RELATÓRIO FINAL VIVÊNCIAS BRASIL: APRENDENDO COM O TURISMO NACIONAL 2008/2009 SANTA CATARINA ACOLHIDA NA COLÔNIA – TURISMO NA AGRICULTURA FAMILIAR LAGES - TURISMO RURAL - FAZENDAS ABRIL DE 2009 MINISTÉRIO DO TURISMO Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, Ministro de Estado Secretaria Nacional de Políticas do Turismo Airton Pereira, Secretário Diretoria de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico Tânia Brizolla, Diretora Coordenação Geral de Segmentação Rosiane Rockenbach, Coordenadora Fabiana Oliveira Wilken Souto SEBRAE NACIONAL – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Paulo Tarciso Okamotto, Presidente Diretoria de Administração e Finanças Carlos Alberto dos Santos, Diretor Diretoria Técnica Luiz Carlos Barboza, Diretor Gerência da Unidade de Atendimento Coletivo, Comércio e Serviços Ricardo Guedes, Gerente Aryanna Nery Dival Schmidt Filho Lara Franco Germana Magalhães Valéria Barros BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo José Eduardo Barbosa – Presidente Monica Eliza Samia – Diretora Executiva Domenico Palma Neto – Coordenador Geral Jaqueline Gil Lilian La Luna Márcia Neves Rafael Frias Consultoria técnica Otto W. Schmiedt 2 SUMÁRIO 1. Apresentação do projeto Vivências Brasil – Aprendendo com o Turismo Nacional 4 2. Apresentação institucional........................................................................... 6 3. Metodologia de benchmarking utilizada......................................................... 8 4. Participantes da viagem técnica ..................................................................13 5. Turismo na Agricultura Familiar – Rede TRAF, e Turismo Rural de Fazenda ......16 6. Boas e melhores práticas observadas ..........................................................18 6.1 Roteiro ..................................................................................................18 6.2 Práticas identificadas .............................................................................. 25 6.3 Experiências observadas na Acolhida na Colônia e Lages .............................29 Conclusão ....................................................................................................58 Referências bibliográficas ..............................................................................59 Endereços eletrônicos ...................................................................................59 Este relatório é parte integrante dos resultados desta viagem técnica. Veja também o vídeo, a galeria de imagens e depoimentos dos empresários participantes – www.excelenciaemturismo.gov.br. 3 1. Apresentação do projeto Vivências Brasil – Aprendendo com o Turismo Nacional O Projeto Vivências Brasil: Aprendendo com o Turismo Nacional foi idealizado em 2005, no âmbito do macro-projeto “Brasil, Brasil”, cujo objetivo é proporcionar a diversificação da oferta turística a partir dos segmentos turísticos. O projeto é uma iniciativa do Ministério do Turismo, por meio da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo – Braztoa. Dessa forma, os objetivos do Projeto Vivências Brasil estão contextualizados dentro das políticas públicas do Ministério do Turismo. Proporcionam aos destinos turísticos brasileiros possibilidades para o incremento na qualidade da oferta e a melhoria nas práticas da operação, por meio da realização de viagens técnicas para a observação da operação, da gestão empresarial e das estratégias de desenvolvimento de produtos turísticos segmentados, que são referência no país. A realização de viagens técnicas para as observações de experiências que representam boas práticas, na operação da atividade turística com foco na oferta segmentada, é uma forma alternativa de encorajar os atores de destinos turísticos a implementar significativas inovações em sua maneira de atuar, visando elevar a qualidade dos serviços prestados. A técnica utilizada para a observação e o aprendizado com o exemplo das boas e melhores práticas é a de benchmarking1, que permite a vivência in loco das práticas de referência almejadas. O ciclo do benchmarking perpassa essencialmente cinco etapas: observação, assimilação, comparação, adequação e implementação. A partir do Projeto Excelência em Turismo: Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais iniciado em 2005, foram identificadas boas oportunidades de melhorias e inovações na gestão dos destinos que tiveram empresários turísticos participantes. Assim, com aprendizado adquirido por meio do Projeto Excelência em Turismo, foi possível verificar a eminente necessidade de se trabalhar processos similares para atender regiões turísticas do Brasil que ainda não estão em estágios avançados para implementação de melhores práticas, mas que já recebem números significativos de turistas do país e do mundo. Nesse sentido, foi realizado em 2006, pela primeira vez, o Projeto Vivências Brasil, a partir de algumas regiões turísticas do país, que já trabalham o produto turístico de forma madura e satisfatória, o que pôde se constituir em exemplos de boas práticas que podem e devem ser assimiladas e replicadas nas regiões menos desenvolvidas nesse quesito. Em 2006, os segmentos contemplados foram cultural, rural, ecoturismo, mergulho, aventura e sol e praia e os destinos referência que nortearam os trabalhos nessa 1ª edição foram Estrada Real (MG), Vale do Café (RJ), Bonito (MS), Fernando de Noronha (PE), Roteiro Integrado (CE, PI, MA) e Costa dos Corais (AL), respectivamente. Cinqüenta e cinco empresários de turismo foram apoiados diretamente em 2006, favorecendo cerca de quatro mil atores da cadeia produtiva do turismo através da disseminação do aprendizado, numa previsão modesta de que cada empresário 1 Benchmarking: trata-se de um processo dinâmico e contínuo de aprimoramento e melhoria em negócios/empresas ou instituições, com base na observação e análise de outras experiências de referência, adaptações, implementações e constante avaliação. 4 participante das viagens capacita outros trinta profissionais em 3 ações de multiplicação. A partir do sucesso do projeto Vivências Brasil 2006 e do Excelência em Turismo 2005 e 2006, foi lançada a 2ª edição do Vivências Brasil, considerando os ajustes necessários a partir do aprendizado obtido nas edições anteriores. Portanto, o alcance dos resultados efetivos para o aumento da qualidade dos produtos e serviços turísticos vem ao encontro da necessidade de atender às exigências de turistas nacionais e internacionais. O Projeto 2008/09 renova a parceria entre Ministério do Turismo, Sebrae e Braztoa, e tem como segmentos prioritários para visitas Ecoturismo em Unidades de Conservação, Turismo Cultural, Turismo Rural, Turismo de Sol e Praia e Turismo Social – Melhor Idade. Os destinos selecionados são, respectivamente: Foz do Iguaçu/PR, Rio de Janeiro e Paraty/RJ, Serra Gaúcha/RS, Acolhida na Colônia/SC, Costa dos Coqueiros/BA e Caldas Novas/GO. Público-alvo Prioritariamente pequenos e médios empresários, representantes ativos da cadeia produtiva do turismo, que focam sua atuação principalmente nos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional, identificados pelo MTur, e atendem especialmente ao turismo receptivo internacional, nos segmentos/temas de cada uma das viagens técnicas. Objetivo geral Identificar, observar e analisar, em destinos nacionalmente reconhecidos, boas e melhores práticas, possibilitando que outros destinos turísticos com vocações semelhantes tenham como referência as estratégias e os modelos levantados e possam adaptá-los a sua cultura e as suas peculiaridades, com vistas a uma mudança que leve o desenvolvimento da atividade turística no País a melhores resultados. Por meio da organização de seis viagens técnicas, o projeto foca na observação da operação e da estratégia de desenvolvimento de produtos turísticos nos segmentos-tema.. Enfoca também o aprendizado e o fomento à implementação das boas práticas observadas, visando o aprendizado pelos participantes e o conseqüente aprimoramento dos serviços, da qualidade e da competitividade dos produtos turísticos brasileiros. Este relatório apresenta a experiência vivenciada em Santa Catarina, no Turismo na Agricultura Familiar na Acolhida na Colônia e no Turismo Rural nas Fazendas de Lages. 