A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE BIOLOGIA Sonara Simão dos Santos (Universidade Federal do Amazonas - UFAM [email protected] Shirlane Pantoja da Silva (Instituto de Natureza e Cultura - UFAM [email protected] Taciana de Carvalho Coutinho Instituto de Natureza e Cultura - UFAM [email protected] Resumo: Este trabalho apresenta uma atividade pedagógica em forma de jogos para trabalhar os conteúdos de Biologia: Célula Vegetal e Divisão Celular. Esta proposta contribuirá para o desenvolvimento de uma aprendizagem mais significativa e favorecerá a transposição didática do conhecimento, além de dirimir as dúvidas existentes no processo de ensino. Para este trabalho adotou-se uma análise qualitativa da produção dos jogos à aquisição do conhecimento, por intermédio de observações e aplicação de questionários abertos com uma turma do 2° ano do Ensino Médio de uma Escola da Rede Estadual de Ensino do Município de Benjamin Constant-AM, contendo na turma 20 alunos. Os resultados dos questionários mostraram que a maioria dos alunos preferem aulas com este tipo de metodologia e também durante a aplicação dos jogos em sala de aula pode-se constatar que os alunos não sentiram dificuldades em responder as perguntas. Conclui-se com este trabalho que a inserção de novas metodologias no cotidiano escolar podem ajudar tanto professores a trabalhar os conteúdos de forma dinâmica e divertida quanto os alunos a compreenderem melhor os conteúdos de maneira estimulante. Palavras chave: Jogo, Aprendizagem, Biologia. THE USE OF GAMES AS A LEARNING TOOL FOR TEACHING BIOLOGY Abstract This paper presents an educational activity in the form of employing games to teach the content of biology: Plant Cell and Cell Division. This proposal will contribute to the development of a more meaningful learning process and favors the didactic transposition of understanding beyond the scope of presenting class materials in the traditional manners. For this work a qualitative analysis of the production of games was selected to the acquisition of knowledge through observation and application of questionnaires with a group of 20 students in their 2 and year of high school. The stundent were from the public school system of the Municipality of Benjamin Constant – AM. The results of the questionnaires demonstrate that the majority of students preferred classes utilizing this methodology of teaching, furthermore, during the application of games in the classroom, it was noted that students did not encounter difficulties in answering the questions. It was concluded from this study that inserting these new methodologies in daily schooling could not only help teachers present the materials in a dynamic and interesting way but also help the students to better understand the material in a stimulating way. Key-words: Game, Learning, Biology. 1 Introdução O ensino de Biologia apresenta dificuldades tanto de ensino quanto de aprendizagem. Perante estas dificuldades é importante ressaltar a busca de alternativas para tornar a aprendizagem mais compreensível, por intermédio de atividades lúdicas, da contextualização e transposição didática de assuntos que apresentam certa complexidade em sua constituição. Diante do exposto, este trabalho relata a aplicação de jogos realizados por uma bolsista do Programa de Instituição de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID na Escola Estadual Imaculada Conceição com alunos de uma turma do 2° ano do Ensino Médio do turno noturno. Antes da aplicação dos jogos, foram realizadas observações em sala de aula no intuito de verificar a forma como o docente mediatizam o conhecimento em nível conceitual e consequentemente, identificar a (s) forma (s) que utiliza para se certificar se a aprendizagem foi satisfatória, ou até para revisão de sua prática, caso seja necessário. Estas observações serviram como ponto de partida para realizar as atividades. A partir dos jogos “Trilhando a Célula Vegetal” e a “Roleta da Mitose” os alunos compreenderam os principais conceitos e funções que cada um desempenha e como acontece a divisão celular participando de atividades lúdicas para que haja uma maior compreensão do currículo de Biologia a ser ministrado. As atividades lúdicas têm como escopo um ensino mais atrativo para uma melhor concepção da aprendizagem. Esta proposta metodológica contribui para a melhoria da qualidade do ensino na Escola Estadual Imaculada Conceição, no Município de Benjamin Constant – AM, dos conteúdos de Divisão Celular e Célula Vegetal. Ao término do trabalho foi aplicado um questionário final para avaliar se realmente os jogos poderiam contribuir para um aprendizado mais significativo. 