1 IMPLANTAÇÃO DE UM CORRESPONDENTE IMOBILIÁRIO: ANÁLISE DE PROJETO PELA METODOLOGIA MULTI-ÍNDICE MARIA LÚCIA MATSUNAGA KOYASHIKI [email protected] JORGE HARRY HAZER [email protected] ALCEU SOUZA [email protected] ÁREA TEMÁTICA: A10 – Outros temas relacionados com a contabilidade de Custos e de Gestão. Palavras-Chave: Correspondente Bancário, Financiamento Imobiliário, Decisões de Investimento, Metodologia Multi-índice, Simulação de Monte Carlo. METODOLOGIA: Analytical/Modelling 2 IMPLANTAÇÃO DE UM CORRESPONDENTE IMOBILIÁRIO: ANÁLISE DE PROJETO PELA METODOLOGIA MULTI-ÍNDICE Maria Lúcia M. Koyashiki1 Jorge Harry Harzer2 Alceu Souza3 RESUMO Este artigo analisa a viabilidade de um investimento, por meio das expectativas de retorno e riscos associados à implantação de um correspondente bancário. O correspondente bancário atuará na prestação de serviços na área de financiamento habitacional, na cidade de Londrina/PR, vinculado à Caixa Econômica Federal (CAIXA). A análise foi realizada utilizando-se a Metodologia Multi-índice de Souza e Clemente (2009) a partir do fluxo de caixa projetado pelos valores médios coletados junto às construtoras, imobiliárias e CAIXA, no período de 2009 - 2011. Esta metodologia utiliza de forma conjunta os indicadores de risco e retorno, resultando em informações mais consistentes do que o uso isolado de um indicador ou de um subconjunto deles e se caracteriza pelo aprofundamento da avaliação do risco e seu confronto com a expectativa de retorno. Foi adicionada a simulação de Monte Carlo, com a finalidade de gerar as distribuições de probabilidade dos retornos, confrontando os resultados com os riscos percebidos. A demanda foi considerada como variável aleatória, uma vez que é incerta. Os resultados obtidos pela metodologia Multi-índice demonstraram que o projeto é viável pela análise dos indicadores de risco e retorno, além do baixo investimento inicial, estimado em R$ 50.000,00, aliado ao prazo médio de retorno do investimento de um ano e seis meses. A simulação de Monte Carlo demonstrou que o projeto de implantação do correspondente bancário, apresenta uma boa oportunidade de negócio, pois a probabilidade de a TIR superar a TMA é de 100%, para uma TMA projetada em 10% a.a., aliado ao fato de que a probabilidade do VPL ser negativo é zero. Palavras chave: Decisões de Investimento, Correspondente Bancário, Financiamento Imobiliário, Metodologia Multi-índice, Simulação de Monte Carlo. 1 Mestranda em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 2 Doutorando em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 3 Doutor em Administração, Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 3 1. INTRODUÇÃO A indústria da construção civil tem fundamental importância no crescimento econômico, geração de emprego e renda e um grande valor agregado na cadeia produtiva, além de contribuir de forma significativa para a área social no sentido de reduzir o déficit habitacional. Segundo dados do IBGE (2012) a indústria da construção civil contribuiu com 5,6% do PIB brasileiro no ano de 2010 e foi responsável por 7,3% das pessoas ocupadas no Brasil no mesmo ano. Em relação ao setor da construção habitacional, o crescimento deve-se às condições mais adequadas ao financiamento, à redução da inadimplência, à maior segurança do ponto de vista do credor e a carência de habitações no país. O aumento da renda e da estabilidade macroeconômica sobre os níveis de confiança dos consumidores também exerceram função relevante para o desenvolvimento desse tipo de empreendimento, uma vez que habilitam maior número de tomadores e elevam a parcela de renda que o mutuário está disposto a comprometer no financiamento habitacional. (BACEN, 2010) Gráfico 1 – Evolução do PIB do Brasil e da Construção Civil Fonte: IBGE (2012) Verifica-se no gráfico um que entre o ano 2003 e 2004, o PIB do setor da construção civil apresentou um aumento relevante, com um crescimento de 6,6% em 2004 em relação a 2003. Verificando-se o resultado do setor da construção civil entre 2001 e 2010, após a Lei nº 4 10.931 em 2004, o PIB do setor passou a apresentar crescimento expressivo. Apresentando inclusive em alguns anos crescimento do PIB maior que o PIB agregado da economia nacional. Um dos fatores que contribuíram para este contexto foi a melhoria nas condições dos recursos para o investimento em construção e financiamento habitacional. Assim como a eficiência do sistema financeiro e a estabilidade econômica do país que foram relevantes e influenciaram na disponibilidade do crédito para o investimento e financiamento. As instituições financeiras, com o objetivo de aumentar a participação de mercado em relação à carteira de crédito imobiliário, além de outros fatores econômicos, têm disponibilizado recursos consideráveis na linha de financiamento do Sistema Brasileiro de Poupança (SBPE). Pelo lado do Estado, os recursos na linha do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), têm contribuído de forma substancial, principalmente com o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) que objetiva atender as demandas da população de menor renda, por meio de subsídios e taxas reduzidas. (BACEN, 2010) A Caixa Econômica Federal (CAIXA), como maior agente financeiro habitacional do país, exerce um papel importante neste segmento, além de ser o principal executor de políticas sociais do governo federal, contribuindo