INQUÉRITO de CONJUNTURA
4º Trimestre de 2015
1º
2005
- Vendas com sinal positivo face ao trimestre anterior
- O nível de atividade melhorou para a maioria das
empresas inquiridas
- As previsões para o 2º trimestre apontam para
novo crescimento dos negócios
APRECIAÇÃO GLOBAL
Embora o número de respostas relativas ao acréscimo
das vendas tenha ficado ligeiramente abaixo da expetativas, não deixa de ser significativa a recuperação a
atividade registada no primeiro trimestre, após um final
de 2014 bem menos auspicioso do que a evolução
verificada ao longo do ano indiciava.
Na verdade, foi mesmo o comportamento das empresas do subsetor armazenista que ficou um pouco
aquém das respetivas previsões, influenciado por um
arranque do ano mais lento do que se esperava. Talvez por isso, terão sido as empresas do subsetor retalhista quem terá conseguido adequar melhor o nível de
stocks à respetiva atividade, registando uma variação
de -9,1%, contra os +3,3% do subsetor armazenista.
A maior estabilidade na evolução recente do desempenho das empresas do segmento armazenista espelhou-se, sobretudo, na comparação das vendas com o
período homólogo.
1º TRIMESTRE DE 2015
Em particular, o saldo das respostas extremas (SRE)
no indicador “vendas” cifrou-se em +12,1% (que
compara com -4,4% no trimestre anterior), com a percentagem das empresas que afirmou o respetivo
aumento face ao período anterior a subir de 19,1%
para 25,9%, enquanto as que referiram a sua diminuição baixou de 23,5% para 13,8%. A apreciação relativa
ao “nível de atividade” também melhorou, apresentando um SRE positivo (+12%, contra -13,7% no 4º
trimestre de 2014). Por outro lado, a percentagem dos
inquiridos que classificaram a atividade como Deficiente diminuiu de 36,4% para apenas 16%.
O subsetor armazenista, cujo desempenho se mantivera, apesar de tudo, globalmente positivo no período
anterior, resistindo aos fatores mais desfavoráveis da
sazonalidade, continuou a evoluir favoravelmente,
sendo neste período acompanhado pela recuperação
significativa registada pelo subsetor retalhista.
VENDAS E STOCKS - 1º TRIMESTRE 2015
(SRE - saldo das respostas extremas)
Existências previstas
-5,9
Existências realizadas
-2,6
16,2
12,1
-80
-30
20
Vendas previstas
Vendas realizadas
SRE - saldo das respostas extremas (%)
Indicadores
Sector
Vendas
Armazenistas
Retalhistas
+ 12,1
+ 11,5
- 2,6
+ 3,3
- 9,1
Preços
+12,9
+ 18,0
+ 7,2
Atividade
+ 12,0
+ 12,5
+ 11,1
+ 8,0
+ 25,0
-22,3
Existências
Vendas homólogas
+ 12,8
De facto, neste 1º trimestre, a maior discrepância entre
os dois subsetores registou-se no indicador “vendas
homólogas”, com o SRE no subsetor retalhista a
registar um elevado valor negativo (-22,3%) a que correspondeu uma percentagem de 55,6% de respostas
que afirmaram a diminuição das vendas face ao 1º trimestre de 2014, enquanto no subsetor armazenista
aconteceu precisamente o contrário (+25%), com 50%
das respostas a referirem o seu aumento.
Relativamente aos preços de venda, a evolução foi
positiva em ambos os subsetores, apesar de restrita a
menos de 30% das famílias de produtos consideradas.
Este comportamento deverá entender-se como favorável à defesa das margens de comercialização, sobretudo se tivermos em conta a diminuição dos preços
dos combustíveis, cuja influência é muito relevante ao
nível dos custos.
As respostas no sentido do aumento dos preços de
venda incidiram, principalmente, nos seguintes grupos
de produtos: “perfis, caixilharias e acessórios”, “tubagens e acessórios de ferro e cobre”, “tubagens e acessórios em plástico”, “ferragens, ferramentas e metais” e
“aquecimento e refrigeração de água ou ambiente”.