5 2. Apresentação institucional Ministério do Turismo/EMBRATUR Tem como missão desenvolver o turismo como uma atividade econômica sustentável, com papel relevante na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social. O Ministério do Turismo inova na condução de políticas públicas com um modelo de gestão descentralizado, orientado pelo pensamento estratégico. Papel no projeto – Instituição Realizadora Propôs o projeto e acompanha os resultados Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE Nacional) Trabalha pelo desenvolvimento sustentável das empresas de micro e pequeno porte, promovendo cursos de capacitação, facilitando o acesso a serviços financeiros, estimulando a cooperação entre as empresas, organizando feiras e rodadas de negócios e incentivando o desenvolvimento de atividades que contribuam para a geração de emprego e renda. Papel no projeto – Instituição Realizadora Propôs o projeto e acompanha os resultados Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA) É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1989. Sua finalidade é: Promover a valorização das atividades desenvolvidas por seus associados, no País e no exterior; Promover ações que aproximem seus associados das agências de viagens e dos demais segmentos do setor turístico; Promover o aperfeiçoamento das relações comerciais entre seus associados e empresas de transporte aéreo, hotéis e demais fornecedores; Aproximar os associados de entidades congêneres nacionais internacionais, podendo participar também de suas ações promocionais; ou Promover pesquisas, capacitação e ensino, visando o desenvolvimento institucional; Promover, por meio de projetos e parcerias, a divulgação de informações, atividades e outras demandas de interesse da entidade e de seus associados em qualquer meio falado, escrito, eletrônico ou virtual, procedendo-se os eventuais registros nos órgãos competentes, se necessário. 6 Papel no projeto – Executora Executa as ações previstas no projeto 7 3. Metodologia de benchmarking utilizada O benchmarking é um procedimento de comparação contínuo e sistemático que tem como objetivo principal verificar o estado de evolução de organizações, produtos, processos, estratégias ou atividades em relação a outras com características similares e/ou passíveis desta comparação. O benchmarking também tem como objetivo criar os padrões de referência para que as organizações e pessoas possam melhorar seu rendimento (desempenho) e, portanto, obter resultados mais adequados para a diferenciação competitiva no mercado. Para o processo da aplicação de benchmarking se utilizam alguns procedimentos de pesquisa estruturados em uma metodologia adequada às necessidades do tipo de observação e análise que se está efetuando. No caso do Projeto VIVÊNCIAS BRASIL – Aprendendo com o turismo nacional, a metodologia foi estruturada considerando cinco etapas, subdivididas em ações específicas, conforme demonstra a figura 1, a seguir. 8 Figura 1. Etapas da Pesquisa 1 - Pré-viagem 2 - Pesquisa de Campo 3 - Avaliação 4 - Sistematização Final de informações técnicas 5 - Disseminação - Identificação do destino e organização da metodologia; - Realização de treinamento online sobre benchmarking; - Reunião de Pactualização com empresários - Observação das boas e melhores práticas; - Entrevistas e aplicação dos questionários. - Análise do observado, com foco nas possíveis implementações no Brasil; - Análise final; - Tabulação dos dados coletados pelos empresários; - Análise dos dados; - Organização das informações em relatório final, DVD e banco de boas práticas (website); - Disseminação do conhecimento obtido, por meio de ações de multiplicação; - Aplicação do aprendizado em empresas e instituições – implementações; 9 Na primeira etapa (chamada pré-viagem) foi identificado o destino mais adequado para observação de boas e melhores práticas para o segmento escolhido. Também foi capacitada a equipe técnica do projeto, de forma a compreender o processo de benchmarking e a aplicação das ferramentas metodológicas. Os empresários selecionados foram capacitados por meio de um treinamento online sobre o conceito do projeto e puderam se preparar para a viagem; Também foi realizada a Reunião de Pactualização, com a liderança técnica, empresários e técnicos participantes da viagem, com o objetivo de informar detalhadamente a metodologia do projeto, alinhar os conhecimentos de benchmarking e explicar os principais aspectos a serem observados ao longo da viagem, na aplicação dos questionários e na realização das entrevistas. Os principais temas selecionados para observação durante as visitas e entrevistas, estão divididos em nove temas, e são: Aspectos de Gestão – Este item é relativo ao processo de gestão dos negócios. A observação foi efetuada considerando quais os elementos do processo que apóiam ou contribuem para a boa gestão dos negócios de turismo e se tornaram boa ou melhor prática no empreendimento visitado. Aspectos de Infra-estrutura – Este item é relativo à disponibilidade do equipamento em relação à estrutura/capacidade física e de adaptação para atendimento a diversificados públicos/tipos de clientes. Refere-se, também, à apresentação, estética, decoração, acessibilidade e funcionalidade da estrutura do negócio. A sinalização é um ponto igualmente observado. Aspectos do Negócio – Produtos e Serviços Ofertados – Este item é relativo ao negócio propriamente dito, considerando as características específicas de cada equipamento turístico. É relacionado com a definição e estratégias dos 4 Ps do marketing (produto, praça, promoção e preço), e, principalmente, atendimento. Aspectos de Certificação – Este item é relativo ao processo de padronização e validação de procedimentos para a devida certificação dos produtos e/ou serviços turísticos. Corresponde a avaliação da existência de normas, regulamentos/leis e padrões mínimos para o estabelecimento de procedimentos de estruturação, avaliação e certificação dos produtos turísticos locais e/ou regionais. Aspectos de Formação e Qualificação – Este item observa as ações relativas à formação de profissionais para executar os serviços turísticos, bem como as políticas de gestão de pessoas aplicadas. Também observa a relação da formação profissional com os aspectos culturais e suas especificidades. Identifica qual a infra-estrutura de instituições de formação e qualificação profissional existente e que contribui para o desenvolvimento do turismo. Aspectos de Segurança – Neste item é importante a observação dos aspectos relativos à segurança pessoal dos turistas/clientes, sua integridade física e moral durante o período de estada no destino. Observa a segurança de equipamentos utilizados no produto turístico, a gestão de riscos das atividades e as respectivas normas de conduta. Aspectos de Parcerias - Networking – Neste item são observados os aspectos relativos à parceria entre empresas, entre o setor público e privado e as entidades de classe e representação empresarial. Também investiga e identifica as melhores práticas de articulações interinstitucionais que promoveram o desenvolvimento dos negócios do turismo no destino. Aspectos de Envolvimento da Comunidade – Este item investiga como ocorre o envolvimento e a participação da comunidade local no negócio, considerando suas características e especificidades. Observa a existência de projetos de inclusão social e desenvolvimento da comunidade. Também verifica a integração e utilização dos aspectos culturais do local nos produtos turísticos, como artesanato, costumes e outros, sob o ponto de vista da sustentabilidade social/cultural. 10 Segmento específico - Neste item são observadas as características e detalhes específicos dos espaços e atividades relacionados ao segmento analisado, sua forma de constituição e a importância como negócio. Na segunda etapa (pesquisa de campo – durante a viagem) foram realizados os levantamentos de informações, a aplicação dos questionários, a observação das boas e melhores práticas e as respectivas entrevistas nos destinos visitados. O elemento principal da pesquisa de campo foi a busca de informações, norteada pela visão dos empresários nas experiências práticas de cada viagem. Esta etapa compreendeu a observação e análise da realidade, registro das principais boas e melhores práticas e possibilidades de implementação das mesmas em seus negócios. Na terceira etapa (chamada Avaliação) foram realizadas as respectivas tabulações e análises dos instrumentos de levantamento de informações utilizados. Nas análises quantitativas, os equipamentos foram agrupados de acordo com o tipo de atividade do negócio, sendo que as respostas foram transformadas em porcentagens. A análise das questões teve como objetivo principal validar as boas e melhores práticas identificadas no destino e nos equipamentos visitados. Na quarta etapa (chamada Sistematização final de informações técnicas) foram efetuados os cruzamentos dos dados necessários e a identificação e respectivas conclusões de cada uma das boas e melhores práticas verificadas em cada destino. Como resultado desta etapa foram constituídos um relatório final, um DVD e demais informações apresentadas no website do projeto. O presente relatório é resultado final desta quarta etapa, que