parar a redução o déficit habitacional por meio dos financiamentos habitacionais. A partir de 2009, em consonância com seus objetivos estratégicos e ao aumento da demanda de crédito concedido ao público e da necessidade de agilizar o processo de financiamento habitacional, a CAIXA implantou um projeto de parceria. O projeto consiste em terceirizar o atendimento e a operacionalização dos processos de financiamento habitacional, abertura de contas, empréstimos consignados e outros produtos e serviços em parceria com os correspondentes bancários. Neste contexto, o objetivo deste artigo foi analisar a viabilidade do projeto de implantação de um correspondente bancário, na cidade de Londrina/PR, na modalidade negocial, vinculado à CAIXA, utilizando a metodologia multi-índice de Souza e Clemente (2009). Este objetivo se justifica devido à importância de um planejamento e análise do projeto com a finalidade de contribuir na tomada de decisão para a efetividade dos objetivos econômico-financeiros e estratégicos. O artigo é apresentado nas seguintes seções: (a) quadro teórico-empírico; (b) procedimentos metodológicos; (c) análise dos dados e interpretação dos resultados; e, (d) recomendações finais e conclusões. 5 2. DECISÕES DE INVESTIMENTO Para Souza e Clemente (2008) apud Souza et.al.(2010), sob a ótica da Gestão Estratégica de Custos, a Estratégia se materializa por meio de decisões de investimentos. Então, os custos presentes são, em sua maioria, consequências de decisões de investimentos tomadas no passado. Assim, a análise da viabilidade de decisões de investimentos é uma fase posterior ao delineamento e a escolha da estratégia decorrente dos cenários macroeconômicos e das restrições analisadas. Ainda, segundo esses mesmos autores é necessário prever a forma e a extensão das influências que as possíveis mudanças no cenário macroeconômico podem exercer sobre os custos e as receitas no horizonte do planejamento. Neste contexto, as organizações têm como meta basicamente maximizar seu retorno financeiro com o menor risco possível. Por esta razão, são utilizadas diversas técnicas para apurar as alternativas de investimento, escolhendo aquela que ofereça o melhor resultado. Para estas análises são utilizados demonstrativos contábeis projetados. 2.1 Demonstrativos Contábeis para a Análise da Decisão de Investimentos Os principais demonstrativos contábeis utilizados para a análise da decisão de investimentos são o Fluxo de Caixa (FC) e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). 2.1.1 Fluxo de Caixa Para a análise do projeto, inicialmente, é necessária a projeção do fluxo de caixa, pois permite identificar o retorno esperado em um determinado projeto, analisado isoladamente, fornecendo números com o intuito de apurar os indicadores de rentabilidade do negócio. Segundo Brasil (2002, pg.44), “o fluxo de caixa consiste no resultado do confronto das entradas e saídas esperadas de recursos de determinado investimento”. Todos os componentes são expectativas de resultados que devem ser revisados assim que o projeto fornecer dados reais para projeção. Para Gitman (2007) o fator risco na tomada de decisão deverá ser analisado, uma vez que se trata de fluxos de caixa futuros: “Como os fluxos de caixa relativos aos projetos de investimento de capital são fluxos de caixa futuros, é importantíssimo compreender o risco 6 para se tomar decisões acertadas sobre investimento de capital". Os termos risco e incerteza são muitas vezes usados alternativamente para referir-se à variabilidade dos fluxos de caixa de projetos. 2.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração do Resultado do Exercício, conforme artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, tem como objetivo principal apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses. De acordo com a legislação mencionada, as empresas deverão na Demonstração do Resultado do Exercício discriminar: A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. A DRE é um dos mais importantes demonstrativos para a análise de rentabilidade, pois apesenta a apuração do resultado econômico da atividade. Não significa meramente subtrair as despesas das receitas, é necessário que o lucro ou prejuízo sejam demonstrados de maneira clara e transparente, facilitando a análise e eventuais decisões necessárias para melhorar a desempenho da empresa. 7 Assim, para definir se um projeto é lucrativo ou não, os executivos financeiros utilizam demonstrativos e métricas que norteiam a tomada de decisão, analisando se o capital investido gera um retorno que exceda o custo desse capital. Ao tomar decisões de investimento, deve-se analisar se os ativos terão condições de oferecer o desempenho desejável pelos investidores. Portanto, é preciso adotar certos critérios para analisar o desempenho futuro projetado do ativo. Obviamente, uma análise, para ser eficaz, deve estar fundamentada em projeções corretas. Critérios adequados e permitir ao analista aceitar ou rejeitar, comparar e classificar os diversos ativos analisados, além da utilização de metodologias apropriadas. 