VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar PO PO - 215 COPING RELIGIOSO-ESPIRITUAL EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA E GINECOLÓGICO Flávia Andressa Farnochi Marucci, Tania Marques Carregari, Ricardo Gorayeb Ribeirão Preto/SP, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – HCFMRP/USP O câncer de mama e o câncer ginecológico são patologias com alta incidência entre as mulheres brasileiras. Estudos têm demonstrado que o diagnóstico de câncer produz diversas reações emocionais no paciente, como mudanças de humor, medo, insatisfação com a vida e desesperança, além de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. A literatura define coping como o conjunto de estratégias, cognitivas e comportamentais, utilizadas para lidar com situações estressoras. Quando são utilizadas estratégias relacionadas à religião para lidar com o estresse, ocorre o chamado coping religioso-espiritual, que seria o uso de crenças e comportamentos religiosos para facilitar a resolução de problemas e prevenir ou avaliar conseqüências emocionais negativas. O objetivo deste estudo foi avaliar o enfrentamento religioso em mulheres com câncer e observar a relação entre o uso destas estratégias e a presença de sintomas psicológicos. Após a aprovação deste estudo pelo comitê de ética, 50 mulheres diagnosticadas há no máximo um ano com câncer de mama ou ginecológico, em atendimento em um hospital universitário no interior do estado de São Paulo, foram avaliadas quanto ao uso do coping religioso-espiritual. A Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HAD) e a Escala de Coping Religioso-Espiritual (CRE) foram utilizados para avaliar sintomas de ansiedade e depressão e o uso do enfrentamento religioso. Além disso, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada com o objetivo de levantar informações acerca da prática religiosa e dados sócio-demográficos. A idade média das pacientes era de 52,8 (SD=12,20); 54% possuíam companheiros; 62% tinham menos de oito anos de estudo; 84% não tinham o hábito de fumar; 92% não consumiam bebidas alcoólicas e 54% não tinham nenhum caso de câncer na família. Quanto à prática religiosa 92% das pacientes declararam ter uma religião definida, e destas 69% eram católicas e 54% relataram ser praticantes de sua religião. Quanto ao coping religioso espiritual, 72% da amostra utilizavam estas estratégias de enfrentamento em uma freqüência alta e há uma proporção significativamente maior de pacientes que faziam uso do coping positivo quando comparado ao uso do coping negativo (p<0,01). Foram identificados sintomas depressivos em 38% das pacientes e sintomas de ansiedade em 36% da amostra. A análise comparativa entre as variáveis permitiu identificar que o uso de estratégias positivas de coping religioso-espiritual, em freqüência alta e altíssima, está significativamente relacionado à ausência de sintomas ansiosos e depressivos, enquanto que o uso destas estratégias em baixa freqüência está relacionado à presença destes sintomas (p<0,05). O coping religioso-espiritual demonstrou ser uma estratégia de enfrentamento bastante utilizada por pacientes com diagnóstico de câncer de mama e ginecológico. Além disso, parece atuar como fator de proteção ao estresse psicológico causado pelo diagnóstico e tratamento desta patologia. Este resultado indica a importância das variáveis religiosidade e espiritualidade no processo de resiliência e de proteção à saúde e a pertinência de refletir sobre formas adequadas de abordar estas questões nas intervenções realizadas por profissionais de saúde, de forma a ajudar tais pacientes a melhor utilizar este importante recurso, com significativo impacto sobre o bem estar psicológico. Palavras-chave: Câncer de mama e ginecológico; Coping religioso-espiritual; Ansiedade; Depressão. Email de contato: [email protected] 184