1
Conjuntura
1º Trimestre 2015
As respostas no sentido de descida limitaram-se às
“telhas, tijolos e outros produtos de barro vermelho e
grés” e aos “artefactos de cimento”.
1º TRIMESTRE DE 2015
(variação dos valores do SRE - saldo das respostas extremas face ao trimestre anterior)
Indicadores
Variação do saldo das respostas extremas em
pontos percentuais
Sector
Armazenistas
Retalhistas
Vendas
+ 16,5
- 2,8
+ 26,6
Existências
+ 14,0
+ 8,1
+ 12,2
Preços
+ 20,3
+ 37,0
+ 9,3
Atividade
+ 25,7
+ 12,5
+ 44,4
Vendas homólogas
+ 17,1
+ 25,0
0
(sinal ”-“indica pioria ou diminuição; sinal “+” indica melhoria ou
aumento)
Como já referimos de início, a evolução trimestral do
setor apresentou, genericamente, um comportamento
favorável em quase todos os indicadores. Recordamos
todavia, que no que diz respeito às “existências” o
sinal positivo significa um aumento relativo do “empate”
em stocks que, se não for correspondido por um
aumento proporcional das vendas, pode ser considerado um fator desfavorável para a rentabilidade da
operação comercial.
seguidas pelas “dificuldades de tesouraria” com 50%.
Não foram indicados outros fatores negativos.
O recurso ao crédito bancário para financiamento da
atividade corrente registou um aumento face ao trimestre anterior (24%, contra 13,6% das respostas), verificando-se, tal como no trimestre anterior, a prevalência
das empresas retalhistas (44,4% das respostas),
enquanto no segmento armazenista a utilização do
crédito bancário foi referida por apenas 12,5%. A percentagem das empresas que utilizou o crédito bancário
para investimento foi de 6,3% e cingiu-se ao segmento
armazenista.
Todas empresas que recorreram ao crédito (28%) consideraram “fácil” a sua obtenção.
A evolução da apreciação pelas empresas do respetivo
“nível de atividade” foi claramente positiva e acompanhou de perto a observada nas “vendas” trimestrais.
EVOLUÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE
(SRE - saldo das respostas extremas)
20
10
0
-10
-20
VARIAÇÃO DOS VALORES DOS SALDOS DAS RESPOSTAS
EXTREMAS FACE AO TRIMESTRE ANTERIOR
-30
-40
60
-50
50
-60
40
-70
4ºT
1ºT
2012 2013
30
2ºT
3ºT
2013 2013
4ºT
2013
1ºT
2ºT
2014 2014
3ºT
2014
4ºT
1ºT
2014 2015
20
10
0
‐10
1ºT 2014
2ºT 2014
3ºT 2014
4ºT 2014
1ºT 2015
‐20
‐30
‐40
Vendas
Existências
Preços
Actividade
Vendas homólogas
O dado mais significativo deste período foi, na verdade, a recuperação do indicador relativo à apreciação
do “nível de atividade”, para além do relativo às
“vendas homólogas”, que, recordamos, no trimestre
anterior tinham regredido, interrompendo três trimestres de crescimento consecutivo.
As empresas cuja atividade foi “deficiente” assinalaram
os fatores que consideraram mais prejudiciais. Neste
trimestre, destacaram-se a “falta de encomendas” com
75% das respostas (contra 100% no trimestre anterior),
2
A evolução do indicador “vendas homólogas” foi,
também, positiva, embora com menor intensidade e à
custa do segmento armazenista, já que, como atrás
referimos, esta não foi acompanhada pelas empresas
do segmento retalhista.
No conjunto do setor, 64% das respostas (contra
59,1% no período anterior) referiu a manutenção ou o
aumento das vendas face ao 1º trimestre de 2014,
enquanto 36% afirmaram a respetiva diminuição.
Entre as empresas retalhistas a percentagem de respostas que referiu o aumento foi, uma vez mais, muito
inferior à dos que reportaram a diminuição (33,3% contra 55,6%), enquanto entre as empresas armazenistas
se registaram o dobro das respostas no item “aumento” (50%) que no item “diminuição” (25%).