2.2. Metodologia Multi-Índice Na metodologia multi-índice desenvolvida por Souza e Clemente (2009), o processo decisório de análise de viabilidade de um projeto é embasado em diversos indicadores de risco e retorno. “A utilização conjunta desses indicadores resulta em informações mais consistentes do que o uso isolado de qualquer um deles ou de um subconjunto deles e se caracteriza pelo aprofundamento da avaliação do risco e seu confronto com a expectativa de retorno.” Segundo Souza e Clemente (2009, pag.) a essência da Metodologia consiste em: a) Não incorporar o prêmio pelo risco como um spread sobre a Taxa Mínima de Atratividade (TMA); b) Expressar a rentabilidade do projeto por meio ROIA como um retorno no adicional além do que seria auferido pela aplicação do capital em títulos de baixo risco; c) Utilizar a análise ambiental para aprofundar a avaliação sobre os riscos envolvidos; d) Confrontar os ganhos esperados com a percepção dos riscos de cada projeto. A Metodologia Multi-índice é uma abordagem que parte da análise do fluxo de caixa descontado e da análise do contexto, gerando dois conjuntos de indicadores. O primeiro constituído pelo VPL – Valor Presente Líquido, VPLa - Valor Presente Líquido Equivalente por ano, IBC - Índice Benefício/Custo e ROIA - Retorno Adicional Decorrente do Investimento, que tem como objetivo melhorar a análise dos retornos financeiros do projeto. 8 O segundo conjunto formado por TMA/TIR – Taxa Mínima de Atratividade / Taxa Interna de Retorno, Payback/N – Período de Recuperação do Investimento / Horizonte do Projeto em Períodos, RG - Risco de Gestão e RN - Risco do Negócio, objetiva melhorar a análise do risco do projeto. Na Metodologia Multi-índice, é recomendada a utilização da TMA – Taxa Mínima de Atratividade, que é o retorno líquido obtido pela aplicação do capital de investimento em títulos de baixo risco e compatíveis com o perfil do investidor. Assim, nessa metodologia o risco não é incorporado como um spread sobre a taxa de desconto e, portanto, deve ser analisado de forma separada por meio de outros indicadores. Neste trabalho a TMA utilizada foi de 10% ao ano. 2.3. Simulação de Monte Carlo Segundo Gitman (2007), a utilização da simulação em investimentos requer a geração de fluxos de caixa usando distribuições probabilísticas predeterminadas e números aleatórios, sendo que a chave para simular a distribuição de retornos, é identificar precisamente as distribuições de probabilidade para as variáveis de entrada e formular um modelo matemático que reflita verdadeiramente as relações existentes. Em certos casos, mesmo na posse de dados históricos, isto não é possível, já que muitas vezes o administrador depara-se com um problema inteiramente novo. Neste sentido, a análise de probabilidade é uma ferramenta poderosa na investigação de problemas que não têm como solução um único valor. A simulação de Monte Carlo é uma das ferramentas mais utilizadas na análise de probabilidade, pois é adequada para a análise de investimentos, lidando com as incertezas e proporcionando maior consciência dos riscos envolvidos na tomada de decisão. Ela parte da suposição de que os parâmetros sujeitos a riscos e incertezas podem ser descritos por distribuições de probabilidade. A técnica de Monte Carlo faz uso dessas distribuições de probabilidades, gerando uma série de simulações e estimativas. (FLANAGAN, NORMAN, 1993) Para Flanagan e Norman (1993) na simulação de Monte Carlos os parâmetros sujeitos à incerteza podem ser descritos por distribuições de probabilidade. Então um grande número de projetos hipotéticos é gerado, refletindo as características dos mesmos. Cada simulação é realizada por meio da substituição de uma variável de risco com um número aleatório tirado a partir da distribuição de probabilidade utilizada para descrever essa variável. Usualmente são 9 realizadas em torno de 5000 interações que, construirão uma distribuição de frequência para todo o projeto. Métodos estatísticos podem então ser utilizados para calcular os intervalos de confiança e assim por diante. Curvas de frequência acumulada também são geralmente apresentados como parte dos resultados. 2.4. Correspondente Bancário Os Correspondentes Bancários (CBs) são empresas, integrantes ou não do Sistema Financeiro Nacional, contratadas por instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil para a prestação de serviços de atendimento aos clientes e usuários dessas instituições. Entre os correspondentes mais conhecidos encontram-se as lotéricas e o banco postal. (BACEN, 2012) Em muitos países, esse tipo de acordo é utilizado basicamente para permitir que bancos possam realizar transações, por exemplo, transferência de recursos ou pagamentos, em regiões onde não possuam presença física. Atualmente, impulsionado por flexibilizações regulatórias e pela evolução da tecnologia de informação, o conceito de correspondente bancário vem ganhando novos contornos. (DINIZ, 2007) Segundo Fortuna (2011, p. 166), as Resoluções 3.110, de 31/07/2003 e 3.156, de 17/12/2003, consolidaram as normas para a contratação sob total responsabilidade das instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central (BC), de empresas integrantes ou não do Sistema Financeiro Nacional (SFN), para desempenhar a função não principal e não exclusiva de correspondente no País, prestando os seguintes serviços: Recebimento e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósito à vista, a prazo e de poupança; Recebimento e pagamento relativos às referidas contas, bem como a aplicação e o resgate de fundos de investimento; Recebimento, pagamentos e outras atividades decorrentes de convênios de prestação de serviços