MARCIA MARLY WINCK YAMAMOTO ATIVIDADE DAS ENZIMAS CORTICOESTEROIDOGÊNICAS EM PACIENTES NORMOANDROGÊNICAS E HIPERANDROGÊNICAS COM SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA COORDENAÇÃO DE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CUIABÁ, MT 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA COORDENAÇÃO DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ATIVIDADE DAS ENZIMAS CORTICOESTEROIDOGÊNICAS EM PACIENTES NORMOANDROGÊNICAS E HIPERANDROGÊNICAS COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em ciências da saúde, para obtenção do título de mestre em ciências da saúde, área de concentração reprodução humana e climatério. Linha de pesquisa endocrinologia e climatério MÁRCIA MARLY WINCK YAMAMOTO ORIENTADOR: PROF.DR. SEBASTIÃO FREITAS DE MEDEIROS 2012 Dados Internacionais de Catalogação na Fonte Y19a Yamamoto, Marcia Marly Winck. Atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normoandrogênicas e hiperandrogênicas com síndrome de ovários policísticos / Marcia Marly Winck Yamamoto. -- 2012. 63 f. : il. color. ; 30 cm. Orientador: Sebastião Freitas de Medeiros. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Cuiabá, 2012. Inclui bibliografia. 1. Síndrome de ovários policísticos. 2. Distúrbios menstruais. 3. Enzimas corticoesteroidogênicas. 4. Hiperandrogenismo. 5. Nomoandrogenismo. I. Título. CDU618.11-008 Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Jordan Antonio de Souza - CRB1/2099 Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte DEDICATÓRIA Ao meu marido, professor, orientador, amigo e amor da minha vida: Sebastião Freitas de Medeiros, pelo estímulo ao crescimento científico, pelo ensino de tantos anos, pela ajuda nas horas difíceis no trabalho, pela orientação na direção da carreira profissional, pela orientação deste estudo e por estar ao meu lado na realização de mais um sonho! As minhas duas filhas Ana Karine Lin e Cindy Lin, pela paciência quando por várias vezes eu não estava presente ou não pude atendê-las por estar estudando ou escrevendo esta dissertação. Ao meu pai Takehiko, por acreditar em mim, quando, pela primeira vez, manifestei o desejo de ser médica. Ele não teve medo das dificuldades que eu poderia atravessar. Ele simplesmente acreditou! À minha mãe Rosvida, por ser meu exemplo de luta, trabalho, dedicação e amor. Ao meu irmão Wanderley por me mostrar o caminho da fé cristã verdadeira. Ao meu irmão Marcos por me estimular diariamente a seguir em frente e crescer sempre mais um pouco. Ao meu irmãozinho Hiroshy, por me orgulhar a cada dia com suas vitórias pessoais e profissionais. A minha irmã Haidy e meu cunhado Norival, meus exemplos de perseverança, por morar e trabalhar no Japão para dar estudo aos filhos. Ao Pastor Carlinhos e sua esposa Elisa, que me acolheram, me escutaram e me ensinaram a orar e a entender a Bíblia. Sem sua ajuda eu hoje não estaria com minha família restaurada e realizando mais este sonho. AGRADECIMENTOS À Deus, pelo amor ao ser humano, Sua criação! Por amor, Ele nos mostra o caminho correto, mesmo que seja através da dor. Ao Prof. Dr. Sebastião Freitas de Medeiros pela imprescindível orientação. Sua dedicação aos estudos buscando o aperfeiçoamento profissional, pessoal e de seus alunos, é exemplo diário para colegas, alunos, mestrandos, doutorandos, funcionários, familiares, amigos e pacientes. Ao Hospital Universitário Júlio Müler, juntamente com todos os funcionários, principalmente à equipe do laboratório, ambulatório e arquivo por proporcionar o atendimento, realização de exames e busca de prontuários das pacientes que participaram do estudo. Às pacientes do ambulatório de anovulação crônica do Hospital Universitário Júlio Muller e dos consultórios do Instituto Tropical de Medicina Reprodutiva e Menopausa, que fizeram parte deste estudo. Aos amigos Angelo, Érico e Jacklyne pela desprendida ajuda no levantamento e organização dos dados do estudo. À toda equipe INTRO, em especial Sabrina, enfermeira, administradora e amiga por ajudar a organizar minha vida pessoal e profissional; e Arlene, minha querida secretária, companheira diária, que pelo seu jeito carinhoso e alegre torna o trabalho ainda mais prazeroso. A minha amiga Claudinéia, sempre presente, prestativa e carinhosa, pelas dicas na digitação, formatação e preparo das aulas. I SUMÁRIO Lista de abreviaturas e siglas..........................................................................III Lista de figuras.................................................................................................VI Lista de tabelas................................................................................................VII Resumo...........................................................................................................VIII Abstract.............................................................................................................IX 1.INTRODUÇÃO......................................................................................01 2.JUSTIFICATIVA...................................................................................08 3.OBJETIVO............................................................................................09 3.1.OBJETIVO GERAL...........................................................................09 3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................09 4.MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................10 4.1.TIPO DE ESTUDO............................................................................10 4.2.ASPECTOS ÉTICOS.........................................................................10 4.3. TAMANHO DA AMOSTRA..............................................................10 4.4. PACIENTES.....................................................................................10 4.5. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE....................................................11 4.5.1.CRITÉRIOS DE INCLUSÃO...........................................................11 4.5.2.CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO..........................................................11 4.6. AVALIAÇÃO CLÍNICA.....................................................................11 II 4.7. DEFINIÇÕES...................................................................................12 4.8. ULTRA-SONOGRAFIA, CRITÉRIOS ULTRA-SONOGRÁFICOS....14 4.9. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA..............................................................14 4.10. IMUNOENSAIOS............................................................................15 4.11. TESTE DA CORTROSINA.............................................................16 4.12. ANÁLISE DE DADOS....................................................................17 5. RESULTADOS....................................................................................18 6. DISCUSSÃO........................................................................................24 7. CONCLUSÕES....................................................................................37 8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................38 9.ANEXOS...............................................................................................55 9.1. ANEXO 01........................................................................................55 9.2. ANEXO 02........................................................................................57 9.3. ANEXO 03........................................................................................58 9.4. ANEXO 04........................................................................................59 9.5. ANEXO 05.......................................................................................60 III ABREVIATURAS E SIGLAS A – Androstenediona ACTH – Hormônio adrenocorticotrófico ASC – Área sob a curva ASRM – American Society for Reproductive Medicine Arg - Arginina CRH – Hormônio liberador de corticotrofina CT – Colesterol total