A literatura produzida em
Juiz de Fora
Poesia em Juiz de Fora, década
de 80
Neste trabalho, falaremos sobre a
poesia na cidade de Juiz de Fora com foco
nos anos 80, que, por muitos, é
considerada uma época de bastante
vivência cultural da cidade em relação a
textos poéticos.
Aqui, focaremos no folheto Abre
alas e na revista D’lira, que continham
poemas de vários autores, tanto da cidade
e vizinhança como de lugares diversos do
Brasil da época.
Entrevista com
Júlio Polidoro
Entrevista com Júlio César
Polidoro
• Como começou o folheto Abre alas e depois
a revista D’Lira?
O abre alas começou no inicio dos anos 80 quando
fazíamos o varal de poesias no calçadão da rua Halfled.
Era impresso no antigo DCE (diretório central dos
estudantes).
• O que significou o folheto e a revista na
época em juiz de fora?
Foi um período de ebulição cultural de transição do
período ditatorial rumo a abertura política. As duas
publicações foram ferramentas que congregaram um
grupo de agentes culturais primeiramente com poetas e
escritores através do folheto abre alas e depois
ampliando esse espaço com a colaboração de artistas
plásticos, fotógrafos e outros.
Esta junção de esforços permitiu a alguns
membros deste grupo construírem e consolidarem
carreiras individuais de modo assertivo, com projeção
nacional e internacional, como é o caso de Luiz Ruffato,
Iacyr Anderson Freitas, Fernando Fabio Fiorezi,
Edimilson de Almeida Pereira, José Santos e outros.
• O que foi a experiência destas publicações
para a sua vida?
Foi valida em todos os sentidos. Apenas para citar
alguns aspectos relevantes, posso mencionar o
aprendizado da critica e da autocrítica. Nós nos
reunimos periodicamente para avaliar os trabalhos uns
dos outros, às vezes de forma até dura, e das inúmeras
colaborações que recebíamos pelos correios. Este foi
um exercício de disciplina e um aprendizado sem preço.
• Há a possibilidade do folheto, ou da revista
voltarem a ser publicados?
Gosto de pensar que sempre há possibilidade de
releitura, de refazimento, mas hoje, certamente, sob
outros moldes.
• O que você acha dos poemas de Edimilson e
Iacyr? Quais pontos positivos e negativos?
Minha única área de competência (e mesmo assim,
no nível modesto) é criar, escrever poesia. Explicando
este ponto, não sendo eu um critico literário, o que me
atrevo a dizer sobre o trabalho destes amigos é que são
dois grandes poetas. Edimilson alem do largo fôlego e
amplitude contextual de sua criação poética, é também
antropólogo, um pesquisador profundo
das suas
próprias raízes negras. Já Iacyr, que também embarcou
com proveito e qualidade no texto em prosa e no ensaio,
é poeta da concisão, herdeiro indiscutível do legado de
João Cabral de Melo Neto, aliando à concisão e ao
apuro formal e o lirismo e resulta em grande beleza, e
toca nossa sensibilidade.
Edmilson de Almeida
Edmilson de Almeida
• Nasceu em Juiz de Fora em 1963. É
licenciado em Letras e especializado em
literatura portuguesa. Professor de literatura
na Universidade Federal de Juiz de Fora, é
mestre em literatura e em ciência da religião
e doutor em comunicação e cultura. Estreou
em 1985 e publicou quase duas dezenas de
livros. Sua obra poética foi reunida em
quatro volumes em 2003, incluindo: Zé
Osório Blues (2002); Lugares Ares (2003);
Casa da Palavra (2003); e As Coisas Arcas
(2003). Já foi traduzido para vários idiomas.
Edmilson de Almeida
• Edmilson de Almeida foi muito atuante
na década de 80 e tem feito trabalhos
de poesia ate hoje. Participou do
folheto Abre alas e é muito premiado
tanto
nacionalmente
como
internacionalmente.
Edmilson
tem
como característica principal em seus
poemas
o
uso
de
referências
históricas, principalmente a vinda dos
negros escravos para o Brasil.
Casas e Nomes (Águas de contentas)
Edmilson de Almeida
Turmalinas/entre
pêssegos/oceanos
reclusos
na gente.
Em casas brancas/as
escalas/de nomes/a
serem escritos.
Nunca se ama/o novo/se
a firma está gravada/não
em aço temporário
mas na indizível/palavra?
Os nascentes /estão
amados /o destino
impresso/nas rodas.
Mas sob a herança/gira o
vento/renitente.
O perdido/tornou-se
encanto/os iletrados/se
inventam letra
os doentes/sua dança.
Os que não rezam/se
descobrem/tantos.
Turmalinas entre/vírgulas
ensinam as naves/do
canto.
Edmilson de Almeida
• No poema Casas e Nomes, o eu lírico fala
sobre o tempo, que é fugaz e passageiro,
sobre a dificuldade de se aceitar o novo e o
presente. Fala também sobre as pessoas e
coisas que vem e vão no tempo, que não
podem voltar e também sobre a vida que
passa com o tempo.
Iacyr Anderson Freitas
Iacyr Anderson Freitas
• Iacyr Anderson Freitas é um poeta brasileiro,
muito
premiado
nacionalmente
e
internacionalmente. Fez parte da geração de
poetas do folheto Abre alas e da revista
D’lira, sendo que em muitos dos exemplares
desses havia poemas dele. Seus poemas tem
como marca registrada o caráter político.
Iacyr Anderson Freitas
• Um dos principais poetas de sua
geração, Iacyr Anderson Freitas , desde
a sua estreia com Verso e palavra, de
1982, vem construindo com notável
coerência uma obra poética que se
traduz
por
uma
tentativa
de
compreensão em profundidade do
mundo, característica comum a quase
toda grande poesia.
Teodiceia
Iacyr Anderson Freitas
Possam saber
o que constitui essa indulgência
esse asco
O que permanece em deus
o que nele é transparência
e se insurge
contra outro deus em si
Que ruge
Iacyr Anderson Freitas
• No poema “Teodiceia”, o poeta Iacyr
Anderson Freitas explora o lado “negro” do
ser humano, que cria o chamado “mal”, no
poema caracterizado pelo “deus que ruge.”
Também podemos notar que no poema o eu
lírico sugere que o perdão (indulgência) e o
“nojo” (asco) se encontram no mesmo Deus
que ruge, ou seja, nós mesmos.
Júlio Polidoro
IX- Júlio Polidoro (do livro Treze poemas
Essenciais)
O sonho, no principio,
é descordar de si próprio
depois, altera a si
e se torna, assim, o que
não vemos.
Findo, repõe o inicio,
para, terminando,
recomeçar.
Sendo parte do sonho,
faço parte da vida.
Fluxo paralelo para duas
realidades,
transcendendo o tudo e o
nada
e, como energia, me
anteponho.
A essência dúbia não me
perde,
permanece; e eu,
estando em mim,
sinto não me conhecer
e me conhecendo, não
me contenho.
Júlio Polidoro
• No poema intitulado “IX” do livro Treze
poemas Essenciais, o eu lírico fala de sua
vida e de seus sonhos, duas realidades
diferentes que, segundo ele, lhes pertence.
Diz também o eu lírico que estes sonhos lhe
permite se conhecer melhor por via desta
realidade paralela.
• GRUPO:
Ananda Camargo
Daniela Alves
Guilherme Polidoro
Pablo Costa
Paula Palazzi
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