2. Referencial Teórico A educação no Brasil com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) e a consequente divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais na década de 1990 desencadeou e permitiu o repensar pedagógico e, neste repensar, ficou muito evidenciado o uso das atividades lúdicas como estratégias para a construção do conhecimento A educação pela via da ludicidade propõe uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirado numa concepção de educação para além da instrução (Santos, 2001). Tendo por base a existência do discente no espaço escolar como sujeito do processo de ensino e aprendizagem, convém refletir sobre as relações construídas neste ambiente por meio da aplicação de metodologias que abstraiam o maior número de possibilidades para que a aprendizagem se concretize de forma eficiente. Dentre as diversas metodologias existentes, pode-se citar o jogo, quando utilizado com intencionalidade pedagógica, ou seja, acompanhado pelo docente, com objetivos a alcançar, pautado em uma metodologia que subsidie o docente na verificação da aprendizagem, no sentido de detectar as fragilidades decorrentes no processo de ensino para que possam ser revistas. O jogo pedagógico ou didático é aquele fabricado com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se do material pedagógico, por conter o aspecto lúdico (Cunha, 1988), e utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo uma alternativa para se melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (Gomes et al, 2001). Pode-se constatar que o jogo não é a única ferramenta a ser utilizada, entretanto, é uma das ferramentas que se utilizada a favor do ensino, poderá contribuir para fixar conteúdos tanto em nível de conceitos, quanto de procedimentos e atitudes. Ele também educa o discente para o cumprimento de regras, visto que a sociedade também é estabelecida por regras. Segundo Miranda (2001), mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desfio e mobilização da curiosidade) e criatividade. Não há como negar a contribuição do jogo no desenvolvimento das habilidades do discente, além de sensibilizar os discentes para a cultura da tolerância, do saber ganhar e perder e inclusive, por permitir o interfluxo de possibilidades de soluções encontradas para um determinado jogo. Ainda refletindo sobre as diversas concepções de jogo, Murcia o conceitua como uma atividade natural de todo ser humano e ressalta que essa palavra está em constante movimento e crescimento, e faz parte de nossa maneira de viver e de pensar; o jogo é sinônimo de conduta humana. (2005, p. 11) Se o jogo faz parte da natureza humana convém ao professor lançar mão de mais uma atividade didática que possa simplificar a apreensão do conhecimento da Biologia, uma vez que a utilização do lúdico na prática pedagógica é importante, pois desperta a atenção e o interesse dos alunos envolvendo-os no processo de aprendizagem. Aprender brincando pode se constituir numa forma significativa de aprendizado dos alunos. As atividades práticas na sala de aula despertam e estimulam a criatividade, espontaneidade e participação dos alunos tornando-os sujeitos de sua aprendizagem e garantindo melhores resultados. Além de ser um momento de diversão e interação é fundamentalmente momento de aprendizagem e construção de conhecimentos (Tomaz e Sartor, 2010). De acordo com a afirmativa de Tomaz e Sartor constata- se que a validação do jogo nas instituições escolares, auxilia o docente em caminhos que pretende chegar em sua prática, e se considerado como alternativa a ser aplicada e relacionado com o conteúdo ministrado, facilitará a compreensão da temática e desmistificará as complexidades existentes nas concepções dos discentes sobre o conhecimento de Biologia. O ensino da Biologia assim como a Física, Química e a Matemática se apresenta com uma avalanche de termos e conceitos que exigem muita habilidade do docente que ministra a referida área de conhecimento, a execução do jogo auxiliará na compreensão não só dos termos e conceitos. Acredita-se que o maior desafio no ensino da Biologia é torná-lo favorável ao conhecimento