CYP – Família de enzimas citocromo CYP11A1 – P450scc ou P450c11a1 CYP11β1 – Têm atividade 11β-hidroxilase CYP17A1 – Têm atividade 17α-hidroxilase e 17,20 liase CYP19A – Têm atividade P450aromatase CYP21A1 – Têm atividade 21-hidroxilase Cys - Cistina DHEA – Dehidroepiandrosterona DHEAS – Sulfato de dehidroepiandrosterona E1 – Estrona E2 – Estradiol ESHRE – European Society of Human Reproduction and Embryology F – Cortisol (composto F) FSH – Hormônio folículo estimulante HbA1c – Hemoglobina glicada IV HDL –C – Colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade IAL – Índice de androgênio livre IMC – Índice de massa corporal Ins – Insulina LDL-C – Colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade LH – Hormônio luteinizante NIH – National Institute of Health PE - Pregnenolona Pep C – Peptídeo C PRL – Prolactina P4 – Progesterona P450arom – Citocromo P450 aromatase P450c17α – Citocromo P450c 17α RI – Resistência à insulina SHBG – Globulina de ligação dos hormônios sexuais SOP – Síndrome dos ovários policísticos SULT2A1 - Sulfotransferase TG – Triglicerídeos TSH – Hormônio estimulante da tireóide Tt – Testosterona total TL – Testosterona livre T4 L – Tiroxina livre VLDL – Colesterol ligado à lipoproteína de densidade muito baixa V 17β-HSD – 17 β Hidroxiesteróide desidrogenase 17-OHP4 – 17 Hidroxiprogesterona 17-OHPE – 17 Hidroxipregnenolona 11β-DOC – 11β Deoxicortisol (composto S) 11β-OHA - 11β Hidroxiandrostenediona 3β-HSD - 3β Hidroxiesteroide desidrogenase VI LISTA DE FIGURAS FIGURA 01........................................................................................................06 Esteroidogênese adrenal e ovariana FIGURA 02........................................................................................................23 Atividade das enzimas 17α-hidroxilase (painel A) e 17,20 liase (painel B), antes e 60 min após injeção de cortrosina em pacientes normo e hiperandrogênicas com síndrome dos ovários policísticos. VII LISTA DE TABELAS TABELA 01.......................................................................................................18 Aspectos antropométricos das pacientes com síndrome dos ovários policísticos com ou sem hiperandrogenemia TABELA 02.......................................................................................................18 Aspectos clínicos das pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas TABELA 03.......................................................................................................19 Aspectos metabólicos das pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas. TABELA 04.......................................................................................................20 Comparação dos aspectos endócrinos entre as pacientes com síndrome dos ovários policísticos com ou sem hiperandrogenemia TABELA 05.......................................................................................................21 Atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas. TABELA 06.......................................................................................................22 Incremento dos hormônios adrenais após estímulo com cortrosina em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas. TABELA 07.......................................................................................................22 Resposta adrenal a cortrosina em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênica. VIII RESUMO OBJETIVO: Avaliar a atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo de coorte. Cento e vinte e duas pacientes com SOP foram incluídas; oitenta e uma apresentavam hiperandrogenismo bioquímico e quarenta e uma tinham níveis de androgênios normais. Foi realizada a comparação da atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP, utilizando a razão produto/precursor, tanto em condições basais como após estimulação adrenal. RESULTADOS: Duas pacientes foram excluídas devido níveis de 17OHP4 30 nmol/l após injeção de tetracosactrin. Pacientes hiperandrogênicas tiveram altos níveis de colesterol total, baixos níveis de colesterol de alta densidade e altos níveis de insulina quando comparadas com aquelas normoandrogênicas. Atividades da 17α-hidroxilase e 17,20 liase foram equivalentes na via ∆5 em ambos os grupos de pacientes com SOP. Na via ∆4, em condições basais, pacientes hiperandrogênicas tiveram aumento da atividade da 17α-hidroxilase e 17,20 liase (p=0,005 e p=0,047, respectivamente). Pacientes hiperandrogênicas apresentaram diminuição da atividade da 21α-hidroxilase e 11β-hidroxilase (p 0,0001) e aumento da 3β-HSD somente na conversão de DHEA em androstenediona. Atividades da aromatase e 17β-HSD estão diminuídas no grupo de SOP com hiperandrogenismo. Após estimulação, atividade da 17,20 liase foi aumentada apenas na via ∆4 (p 0,0001). CONCLUSÕES: Na via ∆5, a atividade da 17α-hidroxilase e 17,20 liase foram equivalentes em ambos os grupos de pacientes com SOP, mas na via ∆4, a atividade da 17,20 liase foi aumentada no grupo com hiperandrogenismo. 3β-HSD foi mais ativa na conversão de DHEA para A, enquanto 21α-hidroxilase e 11β-hidroxilase, foram menos ativas em pacientes hiperandrogênicas. Após estimulação com cortrosina, somente atividade da 17,20 liase persistiu elevada na via ∆4. UNITERMOS: Síndrome dos ovários policísticos, esteroidogênese, hiperandrogenismo IX ABSTRACT OBJECTIVE: To analyze the activities of the corticosteroidogenic enzymes in polycystic ovary syndrome (PCOS) patients. MATERIAL AND METHODS: Cohort study. One hundred and twenty-two patients with PCOS were enrolled; eight-one of them presented biochemical hyperandrogenism and forty one had normal androgen levels. Comparison of corticosteroidogenic enzymes activity in normo and hyperandrogenic PCOS patients were performed using the product/precursor ratio, both in the baseline condition and after adrenal stimulation. RESULTS: Two patients were excluded because 17-OHP4 levels were 30nmol/l 60 min after tetracosactrin injection. Hyperandrogenic patients showed higher levels of total cholesterol, low levels of high density cholesterol, and higher levels of insulin than normoandrogenic ones. 17α-hydroxylase and 17,20 lyase activities were equivalent in the ∆5 pathway in both groups of PCOS patients. In the ∆4 pathway, in basal condition, hyperandrogenic patients showed greater 17α-hydroxylase and 17,20 lyase activities (p=0,005 and p=0,047, respectively). Hyperandrogenic patients presented lower 21α-hydroxylase and 11β-hydroxylase activities (p= 0,0001) and greater 3β-HSD only in the conversion of DHEA into androstenedione. Aromatase and 17β-HSD activities were lower in the hyperandrogenic PCOS group. After ACTH stimulation, 17,20 lyase activity was increased only in the ∆4 pathway (p 0,0001). CONCLUSIONS: In the ∆5 pathway, 17α-hydroxylase and 17,20 lyase activities were equivalent in both groups of PCOS patients, but in the ∆4 pathway, the 17,20 lyase activity was greater in the hyperandrogenic group. 3β-HSD was more active in the conversion of DHEA to A, whyle 21α-hydroxylase and 11β-hydroxylase, were less active in hyperandrogenic patients. After cortrosin stimulation, only 17,20 lyase activity persisted higher in the ∆4 pathway. UNITERMS: Polycystic ovary syndrome, steroidogenesis, hyperandrogenism. 