mantidos pelo contratante, na forma da regulamentação em vigor; Execução ativa ou passiva de ordens de pagamento em nome do contratante; Recepção e encaminhamento de pedidos de empréstimos e de financiamentos; 10 Análise de crédito e de cadastro; Execução de serviços de cobrança; Recepção e encaminhamento de propostas de emissão de cartão de crédito; Outros serviços de controle, inclusive o processamento de dados das operações pactuadas; e Outras atividades a critério do BC. Para Fortuna (2011) os CBs, em geral, ficam em estabelecimentos comerciais próximos da população, com horários de atendimentos mais flexíveis que os bancos. Então a disputa pelos pontos de atendimento dos CBs está no centro da briga dos grandes bancos pelo mercado de varejo de baixa renda, pois para atingir este nicho é necessário capilaridade, e os CBs são canais de distribuição mais baratos e eficientes para tal estratégia. Por outro lado, a legislação em vigor, define que as instituições financeiras são responsáveis por controlar os riscos e a qualidade dos serviços prestados pelos CBs. Assim, a descrição do negócio de correspondentes bancários como sendo uma organização que presta serviço a um banco está cada vez menos apropriada (TOONE, 1997). Na prática, o correspondente bancário atual tende a desempenhar um papel muito mais amplo no universo financeiro, seja pela mudança no perfil dos parceiros seja pelo tipo de serviços oferecidos (NAUGHTON e CHAN, 1998). Gráfico 2– Correspondentes no Brasil (em milhares) - Fonte BACEN No mercado brasileiro após um crescimento acentuado nos últimos 10 anos, o número de correspondestes no país, apresentou uma ligeira queda em 2011, conforme observado no gráfico dois, possivelmente em função dos ajustes do perfil passíveis de atuar como correspondentes no País, ocorridos no início de 2011. Este canal de atendimento continua 11 sendo relevante para o atendimento dos serviços bancários, pois segundo o BACEN em 2011, a quantidade de transações bancárias realizadas em correspondentes bancários atingiu 36% das operações de pagamentos de contas, tributos e empréstimos no Brasil. Neste contexto, uma tendência no mercado bancário brasileiro é a expansão do número dos correspondentes bancários como canal de atendimento dos bancos, voltados principalmente para o atendimento de varejo. Na presente pesquisa o estudo de caso será vinculado a um correspondente bancário negocial da CAIXA, com o objetivo de atender à demanda de financiamento habitacional. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa foi direcionada para a solução de questões específicas, considerada aplicada; quantitativa pela utilização de recursos matemáticos para a análise; e, descritiva porque detalhou os processos necessários aos serviços a serem prestados pelo correspondente bancário negocial, vinculado à CAIXA. Segundo Sampieri et. al. (2006) a pesquisa quantitativa oferece a possibilidade de generalizar os resultados de maneira mais ampla, com controle sobre os fenômenos e um ponto de vista de contagem e magnitude em relação a eles. Assim, oferece grande possibilidade de réplica e um enfoque sobre pontos específicos de tais fenômenos, além de facilitar a comparação entre estudos similares. A caracterização amostral dá-se por um corte temporal, representado pelo volume e quantidade de financiamentos habitacionais concedidos pela CAIXA, no período de 2009 a 2011 na cidade de Londrina/PR. Para a implantação do correspondente bancário vinculado à CAIXA, foram projetados os fluxos de caixa num período de 10 anos, utilizando-se para análise a Metodologia Multiíndice, de Souza e Clemente (2008), para avaliar as expectativas e os riscos associados ao projeto. 12 A análise foi realizada a partir do fluxo de caixa projetado para valores médios coletados, utilizando-se a Metodologia Multi-índice para a análise do risco e retorno, e também o Método de Monte Carlo e o software Crystal Ball para gerar as distribuições de probabilidade dos retornos, com a finalidade de confrontá-los com os riscos percebidos. Para o desenvolvimento deste trabalho, foram realizadas as seguintes coletas de informações: entrevista informal junto a clientes bancários sobre a oferta do serviço de correspondente bancário; levantamento de informações sobre o perfil dos clientes e valor médio financiado junto à CAIXA; levantamento histórico do número e de valores médios de contratos emitidos no período de 2009-2011; e, a quantidade diária de atendimento a clientes sobre financiamento habitacional na agência bancária. Realizou-se também uma pesquisa bibliográfica, tendo como tema a conceituação e contextualização do mercado imobiliário, financiamento imobiliário, correspondente bancário, e das Metodologias Multi-índice e Monte Carlo, utilizadas para a análise do projeto. O objetivo da coleta de dados é obter informação de indivíduos, comunidades, contextos, variáveis ou situações em profundidade, nas próprias palavras, definições ou termos dos indivíduos em seu contexto (SAMPIERI, COLLADO E LÚCIO, 2006). Neste estudo quantitativo, utilizam-se dados coletados junto a construtoras da região de Londrina, imobiliárias e CAIXA. A variável de análise foi a quantidade de financiamentos realizados pelo correspondente bancário. 