descreve as boas e melhores práticas observadas em cada visita, e faz referência aos principais exemplos que caracterizam a aplicação prática da gestão no turismo, infra-estrutura, negócios e produtos turísticos, certificação e segurança nas operações de turismo, qualificação e formação de pessoas, parcerias empresariais e governamentais para desenvolver o turismo, envolvimento da comunidade no turismo e do segmento específico. Para facilitar o entendimento do leitor, destacam-se as diferenças entre boas e melhores práticas. Boas práticas são aquelas que refletem a aplicação de técnicas e ações já amplamente conhecidas em outros negócios e setores, que proporcionam algum grau de diferenciação do negócio ou destino turístico, mas que, no setor do turismo, ainda não estão totalmente disseminadas. Também é importante ressaltar que um conjunto de boas práticas poderá ajudar a construir uma melhor prática, evidenciando o processo de melhoria contínua que os negócios podem obter com uma boa gestão. Melhores práticas são aquelas que refletem uma implementação de técnicas e ações com alto grau de excelência, resultando, portanto, em uma diferenciação significativa no negócio ou destino turístico. Importante ressaltar que a prática de excelência pode tornar o negócio ou destino turístico diferenciado entre seus concorrentes, proporcionando alta competitividade empresarial (negócio turístico) e regional (destino turístico). A partir da análise das boas e melhores práticas, iniciam-se os procedimentos da última etapa (chamada Disseminação), que contempla a realização de reuniões, palestras e oficinas em várias regiões do Brasil para que os participantes (empresários, consultores e técnicos) das viagens possam disseminar os conhecimentos aprendidos e informações com o objetivo de promover novas práticas para o desenvolvimento do turismo. O grande resultado do projeto e de todas as etapas acontecem quando os empresários implementam em seus negócios as práticas de referência observadas e conseguem por meio dessas inovações, alcançar melhores resultados do ponto de vista da qualidade e da satisfação de seus clientes. Esse relatório evidencia as boas e melhores práticas observadas durante a viagem técnica a Acolhida na Colônia e Lages, seguindo as etapas apresentadas acima. 11 Verde - BOA PRÁTICA Azul - MELHOR PRÁTICA Gestão Segurança Infra-estrutura Qualificação e Formação Negócio Parcerias Certificação Envolvimento da Comunidade Segmento Específico 12 4. Participantes da viagem técnica O grupo da viagem técnica foi composto por: EMPRESA PARTICIPANTE ATIVIDADES COMERCIALIZADAS DESTINO E TIPO CONTATO DE OPERAÇÃO Agência de Viagens Lagos e Montanhas Maria Luiza Carneiro Russo Campos Turismo Maria Glória Bravin Alvarez do Jordão Canaltures Helina Canal Projeto Caminhos da Agricultura Familiar Fernando Cassol Sol e Praia, Ecoturismo (Caminhadas), Cultura (Cidades Patrimônio, Étnico, Festas Populares, Estudos e Intercâmbio, Paleontologia, Outros), Esporte (Trekking, mergulho, vôo livre, canyoning, práticas verticais), Negócios e eventos (Feiras, visitas técnicas), Produtos Focados (Bemestar, saúde). Turismo de Cultura, Negócios e eventos (congressos e incentivo), ecoparques. Ecoturismo (Caminhadas, observação de fauna e aves, outros), Cultura (Cidades patrimônio, festas populares, estudos e intercâmbio, outros), Esporte (Trekking, cavalgadas, rafting, vôo livre), Negócios e eventos (Feiras, congressos, visita técnica, outros), Produtos Focados (Resorts). Agroturismo na Agricultura Familiar Recife/PE lagosemontanhas@yaho o.com.br, marialuizarusso@yahoo. com.br Campos do Jordão / SP gloria@camposdojordaor eceptivo.com.br Venda Nova do Imigrante [email protected] r Marcelino Ramos / RS [email protected] om.br 13 Projeto Roteiro Caminho do Sertão João Nilton Santana Ferreira Comunidade produtora de Sizal Conceição Coité / BA do [email protected] INSTITUIÇÃO REPRESENTANTE ORIGEM CONTATO Ministério do Turismo Rosiane Rockenbach Brasília/ DF [email protected] Sebrae Nacional Mauricio Tedeschi Brasília/ DF [email protected] Ministério do Desenvolvimento Agrário Cristiano Araújo Borges Brasília/ DF [email protected] Braztoa Márcia Neves São Paulo/ SP Má[email protected] Consultor Otto Walter Schmiedt Florianópolis - SC [email protected] Roteirista Andrea de Mattos Quaresma São Paulo/SP [email protected] Cinegrafista Chrysthean Nylsen Leão São Paulo/SP [email protected] 14 De forma ilustrativa, as seguintes Unidades da Federação tiverem representantes durante a viagem: Participantes viagem técnica Fonte: Arquivo participantes 15 5. Turismo na Agricultura Familiar – Rede TRAF, e Turismo Rural de Fazenda Conhecendo um pouco a Acolhida na Colônia - SC A Acolhida na Colônia é uma associação de agricultores integrada à Rede Accueil Paysan (atuante na França desde 1987) que tem a proposta de valorizar o modo de vida no campo por meio do agroturismo ecológico. Ela foi criada no Brasil em 1998 a partir da necessidade de uma infraestrutura de hospedagem e alimentação que atendesse a demanda criada pela Agreco (Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral), que começou a enviar grupos de técnicos e agricultores para visitar esta região de Santa Catarina. Seguindo essa necessidade e a proposta da Rede Accueil Paysan, os agricultores familiares da região abriram suas casas para oferecer, a quem estivesse interessado, o convívio do seu dia-a-dia. O objetivo é compartilhar com o visitante o saber fazer, as histórias e cultura e as paisagens. Oferecem além de hospedagens, simples e aconchegantes, conversas na beira do fogão a lenha, a tradicional fartura das mesas e passeios pelo campo. Cientes de sua responsabilidade para com a natureza, praticam e promovem a agricultura orgânica como base no seu trabalho, garantindo com isso uma alimentação saudável para suas famílias e para o visitante. Os principais municípios do projeto original são Santa Rosa de Lima, Anitápolis, Rancho Queimado e Urubici. Atualmente mais de 30 municípios participam desta iniciativa. Os princípios A associação está pautada nos seguintes princípios: 1. o agroturismo é parte integrante do estabelecimento rural e se constitui num fator de desenvolvimento local; 2. os agricultores desejam compartilhar com os turistas o ambiente onde vivem, sendo que a recepção e convívio dos mesmos deve ocorrer num clima de troca de experiência e respeito mútuo; 3. o agroturismo deve praticar preços acessíveis; 4. os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos agricultores familiares, que garantem a qualidade dos produtos e serviços que oferecem; Todas as atividades e formas de produção são acompanhadas e monitoradas por meio do caderno de normas. 16 Considerando o momento de mudanças pelas quais passa a agricultura brasileira, principalmente nas pequenas propriedades, a região conseguiu buscar alternativas tanto para os agricultores como para os demais moradores que, de forma integrada (em redes de cooperação), criam soluções para a produção e comercialização dos produtos e serviços por eles ofertados. A valorização e o cuidado com o meio ambiente de forma a preservá-lo e utilizar isto como marketing positivo também fazem da região um exemplo a ser seguido. O projeto Vivências Brasil pôde perceber que o mais importante é o sentimento de “fazer acontecer” e de “desenvolver uma comunidade” e que este sentimento vivo pode unir instituições, agricultores, poder público, empresários e clientes em prol do desenvolvimento de uma região. Os participantes puderam conhecer agricultores que estão encontrando formas para trabalhar com pequenos fluxos de turistas sem descaracterizar um trabalho responsável do ponto de vista ambiental e da experiência do visitante. Também conheceram o pioneirismo na luta por uma legislação justa e adequada ao turismo na agricultura familiar, possibilitando a comercialização dos produtos sem a perda dos direitos do produtor rural familar. Turismo Rural de Fazenda A cidade de Lages/SC foi pioneira no turismo rural e ficou conhecida como a Capital Nacional do Turismo Rural. Conta com inúmeras fazendas abertas para o turismo, onde os visitantes podem aproveitar o dia-a-dia de uma fazenda, experimentar a lida campeira e ser recebidos pelas próprias famílias. Nos restaurantes das fazendas são comuns as refeições típicas, iniciadas ao toque do sino, para chamar os convidados. Lages, além do grande apelo rural, também se destaca pelo seu patrimônio histórico (museus, memoriais, esculturas, igrejas, etc) e pelo seu Parque ecológico, que concentra mais de 8.000 araucárias em 2.000.000 m2 de área preservada. A cidade promove também diversas festas ao longo do ano, onde a principal é a Festa Nacional do Pinhão. É o maior evento da região serrana e o mais bem freqüentado. Realizado em junho, tem atrações como a Sapecada da Canção Nativa, festival de música, concurso de danças gaúchas, poesia, shows com artistas famosos, rodeios, churrasco e chimarrão. 