1.INTRODUÇÃO 1 INTRODUÇÃO A síndrome dos ovários policísticos (SOP) tem início entre os 15 e os 17 anos de idade, ou mesmo antes, seguindo a menarca. Caracteriza-se por irregularidade menstrual crônica, amadurecimento sexual precoce (57%), obesidade (29-41%), acne (55%), hirsutismo (51-68% nas caucasianas e 10-20% das orientais), amenorreia secundária (51%) e amenorreia primária com obesidade em 14% (Mechanick e Futterweit, 1984; Nobels e Dewailly, 1992). Esterilidade primária e secundária estão presentes em 46% e 26%, respectivamente. Acanthosis nigricans tem sido encontrada entre 5-50% dos casos (Dunaif, 1997). Achados clínicos e laboratoriais da SOP são observados em 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva, em cerca de 10% das adolescentes (Franks, 1995; Knochenhauer et al, 1998; Van Hooff et al, 1999) e em 1 a 7,5% da população geral (Futterweit e Mechanick, 1988). Na população com sinais de anovulação crônica hiperandrogênica a ultra-sonografia revela ovários policísticos em 42-80% e ovários normais em 28% das vezes. Na população normal, a ultra-sonografia mostra sinais sistematizados de ovários policísticos entre 16% e 23% dos indivíduos (Lujan et al, 2009). Estima-se que 6-60% das pacientes com anovulação crônica, hiperandrogenismo e obesidade têm resistência à insulina, sendo que na população normal esta incidência é de 2,3% (Dahlgren et al, 1992). Como os critérios para se fazer o diagnóstico diferencial entre as síndromes hiperandrogênica têm mudado com frequência, este fato tem influenciado a classificação e prevalência das várias alterações endócrinas que cursam com excesso de androgênios. Até a década 1980, testes diagnósticos com bloqueio ou estimulação adrenal e ovariano e mensuração da secreção de androgênios eram muito utilizados no esclarecimento da fonte do hiperandrogenismo (Maroulis, 1981). 2 Na atualidade, a busca e a definição da fonte do hiperandrogenismo continuam importantes, já que algumas condições bem caracterizadas como a síndrome de Cushing, tumor secretor de androgênios e deficiência enzimática clássica e não clássica, necessitam ser excluídas para se fazer o diagnóstico correto da SOP (Zawadzki e Dunaif, 1992) e programar conduta terapêutica adequada (de Medeiros et al, 1995). Uma vez que a população anteriormente diagnosticada com esta síndrome era muito heterogênea, sua definição tem sido matéria de frequentes debates nas últimas duas décadas. A primeira tentativa de padronizar critérios diagnósticos, proposta em reunião de especialistas, em abril de 1990, o Instituto Nacional de Saúde Norte Americano (NIH) em sua primeira conferência, definiu como critérios para diagnosticar a SOP: 1) anovulação crônica, 2) clínica de hiperandrogenismo (hirsutismo, acne, alopecia androgênica) e/ou hiperandrogenemia, e 3) exclusão de causas secundárias como hiperprolactinemia, disfunções da tireóide, alterações da função adrenal e tumores de ovários ou adrenal (Zawadzki e Dunaif, 1992). Como esta definição não fazia menção aos aspectos ultra-sonográficos ovarianos, não obteve grande aceitação na Europa. Assim, as Sociedades NorteAmericana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) realizaram reunião para consenso em Roterdã (2003). Esta reunião resultou na proposta consensual de que o diagnóstico da SOP deve incluir pelo menos dois dos seguintes critérios: a) oligo-ovulação ou anovulação, b) sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo, c) ovários policísticos à ultrasonografia. Como definido pelos critérios de Roterdã em 2003, ovários policísticos têm, como significado, a presença, em pelo menos um ovário, de 12 ou mais 3 folículos com diâmetros entre 2-9 mm e/ou aumento no volume ovariano ml (Dewailly, 1997; Balen et al, 2003; Carmina et al, 2006). O consenso de Roterdã manteve os mesmos critérios de exclusão: hiperprolactinemia, hipo/hipertireoidismo, hiperplasia adrenal congênita clássica e não clássica, Cushing e tumores de ovário ou adrenal secretores de androgênios (The Rotterdam, 2004). Os critérios de Roterdã expandiram então os do NHI, incluindo pacientes com mais dois fenótipos, pacientes com: (a) ovários policísticos, hiperandrogenismo e ovulação normal, (b) pacientes com ovários policísticos e oligo/anovulação, sem sinais de hiperandrogenismo. A possibilidade de que estes dois fenótipos deveriam de fato ser ou não incluídos no diagnóstico da SOP foi examinada recentemente, quando foi concluída pela inexistência de dados robustos na literatura corroborando com a inclusão dos pacientes apenas com ovários policísticos ao ultra-som sem sinais de hiperandrogenismo, ainda que possam ter oligo ou anovulação (Azziz, 2005; Chang et al,2005; Azziz et al, 2006; Lujan et al, 2008; Bart et al, 2012). Por fim, têm-se atualmente como critérios para definir a SOP: a) hiperadrogenismo clínico ou bioquímico, b) oligo/anovulação e/ou ovários policísticos ao ultra-som e c) exclusão de hiperprolactinemia, disfunções da tireóide, hiperplasia adrenal de manifestação tardia e tumores de ovário e adrenal produtores de androgênios (Azziz, 2005; Azziz et al, 2006; Fauser et al, 2012). Como as modificações endócrinas e anatômicas ovarianas instalam-se gradualmente, deve-se também considerar no diagnóstico a existência de variação temporal entre o início da síndrome e o aparecimento do conjunto de sinais e sintomas, incluindo o aspecto policístico ovariano (Bloom et al, 2006). Na verdade, do ponto de vista clínico, são extremamente relevantes tanto a documentação do hiperandrogenismo como o local de sua produção (de Medeiros et al, 1995; Gil-Junior et al,2010). A SOP tem se 4 tornado quase sinônimo de hiperandrogenismo, já que em mulheres com sinais clínicos de hiperandrogenismo, a prevalência desta síndrome pode ser de até 82% (Azziz et al, 2004). Após definição dos critérios diagnósticos da SOP em Roterdã (The Rotterdam 2004), hiperandrogenismo bioquímico tem sido encontrado entre 75% - 82% destas pacientes (Azziz et al, 2004; Broekmans et al, 2006; Huang et al, 2010; Gil-Junior et al, 2010). Devido às repercussões clínico-metabólicas a curto e longo prazo do hiperandrogenismo bioquímico e a racional abordagem terapêutica, é relevante que, laboratorialmente, se documente a elevação dos androgênios na SOP (de Medeiros et al, 1995). Mesmo após exclusão das pacientes com deficiências enzimáticas clássicas do grupo de pacientes com SOP, parece haver ainda nesta síndrome hiperatividade ou desregulação das enzimas corticoesteroidogênicas (Qin e Rosenfield, 1998; Gil-Junior et al, 2010). Os mecanismos fisiopatológicos da SOP são ainda incertos (Franks et al, 1997; Dunaif, 1997; Tsilchorozidou et al, 2004; Franks e Berga, 2012). Há alterações no eixo hipotálamo-hipófise-ovariano com maior frequência dos pulsos do hormônio luteinizante (LH), elevação dos níveis basais desta gonadotrofina, estímulo monotônico do LH sobre as células tecais e maior secreção de testosterona e androstenediona nestas células (de Medeiros e Yamamoto, 2001). Como a ação do hormônio folículo estimulante (FSH) não se modifica ou mesmo diminui, há menor aromatização dos androgênios na granulosa e acúmulo destes na circulação (Jakimiuk et al, 1998). Substâncias que atuam localmente nos ovários, como insulina e fatores do crescimento, podem amplificar a ação do LH e modular a ação das enzimas esteroidogênicas na teca e granulosa (Gilling-Smith et al, 1997). Em relação à função do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal na SOP, parece não haver 5 alteração na pulsatilidade do CRH, permanecendo normais os níveis basais de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). No entanto, parece haver hiperatividade adrenal generalizada, com amplificação local do estímulo do ACTH (Carmina e Lobo, 1990) ou aceleração do catabolismo do cortisol (Gambineri et al, 2009), como mecanismos responsáveis pela elevação dos androgênios adrenais na SOP, principalmente dehidroepiandrosterona (DHEA) e seu sulfato (DHEAS) (Doi et al, 2005). Nas adrenais a síntese de cortisol (F) e dehidroepiandrosterona (DHEA) requer ação das enzimas de clivagem das cadeias laterais do colesterol-P450scc (CYP11A1) e citocromo P450c17α (CYP17A1). Apesar da enzima P450c17α ter maior expressão na camada fasciculada do que na reticulada, apenas a camada reticulada sintetiza androgênios (Suzuki et al, 2000). A enzima P450c17α possui atividades 17α-hidroxilase e 17, 20 liase (Rainey et al, 2002), sendo maior atividade 17α-hidroxilase na fasciculada e atividades 17α-hidroxilase e 17,20 liase equivalentes na camada reticulada (Rainey et al, 2002). Por ação17α-hidroxilásica a P450c17α liga e metaboliza rapidamente pregnenolona (PE) e progesterona (P4) em 17α-hidroxipregnenolona (17α-OHPE) e 17α-hidroxiprogesterona (17α-OHP4); mais lentamente, via 17,20 liase, converte estes dois substratos em DHEA e androstenediona (A) (Payne e Hales, 2004; Figura 1). 