cotidiano, para que o discente possa relacionar o que aprende na escola com o que vivencia em casa e nos demais grupos sociais existentes. Queiroz (2003) define que o jogo pode ser extremamente interessante como instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e desperta o interesse pelo tema estudado, além de fomentar o prazer e a curiosidade. A autora assevera a importância deste recurso e evidencia o seu papel na consolidação do ensino. Deste modo, a prática no ensino da Biologia seja por intermédio do jogo ou de qualquer outra atividade dinâmica permitirá que o discente sugestione, indague, procure soluções, mudando seu pensar e agir sobre o objeto, o que propiciará mudanças de postura sobre o conhecimento apreendido, tirando-o da mesmice. 3 Aspectos Metodológicos O trabalho foi realizado com uma turma de alunos do 1° ano do Ensino Médio da Escola Estadual Imaculada Conceição, localizada no município de Benjamin Constant- AM. O trabalho foi proposto a partir do acompanhamento das aulas de biologia durante o programa PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência), visando uma participação maior dos alunos durante as aulas. 3. 1. Elaboração dos Jogos Os jogos foram elaborados com base em esquemas propostos nos livros didáticos da série trabalhada abordando os conteúdos de Célula Vegetal e Divisão Celular. Para a elaboração dos jogos foram necessários acompanhamentos em sala de aula o qual se realizou durante o programa. Os jogos abordavam os conteúdos Células Eucarióticas e Divisão Celular os quais foram intitulados de “Trilhando a Célula Vegetal” e “Roleta da Mitose” e confeccionados em papelão, papel sulfite, papel A4, fita dupla face, tampa de pincel atômico, carretel de linha de pesca e papel casca de ovo. O jogo “Trilhando a Célula Vegetal” (Figura 1) é constituído por um tabuleiro, 2 pinos, 2 dados, 3 envelopes e 10 cartas com perguntas e repostas. E o outro “Roleta da Mitose” (Figura 2) constitui-se por um tabuleiro em forma de roleta e uma lista de 10 perguntas e respostas. 3.2. Regras dos Jogos “Trilhando a Célula Vegetal” Deverão ser formadas equipes com até quatro (4) alunos, sendo que dois grupos participarão por vez. Cada equipe terá que ter um representante este será responsável por lançar os dados. Cada equipe receberá um pino que servirá para marcar as casas avançadas. Uma pessoa que não esteja jogando (mediador) será responsável pelo jogo e pela leitura das perguntas aos jogadores. Um dos dados apresentará cores rosa, verde e amarela. As perguntas a serem respondidas por cada equipe corresponderão às cores selecionadas no dado e as perguntas e estarão dentro de envelopes nas cores correspondentes às do dado. O outro dado será o de números este indicará quantas casas avançará a equipe caso responder corretamente a pergunta. A equipe terá que ter cuidado para não cair na opção perde a vez. Esta opção fará com que a equipe fique uma rodada sem jogar. A cada resposta certa a equipe terá direito de avançar quantas casas tiver marcando o dado na rodada ou ainda ganhar bônus. A carta bônus possui uma pergunta se a equipe responder corretamente ganhará o direito de avançar 2 (duas) casas, caso contrário, a equipe terá que cumprir a punição indicada pelo mediador do jogo. Vencerá o jogo a equipe que chegar ao fim e gritar CÉLULA. “Roleta da Mitose” Para o jogo da roleta o professor deverá dividir a turma em equipes. Duas equipes participarão por vez. O jogo será composto por 10 perguntas. Cada divisão da roleta indicará os pontos que os jogadores terão direito, pois a roleta é dividida em 10 divisões, porém tendo a opção perde a vez. A cada rodada do jogo a equipe terá direito a uma jogada por vez, e terá que responder as perguntas que serão feitas aleatoriamente. Para cada pergunta feita, a equipe terá 2 minutos para respondê-la corretamente, se a equipe responder errado ou não cumprir o tempo determinado, a equipe adversária ganhará o direito de resposta, se não houver resposta correta será iniciada outra rodada. Vence o jogo a equipe que conseguir a pontuação maior. 