17 6. Boas e melhores práticas observadas Diante de tudo o que foi observado, registram-se as experiências de forma a compartilhar o aprendizado, conforme abaixo apresentado. 6.1 Roteiro No período de 01 a 07 de março de 2009, o roteiro selecionado para as visitas dos participantes foi: Data 1/março domingo 2/março - segunda Horário 14:00hs 16:00hs19:30 Local Aeroporto Internacional Florianópolis Ações Foco/OBS Sala Reunião Hotel Reunião de pactualização 20:00hs Hotel Jantar 07:00hs Hotel Café da manhã 08:00hs Receptivo Saída para Sta. Rosa de Lima 10:30hs Santa Rosa de Lima - Acolhida na Colônia- www.acolhida.com.br Chegada em Sta. Rosa de Lima 11:00 11:20 Palestra - Centro de Formação Wilson Schmidt 11:20 12:10 Centro de Formação Agreco – Adilson / Volnei Turismo Rural na Agricultura Familiar Boas vindas, situação atual da Acolhida na Colônia Histórico e bases do projeto da Acolhida, adequação da legislação ao turismo na agricultura familiarLei TRAF, usos do centro de formação 18 12:10 12:40 12:50 13:50 14:00hs14:30 14:30 15:00hs 15:0 15:20h 3/março - terça Propriedade Dona Tabita Cresol – cooperativa crédito – Sebastião / Grilo Saída para Almoço da Propriedade D. Tabita Centro de Formação Acolhida - técnicos e presidente Valnério Centro de Formação Centro de Formação Centro de Formação Certificadora Orgânica e Serviços - Ecocert Fechamento - Thaise / Valnério Histórico e bases do projeto, políticas públicas, parcerias com Universidade Gastronomia típica Agregação de valor a produção e reconversão das propriedades rurais, políticas públicas, apoio institucional Certificação de produtos orgânicos e turismo 15:30 17:00hs Águas Termais Visita às Águas Termais 17:00hs 18:00hs Igreja Santa Catarina Visita à Igreja Complementariedade de produto turístico parceria e integração Recuperação de recursos culturais, parcerias público privadas 18 as 19:00h Pousada Doce Encanto Reunião diária com grupo Avaliação do dia 19:00hs Pousada Doce Encanto Jantar 20:00hs Pousadas Vitória e Doce Encanto Hospedagem com pernoite nas Pousadas 07:00hs Pousadas Vitória e Doce Encanto Café da manhã nas pousadas 08:00hs Pousadas Vitória e Doce Encanto Check-out 19 Re-conversão agrícola, integração regional, gastronomia típica, produção orgânica 09:30 as 10:30hs 10:30 12:00 Visita ao Condomínio Rio do Meio Produção integrada, produção orgânica, organização rural, diversificação, sistema Produção de frango orgânico e de comercialização via agroindústria Agreco deslocamento para Anitápolis 12:00 15:20 Pousada Recanto das Cachoeiras Almoço e visitação (atividade culinária, pousada rural) 15:40 17:30 Visita a praça e Pastoral da Saúde Pastoral da Saúde, Escritório Acolhida na Colônia e Praça Produção autosustentável, diversidade agrícola, preservação ambiental Serviço social, integração comunitária, valorização do patrimônio Pousada Passárgada Visitação e conversa com proprietários Gastronomia típica, produção orgânica e integrada, trilhas e cachoeiras, preservação ambiental Pousada Passárgada Reunião diária com grupo Avaliação do dia 17:30hs 18:30hs 18:30 as 19:30h 20:00hs 04/março - quarta 07:30hs Pousada Passárgada e Recanto das Cachoeiras Jantar e pernoite Gastronomia típica, produção orgânica e integrada, trilhas e cachoeiras, preservação ambiental Pousada Passárgada e Recanto das Café da manhã na Pousada e Cachoeiras conversa com proprietário Gastronomia típica 20 Rancho Queimado - Prefeitura Municipal Reunião com Prefeito e secretário de turismo de Rancho Queimado Festa do Morango e Planejamento público, sinalização, visão do poder público sobre o agroturismo e atividade turística. Artesanato típico Artesanato típico Produção orgânica Restaurante Mério's Almoço Gastronomia típica 14:00 14:20 Receptivo Check-in Pousada Pinheiral 14:40 – 15:40 Facas do Vino Facas artesanais 15:40 16:10 Pavilhões da festa do morango Visita aos pavilhões da festa do morango Parceira da Acolhida na Colônia Artesanato - Prática que está há mais de 200 anos na família Apoio público e organização de eventos, capital catarinense do morango 16:30 17:30 Engenho Colonial Junckes Engenho de farinha, melado e açúcar Resgate cultural e agroindustrial Fazenda Bauer Jantar campeiro e cavalgada noturna até Pousada Tradicionalismo, campeirismo, sucessão familiar Pousada Pinheiral Reunião de avaliação 09:30 10:30 10:30 11:30 11:40 13:00 17:50 21:30h 21:30 as 22:30 08:00hs 05/março - quinta 09:00hs 09:30hs Café da manhã na Pousada Receptivo Deslocamento Hotel Fazenda Boqueirão 21 Mix de produtos, organização, atendimento tradicionalista, resgate da história, segurança, gerenciamento, empresa familiar, representatividade regional. 09:30 12:30hs Hotel Fazenda Boqueirão/Lages Visita ao Hotel Fazenda Boqueirão 12:30 as 14:00 Hotel Fazenda Boqueirão Almoço Fazenda Boqueirão 15 as 17:00h 17 as 18:00h 18 as 18:30h Adventure Park Lages www.adventurelages.com.br Aumento da atratividade e foco no potencial de aventura da região, organização, marketing, sinalização. Diversificação de produtos, Eventos, tradicionalismo, integração com setores complementares oarqke aventura Visita ao Adventure Park Lages Hotel Fazenda Pedras Brancas Visita ao Hotel Fazenda www.fazendapedrasbrancas.com.br Pedras Brancas Deslocamento para Hotel Receptivo Fazenda Boqueirão 22 19:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Jantar Avaliação dos empreendimentos visitados 20:00h Hotel Fazenda Boqueirão 08:00hs 09:00hs 12:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Avaliação diária Café da Manhã no hotel Fazenda Boqueirão Hotel Fazenda Boqueirão Seminário 09:00hs 10:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Fundação Cultural de Lages 10:00hs 11:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Agência de Turismo Coxilha Rica 06/março 11:00hs - sexta 12:00hs 12:00hs 13:00hs 13:00hs 14:00hs 14:00hs 15:00 16:00 16:30 Hotel Fazenda Boqueirão Receptivo SEBRAE/Secretarias, CCO Deslocamento para Fazenda do Barreiro Fazenda Barreiro Almoço na Fazenda Barreiro Fazenda Barreiro Visita na Fazenda Barreiro Deslocamento para Hotel Fazenda Boqueirão e visitação a Polícia Estadual do Painel e Parque Conta Dinheiro da Receptivo 23 Projeto de valorização da cultura serrana Produtos turísticos integração através cavalgadas entre fazendas e interestadual Organização da Festa do Pinhão Sucessão familiar, cavalgadas, sinalização Apoio Policial regional e Estrutura da Festa do Pinhão. Festa do Pinhão em Lages. 16:00 19:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Reunião final de dia/viagem 20:00hs Hotel Fazenda Boqueirão Jantar de confraternização Hotel Fazenda Boqueirão Café da manhã no hotel Deslocamento Lages Aeroporto Florianópolis Chegada no Aeroporto de Florianópolis 08:00hs 07/março 08:00hs - sábado 11:30hs 12:00hs Receptivo Aeroporto Internacional Florianópolis 24 6.2 Práticas identificadas A partir de todo o aprendizado obtido nas visitas, foram selecionadas as boas e melhores práticas de cada experiência, conforme tabela abaixo: Práticas de Referência Alimento saudável e certificado por meio da certificação e proteção de fontes, águas servidas e repovoamento das matas nativas. X 25 Segmento Específico X Envolvimento da Comunidade Certificação orgânica por meio da Ecocert, com escritório local para acompanhamento das atividades Parcerias - Network X Qualificação e formação Participação dos agricultores no processo decisório da Associação e Cooperativa Segurança X Certificação de das Organização em rede dos agricultores e das agroindústrias em condomínios Negócio - Produtos e Serviços Ofertados Agreco – Associação Agriculturores Ecológicos Enconstas da Serra Geral Ações Infra-estrutura 1 Empreendimentos/Negócios visitados Gestão Nº Parcerias institucionais: apoio permanente da Universidade Federal de Santa Catarina, Epagri, Santa Catarina Turismo – SANTUR, e Prefeituras Municipais envolvidas Gestão Compartilhada X X Caderno de Normas que rege a forma de atuação e relacionamento entre agricultores do projeto Produção Integrada e em rede X X X Produção orgânica de 70% dos alimentos servidos aos visitantes. Sinalização da propriedade forma individualizada diferenciada. de e X X X Vivência com abelhas sem ferrão 2 Acolhida na Colônia X Integração com a comunidade X Projeto Pastoral da Saúde X X Cavalgada da lua cheia como atrativo permanente aos turistas X Aproveitamento de estrutura de forno de carvão para uso como sauna e agregação de valor por mais este serviço, diferenciando preço ao turista. X Festas Municipais X Incentivo à cultura e produção local X Valorização das tradições familiares X X 26 pela