6 Figura 1: Representação esquemática da esteroidogênese adrenal e ovariana. Modificada de AH Payne & DB Hales. P450scc: enzimas de clivagem das cadeias laterais do colesterol. 3β-HSD: 3β-hidroxiesteroide desidrogenase. 17β-HSD3: 17β- hidroxiesteroide desidrogenase III. 17β-HSD1: 17β-hidroxiesteroide desidrogenase I. Endocrine Review. 25:947-70, 2004. Duas outras enzimas adrenais, 3β-hidróxiesteróide desidrogenase II (3βHSD) e sulfotransferase (SULT2A1) direcionam estes precursores (PE, 17α-OHPE, P4, 17α-OHP4) para a síntese de DHEA, A e DHEAS, sendo que a SULT2A1, com expressão principalmente na reticulada, tem a DHEA como precursor na síntese da DHEAS. A 3β-HSD catalisa a oxidação e isomerização dos 3β-hidroxiesteróides (via ∆5) em 3-cetoesteróides (via ∆4),produzindo progesterona (P4) e 17α-OHP4 a partir dos precursores PE e 17α-OHPE (Figura 1). Na esteroidogênese, 3β-HSD e P450c17α competem por estes substratos. Assim, havendo maior atividade da 3βHSD II prevalece a síntese de aldosterona, em detrimento da produção de cortisol e DHEA. Por outro lado, baixa atividade da 3β-HSD II com maior atividade P450c17α 7 favorece a produção de androgênios (Rainey e Nakamura, 2008). A elevação dos androgênios ovarianos implica no aumento de testosterona (T) devido ao aumento intrínseco da secreção dos androgênios pelas células da teca (Gilling-Smith et al, 1997) ou amplificação do sinal de LH nestas células pela insulina (Dunaif et al, 1992). Elevada atividade 17β-HSD ou diminuição da P450 aromatase (P450arom) nas células ovarianas também elevam os níveis séricos da testosterona. Após a exclusão das deficiências clássicas da 21α-hidroxilase, 3β-HSD e 11β-hidroxilase, defeitos leves ou ações não balanceadas destas enzimas, podem responder pelo hiperandrogenismo na SOP (Chang et al, 1995; Zhang et al, 1995). Poucos estudos examinaram as atividades destas enzimas na SOP, utilizando as razões precursor/produto ou produto/precursor (Bayoumi e Althman, 2001; Dolfing et al, 2003). Quando se utiliza a razão precursor/produto a deficiência enzimática é identificada pela elevação desta fração e no exame da razão produto/precursor o resultado é o inverso e a deficiência da enzima é presumida pela diminuição desta razão. O presente estudo tem como proposta examinar as atividades das enzimas corticoesteroidogênicas nas pacientes com SOP pela razão produto/precursor e comparar estas atividades entre as pacientes com androgênios normais ou elevados, provendo assim novas informações acerca da corticoesteroidogênese ovariana e/ou adrenal após introdução dos critérios de Roterdã. 2. JUSTIFICATIVA 8 Justificativa A síndrome dos ovários policísticos acomete entre 5% e 10% das mulheres em idade reprodutiva, sendo a doença endócrino-metabólica mais comum na mulher em idade fértil. Seu diagnóstico implica em aumento do risco de esterilidade por anovulação, abortamento, diabetes gestacional, sangramento uterino anormal, câncer de endométrio, obesidade, diabetes mellitus tipo II, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono e várias doenças cardiovasculares. Apesar do esforço para definir as causas da SOP, sua fisiopatologia permanece pouco compreendida; assim, determinar os mecanismos causais da SOP com o objetivo de prevenir o aparecimento de complicações tardias são os maiores objetivos das pesquisas em ginecologia endócrina e medicina reprodutiva. Tendo em vista a introdução dos critérios diagnósticos de Roterdã, dos novos conhecimentos e conscientização das possíveis complicações tardias da SOP, é recomendável que estudos epidemiológicos e clínicos anteriores sejam reexaminados. Após definição dos parâmetros clínico-laboratoriais atuais e esclarecimentos dos critérios de exclusão para o diagnóstico da SOP, o perfil hormonal destas pacientes necessita ser revisto. A proposta deste estudo é avaliar a participação das enzimas corticoesteroidogênicas nesta síndrome, provendo, assim, conhecimentos para maior compreensão dos efeitos endócrino-metabólicos nocivos desta síndrome. 3. OBJETIVOS 9 Objetivos Objetivo geral Avaliar a atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normo e hiperandrogênicas com síndrome dos ovários policísticos. Objetivos específicos 1. Comparar as variáveis antropométricas entre os pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas 2. Comparar as concentrações séricas de cortisol, estradiol, FSH, 17α-OHPE, homônios tireoideanos, PRL, LH, T, 17α-OHP4, 11β-DOC, DHEAS, A, P4 e SHBG entre pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP. 3. Examinar a atividade da enzima P450c17α nas pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP, em condições basais. 4. Examinar a atividade da enzima P450c17α em pacientes com SOP após estímulo adrenal com cortrosina. 5. Verificar a atividade da enzima 3β-hidroxiesteróide desidrogenase na SOP 6. Avaliar as atividades da aromatase e 17β-HSD em pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP. 7. Comparar a atividade combinada das enzimas 21α-hidroxilase e 11βhidroxilase entre pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP. 8. Comparar a atividade combinada das enzimas 3β-HSD, 11β e 21α-hidroxilase entre pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP. 4. MATERIAL E MÉTODOS 10 Material e Métodos 4.1.Tipo de estudo Estudo coorte 4.2. Aspectos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Julio Muller da UFMT. O termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi aplicado na primeira entrevista, independentemente da paciente ter ou não o diagnóstico de SOP confirmado. 4.3. Tamanho da amostra O tamanho da amostra foi calculado assumindo concentração média de testosterona total na SOP de 2,6 nmol/l, com desvio padrão de 1,2 nmol/l (Gil-Junior et al, 2010), diferença entre as médias da T entre pacientes normo e hiperandrogênicas de 0,7 nmol/l, teste de significância de uma direção, erro alfa de 0,05 e erro beta de 0,84. O tamanho da amostra foi ainda ajustado para comparação entre grupos de tamanhos diferentes (Daly e Bourke, 2000). 4.4. Pacientes Todas as pacientes foram atendidas prospectivamente no ambulatório de anovulação crônica do Hospital Universitário Júlio Muller e no Instituto Tropical de Medicina Reprodutiva e Menopausa. Cento e vinte e duas pacientes com SOP, identificadas de acordo com os critérios de Roterdã revistos por Azziz (Azziz et al, 2006) foram incluídas. Tendo-se em conta os níveis de androgênios circulantes, 81 tinham hiperandrogenismo, sendo que 70,7% tinham índices de androgênios livres 11 7; 75,6% tinham androstenediona 33,8% tinham DHEAS 8,7 nmol/l, 34,4% testosterona 2,4 nmol/l e 6,7 nmol/l. Quarenta e uma pacientes tinham níveis séricos de androgênios normais e foram usadas para comparação (Bloom et al, 2006). Duas destas pacientes, uma em cada grupo, foram excluídas após a primeira avaliação por apresentarem níveis de 17α-OHP4 30 nmol/l 60 minutos após teste dinâmico com cortrosina. 4.5. Critérios de elegibilidade 4.5.1. Critérios de inclusão Foram incluídas as pacientes com diagnóstico clínico de SOP, utilizando os critérios propostos em Roterdã: (a) oligo-ovulação ou anovulação, (b) sinais clínicos de hiperandrogenismo (The Rotterdam, 2004). Apenas as pacientes que concordaram em assinar o TCLE participaram do estudo. 4.5.2. Critérios de exclusão . Foram excluídas do estudo, as pacientes que tivessem feito uso de esteroides sexuais ou sensibilizadores de insulina nos últimos seis meses e aquelas com hiperprolactinemia, hipotireoidismo, hipertireoidismo ou deficiência das enzimas 21α-hidroxilase, 11β-hidroxilase e 3β-hidroxiesteróide desidrogenase, ou tumores de ovário e adrenal. 