3.3. Avaliação dos Jogos Após a aplicação dos jogos a turma de alunos do 1° ano do ensino médio do turno noturno foi avaliada, por meio de aplicação de questionários antes e depois da atividade. Os jogos foram aplicados nos horários da disciplina de Biologia, Participaram da avaliação dos jogos 14 alunos. Foram utilizados três horários de cinquenta minutos um horário em cada dia e foram divididos da seguinte maneira: os primeiros cinquenta minutos, para aplicar o questionário inicial, em outro foram aplicados os jogos e os últimos cinquenta minutos, foram destinados à aplicação dos questionários finais. Os questionários elaborados pela bolsista continham 5 (cinco) questões abertas que abordavam questões sobre a afinidade com a disciplina, metodologia do professor e sobre a utilização de jogos nas aulas de Biologia. 4 Apresentação e Análise dos Resultados Interesse dos discentes pela Biologia consideram a disciplina interessante 25% 75% não se identificam com a disciplina Gráfico 1: Interesse dos discentes pela Biologia. O questionário inicial aplicado antes da execução dos jogos apresentou resultados significativos sobre o ensino da Biologia no 1°. Ano do Ensino Médio. A amostra do questionário inicial foi realizada com 20 alunos, os quais responderam as cinco questões propostas. A primeira questão versou sobre o interesse dos discentes pela disciplina de Biologia, 75% dos alunos responderam que consideram a disciplina interessante por que ela aborda conteúdos de DNA, célula, divisão celular, e o funcionamento do corpo e o ciclo de vida dos seres vivos. A demonstração de interesse dos discentes pela disciplina de Biologia evidenciada no gráfico acima, já define que é aceita por mais da maioria da turma. Apenas 25% não consideraram interessante pelo fato de não se identificarem com a disciplina. A didática do docente possibilita a facilitação da aprendizagem? não explica com clareza e nem tira as dúvidas 20% 50% 30% Gráfico 2: didática aprendizagem sim dependendo do conteúdo, ele atinge os objetivos do docente como facilitador da A segunda questão propunha verificar as concepções dos discentes a respeito contribuição da didática do docente de Biologia para a facilitação da aprendizagem. Dos 20 alunos, 50% responderam que o docente não explica com clareza e nem tira as dúvidas; 30% dos alunos responderam que sim, além do mais ele sugere exercícios de verificação da aprendizagem e 20% dos alunos responderam que dependendo do conteúdo, ele atinge os objetivos como mostra o gráfico 2. Pozzo salienta que: O professor deve auxiliar na tarefa de formulação e de reformulação de conceitos ativando o conhecimento prévio dos alunos com uma introdução da matéria que articule esses conhecimentos à nova informação que está sendo apresentada e utilizando recursos didáticos para facilitar a compreensão do conteúdo pelo aluno. (1998) Importância do jogo no ensino de Biologia estimulante, ajuda a entender o assunto 20% não, pois atrapalha a aula 15% 65% não sabiam responder, por desconhecerem a metodologia Gráfico 3: importância do jogo no ensino de Biologia O jogo nem sempre foi visto como didático, pois como a ideia de jogo encontra-se associada ao prazer, ele era tido como pouco importante para a formação da criança. Sendo assim, a utilização do jogo como meio educativo demorou a ser aceita no ambiente educacional (Gomes et al, 2001). Isto fica evidente na terceira questão, quando os discentes relatam a importância dos jogos no ensino de Biologia, 65% dos alunos responderam que sim, pois a aula fica mais interessante, estimulante e ajuda a entender melhor o assunto, 15% dos alunos disseram que não, por que pode atrapalhar a aula e 20% dos alunos informaram que não sabiam pois nunca tiveram esse tipo de metodologia. Importa afirmar que diante da perspectiva do uso do jogo como recurso didático, é necessário que o professor o apresente ao aluno a partir de um planejamento das atividades curriculares para que possa relacionar os conteúdos ministrados e alcançar os objetivos pretendidos, ou seja, sem intencionalidade pedagógica o jogo se tornar ineficaz. Uso de jogos no ensino de Biologia maneira divertida de aprender 10% 20% prefere trabalho de aula 55% 10% gostariam de tentar 5% seria bom não responderam Gráfico 4: uso de jogo no ensino de Biologia A quarta questão tinha como cerne verificar se os jogos de Biologia despertam o interesse dos alunos pelo conteúdo, 55% dos alunos disseram que sim, por que é uma maneira divertida de aprender, 5% dos alunos disseram que não por que prefere trabalho de aula, porém segundo Jelinek (2005), quando o jogo substitui os exercícios de fixação permite que os alunos revisem por meio da atividade lúdica, o conteúdo estudado. Kishimoto (1996) afirma que o jogo não é o fim, mas o eixo que conduz a um conteúdo didático específico, resultando em um empréstimo da ação lúdica para a aquisição de informações. Ainda sobre o uso do jogo, 10% responderam que não sabiam da relevância do jogo, mas que era bom tentar. 