valorização da produção tradicional de farinha e caldo de cana Uso de energias alternativas X Gestão pública para o turismo X Gestão Familiar X Projeto de observação de pássaros com quadros instrutivos 3 Fazenda Boqueirão Sistema informatizado de reservas e gerenciamento X X Parcerias com produtores da região 4 Fazenda Pedras Brancas X Água disponível em toda a Fazenda é mineral e também serve para empresa do grupo engarrafar e realizar a venda na região X Parcerias na realização de outras atividades agregadas ao negócio X Inovação na decoração dos quartos Administração familiar mantendo foco do negócio e originalidade 5 Fazenda Barreiro X X Museu tradicionalista montado segundo técnicas de museologia X Projeto de certificação do gado franqueiro Lageano em parceria com EPAGRI 6 Festa do Pinhão X X Parcerias com Sindicato Rural Administração pública de toda festa X X 27 X Apoio público para faturamento das lojas aumentar X Festa típica nacional com investimento em atrações nacionais e infra-estrutura completa X X Boa prática 28 6.3 Experiências observadas na Acolhida na Colônia 1. AGRECO - Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral Em 1996, a sociedade civil e o poder público da região das Encostas da Serra Geral, sul de Santa Catarina, iniciaram a busca de novas alternativas para o uso de seu território. Na agricultura, o individualismo e a corrida para o aumento da produtividade com o uso de insumos químicos tinham gerado muitos problemas e pouca qualidade de vida. Como forma de reação a essa situação, nasceu uma organização solidária e pela preservação da vida e da natureza: a Agreco Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral. Essas preocupações vinham, na realidade, desde 1991, quando um caminho de aproximação entre os que foram para a cidade e os que ficaram no campo foi se desenhando pelo congraçamento, por meio da 1ª Gemüse Fest. A partir da festa, outras parcerias foram nascendo e se fortalecendo. Em setembro de 1996, um grupo de agricultores aceitou o desafio feito por um supermercadista, natural do lugar, de produzir hortifrutigranjeiros de forma organizada e ecológica. Com as primeiras produções realizadas por quatro famílias, em dezembro do mesmo ano, nasceu a Agreco, abrangendo os municípios situados às cabeceiras dos rios Braço do Norte e Capivari e com sede no município de Santa Rosa de Lima. Palestra do Coordenador da AGRECO Fonte: Otto Schmiedt 29 Práticas observadas: Organização em rede dos agricultores e das agroindústrias em condomínios e Participação dos agricultores no processo decisório da Associação e Cooperativa Atualmente a Agreco é organizada para a comercialização da sua produção na forma da Cooperagreco, que possui uma gestão compartilhada entre produtores e técnicos garantindo o controle da qualidade e o apoio necessário à produção. Toda organização da Agreco se baseia em cinco pilares: Produção orgânica e diversificada para diversificação da fonte de renda; Comercialização por meio da organização dos produtores; Agroindústria de pequeno porte; Certificação orgânica dos grupos de produtores organizados; Formação continuada, mantendo o produtor como protagonista do processo; Por meio da formação de condomínios de produção em rede, várias famílias trabalham integradas em cada uma das unidades de processamento sendo cada unidade interligada as demais unidades produtivas para comercialização conjunta, compra de insumos ou provimento de matéria prima. A Agreco também trabalha de forma integrada com a Acolhida na Colônia por meio da cooperação para divulgação e demanda de espaço para hospedagem e alimentação dos seus visitantes. O Centro de formação em Santa Rosa de Lima – espaço para treinamento, reuniões e seminários também tem uso compartilhado entre os diversos parceiros e atores regionais. O centro possui no seu interior salas para organização de cursos e espaço do Museu Histórico Municipal que está sendo montado paulatinamente. 30 Centro de Formação em Santa Rosa de Lima Fonte: Otto W. Schmiedt Certificação orgânica por meio da Ecocert, com escritório local para acompanhamento das atividades A Agreco, bem como toda região, se diferencia do restante do país e até internacionalmente pelo alto índice de produtores orgânicos em relação aos produtores convencionais. No Brasil a relação é de 1 produtor orgânico para 300 convencionais, e em Santa Rosa de Lima de é 1 certificado para 6 convencionais. A certificação é realizada pelo Ecocert que mantém um escritório da cidade de Santa Rosa de Lima para melhor proximidade com os agricultores e acompanhamento da produção. A valorização de variedades “nativas” e crioulas, como, por exemplo milho e feijão, também auxilia na manutenção da diversidade biológica e melhora as condições para o manejo ecológico local. 31 Nova embalagem dos produtos agroindustriais com certificação da Ecocert Fonte: site www.agreco.com.br Parcerias institucionais: apoio permanente da Universidade Federal de Santa Catarina, Epagri, Santa Catarina Turismo – SANTUR, e Prefeituras Municipais envolvidas Todos os projetos desenvolvidos pelos agricultores da associação, incluindo planejamento, contato político, busca de recursos, viagens, participação em feiras e eventos, entre outros, tem a participação e o apoio direto das entidades parceiras que estão acompanhando o projeto desde o início, propiciando, desta forma, uma continuidade do trabalho desenvolvimento, a manutenção do foco nas questões técnicas e na valorização dos pequenos proprietários participantes. Alimento saudável e certificado por meio da certificação e proteção de fontes, águas servidas e repovoamento das matas nativas Sem a garantia de um meio ambiente preservado, de nada adiantaria certificar o produto final. Desta forma a Epagri, em conjunto com os produtores, desenvolve um programa de microbacias, no qual estão inseridos a proteção das fontes através do cercamento e replantio da mata e o tratamento das água servidas pelo tratamento através de sistemas de fossas, sumidouros e zona de raízes implantados em sistema de mutirão e acompanhados pelos técnicos da extensão. Além das experiências mencionadas acima, o grupo identificou ainda como prática destacável praticada pela Agreco: - Agroindústrias em forma de condomínios organizados por várias famílias que cooperam na produção da matéria prima bem como do processamento e comercialização - Organização em rede das produções diminuindo os custos de assistência, certificação e aumentando a força para busca de apoio das instituições de fomento e apoio. 32 Informação sobre aplicabilidade A produção agroecológica, biodinâmica ou ecológica é cada vez mais o foco da pauta dos órgãos ambientais e de grupos preservacionistas. O bom entendimento do meio ambiente, a busca da melhor técnica adaptada as variedades adequadas propiciam uma produção ambientalmente correta e mais própria ao ser humano. O trabalho integrado e em rede possibilita uma maior força para o desenvolvimento regional e garante a sustentabilidade do projeto devido ao envolvimento de grande número de famílias e apoiadores. A Agreco é o exemplo real da combinação desses elementos, o que pode ser comprovado mediante seu grande histórico de iniciativas bem sucedidas, número que se amplia a cada ano. Contato: AGRECO: www.agreco.com.br R. Germano Hermesmeyer, 164 88.763-000 Santa Rosa de Lima - SC 48 3654 0038 2 Acolhida na Colônia A Acolhida na Colônia é uma associação que nasceu a partir do modelo da Rede Accueil Paysan (França), da onde buscou também sua inspiração para ser criada e com a qual compartilha uma parceria duradoura. A proposta é agrupar agricultores com perfil semelhante em suas regiões de origem e, por meio da organização das associações, criar uma rede entre todos os cantos do mundo, com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e o agroturismo ecológico. Palestra do Wilson Schmidt (esquerda) e Thaise Guzatti (direita)- apoiadores da Acolhida Fonte: Otto Schmiedt 33 Práticas observadas: Gestão Compartilhada A Gestão da Acolhida é compartilhada entre os agricultores, técnicos e entidades apoiadoras. Os agricultores têm voz ativa no processo decisório e acompanham todos os eventos e programas propostos sejam de capacitação, inserção política – Lei Traf, ou outros. Dentro do desenvolvimento do projeto várias ações foram realizadas resultando em uma metodologia padronizada para o desenvolvimento do trabalho, apoio técnico diferenciado e continuado e ampliação da atuação do estado e fora dele. Caderno de Normas que rege a forma de atuação e relacionamento entre agricultores do projeto O Caderno de normas é um documento criado de forma conjunta entre agricultores e técnicos para regular as relações entre os participantes da Associação. É um legado da Rede francesa, que o criou e estabeleceu como obrigatório para as demais redes, respeitando suas devidas adaptações de caráter local. Também para novos associados já define os quesitos de participação e o que pode ou não ser feito e utilizado nas propriedades. Num processo de certificação das propriedades já auxilia na sua normatização. 