4.6. Avaliação clínica Todas as pacientes foram submetidas à anamnese, detalhando os aspectos reprodutivos e ginecológicos: idade da menarca, padrão menstrual, idade do início e tipo de evolução dos sinais de hiperandrogenismo. Na sequência, todas foram submetidas a exame físico para registro dos parâmetros clínico- 12 antropométricos. A altura foi medida no estadiômetro de Harpender (Holtain Limited, England) com a paciente em pé, sem sapatos, calcanhares afastados em 20-25 cm e cabeça na posição horizontal. O peso foi verificado com a paciente usando apenas vestes leves, aproximando-se para o 0,1Kg mais próximo. O índice de massa corporal (IMC), usado para medir a adiposidade total, foi calculado pelo peso (Kg) dividido pelo quadrado da altura (m²). Este parâmetro foi escolhido por apresentar a melhor correlação com a massa gorda total (Key et al, 1972). A circunferência da cintura, usada para medir a adiposidade visceral, foi medida em centímetros com a paciente em pé, no plano horizontal, a meia distância da crista ilíaca e a margem do arco costal inferior. A circunferência do quadril foi medida no plano da circunferência máxima sobre as nádegas, arredondando-se para o 0,5 cm mais próximo (Clausen et al, 1996). A superfície corporal foi estimada pela fórmula altura (cm) x peso (Kg)/3600] (Mosteller, 1987). 4.7. Definições Reiterando, definiu-se SOP pelos critérios de Roterdã modificados (Azziz, 2006), como existência de: hiperandrogenismo (hirsutismo, acne e/ou hiperandrogenemia), disfunção ovariana (oligo/anovulação e/ou ovários policísticos na ultrasonografia), exclusão de hiperprolactinemia, hiperplasia adrenal congênita, neoplasias secretoras de androgênios, síndrome de Cushing, hipo/hipertireoidismo, severa síndrome de resistência à insulina, uso de drogas androgênicas ou anabolizantes. Ovários policísticos foram definidos pela presença de 12 ou mais folículos, em pelo menos um ovário, medindo de 2 a 9 mm em diâmetro e/ou volume ovariano 10 ml. Hiperandrogenismo clínico foi definido pela presença de acne e/ou hirsutismo, não se utilizando de nenhum critério pré-estabelecido para classifica-los. Hiperandrogenismo bioquímico foi definido por níveis de testosterona total 70 ng/dl 13 (2,4 nmol/l), sulfato de dehidroepiandrosterona androstenediona 248 µg/dl (6,7 µmol/l), 245 ng/ml (8,7 nmol/l) e índice de androgênio livre (IAL) 7 (Silfen et al, 2003). O índice de androgênios livres foi estimado pela equação: testosterona total (nmol/l) / SHBG (nmol/l) x 100 (Gurusinghe et al, 2010). A atividade das células pancreáticas β foi examinada pelo modelo homeostático HOMA-β (20 x Io µU/ml/Go mmol/L – 3,5). Resistência à insulina (RI) foi definida por níveis basais de insulina 12,2 µU/ml, (Mc Auley et al, 2001), SHBG 20 nmol/l (Dewally et al, 1993) ou pelo resultado do modelo homeostático HOMA-RI (Go mmol/l x Io µU/ml/22,5) 2,8; onde Go= glicemia de jejum e Io= insulina de jejum (Mathews et al, 1985). Hipotireoidismo foi definido por concentrações de TSH > 4,2 µUI/mL e T4L = 0,7ng/dL (9 pmol/L) (M Adachi et al, 2012). Hipertireoidismo foi definido por TSH ≤ 0,1 um/L e T4L > 1,6 ng/dL (20,6 pmol/L) (Hallowell et al, 2002). Hiperprolactinemia foi definida com PRL> 30 ng/mL. Em relação aos defeitos enzimáticos adrenais, as pacientes com hiperplasia adrenal de manifestação tardia por deficiência da enzima 21αhidroxilase, foram excluídas no início do estudo quando os níveis basais de 17αOHP4 fossem 500 ng/dl ( 15 nmol/l); quando eram 200 e 500 ng/dl as pacientes foram incluídas no estudo e submetidas ao teste da cortrosina. Além disso, considerando a possibilidade de falso negativo com o limite de 200 ng/dl, todas as pacientes com resultados de 17α-OHP4 100 ng/dl e 200 ng/dl foram também submetidas ao teste. A deficiência da enzima 21α-hidroxilase foi definitivamente excluída por níveis de 17α-OHP4 1000 ng/dl (30nmol/l) 60 min após o estímulo com cortrosina (New et al, 1983). A deficiência da 3β-HSD foi descartada com níveis basais de 17α-OHPE 13,5 nmol/l; deficiência de enzima 14 11β-hidroxilase foi descartada pelos níveis de 11β-deoxicortisol (11β-DOC) 8 ng/ml ( 0,24 nmol/l) (Sahin e Kelestimur, 1997). 4.8. Ultra-sonografia e critérios ultra-sonográficos Volume ovariano e distribuição dos folículos 10 mm foram examinados por ultra-sonografia , usando transdutor vaginal com frequência de 5-MHZ (Voluson® E8, GE Helthcare, Inglaterra). O volume ovariano foi calculado pela fórmula para comprimento, largura e altura: 0,5233 x D1 x D2 x D3, onde D1, D2 e D3 foram tomados como os diâmetros máximos (Balen et al, 2003). Ovários policísticos foram definidos pela presença de 12 ou mais folículos em pelo menos um dos ovários, medindo 2 a 9 mm em diâmetro, e/ou volume ovariano 10 ml ao ultra-som (The Rotterdam, 2004). 4.9. Avaliação bioquímica Os ensaios bioquímicos foram realizados no Laboratório Central do Hospital Universitário Julio Muller ou Laboratório Carlos Chagas. Vinte mililitros de sangue foram colhidos após 10-12 h de jejum. A concentração de glicose plasmática foi determinada pela reação da glicose oxidase (Beckman glucose analyser, Fullerton, CA, USA). Hemoglobina glicada foi determinada pelo método HPLCCromatografia Liquída de Alta Performance (Bio-Rad Laboratories, Hércules, CA, USA). Colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e colesterol ligado à lipoproteína de alta densidade (HDL-C) foram estimados por métodos enzimáticos (Wiener Lab BT 3000 plus, Rosário, Argentina). A fração LDL colesterol (LDL-C) foi calculado pela fórmula: LDL-C = CT – (HDL-C + TG/5) (Friedewald et al, 1972). 15 4.10. Imunoensaios Como os vários esteroides examinados neste estudo sofrem alterações com a fase do ciclo menstrual ou hora do dia, as amostras foram colhidas pela manhã, até o quinto dia do início do fluxo menstrual ou, estando a paciente em amenorreia, em qualquer dia, independente do tempo transcorrido desde a última menstruação, tendo-se o cuidado de marcar as colheitas com a dosagem de progesterona para certificação de que a amostra não tenha sido colhida após eventual ovulação. Os resultados foram validados sempre que os níveis de progesterona fossem 1,0 ng/ml ( 8 nmol/l). Os níveis hormonais no soro foram quantificados por métodos bem estabelecidos e previamente validados. Utilizando kits disponíveis comercialmente, as seguintes análises foram realizadas: FSH, LH, TSH, tiroxina livre, estradiol, progesterona, testosterona, androstenediona, 17α-OHP4, 17α-OHPE, DHEAS, PRL, cortisol, 11β-DOC, insulina e SHBG. Progesterona no soro foi mensurada por quimioluminescência (Advia Centaur, Siemens Healthcare Diagnostics, UK) com sensibilidade de 0,67 nmol/l (0,21 ng/ml), coeficientes de variação intra-ensaio e inter-ensaio entre 3,7%-12,4% e 2,6%-3,9%, respectivamente. LH, FSH, TSH, estradiol, PRL, SHBG, testosterona total e tiroxina livre no soro foram mensurados por eletroquimioluminescência (Elecsys 1010, Roche diagnostics GMbH, Mannheim, German). A sensibilidade e o coeficiente de variação intra-ensaio e inter-ensaio foram respectivamente de 0,1 mUI/l, 1,8% e 3,4% para o LH; 0,1 mUI/ml, 1,8% e 3,5% para o FSH; 0,27µUI/ml, 2,1% e 8,6% para o TSH; 18,4 pmol/l, 3,3 % e 6,2% para o estradiol; 0,002 nmol/l, 2,8% e 5,0% para PRL; 0,35 nmol/l, 2,6% e 5,6% para SHBG; 0,069 nmol/l, 2,7% e 6,0% para testosterona total e 0,3 pmol/l, 3,6% e 6,2% para tiroxina livre. Androstenediona, DHEAS, cortisol e insulina foram medidos por 16 quimioluminescência (Siemens Medical Solution Diagnostics, CA, USA); sensibilidades, imprecisões intra e inter-ensaios foram, respectivamente, de 1,0 nmol/l, 6,4% e 8,2% para androstenediona; 0,08 µmol/l, 4,9% e 8,8% para DHEAS; 5,5 nmol/l, 5,8% e 8,6% para cortisol e 2 µUI/ml, 4,9% e 6,4% para insulina. 17αOHP4 foi medida por radioimunoensaio (Siemens Health Care Diagnostics Inc., CA, USA), com sensibilidade de 0,21 nmol/l, coeficientes de variação inter e intra-ensaio de 5,5% e 7,9% respectivamente. 11β-DOC foi medida por HPLC/RIE desenvolvido in-house pelo laboratório Álvaro, Paraná, com sensibilidade de 0,3 nmol/l e coeficientes de variação intra e inter-ensaio de 5,3% e 10,8% respectivamente. 17αOHPE foi medida por radioimunoensaio após cromatografia (HPLC), usando hormônio marcado (NEN Life Science Products, Boston, MA, USA) e antissoro fornecido pela ICN Biochemical Inc (Costa Mesa, CA, USA). A sensibilidade foi de 0,033 nmol/l e os coeficientes de variação intra e inter-ensaio foram de 8,9% e 11,0%, respectivamente. 