20% responderam que talvez seria bom, 10% não responderam as questões. Preferência por jogos ou outras metodologias jogos são mais estimulantes 20% 15% 55% aulas experimentais e aulas de campo não souberam responder 10% seria bom utilizar esse método Gráfico 5: preferência por jogos ou outras metodologias A afirmativa do autor torna compreensível a dificuldade que alguns docentes apresentam quanto ao uso de jogos como ferramenta pedagógica e a de alguns discentes quanto à execução dos mesmos. Entretanto, a introdução dos jogos pode ser uma opção de natureza significativa em função da atratividade que eles propõem, todavia importa que o docente alterne as metodologias para que o aluno possa vivenciar várias formas de aprender. Há que se levar em consideração os 10% dos discentes que preferem aulas práticas e de campo, pois denota o interesse por atividades diversificadas, que tornem o conteúdo aprazível de se conhecer sem se torturar diante de leituras enfadonhas e explicações monótonas que utilizam apenas o quadro e o livro como recursos didáticos. Apesar de exigir um pouco mais de tempo do docente para a preparação do material, os jogos permitem que os discentes interliguem conhecimentos diversos, interajam com o conhecimento dos demais colegas, respeitem o conhecimento prévio de cada um, se esforce para dar a melhor resposta, ou até mesmo para responder o que lhe foi proposto. Segundo ratifica Almeida: A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o pensamento coletivo. (1998, p.13). A quinta questão envolveu o interesse dos alunos na utilização dos jogos ou a preferência por outros métodos que conduzissem ao mesmo objetivo a aprendizagem dos conhecimentos mediatizados no ensino de Biologia. 55% dos alunos argumentaram que os jogos são mais estimulantes e auxiliam na aprendizagem, são interessantes e proporcionam um melhor aprendizado, 10% declararam as aulas experimentais e de campo importantes no ensino da Biologia, 15% não souberam responder 20% responderam que talvez seria bom utilizar esse método. Considerando os percentuais 55% e 20%, que totalizam 75%, respectivamente, dos discentes que acreditam ser o jogo estimulante e que poderia ser um dos recursos utilizados, fica evidente o interesse da maioria da turma sobre a aplicação de jogos pedagógicos no ensino de Biologia, o que pode ser uma alternativa de ensino para o docente e para os discentes, com base na clareza das respostas, é opção garantida de aprendizagem. A pesquisa comprovou que a utilização dos jogos didáticos pode ajudar os alunos a compreenderem os conteúdos de Biologia de uma maneira fácil e divertida, porém a falta de uso no espaço escolar elimina a possibilidade de uma aula mais dinâmica, agradável e de fácil compreensão dos conteúdos. Destaca-se o uso das tecnologias de informação e comunicação como mais uma alternativa de apropriação do conhecimento da Biologia, propiciar o contato com várias habilidades e competências, dentre elas Moraes referencia que: As novas tecnologias são indicadas como vetores responsáveis pela aceleração dessas mudanças, pois são elas que transformam a economia, globalizam os processos, destroem barreiras e diminuem as distâncias, gerando, com isso, a necessidade de novos espaços para trafegar o conhecimento, novas metodologias, novas práticas pedagógicas fundamentadas em ciência. (2003) Chassot referenda Moraes e salienta um questionamento “ensinar para quê”? Pretende-se que o ensino de Biologia procure formar cidadãos mais críticos, conscientes de seu papel social e político, facilitando o acesso às novas tecnologias e às descobertas científicas, por meio de um ensino contextualizado e dando ao conteúdo estudado uma aplicabilidade para a vida. (2001) Como você avalia os jogos aplicados? 