34 Caderno de normas. (1ª. folha) Produção Integrada e em rede Da mesma forma como na Agreco, a Acolhida também trabalha em rede, desde o processo decisório sobre preços praticados, o caderno de normas e seu controle, à distribuição dos turistas em todas as pousadas e quartos rurais e pontos de alimentação. Boa parte dos integrantes da Acolhida nos municípios de Santa Rosa de Lima, Anitápolis e Rancho Queimado onde se iniciou o projeto da Acolhida participam também da Agreco e com isso mantém a renda diversificada. 35 Agroindústria de melado Valnério Assing Fonte: Otto W. Schmiedt Outra forma de integração é o trabalho em mutirões, onde vizinhos e parceiros do projeto se auxiliam mutuamente para colocar placas, fazer a jardinagem dos empreendimentos, construir equipamentos, entre outros. Mutirão na Pousada Doce Encanto para trabalhos de jardinagem Fonte: Daniele/Acolhida 36 Produção orgânica de 70% dos alimentos servidos aos visitantes A produção de alimentos servidos aos turistas segue padrões estabelecidos pelo caderno de normas. Isso significa que 70% dos alimentos oferecidos devam vir da agricultura orgânica. As fontes da água devem ser protegidas com mata nativa preservada. O produtor passa por qualificação permanente sobre as normas de manipulação dos alimentos e da produção orgânica dos mesmos. Vários dos alimentos oferecidos ainda são de variedades crioulas, mais resistentes a doenças e insetos e mantém um sabor mais pronunciado. Milho crioulo, feijão e arroz orgânico Fonte: Otto W. Schmiedt Sinalização da propriedade de forma individualizada e diferenciada A Sinalização das propriedades é realizada de forma diferenciada com placas de madeira informando as atividades realizadas na propriedade, utilizando a mesma iconografia encontrada no site da Associação. Na sinalização regional mantém o padrão individual, incluindo pontos de localização e referência municipais. 37 Sinalização das propriedades Fonte: Otto Schmiedt Sinalização regional Fonte: Otto Schmiedt Vivência com abelhas sem ferrão A produção de mel é uma das principais atividades dos produtores integrados ao projeto. Para que o turista possa ter contato com as abelhas, o produtor produz também mel a partir de abelhas sem ferrão com as quais o turista pode entrar em contato 38 sem riscos a sua saúde e vivenciar a retirada do mel através de canudinho feito com materiais nativos como o bambuzinho. Nas propriedades é comercializado o mel da Agreco e das produções na forma de sachês, bisnagas, potes e misturas com própolis. Abelha Mandassaia Fonte: Otto W. Schmiedt Integração com a comunidade Através do voluntariado de moradores, técnicos e apoio de instituições parceiras é possível restaurar prédios e resgatar a cultura local. Um exemplo é o restauro da Igreja Santa Catarina na qual arquitetos e demais voluntários interessados no desenvolvimento local cedem seu tempo e experiência para buscar recursos através de projetos para restaurar a Igreja. Através do esforço da comunidade que também auxilia por meio de mutirões na reconstrução e apoio para difundir as melhorias. 39 Restauro da Igreja Santa Catarina Fonte: arquivo participantes Projeto Pastoral da Saúde Um projeto importante é a Pastoral da Saúde que complementa as ações da agroecologia com uma medicina através da fitoterapia valorizando as plantas nativas e exóticas diminuindo a necessidade da utilização de remédios caros e por vezes agressivos a saúde humana. A Pastoral da Saúde integra as ações junto ao Hospital de Anitápolis e as comunidades vizinhas. Vários produtos são produzidos para as mais diversas enfermidades. Os principais produtos são sabonetes infusões e pomadas medicinais. Na Pastoral pode-se encontrar uma grande diversidade de plantas utilizadas na medicina fitoterápica. Vivência na fabricação de sabonetes e Fitoterápicos na Pastoral da saúde Fonte: Otto W. Schmiedt 40 Cavalgada da lua cheia como atrativo permanente aos turistas A Cavalgada da Lua Cheia é uma opção diferenciada de trazer mensalmente os amantes da montaria para uma experiência única. O turista pode alugar um cavalo ou trazer seu próprio cavalo ficando apenas com o pagamento do jantar típico que é servido após o passeio. A Cavalgada tem apoio da secretaria de turismo local e é organizada pela Fazenda Bauer que possui suas atividades relacionadas à lida de campo e trato com cavalos tanto na doma racional, hospedagem ou venda de animais. A cavalgada é guiada pelo proprietário e acompanhados por amigo e parentes. No jantar servido no galpão da fazenda é servido o carreteiro acompanhado de saladas, sucos e demais bebidas. Durante o jantar ocorrem apresentações musicais de artistas regionais com música tradicionalista cantada e tocada. Folder de divulgação da 1ª. Cavalgada Aproveitamento de estrutura de forno de carvão para uso como sauna e agregação de valor por mais este serviço, diferenciando preço ao turista O aproveitamento de estruturas ociosas e desativadas também é um ponto forte da Acolhida. A transformação de antigas estufas de fumo em pousada e de fornos de carvão em saunas são exemplos da criatividade dos agricultores e com isso dão um cunho de originalidade aos ambientes receptivos. 41 Antigo forno de carvão transformado em sauna Fonte: Otto W. Schmiedt Valorização das tradições familiares pela valorização da produção tradicional de farinha e caldo de cana e uso de energias alternativas A Farinheira do Geraldo, na Acolhida, mostra a valorização das antigas tradições da produção de farinha de mandioca, garapa e açúcar mascavo e geração de energia elétrica a base de turbinas. O Engenho é mantido para dar continuidade às tradições familiares, apoiar economicamente a renda familiar e servir de atrativo para o turismo local. A produção de energia limpa através da roda d’água e da turbina também incrementam o ponto turístico e ampliam a oferta de fontes alternativas de energia, inclusive integrando projetos de conservação de energias renováveis. Além da manutenção do engenho o proprietário ainda planta hortaliças, morango e milho orgânicos. No engenho o turista pode apreender sobre o processamento da cana e mandioca e auxiliar no processamento. 42 Engenho de cana, gerador de energia e Farinheira de mandioca Fonte: Otto Schmiedt Gestão Pública para o Turismo O apoio do poder público tanto nas políticas públicas como na infra-estrutura municipal dá um grande diferencial turístico tanto para o visitante como para o receptivo local. No Município de Rancho Queimado vê-se esse aporte de recursos financeiros bem como humanos para o desenvolvimento local. Os principais exemplos são: A Gestão da Comunidade com o apoio público na Festa do Morango A construção do pórtico turístico da cidade de Rancho Queimado A construção da praça coberta no centro de Rancho Queimado Asfaltamento das vias do interior em Rancho Queimado Criação de roteiros municipais e folders para divulgação em Rancho Queimado Criação da Casa do Turista para abrigar a Secretaria de Turismo e atendimento ao turista em Rancho Queimado 43 Pórtico e Casa do Turista em Rancho Queimado Fonte: Otto W. Schmiedt 44 Incentivo à cultura e produção local Em todos os municípios visitados as questões relacionadas às tradições alemãs e campeiras são muito fortes. A integração da Acolhida com grupos de dança, canto e música dão um toque especial na visitação e promovem a manutenção da cultura e costumes locais. Grupos de Dança de Rancho Queimado com integração com turistas e apresentação da Banda de Santa Rosa de Lima na pousada Doce Encanto. Fonte: Otto W. Schmiedt Festas Municipais Graças a Festa Municipal do Gemüse a região conseguiu unir esforços para se reerguer e buscar novas alternativas de renda e desenvolvimento sustentável. Nesta festa os moradores e os profissionais que tinham saído da região buscaram soluções e parcerias para reerguer a economia local. De uma forma semelhante a Festa do Morango busca manter a atratividade do município de Rancho Queimado que detêm o Titulo de Capital Catarinense do morango, garantindo apoio a sua produção e ao escoamento. Cartaz de divulgação das festas de Rancho Queimado Fonte: Arquivo participantes 45 Soluções Criativas - Aproveitamento de estruturas obsoletas – Forno de carvão e estufa de fumo como estruturas do receptivo - Uso de abelhas sem ferrão para contato do turista com a apicultura - cavalgadas noturnas Informação sobre aplicabilidade De uma forma geral as boas e melhores práticas identificadas nesses