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1. Caixa Econômica Federal e Correspondentes Bancários A CAIXA iniciou a parceria com os correspondentes bancários devido à necessidade de amenizar a demanda do atendimento nas agências. Esta estratégia logo se revelou como uma alternativa interessante do ponto de vista social, pois possibilitou o atendimento bancário comercial e social a vários locais do país que até então não contavam com a presença de bancos, principalmente destinados às populações carentes em todo o território nacional. 13 A estratégia de correspondentes da CAIXA, inicialmente, consistiu em dotar as agências lotéricas com as funções de correspondente bancário, pela capilaridade, flexibilidade de horário de atendimento e ambiente físico apropriado ao atendimento de clientes bancários, e com uma infraestrutura tecnológica já interligada com a da Caixa. (DINIZ, 2007) Assim, a CAIXA, pioneira na parceria com os correspondentes bancários vem desenvolvendo práticas que, ao longo do tempo, proporcionaram à instituição vantagens competitivas em relação aos concorrentes. Dentro dessas vantagens, destacam-se três importantes diferenciais: a) o tecnológico, uma vez que a CAIXA gerencia toda a rede de transmissão de informações on-line da sua rede de correspondentes bancários, o que possibilita maior efetividade nos processos; b) ao leque de produtos e serviços oferecidos à população, bem maior do que as outras instituições financeiras; e c) os correspondentes tanto recebem dinheiro dos pagamentos de contas, como pagam benefícios dos programas sociais do governo. Em relação ao modelo de negócios, os correspondentes da CAIXA dividem-se em dois: os correspondentes transacionais e negociais. Os correspondentes transacionais, que dispõem de um sistema tecnológico interligado com a CAIXA para a transmissão de dados on-line, prestam serviços de arrecadação de contas, pagamento de benefícios, saques e depósitos em contas de clientes da CAIXA e demais serviços que não exigem um aprofundado de relacionamento com o cliente. Os correspondentes negociais, que também dispõem de um link tecnológico com a CAIXA, prestam o serviços de relacionamento que exigem uma maior conhecimento, especialmente crédito e financiamento habitacional. Entre os principais serviços estão: a informação/orientação sobre os produtos da CAIXA da área de atuação dos correspondentes negociais, atendimento e preparação de documentação, cadastro, digitação e finalização de processos de financiamentos habitacionais, empréstimos consignados, abertura de conta corrente para pessoas físicas e jurídicas e comercialização de cartões de crédito. É nesta linha de correspondente que o presente projeto foi pesquisado. 14 A liderança no mercado financeiro em relação à parceria com os correspondentes também resulta de decisões estratégicas da CAIXA e do modelo de negócios adotado pela instituição, principalmente pela variedade do portfólio da carteira de crédito, como o crédito consignado, o crédito imobiliário, microcrédito, abertura de contas, entre outros. O presente estudo identificou os investimentos e as despesas fixas, para a implantação do correspondente bancário. Utilizando-se as seguintes definições operacionais: Investimento Inicial: No valor total de R$ 50.000,00, representado pela compra de três computadores, três mesas, oito cadeiras, armários e demais benfeitorias no local de instalação do escritório e capital de giro inicial. Despesas Fixas: No valor anual de R$ 147.871,00, representados por despesas com pessoal e encargos, material de expediente, aluguel, depreciação serviços terceirizados, segurança, energia elétrica e despesas eventuais, conforme tabela um. ANO 1 Despesas de Pessoal (salário, férias, 13, FGTS116.232 Despesas de Material de Expediente 1.800 Aluguel 18.000 Depreciação 1.500 Serviços terceirizados 5.400 Segurança 840 Energia elétrica 1.200 Eventuais (2%) 2.899 TOTAL 147.871 ANO 2 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 3 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 4 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 5 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 6 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 7 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 8 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 9 116.232 1.800 18.000 1.500 5.400 840 1.200 2.899 147.871 ANO 10 TOTAL 116.232 1.162.320 1.800 18.000 18.000 180.000 1.500 15.000 5.400 54.000 840 8.400 1.200 12.000 2.899 28.994 147.871 1.478.714 Tabela 1 - Despesas Fixas Remuneração: Pelos serviços prestados os correspondentes bancários negociais recebem da CAIXA uma remuneração, conforme apresentado na tabela dois. Tabela 2 - Remuneração Correspondente Bancário - Fonte: CAIXA 15 Demonstração de Resultados do Exercício (DRE): Projetou-se uma DRE com base em levantamentos efetuados na região onde será implantado o correspondente bancário, por meio de pesquisas em construtoras e imobiliárias, uma vez que o foco principal do serviço a ser prestado pelo correspondente será o financiamento imobiliário. A região a ser implantado o correspondente bancário, possui a maior concentração de lançamentos de edifícios residenciais de padrão médio-alto, em Londrina/PR, com valor médio de R$ 300.000,00 por imóvel. Pelo levantamento em construtoras constatou-se aproximadamente 30 edifícios residenciais com média de 15 andares, entre lançamentos e entrega nos próximos dois anos. Então as estimativas das receitas foram projetadas para se efetivar no primeiro ano 10 contratos mensais de financiamento imobiliário na modalidade SBPE com valor médio individual de R$ 150.000,00 e remuneração de 1% sobre esse valor. Em conjunto com os financiamentos serão abertas contas correntes com cheque especial, cartão de crédito poupança e CDC, totalizando R$ 51,00 por pacote. Considerou-se o período de 10 anos do projeto, sendo que no primeiro ano serão contratados 120 financiamentos habitacionais com o pacote de conta corrente/cartão de crédito/cheque especial/CDC. Nos anos seguintes projetouse um aumento de 12 contratos de financiamentos habitacionais e contas ao ano, atingindo um total de 228 no décimo ano, conforme tabela 3. ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 TOTAL Faturamento 186.120 204.732 223.344 241.956 260.568 279.180 297.792 316.404 335.016 353.628 2.698.740 Faturamento Bruto (-) Imposto - Simples (5,47%) Receita Líquida de Vendas (-) Custo Variável do Produto Vendido (=) Margem Bruta (-) Despesas Variáveis (=) Margem Líquida (-) Despesas Fixas (exclusive juros) (=) Resultado antes de Juros, IR e CSL (-) Despesas Fixas de Juros (=) Resultado 186.120 10.181 175.939 175.939 175.939 147.871 28.068 28.068 204.732 11.199 193.533 193.533 193.533 147.871 45.662 45.662 223.344 12.217 211.127 211.127 211.127 147.871 63.256 63.256 241.956 13.235 228.721 228.721 228.721 147.871 80.850 80.850 260.568 14.254 246.314 246.314 246.314 147.871 98.443 98.443 279.180 15.272 263.908 263.908 263.908 147.871 116.037 116.037 297.792 16.290 281.502 281.502 281.502 147.871 133.631 133.631 316.404 17.308 299.096 299.096 299.096 147.871 151.225 151.225 335.016 18.326 316.690 316.690 316.690 147.871 168.819 168.819 353.628 24.189 329.439 329.439 329.439 147.871 181.568 181.568 2.698.740 152.471 2.546.269 2.546.269 2.546.269 1.478.710 1.067.559 1.067.559 Tabela 3 – Demonstração do Resultado do Exercício Fluxo de Caixa: O Fluxo de Caixa, assim como a DRE foi projetado para 10 anos, conforme tabela quatro. Considerou-se além do investimento inicial de R$ 20.000,00 um capital de giro de R$ 30.000,00 para fazer frente às despesas dos primeiros meses, conforme tabela quatro. 16 FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 0 Entradas de Caixa (-)Despesas Fixas (exclusive juros) - SALDO DE CAIXA (+) Depreciação (-) Amortização do Financiamento (-) Investimento Inicial em Ativo Fixo (-) Despesas pré-operacionais (-) Capital de Giro (+) Liberação do Financiamento (+) Valor Residual (=) Fluxo de Caixa do Investidor ANO 1 175.939 147.871 ANO 2 193.533 147.871 ANO 3 211.127 147.871 ANO 4 228.721 147.871 ANO 5 246.315 147.871 ANO 6 263.909 147.871 ANO 7 281.503 147.871 ANO 8 299.097 147.871 ANO 9 316.691 147.871 ANO 10 329.440 147.871 28.068 45.662 63.256 80.850 98.443 116.037 133.631 151.225 168.819 181.568 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 1.500 29.568 47.162 64.756 82.350 99.943 117.537 135.131 152.725 170.319 2.000 185.068 15.000 5.000 30.000 (50.000) Tabela 4 - Fluxo de Caixa 4.2. Resultados Serão apresentados e analisados os indicadores de retorno e de risco da Metodologia Multi-índice para os fluxos de caixa projetados. O Quadro um apresenta os resultados com os indicadores que serão interpretados, com a finalidade de aprofundar a percepção do retorno e RISCO RETORNO dos riscos envolvidos na implantação de um correspondente bancário vinculado à CAIXA. Indicadores Valor Presente Valor Presente Líquido Valor Presente Líquido Anualizado Índice Benefício/Custo Retorno Adicional Sobre Investimento (ROIA) Taxa Interna de Retorno Índice TMA/TIR Payback Índice Payback/N Grau de Comprometimento da Receita Risco de Gestão Risco do Negócio 583.334 533.334 86.798 11,67 27,85% 95,45% 0,10 1,6 0,16 0,44 0,41 0,73 Quadro 1 - Indicadores de Risco e Retorno da Metodologia Multi-índice Conforme Quadro um, podemos analisar os seguintes indicadores: VPL - Valor Presente Líquido: Com a implantação do correspondente imobiliário, as expectativas são de que se recuperem os valores investidos de R$ 50.000,00, durante os 10 anos do fluxo de caixa projetado, recupera-se também o que seria auferido se esse capital fosse aplicado no mercado financeiro a 10% ao ano e ainda restaria ao final de 10 anos, R$ 533.333,00 em valores atuais. VPLa – Valor Presente Líquido Anualizado: Este indicador tem a interpretação do VPL, porém representa o retorno do projeto distribuído em períodos anuais. O VPLa do projeto 17 está estimado em R$ 86.798,00, além do que seria auferido se aplicasse no mercado financeiro a 10% ao ano, representando um alto retorno. IBC – Índice Benefício/Custo: O IBC é um indicador relativo e mede a expectativa de retorno para cada unidade de capital investido. Após 10 anos e em valores monetários atuais, para cada R$ 1,00 investido, hoje obteria-se um retorno de R$ 11,62. ROIA – Retorno Adicional Decorrente do Investimento: O ROIA, do projeto, foi calculado em 27,85% ao ano, acima da rentabilidade de 10% ao ano da TMA. Observa-se a alta rentabilidade do investimento neste projeto. TMA/TIR – Taxa Média de Atratividade/Taxa Interna de Retorno: A TIR é a taxa que anula a VPL e na metodologia multi-índice é utilizada como medida de risco. A proximidade ou a distância da TIR em relação à TMA pode representar o risco ou a segurança do projeto. O risco é interpretado como a possibilidade de obter maiores ganhos, aplicando-se o capital a 10% ao ano do que investir