Conjuntura
1º Trimestre 2015
VOLUME DE VENDAS COMPARADO
COM O MESMO PERÍODO DO ANO ANTERIOR
(SRE – saldo das respostas extremas)
Vendas Previstas e Vendas Realizadas
(saldo das respostas extremas)
30
20
30
20
10
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
-80
10
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
-80
4ºT
1ºT
2012 2013
2ºT
3ºT
2013 2013
4ºT
2013
1ºT
2ºT
2014 2014
3ºT
2014
4ºT 1ºT 2ºT 3ºT 4ºT 1ºT 2ºT 3ºT 4ºT 1ºT 2ºT
2012 2013 2013 2013 2013 2014 2014 2014 2014 2015 2015
4ºT
1ºT
2014 2015
As previsões para o 2º Trimestre de 2015 mostram a
continuação de uma tendência positiva, apesar perspetivas ligeiramente negativas que subsistem entre as
empresas do subsetor retalhista.
De igual modo, o consumo de cimento no território
nacional registou um aumento de 12,3% nos primeiros
4 meses de 2015, sinalizando uma inversão do ciclo de
7 anos consecutivos de quebras no consumo desta
matéria-prima.
PERSPETIVAS PARA O 2º TRIMESTRE DE 2015
SRE - saldo das respostas extremas (%)
Indicadores
Sector
Cart. Encomendas
Armazenistas
Retalhistas
0
+ 16,4
- 18,2
Vendas
+ 5,2
+ 21,3
- 12,7
Enc. Forneced.
+ 5,1
+ 21,3
- 12,7
Existências
- 0,9
+ 6,6
- 9,0
Conforme se pode inferir do quadro acima, as expetativas das empresas do subsetor armazenista sugerem,
à semelhança do que se observou no estudo anterior,
uma elevada confiança no aumento das vendas.
Esta leitura, aliás, é a que melhor de compagina com
os sinais vindos do setor imobiliário e, também, da atividade da construção de edifícios, onde se registam
crescimentos significativos quer nos trabalhos de renovação e reabilitação, quer na construção nova de habitação e de edifícios para o sector turístico.
Os indicadores relativos ao licenciamento de obras
também têm tido uma evolução recente animadora,
registando-se no 1º trimestre do ano um aumento
homólogo de 15,6% das licenças para construção nova
e de 14,6% no número de fogos licenciados.
Como referimos, o segmento da habitação é o que
apresenta maior dinamismo, tendo-se registado no 1º
trimestre do ano uma subida do número de licenças
para obras de 4,8% em termos homólogos. De forma
surpreendente, todavia, as obras de reabilitação de
edifícios habitacionais registaram uma quebra de
11,8% em termos homólogos, mas isso dever-se-á,
provavelmente, ao fato de uma grande maioria dos
trabalhos nesta área não estarem sujeitos a licenciamento, já que de forma algo evidente estes números
contrariam a realidade observável.
O atraso na aplicação dos fundos do Portugal 2020,
nomeadamente os que se destinam à regeneração
urbana e à eficiência energética, que provavelmente só
começarão a ficar disponíveis lá para o fim de 2015 ou
mesmo início de 2016, continuará a limitar a retoma da
atividade da construção à dinâmica ainda reduzida do
crescimento económico, alimentada pelo consumo privado e cuja origem está limitada ao setor turístico, ao
bom desempenho das empresas exportadoras (poucas), ao investimento direto estrangeiro no imobiliário e
à melhoria da situação de endividamento das famílias.
Ainda vamos ter que esperar mais algum tempo pela
recuperação do rendimento das famílias, do emprego e
do investimento privado para que, então, o crescimento
das atividades da construção adquira maior ritmo e
sustentabilidade.
Também, ao nível do crédito à habitação concedido
pelas instituições bancárias registou-se, no mesmo
período, um aumento homólogo de 43%, para os 715
milhões de euros.
3
Download

Análise de Conjuntura – 1º trimestre de 2015