empreendimentos foram percebidas pelos empresários participantes da viagem técnica com potencial para implementação em curto e médio prazo com grande facilidade. Algumas das práticas para implementação prontamente identificadas são: Sabonetes fitoterápicos para uso nas pousadas Vivência nas colméias de meliponídeos Divulgação da legislação TRAF em outros estados para maior pressão nacional Trabalho para incentivo a comunidades próximas trabalharem com turismo na agricultura familiar Paisagismo rural nas propriedades Abatedouro comunitário para centralização e controle da higiene Contato: Acolhida na Colônia www.acolhida.com.br Rua Germano Hermesmayer, no. 164 88.763-000 Santa Rosa de Lima - SC 48) 36540186, 3256 0131, 3256 0188 ramal 23 46 3 Fazendas de Lages Fazenda Pedras Brancas: A Fazenda Pedras Brancas foi fundada em 1894 pelo então Coronel Vicente Gamborgi, que chegou ao Brasil por volta de 1868, desembarcando em Porto Alegre. Ele iniciou suas atividades comerciais como mascate percorrendo toda a Serra do Rio Grande do Sul, onde vendia roupas e jóias que transportava em lombo de burro. Com o passar do tempo, ampliou seu negócio até Santa Catarina, mas precisamente nos campos de Lages, onde se instalou com uma casa de comércio de armarinhos em geral. Com a Revolução, iniciaram as perseguições, e o Coronel Vicente teve seu comércio saqueado sendo obrigado a refugiar-se nas Matas das Pedras Brancas. Em fuga conheceu a Senhorita França Paes Farias, que levava alimentação e notícias da Revolução durante o tempo que ficou refugiado. Quando terminou a Revolução, voltou para suas atividades e casou-se com Dona França. Logo em seguida compraram parte da Fazenda, que foi sendo ampliada com o decorrer do tempo, e que passou de geração em geração até chegar aos atuais donos. Um dos netos de Vicente, Milton, ficou com a parte da Fazenda (sede). E com seu espírito empreendedor, ampliou a área comprando mais terras. Em 1980, foi fundada a Agropecuária Pedras Brancas, uma sociedade em cotas para os cinco filhos de Milton, sendo que alguns exploram até hoje as atividades agro-pastoris. Por se tratar de uma Fazenda tipicamente tradicional, em 1985, em um projeto pioneiro no Brasil, Julio César Ramos e Sonia Gamborgi (filha de Milton), resolveram abrir a Fazenda para visitação de turistas. Então, a partir daí, pessoas tiveram a oportunidade de conhecer a beleza natural da Serra e as formações rochosas da Fazenda Pedras Brancas assim como acompanhar o dia a dia de uma Fazenda em plena atividade rural e sentir a tranqüilidade do meio natural. Esta fazenda distingui-se das demais pelas formações rochosas de arenito. Inclusive, essas formações são excelentes para a prática de alpinismo e rapel. A fazenda proporciona ao visitante as atividades típicas de fazenda como a lida com o gado, cavalgadas, pescarias, caminhadas, passeio de charrete, cascata, música ao vivo, contação de causos e histórias da serra catarinense e atividades complementares como piscina, sauna e esportes radicais. Para momentos especiais a fazenda dispõe de infra-estrutura e atendimento para casamentos, aniversários, convenções, lua de mel, terceira idade e confraternizações. A Fazenda dispõe de site, sistema de reservas, salão de convenções. Atualmente a fazenda foi arrendada e juntamente com a área do Adventure Park que também está na área da fazenda fazem uma nova parceria de desenvolvimento do turismo voltado para o turismo de aventura, sem deixar de lado os atrativos da fazenda tradicional, com suas instalações conservadas, museu, galpões entre outros. 47 Vista dos quartos para a lagoa Fonte: Fazenda Pedras Brancas Práticas observadas: Inovação na decoração dos quartos Os quartos da pousada foram decorados com um estilo moderno valorizando os materiais , madeiras e utensílios da fazenda. Nova decoração dos quartos Fonte: Fazenda Pedras Brancas 48 Parcerias na realização de outras atividades agregadas ao negócio O parque de aventura que possui a maior tirolesa do Brasil com 1200m é parceira da nova administração do Hotel. Além da tirolesa o projeto inova com a Via Ferrata onde o turista pode escalar com apoio de grampos fixados diretamente nas pedras, além de trilhas e arvorismo. Grupo pronto para descida da Tirolesa Fonte: Otto schmiedt Informação sobre aplicabilidade As soluções encontradas na Fazenda referentes a parcerias e decoração de ambientes podem ser facilmente implantadas nas empresas visitantes. Questões relacionadas ao turismo de aventura necessitam de parceiros devidamente certificados para garantir a segurança do empreendimento. Com estas parcerias empreendimentos podem aumentar o mix de produtos rapidamente sem precisar investir nestas atividades. Contato: www.fazendapedrasbrancas.com.br 49 Fazenda Boqueirão A Fazenda Rancho do Boqueirão pertence à família Gamborgi desde 1896, quando foram adquiridas as primeiras partes de terra pelo Coronel Vicente Gamborgi. Já em 1906 possuía, na localidade de Boqueirão - município de Lages/SC, uma área de aproximadamente 3.000 hectares. Hoje, o Hotel Fazenda Boqueirão Turismo Rural oferece a seus visitantes uma tradicional fazenda em plena atividade, numa área de sete milhões e quinhentos mil metros quadrados. Além de uma estrutura completa de hospedagem, gastronomia e lazer, conta ainda com um programa de atividades junto ao meio ambiente. Como principais atividades a fazenda oferece cavalgadas, fogo de chão e lidas campeiras, passeios de charrete, trenzinho e carro de mola, trilhas ecológicas, pesca em açudes; além de uma infra-estrutura de lazer com piscinas externa e interna, sauna e sala de ginástica, sala de recreação para crianças, sala de jogos, cancha de bocha coberta, campinho de futebol e playground. Para grupos da melhor idade a fazenda oferece uma estrutura preparada especialmente para receber este perfil de visitantes com conforto e lazer. Profissionais especialmente preparados realizam programas de lazer orientados, específicos para a melhor idade. A Fazenda possui sistema de reserva, site, salão de eventos completo para 120 pessoas. Bate papo com proprietário da Fazenda Boqueirão no restaurante Fonte: Otto Schmiedt 50 Práticas observadas: Gestão Familiar A Fazenda é administrada familiarmente conferindo o contato direto dos proprietários com o visitante. Mesmo alguns funcionários fazem carreira na Fazenda com a continuidade através dos filhos que tem o local como sua casa. Projeto de observação de pássaros com quadros instrutivos De uma forma simples e sinalizada o visitante pode conhecer as espécies de pássaros que moram ou passam pela fazenda. Sinalização para observação de pássaros Fonte: Otto W. Schmiedt Sistema informatizado de reservas e gerenciamento Através de um sistema informatizado, o proprietário pode conhecer melhor os indicadores de desempenho, taxas de ocupação, origem e necessidades dos clientes, promover pacotes, entre outros. Desta forma a Fazenda adequa sua estrutura ao cliente. 51 Parcerias com produtores da região No cardápio da Fazenda vários produtos consumidos são comprados de agricultores da região, aumentando com isso as parcerias e fortalecendo a economia rural local. Desta forma também a Fazenda foca no atendimento ao cliente diminuindo o trabalho interno e a necessidade de mão de obra especializada. Água disponível em toda a Fazenda é mineral e também serve para empresa do grupo engarrafar e realizar a venda na região A água servida em todas torneiras é de fonte mineral. Desta forma o cliente possui um diferencial de qualidade. Para agregar valor a água esta é engarrafada por uma empresa ligada a Fazenda agregando valor a água e fortalecendo o nome tanto da Fazenda bem como da engarrafadora de água. A água de marca “Puris” é distribuída estadualmente. Soluções Criativas: - Atender as necessidades do cliente independente das tradições ou conceituações turísticas; - Programa de reciclagem de lixo; - Programa de observação de pássaros como produto agregado. Informação sobre aplicabilidade: A participação em Associações de Classe como ABIH é exemplo de integração com o trade turístico nacional e fortalece o empreendimento tanto regional como nacionalmente. O foco no cliente é outro ponto fundamental que pode ser facilmente implantado em qualquer empreendimento desde que o proprietário esteja realmente preocupado com o cliente e não somente com o seu ponto de vista ou arraigado demasiadamente a tradições familiares. Contato: www.fazendaboqueirao.com.br 52 Fazenda do Barreiro: Fundada em 1782, é uma tradicional fazenda da Serra Catarinense. Hoje na 8ª geração, preserva os costumes, a cultura e as construções deixadas pelos seus antepassados. A criação de gado de corte e de cavalos crioulos a plantação de milho e feijão sempre colocaram a Fazenda do Barreiro como