no projeto em análise. Este risco é mais bem interpretado pelo índice TMA/TIR em uma escala de zero a um, na qual um representa o risco máximo. O índice TMA/TIR do projeto de 0,10 representando então um baixo risco. Payback/N: Este indicador representa o tempo necessário para a recuperação do investimento, é interpretado como uma medida de risco. Quanto maior o período para se recuperar o investimento, maior o risco do projeto. No projeto em análise o payback ocorre no segundo ano. O prazo de 1,6 anos verificado no projeto aponta um baixo risco de não recuperação do capital investido. GCR – Grau de Comprometimento da Receita: Este indicador é interpretado como uma medida de risco operacional do projeto, pois se apresentar lucro apenas a níveis elevados da capacidade de produção pode-se concluir que o risco é elevado. Quanto mais próximo de um, maior será o risco operacional do projeto. Um GCR de 0,44 significa que o projeto só apresentará lucros a 44% da capacidade máxima. RG - Risco de Gestão: Segundo Souza e Clemente (2009), este indicador “está associado ao grau de conhecimento e de competência do grupo gestor em projetos similares”. O conhecimento e a experiência do processo de prestação de serviços e negociações de parcerias que proporcionam efetividade ao gestor. Assim, o gerente do correspondente bancário deve ter experiência sobre o trabalho a ser realizado, além de habilidades negociais para agregar 18 novos produtos e serviços, aumentando a rentabilidade do projeto. Por outro lado, A CAIXA fornece treinamentos da parte operacional do sistema de TI, assim como em relação às normas e procedimentos dos produtos disponibilizados. Então, o risco de gestão neste empreendimento, na região em análise, pode ser considerado médio. Em uma escala de zero a um, onde um implica competência suficiente para gerenciar situações de crise. Considerou-se em risco médio, 0,41 em razão dos motivos elencados neste índice. RN - Risco do Negócio: Para Souza e Clemente (2009), “este indicador está associado a fatores conjunturais e não controláveis que afetam o ambiente do projeto incluindo-se aí as barreiras à entrada e à saída, as tendências da economia e do setor de atividade.” As informações sobre esse risco são resultantes tanto da opinião de especialistas como das análises clássicas do tipo PEST, Cinco forças de Porter e Análise SWOT. Apesar de o ambiente macroeconômico brasileiro estar estável e com boas perspectivas no setor da construção civil e consequentemente do financiamento imobiliário, há de se considerar a crise europeia e a recente desaceleração da economia brasileira. Outro fator a ser considerado é da parceria com a CAIXA, uma vez que o correspondente fica fragilizado com o contrato que pode ser alterado ou cancelado. Assim, por não exercer nenhum poder de controle sobre os fatores econômicos, políticas governamentais e o contrato de parceria, a demanda e os valores do financiamento imobiliário são variáveis consideradas que podem determinar o lucro ou prejuízo do investimento. Assim, há um consenso em caracterizar o Risco de Negócio em 0,73 como sendo risco médio/alto. Baixo B/M Médio M/A Alto 0,0 a 0,2 0,2 a 0,4 0,4 a 0,6 0,6 a 0,8 0,8 a 1,0 Retorno (ROIA) Risco Financeiro (TMA/TIR) Risco de Não recuperação do Capital (Payback / N) Risco Operacional (GCR) Risco de Gestão Risco de Negócio Figura 1 – Percepção de Retorno e Risco do projeto de implantação de Correspondente Bancário Conforme figura um, em razão do contrato de parceria e da política adotada pela CAIXA em relação aos correspondentes bancários, o risco mais relevante é o Risco de Negócio (RN), uma vez que o projeto fica muito dependente da parceria. Outro ponto a ser 19 considerado são os concorrentes e novos entrantes, pois não há barreiras de entrada e nem exclusividade nos serviços prestados. No entanto, como o investimento é relativamente baixo, o retorno alto e os riscos variam de baixo para médio, o investimento é considerado interessante, pela ótica da metodologia multi-índice. Para maior aprofundamento da análise, foi utilizado o software Crystal Ball como tecnologia de BI – Business Intelligence para usufruir dos benefícios de direcionar resultados, aumentar a rentabilidade, otimizar processos, tomar melhores decisões, gerenciar objetivos e minimizar riscos (DUCLÓS; SANTANA, 2009). Recorreu-se ao Método de Monte Carlo para gerar um KPI – Key Performance Indicator de tendência, para comparação do ROIA e TIR em relação aos valores base desses índices. Estes indicadores são determinantes para o processo decisório. Figura 2 – Probabilidade de o VPL ser maior que zero = 100% De acordo com a simulação de Monte Carlo realizada após uma rodada de 5.000 interações, é possível verificar por meio da Figura dois que a probabilidade de o VPL apresentar valor superior a zero é de 100%. Em outras palavras, o projeto em estudo não apresenta risco de recuperar o capital investido. Há aproximadamente 67% de probabilidade de o VPL situar-se entre R$ 470.264,00 e R$ 587.387,00 e 95% de probabilidade do VPL ficar entre R$ 411.478,00 e R$ 646.622,00. 