4.11. Teste da cortrosina O teste da cortrosina foi realizado entre 8:00-9:00 h após jejum de 12 h, com a paciente sentada. Após a punção venosa e fixação de cateter heparinizado, colheu-se 5 ml de sangue em tubo vacutainer® (Becton Dickinson UK Ltd, Plymouth, Inglaterra). Fez-se então injeção em bolus de 0,25 mg de tetracosactrin (Synacthen®, Novartis Pharmaceuticals, NJ, USA), colhendo-se novas amostras 30 e 60 min após, para dosagem de 17-OHP4, F, A e P4. A resposta de cada hormônio foi avaliada pela área sob a curva (ASC) com inclusão do valor basal, usando a regra do trapézio, e pelo incremento máximo (∆) determinado como a diferença entre o valor basal e valor máximo alcançado dividido pelo valor basal. Considerou-se resposta adrenal exagerada quando os níveis do cortisol 30 min após o estímulo 17 foram 18 µg/dl ou fossem aumentados em pelo menos 7 µg/dl (Gambineri et al, 2009). Esta resposta foi considerada ainda amplificada quando os níveis de 17αOHP4 foram 15nmol/l e 30 nmol/l 60 min após injeção da cortrosina. 4.12. Análise dos dados Os resultados foram resumidos em figuras ou tabelas. A atividade das enzimas foi avaliada através da relação produto/precursor. A distribuição de todos os dados foi examinada pelo teste de Lilliefors. Dados com distribuição não paramétrica foram transformados em escala logarítmica para análise e, ao final, retransformados para as unidades originais. Assim estes resultados são apresentados como média ( ) e desvio padrão (DP). Variáveis que não mostraram distribuição gaussiana após transformação logarítmica são apresentadas como mediana e primeiro e terceiro quartis. Significâncias das comparações entre variáveis com distribuição normal foram examinadas pelo teste de Welch não pareado. Variáveis com distribuição não paramétrica foram comparadas pelo Wilcoxon sum rank test ou teste de proporção. Valores de p menores que 0,05% foram considerados com significância estatística. 5. RESULTADOS 18 Resultados As pacientes tinham idade média de 27,2 5,5 anos. Em relação à cor, 56,0% eram brancas, 20,2% negras, 1,8% indígenas, 1,8 % amarelas e 20,2% miscigenadas; 73,9% eram casadas, 23,3% solteiras e 2,8% não declararam seu estado civil. Considerando todas as pacientes, esterilidade conjugal foi motivo de consulta em 40% das pacientes; 67,5% das pacientes tinham ciclos menstruais com intervalos 34 dias ou amenorreia, 23,3% eram hirsutas, 21,6% apresentavam acne. Acanthosis nigricans foi identificada em 23,3% das pacientes. A comparação dos aspectos clínicos entre normo e hiperandrogênicas é mostrada na tabela 01. Tabela 01. Aspectos clínicos das pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas Variável Hirsutismo Acne Acanthosis nigricans Esterilidade Amenorréia Oligomenorréia Normoandrogênicas Hiperandrogênicas N(%) N(%) 7(17,5%) 21(26,3%) 10(25%) 16(20%) 8(20%) 20(25%) 8(20%) 40(50%) 15(37,5%) 48(60%) 4(10%) 14(17,5%) 0,610 0,768 0,770 0,064 0,117 0,678 – Teste de proporção Não se observou diferença na idade, ou variáveis antropométricas, entre pacientes com SOP normo ou hiperandrogênicas (tabela 2). Tabela 02. Aspectos antropométricos das pacientes com síndrome dos ovários policísticos com ou sem hiperandrogenemia. Variável Normoandrogenemia Hiperandrogenemia N DP N DP Idade (anos) 39 26,66 5,80 79 26,94 5,41 0,801 Peso (Kg) 38 74,65 25,59 75 75,40 16,25 0,869 Estatura (m) 37 1,58 0,06 64 1,57 0,07 0,450 37 29,60 9,97 64 30,60 6,52 0,587 IMC (Kg/ Cintura (cm) 39 87,93 18,60 59 90,93 13,10 0,422 Quadril (cm) 32 106,59 16,92 59 107,73 12,80 0,740 Razão (c/q) 32 0,82 0,06 59 0,84 0,07 0,157 37 1,79 0,31 64 1,81 1,19 0,899 Superfície corporal ( – Teste de Welch não pareado 19 Os dados do metabolismo dos lipídeos e glicídeos são mostrados na tabela 3. As pacientes hiperandrogênicas têm níveis mais elevados do colesterol total (p 0,001) e níveis mais baixos do HDL-C do que as normoandrogênicas (p=0,031). Em relação ao metabolismo dos açúcares, a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada mostraram níveis semelhantes nas pacientes normo e hiperandrogênicas (p=0,353 e 0,196,respectivamente). No entanto, as pacientes hiperandrogênicas mostraram níveis mais elevados de insulina de jejum (p=0,0033), maior produção de insulina pelas células pancreáticas β (p 0,0001) e, considerando o HOMA-IR, maior resistência à insulina (p=0,003). Tabela 03. Aspectos metabólicos das pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas Variável Colesterol total (mmol/l) HDL-C (mmol/l) LDL-C (mmol/l) Glicemia jejum(mmol/l) Hb A1c (%) HOMA-IR HOMA-B Insulina (pmol/l) Peptideo C (nmol/l) Normoandrogênicas N DP 35 4,53 1,15 33 1,36 0,39 33 2,61 1,02 35 5,15 0,52 29 7,44 2,27 32 2,40 1,71 32 108,47 2,04 32 61,29 1,92 20 0,82 0,38 N 68 61 61 73 52 65 65 71 43 Hiperandrogênicas DP 5,78 1,17 1,19 0,28 2,93 0,85 5,09 0,67 6,81 1,83 3,81 1,63 162,36 1,08 82,14 1,96 1,10 0,83 0,0001 0,031 0,130 0,353 0,196 0,003 0,0001 0,0033 0,071 a-Teste de Welch não pareado Em condições basais as pacientes com SOP hiperandrogênicas mostraram níveis mais elevados de LH, P4, testosterona total, A, DHEAS, 17αOHP4 e 11β-DOC e níveis mais baixos de SHBG do que aquelas com androgênios normais (tabela 4). Cortisol, estradiol, FSH, PRL,17α-OHPE e hormônios tireoidianos tiveram concentrações semelhantes nos dois grupos de pacientes. 20 Tabela 04. Comparação dos aspectos endócrinos entre as pacientes com síndrome dos ovários policísticos com ou sem hiperandrogenemia LH (mUI/ml Normoandrogênicas N DP 36 2,50 1,31 35 14,56 1,16 37 513,18 348,88 38 6,66 1,91 Hiperandrogênicas N DP 72 2,19 1,16 62 14,23 1,46 75 489,80 246,97 74 9,32 1,69 FSH (mUI/ml Razão FSH/LH Testosterona total (nmol/l SHBG (nmol/l IAL (%) Cortisol (nmol/l) 17α-hidroxipregnenolona (nmol/l 17α-hidroxiprogesterona (nmol/l 11β-deoxicortisol (nmol/l DHEAS (µmol/l Androstenediona (nmol/l Estradiol (nmol/l Progesterona (nmol/l 38 38 35 35 31 35 17 35 32 36 34 31 32 74 74 74 43 63 78 34 76 44 71 75 50 50 Hormônio TSH (µUI/ml) Tiroxina livre (pmol/l Prolactina (pmol/l 6,10 2,57 1,50 39,35 4,16 347,80 4,98 3,36 6,13 3,74 5,15 162,51 61,29 1,49 1,54 0,50 1,67 1,77 139,40 2,80 1,60 1,73 1,54 1,51 64,80 1,92 5,64 2,85 2,20 25,38 10,17 358,90 6,07 4,74 7,29 5,31 11,49 191,97 175,36 1,39 1,41 1,04 1,70 5,86 172,10 3,55 1,66 1,71 2,70 4,96 97,0 1,52 0,233 0,224 0,824 0,118 0,352 0,717 0,239 0,005 0,0002 0,105 -Dados sofreram transformação logarítmica para atender os preceitos da distribuição gaussiana . –Teste Wilcoxon não pareado. *- Para converter unidades internacionais gravimétricas (UI) para unidades – massa divida 0,0347 para testosterona total; 0,0271 para DHEAS; 0,0301 para 17-OHPE; 0,0303 para 17-OHP4; 0,0349 para androstenediona; 0,0289 para 11-DOC; 27,6 para cortisol; 3,67 para estradiol; 3,18 para progesterona e 0,04348 para PRL. Na esteroidogênese adrenal e gonadal, as enzimas envolvidas na transformação da pregnenolona em dehidroepiandrosterona e da progesterona em androstenediona são as mesmas (17α-hidroxilase e 17,20 liase) e as vias de transformação são conhecidas, respectivamente, como vias delta 5 (∆5) e delta 4 (∆4). Na avaliação da atividade das enzimas envolvidas na esteroidogênese em condições basais (tabela 5), a enzima P450c17α mostrou maior atividade tanto da 17α-hidroxilase (17α-OHP4/P4 de 2,21 vs 3,49; p=0,0005) quanto da 17,20 liase, na via ∆4 (A/17α-OHP4 de 2,58 vs 3,38; p=0,047), nas pacientes hiperandrogênicas. Na via ∆5, as atividades 17α-hidroxilase e 17,20 liase não foram diferentes entre mulheres normo e hiperandrogênicas. A enzima 3β-HSD mostrou maior atividade nas pacientes hiperandrogênicas (A/DHEAS de 1,52 vs 3,02; p 0,0001), mas a 17α-OHPE é convertida em 17α-OHP4 na mesma razão entre mulheres normo e 21 hiperandrogênicas (p=0,837). As atividades das enzimas 21α-hidroxilase (11βDOC/17α-OHP4 de 2,2 vs 1,0; p 0,0001) e 11β-hidroxilase (C/11β-DOC de 74,4 vs 54,2; p 0,0001) estão significativamente diminuídas nas