR em BH. Informações e fotos: Jairo Bueno Chaves