14% 14% 7% 29% 15% 7% 14% muito legal bom ótimo super legal muito estimulante muito bom muito divertido Gráfico 6: avaliação dos jogos aplicados. Após a execução dos jogos foi aplicado aos discentes um questionário com a finalidade de verificar suas impressões em relação aos jogos aplicados constatou-se que 29% consideraram muito legal a iniciativa, 15% classificaram a atividade como boa, 14% definiram como ótima a aplicação dos jogos, 7% super legal, 7% muito estimulante, 14% muito bom, 14% muito divertido. É perceptível o interesse dos alunos pelos jogos como elemento potencializador da aprendizagem dos conteúdos de Biologia. CAMPOS; BORTOLOTO & FELÍCIO afirmam que: A aprendizagem pode ser facilitada ao se transformar em atividade lúdica, pelo simples fato de os alunos se entusiasmarem quando são convidados a aprender de uma forma mais descontraída, interativa e divertida. (2003) MORATORI defende que: Para que um jogo seja útil no processo educacional, ele deve promover situações que despertem o interesse e desafiem o aluno para resoluções de problemas, permitindo que o estudantes se auto avaliem quanto ao desempenho e participem ativamente de todas as etapas. Assim, cabe a cada educador explorar e adaptar as situações cotidianas nas atividades escolares. É de suma importância que o professor domine as idéias e os processos com os quais vai trabalhar, para que o aluno possa construir e desenvolver o próprio conhecimento (2003). Há que se considerar as vantagens que as atividades lúdicas exercem na aquisição da aprendizagem, a citar bem como a responsabilidade que o docente deberá ter na preparação e na execução das atividades para que possa obter os resultados esperados. A aplicação dos jogos facilitou a compreensão dos conteúdos trabalhados? 21% sim, por que chamou muito minha atenção 79% não Gráfico 7: aplicação dos jogos como facilitadores da compressão de conteúdos A facilitação da compreensão dos conteúdos por intermédio dos jogos foi outro item analisado, o qual chamou a atenção de 79% dos alunos, este dado expõe com clareza a receptividade com que o jogo se manifesta na preferência dos alunos. Por ser pouco explorado em sala de aula, ainda há resistência de 21% dos alunos a essa prática. O uso de atividades que incitem o aluno a pensar sobre as diversas formas de conhecimento e como aquele pode se apropriar deste, ainda é na atualidade um desafio que a escola precisa transpor, por isso ALMEIDA comenta: A escola de hoje, por meio de seus educadores, não aprendeu a confiar no aluno. Dá o conhecimento, impõe o saber e o cobra (provas e vestibulares), com medo de que os alunos não o dominem[...]Tolhe-se a liberdade de os alunos buscarem novos conhecimentos, novos caminhos, enquadrando-os em horários rígidos e estudos regulamentados[...]De modo geral, é preciso recuperar o verdadeiro sentido da palavra “escola”: lugar de alegria, prazer intelectual, satisfação. (1974: 64) Diante da afirmativa de Almeida no que concerne ao pensar a escola como lugar de alegria, prazer intelectual e satisfação, MORATORI ratifica a importância do uso do jogo como atividade que motiva, interessa, que auxilia na percepção de saberes que ficaram implícitos, por isso, testifica: Uma vez que o sistema dos jogos foi estabelecido e obedecido, aprender tornase divertido, natural e interessante para o aluno que irá assimilar coisas não notadas antes e, assim, o método torna-se uma das maneiras preferidas de aprender, tendo em vista que aprender deixa de ser tedioso e monótono. (2003) A didática do professor precisa estar em permanente construção e ressignificação, para que o aluno possa vivenciar novas formas de aprender para que a partir desse leque de opções proposto pelo docente, o discente possa escolher o que mais lhe apraz. Os jogos podem ser considerados uma metodologia que ajuda o professor no ensino dos conteúdos de Biologia? sim, por que é interessante 21% 7% 72% acho que sim, mas ainda prefiro outros métodos talvez Gráfico 8: Jogos como metodologia de conteúdos de Biologia 72% referendam o jogo como uma metodologia que ajuda o professor no ensino dos conteúdos de Biologia, pelo fato de ser interessante, 7% preferem outros métodos e 21% afirmam que talvez Você acredita que a aplicação dos jogos didáticos podem de alguma maneira melhorar seu desempenho escolar? 