pacientes hiperandrogênicas (tabela 5). As razões estradiol/androstenediona ( estradiol/testosterona ( /T), calculadas para foram pacientes menores nas /A) e avaliar a atividade da aromatase, hiperandrogênicas (p=0,0006 e p=0,009, respectivamente); todavia a conversão da androstenediona em testosterona, por ação da enzima 17β-HSD, avaliada pela razão T/A, é menor nestas pacientes hiperandrogênicas (p=0,006). Tabela 05. Relação produto/precursor para calcular a atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas Enzima Aromatase 17β-HSD3 11β-hidroxilase 21α-hidroxilase 3β-HSD (x P450c17α 17α-hidroxilase (∆4) 17,20 liase (∆4) 17,20 liase (∆5) (x 11β-hidroxilase e 21α-hidroxilase 3β-HSD, 11βhidroxilase e 21αhidroxilase Normoandrogenemia N DP 29 121,03 53,54 24 32,93 15,35 29 0,30 0,15 29 74,48 1,67 29 2,20 1,07 31 1,52 0,79 Hiperandrogenemia N DP 48 90,60 38,11 45 19,88 11,64 68 0,21 0,12 42 54,27 1,96 39 1,09 0,41 66 3,02 2,50 0,009 0,0006 0,006 0,0001 0,0001 0,0001 30 1,67 1,52 30 1,79 1,48 0,837 17α-OHP4/P4 30 2,21 1,45 58 3,49 1,76 0,0005 A/17α-OHP4 30 2,58 1,68 72 3,38 0,66 0,047 DHEAS/17α-OHPE 16 2,19 1,05 30 0,95 1,98 0,415 C/17α-OHP 34 148,40 2,44 73 85,30 1,98 0,0001 C/17α-OHP 14 60,30 1,83 31 58,90 1,19 0,017 /T /A C/11β11β-DOC/17α-OHP4 A/DHEAS 17α-OHP4/17αOHPE - Todos os resultados são expressos em nmol/l - Transformação logarítmica para atender os preceitos da distribuição gaussiana - Teste não pareado de Wilcoxon 22 Após estímulo adrenal com cortrosina (tabela 6) os incrementos de F, A, 17α-OHP4 e P4 ocorreram na mesma proporção entre pacientes normo e hiperandrogênicas (p 0,05). Tabela 06. Incremento dos hormônios ovarianos e adrenais após estímulo adrenal com ACTH, em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas. Hormônio(%) Incremento 0’-60’(%) Normoandrogênicas Hiperandrogênicas 150 (76-219) 165 (129-273) 155 (107-263) 156 (109-255) 28 (19-47) 33 (19-53) 42 (23-200) 80 (49-150) Cortisol 17α-OHP4 Androstenediona Progesterona 0,363 0,779 0,778 0,528 *- Os resultados são mostrados como mediana e primeiro e terceiro quartis. - Teste de proporção No entanto quando se calculou a área sob a curva aos 60 min, A e 17αOHP4 apresentaram maior resposta a cortrosina (p 0,0001 e p=0,049, respectivamente) (tabela 07). Tabela 07. Resposta adrenal com cortrosina, em pacientes com síndrome dos ovários policísticos normo e hiperandrogênicas. Hormônio(nmol/L) Cortisol 17α-OHP4 Androstenediona Progesterona Área sob a curva (nmol/L. 60’) Normoandrogênicas Hiperandrogênicas 34453 (31183-37218) 338 (216-457) 397 (312-470) 157 (84-168) 34725 (30445-39175) 489 (387-727) 730 (555-992) 123 (96-163) 0,777 0,049 0,0001 0,999 *- Os resultados são mostrados como mediana e primeiro e terceiro quartis. - Teste de Wilcoxon não pareado Sessenta minutos após o estímulo com cortrosina a atividade da 17αhidroxilase na via ∆4 não mostrou ser diferente entre pacientes normo e 23 hiperandrogênicas (p=0,134). Por outro lado, a atividade da 17,20 liase foi maior nas pacientes hiperandrogênicas nesta via (p 0,0001; figura 2). Figura 02. Atividade das enzimas 17α-hidroxilase (painel A) e 17,20 liase (painel B), antes e 60 min após injeção de cortrosina em pacientes normo e hiperandrogênicas com síndrome dos ovários policísticos. 6. DISCUSSÃO 24 Discussão Este estudo, adotando os critérios de Roterdã, compara as atividades das diversas enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normo e hiperandrogênicas com SOP, ao invés de comparar pacientes com SOP e mulheres normais (Bloom et al, 2006), tanto antes como após estímulo adrenal com cortrosina. Na SOP hiperandrogenismo bioquímico, incluindo avaliação de vários androgênios, tem sido encontrado entre 75% e 82% das pacientes, considerando diferentes populações (Azziz et al, 2004; Huang et al, 2010). As concentrações hormonais basais nas mulheres brasileiras com SOP são semelhantes aos resultados relatados em outros países (Gil-Junior et al, 2010). Pelas repercussões clínico-metabólicas dos androgênios, modulados ou não pelo hiperinsulinismo, é relevante que se identifique a paciente com SOP que tenha ou não hiperandrogenismo bioquímico (Talbott et al,1998). A definição da fonte destes androgênios, se ovariana, adrenal ou mista, tem também importância prática na definição da conduta terapêutica e protocolo de seguimento. Hiperandrogenismo adrenal, definido pela elevação de DHEAS e androstenediona, tem sido encontrada em até 62% das pacientes (Gonzalez et al, 1996; Kumar et al, 2005; Gil-Junior et al, 2010) e tem sido atribuído a maior catabolismo do cortisol (Gambineri et al, 2009), menor formação de cortisol (Tsilchrozidou et al, 2003) e/ou resposta amplificada dos androgênios adrenais a níveis normais de ACTH (Moran et al, 2004; Stewart et al, 1993; Gonzalez, 1997; Horrocks et al, 1983). Hiperandrogenismo ovariano, definido por níveis elevados de testosterona, é mesmo mais frequente, sendo atribuído ao estímulo monotônico do LH nas células da teca, modulado ou não por insulina ou fatores de crescimento (Gilling-Smith et al, 1997; Nelson et al, 2001; Azziz et al, 2004). 25 Apesar do hiperandrogenismo, parece não haver alteração enzimática específica na esteroidogênese em mulheres com SOP (Pasquali et al, 2011). Após a introdução dos critérios de Roterdã são escassos os estudos que examinaram a atividade das diferentes enzimas envolvidas na corticoesteroidogênese ovariana/adrenal nestas pacientes. A verificação das atividades destas enzimas constitui a principal proposta deste estudo. De um modo geral, tem se descrito menor atividade da 11β-hidroxiesteróide desidrogenase (11β-HSD) (Ditkoff et al, 1995; Gambineri et al, 2009), maior atividade da sulfatase e maior atividade, ou atividade desregulada, da enzima P450c17α (Barnes et al, 1989). De fato, desregulação do complexo enzimático P450c17α tem sido relatada em alguns estudos (Barnes et al, 1989; Gonzalez et al, 1996; Rosenfield, 1990). Na sequência do texto discute-se, em separado, a atividade de cada enzima envolvida na síntese dos corticóides e esteróides sexuais em pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas, incluídas no presente estudo. Atividade da aromatase Ainda que os níveis basais de estradiol sérico não tenham sido muito diferentes entre pacientes com SOP normo e hiperandrogênica, as razões /T e /A foram menores nas mulheres hiperandrogênica, sugerindo menor atividade da P450arom neste grupo de pacientes. De fato, células da granulosa de folículos de pacientes com SOP têm atividade p450arom quase totalmente abolida. A existência de inibidores endógenos da atividade da aromatase, como 5α-androstenedione, no líquido folicular e células da granulosa dos folículos de pacientes com SOP foi postulada anteriormente para explicar a menor expressão do P450arom RNAm nestas pacientes (Agarwal et al, 1996; Jakimiuk et al, 1998). Polimorfismo funcional na expressão do gene CYP19 não foi identificado em pacientes com SOP, sugerindo 26 que variações na expressão da P450arom possam estar localizadas em outros genes (Soderlund et al, 2005). No entanto, recentemente, foram identificadas variantes entre os aminoácidos Cys do gene CYP19, variantes estas associadas com maior suscetibilidade para o desenvolvimento da SOP (Xita et al, 2010; Wang et al, 2011). Atividade da 17β-hidroxiesteroide desidrogenase A enzima 17β-HSD, com expressão nas células ovarianas da teca e reticulada das adrenais, assegura a conversão da A em T, androgênio este com maior atividade biológica. No presente estudo, a razão T/A foi menor no grupo de pacientes com SOP que têm androgênios elevados na circulação, indicando atividade até menor da 17β-HSD na SOP, pelo menos nas pacientes com androgênios elevados. Polimorfismo resultando em maior atividade desta enzima tem sido identificado, justificando o excesso de testosterona em pacientes com SOP, pelo menos naquelas que exibem maiores níveis de testosterona e resistência à insulina (Qin et al, 2006). No entanto, polimorfismo nos genes que expressam a 17βHSD podem (Lin et al, 2006; Marioli et