destaque no setor agropecuário. Abriu as porteiras para que o turista pudesse viver junto com a família este privilégio, respirar o ar puro, passear pelas belas paisagens e conhecer o dia a dia do homem serrano. Situada na Serra de Santa Catarina, o clima na Fazenda do Barreiro é singular. No inverno as baixas temperaturas dão um toque especial à paisagem, com a constante presença das geadas que pintam de branco o imenso campo verde. O verão é outra particularidade da região, pois durante o dia o sol aparece e dá um brilho especial as águas do Rio da Divisa, proporcionando banhos de cachoeira. A Fazenda oferece várias atividades. As principais são as cavalgadas, café camargo, passeio de trator, caminhadas, pesca, lidas campeiras e parquinho infantil para as crianças, além de gastronomia típica e farta e momento de contação de causos ao fogo de chão. A Fazenda conta ainda com piscina, sauna, cozinha fogo de chão, bar e museu. A água da fazenda é mineral e rica em vários micro-elementos fundamentais a funções fisiológicas, principalmente o lítio importante no controle do humor e como coadjuvante do tratamento do mal de Parkinson. Vista da Entrada da Fazenda Barreiro Fonte: Otto Schmiedt 53 Práticas observadas: Projeto de certificação do gado franqueiro Lageano em parceria com EPAGRI O Gado Franqueiro Lageano é o Gado tradicional da região. Com aspas largas e porte grande é um gado típico da região dos campos de cima da serra. Em trabalhos com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A) a região tenta resgatar e proteger esta raça da extinção. Gado Franqueiro Lageano Fonte: Otto W. Schmiedt Administração familiar mantendo foco do negócio e originalidade A administração da fazenda é passada de geração a geração, mantendo o foco no negócio e a sua originalidade. O contato direto dos proprietários com os clientes e a forma diferenciada de atendimento são pontos fundamentais para o desenvolvimento do negócio da Fazenda. Para melhorar ainda mais o atendimento e aproximar clientes dos proprietários a proprietária optou por diminuir a quantidade de quartos disponíveis e desta forma possuir um atendimento personalizado (conhece hospede a hospede pelo nome, interesses, necessidades) e direto. 54 Museu tradicionalista montado segundo técnicas de museologia O museu foi estruturado de forma a catalogar e organizar os objetos através da parceria com o Sebrae para a contratação de museólogo especializado. A Fazenda possui dois museus - um museu de implementos rurais e outro da cultura, tradições e objetos pessoais. Museu Fonte: Otto W. Schmiedt Soluções Criativas - Estruturação do museu com aproveitamento de troncos ocos - Resgate de brinquedos antigos – espirobol - Resgate do gado franqueiro lageano Informação sobre aplicabilidade O resgate de brinquedos e diversões de infância pode ser uma excelente opção para aumentar a disponibilidade de atrativos para o público jovem e com os museus leva o visitante a conhecer suas raízes e cultura. O resgate do gado franqueano serve de exemplo para que outras regiões preservem suas culturas e rebanhos de cabras, suínos e outros animais em estágio de extinção. Contato: www.fazendadobarreiro.com.br 55 Festa do Pinhão: Parceria com Sindicato Rural Através de parcerias o Sindicato Rural oferece a estrutura do Parque do Pinhão para a Realização das Festas e em contrapartida a Prefeitura investe na estrutura de prédios, vias de acesso, sinalização, entre outros. Com este apoio o parque tem estrutura completa de “mini-cidade” com local de shows, exposição de animais, exposição de industria, comércio, serviços e artesanato, bares e restaurantes, banco, farmácia, cancha de laço, parque de diversões, gastronomia típica, pista de patinação, entre outros. Administração Pública de toda Festa Toda administração e gerenciamento da Festa é feito pela Prefeitura Municipal. Desta forma garante agilidade, busca de recursos estaduais e nacionais, e apoio a todo empresariado local. Os segredos da festa são Organização e Segurança para garantir uma festa tranqüila e aberta a todas as faixas etárias e públicos. Parque da Festa do Pinhão Fonte: Otto Schmiedt Apoio público para aumentar faturamento das lojas Através de ações junto ao comércio local por meio de vias gastronômicas, musica na praça, divulgação do comércio local na Festa, o comércio local se integra na Festa. Todas as ações são promovidas e bancadas pela Prefeitura Municipal, incluindo tendas, faixas, mídia, grupos musicais, entre outros. 56 Festa típica nacional com investimento em atrações nacionais e infra-estrutura completa A Festa Nacional do Pinhão se diferencia das demais do gênero no Brasil pelo investimento na qualidade dos grupos artísticos de renome nacional, estrutura de segurança, estrutura física ampliada anualmente, área coberta para exposição e empresas apoiadoras, diversidade de expositores, acesso fácil, e divulgação farta. A Festa não teria o tamanho se não fosse o aporte financeiro através da busca de recursos nas Leis de incentivo estaduais – Funcultura e nacional - Lei Ruanet e o controle interno do investimento realizado e o retorno econômico gerado para o município. A comunidade é envolvida na festa seja na forma da hospedagem formal e alternativa, a venda de artesanato e alimentos, apresentações culturais e através de dias sem a cobrança de ingressos para que os moradores possam conhecer e usufruir de forma social da Festa. 57 Conclusão Ao final da viagem técnica de benchmarking para Acolhida na Colônia e Fazendas de Lages, uma grande quantidade de aprendizado voltou na bagagem dos participantes. Vimos a importância do papel das lideranças institucionais e a influência que exercem no desenvolvimento do agronegócio e do turismo no destino. A parceria entre produtores, a gestão pública e as entidades fazem da Acolhida um exemplo de luta para desenvolver uma região com grandes dificuldades de logística e infra-estrutura, mas com capital humano forte e decidido pela luta em favor do turismo na agricultura familiar - TRAF Foi observada a grande responsabilidade que cada produtor assume quando da preservação do meio ambiente, seja na proteção das fontes, bem como das águas servidas, matas cliares, e regeneração da mata nativa. A integração do projeto com a comunidade através de ações de restauro de patrimônio histórico, pressão pela preservação e apoio a projetos de economia solidária e projetos da pastoral da saúde mostram a integração e o cuidado em todos os detalhes de uma convivência pacífica fomentando o desenvolvimento sustentável local. Em análise geral sobre o destino, o grupo concluiu que a Acolhida é um destino que ainda tem que seguir caminhando em busca da excelência no turismo, porém, todas as visitas e conversas realizadas demonstram que estão nesse caminho. Sobre o destino do Turismo Rural nas Fazendas de Lages o grupo notou a valorização da vida campeira com a conservação dos hábitos e manutenção da história e da diversidade das atividades com a autenticidade do atendimento familiar aos visitantes. Apesar da originalidade das fazendas falta a integração entre as mesmas e com o poder público e entidades regionais e um marketing mais agressivo para a divulgação deste tipo de turismo. Os verdadeiros resultados do projeto Vivências Brasil – Aprendendo com o Turismo Nacional são mensurados a partir das ações que os empresários participantes realizam em suas empresas e em seus destinos de atuação no momento pósviagem técnica. Cada um dos participantes realiza, no mínimo, duas ações de multiplicação do aprendizado obtido, visando compartilhar essas ricas experiências com seus colegas profissionais e, no mínimo, duas ações de implementações inovadoras em sua empresa, de forma a deixá-la mais competitiva e oferecer um produto e serviço de melhor qualidade. Para se informar sobre a agenda de ações de multiplicação de todas as viagens do projeto, bem como obter depoimentos de empresários e inspirar-se para implementar inovações também em sua empresa e no seu destino, acesse o www.excelenciaemturismo.gov.br. 58 Referências bibliográficas Caderno de Normas da Acolhida NA Colônia A Unidade Familiar e as Novas Funções Atribuídas a Agricultura: O caso dos Agricultores Ecológicos do Território da encosta da Serra Geral. Tatiana Ferreira de Lacerda. UFRGS, 2005. Cartilha de segmentação www.turismo.gov.br do turismo para o turismo Rural – MTUR – Diretrizes para o desenvolvimento do Turismo Rural – MTUR www.turismo.gov.br Manual de turismo Ecorural de Joinville – Fund. 25 de Julho e Promotur Endereços eletrônicos www.acolhida.com.br www.agreco.com.br www.accueil-paysan.com www.santur.sc.gov.br www.fazendadobarreiro.com.br www.fazendaboqueirao.com.br www.fazendapedrasbrancas.com.br www.festadopinhao.com.br www.coxilharica.com.br 59