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Classificação do artigo 12 mai 2015 O Globo
(Vinicius Sassine, André Souza, Danielo Fariello, Gabriela Valente, Cristiane Bonfanti e Chico de Gois)
Em reunião, Graça disse que Lava­
Jato foi ‘fato tenebroso’
Registros do Conselho de Administração revelam clima tenso na estatal
A ex­presidente da Petrobras Graça Foster classificou a Lava­Jato de fato tenebroso, segundo ata de
reunião do Conselho da estatal. ­BRASÍLIA­ Atas e áudios de reuniões do Conselho de Administração da
Petrobras mostram a ex­presidente da empresa Graça Foster admitindo que a estatal era míope diante da
corrupção e que a Operação Lava­Jato foi um “fato tenebroso” para a companhia. Numa dessas reuniões,
o conselheiro Silvio Sinedino, representante dos funcionários, disse que não adiantava a criação de uma
diretoria de governança (controle interno) na companhia. E que só os “peões” eram alvo de investigação.
Na reunião de 4 de novembro de 2014, Graça defendeu a interrupção dos projetos das refinarias
Premium 1 (MA) e Premium 2 (CE). Segundo ela, a companhia estava sem recursos. Além disso, seria
temerário continuar os projetos sem terminar a investigação interna sobre denúncias de corrupção.
— A gente tem muito receio e não deve começar a fazer outro grande projeto enquanto não tivermos
percorrido todas as etapas das investigações que estamos fazendo na Petrobras — afirmou: — Hoje, com a
miopia que eu tenho dentro da companhia em relação a corrupção, eu não começaria um projeto de uma
nova refinaria.
— Tem a questão da corrupção, mas também do cenário econômico. Talvez essas refinarias não sejam
viáveis — acrescentou o ex­ministro da Fazenda e ex­presidente do Conselho de Administração Guido
Mantega.
Para Graça Foster, estatal foi míope
Na reunião de 25 de novembro de 2014, quando seria aprovada a criação da Diretoria de Governança,
Risco e Conformidade, Graça defendeu medidas anteriores tomadas pela empresa de combate à corrupção.
Mas, segundo ela, isso não foi capaz de impedir desvios:
— Mesmo com esse trabalho que há alguns anos a Petrobras vem fazendo, criando gerências voltadas
para a busca da conformidade, ainda assim não nos livramos desse fato tenebroso para nossa companhia,
que se chama Operação Lava­Jato. Depoimento do ex­diretor Paulo Roberto, depoimento do senhor
Alberto Youssef impediram que a Petrobras tivesse prontas a aprovação e a divulgação de suas
demonstrações contábeis. Esse evento dessa Operação Lava­Jato nos impediu de concluir, de publicar
nosso balanço revisado pelo Price (PricewaterhouseCoopers), o que vem prejudicando ainda mais nossa
imagem e, certamente, reduzindo a confiança do mercado na nossa governança e nos nossos controles
internos. Ficou patente que deveríamos dedicar um tempo maior na organização de uma diretoria de
compliance — disse Graça. A aprovação da criação da diretoria foi unânime, mas a proposta foi
criticada pelo conselheiro Sílvio Sinedino.
— Acho que a simples criação dessa diretoria não resolve nosso problema. Há governança na
Petrobras. Ninguém pode dizer que não há. A governança hoje funciona para os peões. Se um operador de
refinaria erra uma permissão de trabalho, é severamente punido. Já os diretores puderam comprar a
refinaria de Pasadena sem EVTE (estudo de viabilidade técnica e econômica) (...) Governança existia. Só
que só funciona para baixo — questionou.
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