20 Figura 3 – ROIA Verificou-se que o projeto de implantação do correspondente bancário, apresenta uma ótima oportunidade de negócio, devido ao baixo investimento e custo e a alta rentabilidade. Conforme figura três, da mesma forma que o VPL, o índice ROIA apresenta uma probabilidade de mais de 46% de ser igual a 27,85 %. Seu valor deverá se situar com 95% de probabilidade entre 25,07% e 30,31%. E com aproximadamente 67% de probabilidade entre 26,39% e 29%. Figura 4 - TIR A figura quatro demonstra que a probabilidade da TIR superar a TMA é de 100%. E ainda que a probabilidade da TIR se situar entre 55,99% e 127,35% é de aproximadamente 67%. 21 Figura 5 - TIR Conforme figura cinco, a probabilidade de a TIR superar 95,45% é superior a 47%. Este resultado representa uma alta rentabilidade, proporcionando ao empreendedor maiores retornos do investimento. 5. RECOMENDAÇÕES FINAIS Apesar do aquecimento do setor da construção civil e consequentemente do aumento do volume de financiamento imobiliário e da estratégia de parceria com os correspondentes bancários adotada pela CAIXA, é sempre necessário levar em consideração a dependência dessa parceria e a importância da busca de alternativas para agregar valor ao negócio. Então, o correspondente bancário deve ter em mente que a sua atuação, experiência e relacionamento com os clientes geram um diferencial competitivo que se trabalhado adequadamente, poderá trazer bons retornos. Neste contexto, o correspondente bancário poderá agregar valor ao negócio por meio de parcerias com construtoras, sindicatos e imobiliárias incrementando no portfólio de serviços a venda de imóveis para clientes com cadastro aprovado. Outro serviço que o correspondente pode oferecer ao cliente é em relação à preparação da documentação do imóvel e certidões cartorárias, pois muitas pessoas não têm tempo e nem conhecimento sobre o processo. 22 6. CONCLUSÃO O surgimento e crescimento do modelo de correspondente bancário podem ser apontados como o maior fenômeno tecnológico da indústria bancária brasileira, desde a Internet banking. (DINIZ, 1997) O modelo permitiu aos bancos brasileiros, nos últimos anos, promover um crescimento sem precedentes nas suas redes de atendimento, permitindo aos bancos multiplicar o número de pontos de serviço sem incorrer nos custos associados à operação de agências ou postos tradicionais. Além disso, dado que uma parcela muito significativa dos estabelecimentos parceiros se encontra em áreas pobres ou mesmo em municípios distantes, o modelo se revelou um instrumento eficiente para se levar o acesso a serviços financeiros para populações de baixa renda. Assim, conforme análise do presente projeto, a implantação de um correspondente bancário imobiliário, vinculado à CAIXA, torna-se atraente pelo baixo investimento de R$ 50.000,00 e rentabilidade representada por uma TIR de 95,45%. Além das perspectivas de aumento na participação nos serviços prestados ao mercado bancário e fatores positivos da macroeconomia brasileira associada ao aumento da população das classes C e D, maiores usuários de serviços prestados pelos correspondentes bancários. (BACEN) No entanto, há um fator de risco a ser considerado, a parceria com a CAIXA, pois o correspondente fica fragilizado com o contrato que pode ser alterado ou cancelado, além da grande concorrência neste setor. Mas, se o correspondente for efetivo em seu trabalho, poderá se consolidar em relação à parceria e aos concorrentes. Conclui-se, então, que o correspondente bancário deverá estar atento às novas oportunidades de negócios que surgirem no mercado, sendo efetivo em suas estratégias. Pois, apesar do volume de crédito habitacional ter aumentado nos últimos anos, há ainda demanda nesse setor, conforme estudos do Banco Central do Brasil, sinalizando um bom potencial de crescimento. A presente pesquisa analisou uma modalidade de correspondente bancário, vinculado a uma única instituição financeira. Seriam interessantes estudos de parcerias de correspondente bancário com outras instituições financeiras, fazendo um comparativo de riscos e retornos entre diversos projetos nesta modalidade de empreendimento. 23 REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN. Expansão do Crédito Habitacional, 2010. Disponível em < http://www.bcb.gov.br/pec/boletimregional/port/2010/07/br201007b1p.pdf> Acesso em: 10 jul. 2012 BRASIL, H.V. Gestão Financeira das Empresas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro. Ed. Qualitymark, 2002. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA. Relatório da Administração 2009 - 2011. 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Pearson. 10ª Edição, 2007. 24 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Base de dados agregados. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 15 jun. 2012. NAUGHTON, T.; CHAN, L.S. Strategic dimensions of correspondent banking. International Journal of Bank Marketing, 16, 4. P.153-160, 1998. PORTAL DE CONTABILIDADE - Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, artigo 187 – Demonstração do Resultado do Exercício – DRE. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado.htm> Acesso em: 10 dez. 2012. SAMPIERI, R.H.; COLLADO, C.F.; LUCIO, P.B. Metodologia de Pesquisa. Ed. Mc Graw Hill, 2006. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões Financeiras e Análises de Investimentos. Ed. Atlas, 2009 SOUZA, A.; PEDRO, J.J.; SILVA W.V.; DUCLÓS, L.C. Custos de produção, expectativas de retorno e de risco para o agronegócio do milho na região do Planalto Norte - Catarinense / Brasil. Custos e @gronegócio on line - v. 6, n. 1 - Jan/Abr. 2010. TOONE, I. 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