14% sim, por que prendem a atenção 7% não 79% tavez Gráfico 9: opinião dos alunos em relação a aplicação dos jogos como forma de melhorar seu desempenho escolar 79% defenderam a utilização dos jogos por que prendem a atenção, 7% negaram a influência dos jogos no desempenho escolar e 14% acreditam que talvez os jogos possam melhorar o desempenho escolar. Nota-se que os alunos reconhecem na especificidade do conhecimento de Biologia o valor do jogo, conforme relata RAMOS: O jogo é o instrumento mediador entre o que o aluno já conhece e o que está por conhecer, pois o ambiente lúdico dá forma aos procedimentos didáticos que permitem identificar como produzir conhecimentos específicos para cada área do conhecimento (2008). É sobremaneira revelador o efeito que os jogos causam como aliados do ensino e favorecedores da aprendizagem para que professores e alunos possam desenvolver suas competências e habilidades, seja no ato de ensinar ou na consequente melhoria do rendimento escolar como mostra o gráfico abaixo. Com base nessa prerrogativa é correto afirmar que o aluno Você acha que os jogos podem ser utilizados como instrumento para o ensino? 7% sim, por que é muito estimulante, divertido 7% não 14% 72% talvez, seria bom tentar sim, mas tem outros que podem ser utilizados Gráfico 10: utilização de jogos como instrumentos para o ensino. Com a aplicação dos jogos em sala de aula pode-se constatar que, mesmo sendo a turma, do turno noturno os mesmos permaneciam nas aulas de Biologia, não havia evasão, devido à metodologia aplicada, o qual fazia com que os alunos despertassem o interesse em estudar os conteúdos abordados por meio dos jogos trabalhados. Durante a aplicação dos jogos (Figuras 3, 4, 5, 6) constatou-se que os alunos não apresentaram dificuldades para responder as perguntas e isso facilitou bastante o trabalho. Diante das atividades aplicadas foi verificado que os alunos participantes destas atividades adquiriram uma melhor compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula pelo professor da disciplina de Biologia. 5 Considerações Finais A proposta de inserção de jogos didáticos como metodologia alternativa para o ensino de Biologia pode facilitar bastante a compreensão dos alunos nos conteúdos estudados e que tambem pode estimular suas competências e habilidades em resolverem questões do cotidiano escolar. Os materiais utilizados na confecçao dos jogos sao de facil acesso para facilitar o trabalho do professor en sala de aula, pois basta apenas um pouco de dedicação para que possa transformar suas aulas em monemtos prazerosos e produtivos e ainda um momento em que todos saem com alguma vantagem. Há que se ressaltar a relevância do Programa PIBID na escola, pois a inserção dos licenciandos na docência tem produzido efeitos significativos na postura, nos conhecimentos apreendidos e partilhados, na produção de novas metodologias. No entanto, é de suma importância que professores sejam empenhados em inovar sua prática para que cada vez mais conquistem e estimulem seus alunos a buscarem coisas novas para sua vida. Por fim é válido dizer que momentos agradáveis em sala de aula valem muito, pois com isso, o professor transforma divertimento em aprendizagem de um modo que todos respeitem as diferenças e opiniões. 6 Referências Bibliográficos CAMPOS, L. M; BORTOLOTO, T. M; FELÍCIO, A. K. C. A produção de jogos Didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: Uma Proposta para Favorecer a Aprendizagem. São Paulo: UNESP, 2003. CUNHA, N. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE. 1988. GOMES, R. R.; FRIEDRICH, M. A Contribuição dos jogos didáticos na aprendizagem de conteúdos de Ciências e Biologia. Rio de Janeiro, 2001. JELINEK, K.R. Jogos nas aulas de matemática: brincadeira ou aprendizagem? O que pensam os professores? 2005. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação), Faculdade de Educação, Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2005. KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. Pioneira, São Paulo, 2003. MIRANDA, S. No Fascínio do jogo, a alegria de aprender. In: Ciência Hoje, v.28, 2001. MURCIA, Juan Antonio Moreno (Org). Aprendizagem através do jogo. PortoAlegre: Artmed, 2005. QUEIROZ, Tânia Dias. Dicionário prático de pedagogia. São Paulo: Rideel, 2003. SANTOS, S. M. P. A Ludicidade Como Ciências. ed. Vozes. Petrópolis, RJ. 2001. TOMAZ, A; SARTOR, S. B. Atividade para trabalhar didaticamente conteúdos de geografia na 6° serie do ensino fundamental. Porto alegre. 2010. 7 Anexos Figura 1. Jogo Confeccionado FONTE: Santos, 2010. Figura 2. Jogo Confeccionado FONTE: Santos, 2010. Figura 3. Aplicação dos jogos em sala de aula FONTE: Santos, 2010. Figura 4. Alunos Participantes dos jogos FONTE: Santos, 2010. Figura 5. Bolsista apresentados a regra do jogo FONTE: Santos, 2010. Figura 6. Bolsista aplicando o jogo FONTE: Santos, 2010.