al, 2009) ou não (Goodarzi et al, 2008) ser encontrado nas pacientes com SOP. Maior atividade 17β-HSD, avaliada em estudo anterior pela razão T/A, foi clinicamente demonstrada em pacientes com SOP como um todo, sem estratificar naquelas com níveis androgênicos normais ou elevados (Qin e Rosenfield, 1998). No entanto, em experimentos in vitro, células da teca e do estroma ovariano de pacientes com SOP não mostraram maior atividade desta enzima, atribuindo-se a elevação da testosterona em pacientes hiperandrogênica à maior disponibilidade dos substratos DHEA e A em T e não conversão destes em T por maior atividade 17β-HSD (Barbieri et al, 1992; Nelson et al, 2001). Em suporte a esta assertiva, atividade maior da 17β-HSD não foi confirmada por outros 27 investigadores, tanto antes (Pittaway et al, 1983), como após adoção dos critérios de Roterdã (Goodarzi et al, 2008). Estas diferenças ainda não estão claras, mas podem ser atribuídas aos tamanhos das amostras examinadas, ao poder dos estudos ou à multi etnia das pacientes avaliadas. Atividade 11β-hidroxilase Entre mulheres com hiperplasia adrenal de manifestação tardia, não clássica e com manifestações clínicas de hiperandrogenismo, deficiências da 11βhidroxilase têm sido relatadas entre 0,6%-6,5% (Carmina et al, 1995, Kelestimur et al, 1996). Considerando níveis de 11-DOC 36,3 nmol 60 min após injeção de cortrosina a prevalência de deficiência parcial da 11β-hidroxilase em pacientes com diagnóstico de SOP, adotando critérios de Roterdã, foi relatada em 8,4% (Sahin e Kelestimur, 1997). No presente estudo, a atividade desta enzima não foi examinada após estímulo adrenal, mas 10% (4/40) das pacientes hiperandrogênicas apresentaram concentrações basais médias de 11-DOC de 18,2 nmol/l, nível três vezes maior que o terceiro quartil das pacientes normoandrogênicas (dados não mostrados). Em suporte a esta observação, polimorfismo do gene CYP11B1 que codifica a 11β-hidroxilase foi encontrado em pacientes não obesas com SOP (Gambineri et al, 2006). Em estudos prévios a Roterdã, os achados sugeriam que o acúmulo de 11-DOC não implicaria necessariamente em deficiência da 11βhidroxilase, e representaria apenas hipoatividade funcional desta enzima (Lucky et al, 1986; Merkle et al, 1984). Mas a razão C/11-DOC menor nas pacientes hiperandrogênicas no presente estudo, indica menor atividade 11β-hidroxilásica e acúmulo de 11-DOC neste grupo, quando comparado com as pacientes 28 normoandrogênicas. Resultados semelhantes aos do presente estudo foram observados em outro estudo pós-Roterdã, quando pacientes com SOP, incluindo pacientes normo e hiperandrogênicas como um só grupo, foram comparadas com controles normais (Sahin e Kelestimur, 1997). Certamente atividade atenuada da 11β-hidroxilase favorece o acúmulo de substratos, notadamente 17α-OHP4, permitindo maior conversão destes precursores em androgênios ou mineralocorticoides. O resultado do presente estudo também confirma uma outra observação pós-Roterdã de que pacientes oligomenorrêicas resistentes ao citrato de clomifeno têm menor conversão de 11-DOC em cortisol (Dolfing et al, 2003). Existem estudos mostrando que a menor produção de cortisol nestes casos seria compensada por maior produção tissular periférica deste hormônio, assegurando assim níveis séricos do cortisol semelhantes em pacientes com SOP, tanto normo como hiperandrogênicas (Rask et al, 2002). Atividade da enzima 21α-hidroxilase Antes da introdução dos critérios de Roterdã, a forma clássica de hiperplasia adrenal congênita por deficiência da 21α-hidroxilase foi relatada entre 1%-19% das pacientes com diagnóstico inicial de SOP (Cobin et al, 1985; Benjamin et al, 1986), na dependência da composição étnica das populações estudadas (Speiser et al, 1985). Utilizando como critérios diagnósticos níveis de 17α-OHP4 30 nmol/l 60 min após estímulo adrenal com cortrosina, a forma não clássica foi identificada em 2/122 (1,6%) das pacientes inicialmente elegíveis no presente estudo. Consequentemente as duas foram excluídas de futuras análises em obediência aos critérios de Roterdã (Azziz et al, 2006). Após estímulo adrenal, entre as pacientes com SOP normoandrogênicas 2/16 (12,5%) apresentaram níveis de 17α-OHP4 entre 15-30 nmol/l 60 min após cortrosina e entre aquelas com 29 hiperandrogenismo bioquímico 11/58 (18,9%) tiveram as concentrações de 17αOHP4 elevadas a estes níveis, indicando menor atividade da 21α-hidroxilase e sugerindo maior prevalência de heterozigose CYP21A1 nas pacientes com SOP, principalmente nas hiperandrogênicas. No entanto, no presente estudo esta diferença não alcançou significância estatística (dados não mostrados). Em outros estudos, também publicados após padronização de Roterdã, entre 0%-22% das mulheres com SOP têm resposta elevada da 17α-OHP4 a cortrosina, resposta esta indicativa de atenuação da atividade da enzima 21αhidroxilase nestas pacientes (Luboshitzky et al, 2003; Trakakis et al, 2008). Em adição a estes achados, a razão 11β-DOC/17α-OHP4 foi significativamente menor no presente estudo quando se comparou pacientes com SOP hiperandrogênicas e normoandrogênicas (p 0,0001), tornando mais robusta a observação de menor atividade da 21α-hidroxilase nas pacientes com SOP, principalmente quando os níveis dos androgênios séricos são elevados. Atividade da enzima 3β-hidroxiesteroide desidrogenase A enzima 3β-HSD, inversamente associada aos níveis de androgênios adrenais (Rainey e Nakamura, 2008), tem expressão nas camadas glomerulosa e fasciculada das adrenais e células da granulosa nos ovários. Pacientes com SOP, independentemente da fonte do hiperandrogenismo, têm mostrado variação na atividade desta enzima. Uma forma clínica não clássica de deficiência da 3β-HSD foi descrita em mulheres com hirsutismo, distúrbios menstruais ou SOP, antes (Lobo e Goebelsman, 1981; Pang et al, 1985; Pang, 1998) e após a normatização do NIH, fundamento dos critérios de Roterdã (Doldi et al, 2000). Ainda que considerada pouco frequente, ação parcialmente deficiente desta enzima tem sido relatada entre 30 5%-30% das mulheres com sinais clínicos de hiperandrogenismo. Mulheres hiperandrogênicas com atividade diminuída desta enzima têm a conversão dos 3βhidroxisteroides via ∆5 em 3β-hidroxisteroide via ∆4 atenuada, favorecendo o acúmulo de pregnenolona, 17α-OHPE, DHEA e DHEAS, substratos para a síntese de androgênios, tanto nas adrenais como nas gônadas (Rhéaume et al, 1991). Vários estudos têm proposto diferentes critérios, observados 60 min após injeção de cortrosina, para definir o que seria deficiência desta enzima: níveis de DHEA 63,1 nmol/l (Schram et al, 1992), 17α-OHPE DHEA/A, 17α-OHPE/17α-OHP4 50,8 nmol/l e razões 5,2 (Gonzalez et al, 1991) e razão A/DHEAS 1,5 (Doi et al, 2006). Ainda que a razão A/DHEAS para examinar a atividade 3β-HSD não tenha sido assumida como um indicador bioquímico confiável (Lutfallah et al,2002; Pang et al, 2003), razões entre hormônios são tidos ainda como o melhor instrumento para avaliação de ações enzimáticas em estudos clínicos (Chang et al, 1995). Considerando os critérios propostos até o momento, nenhuma paciente incluída no presente estudo apresentou deficiência da 3β-HSD. Pacientes normo e hiperandrogênica não apresentaram razões 17α-OHP4/17α-OHPE diferentes (p=0,837), sugerindo atividades iguais desta enzima nos dois grupos e confirmando informações anteriores de que a deficiência desta enzima não é comum nas pacientes com SOP, particularmente quando os critérios de Roterdã são utilizados no diagnóstico (Bayoumi e Althman, 2001). Por outro lado, no presente estudo, a razão A/DHEAS foi maior entre as pacientes hiperandrogênicas (p sugerindo maior atividade 3β-HSD apenas na conversão de DHEA em A. Atividades 3βHSD iguais entre pacientes com SOP e mulheres normais foram também anteriormente relatadas (Difkoff et al, 1995). No entanto, resultados 31 diferentes, mostrando resposta atenuada desta enzima foram encontrados em pacientes com hiperandrogenismo adrenal e SOP antes da introdução dos critérios de Roterdã (Pang et al, 1985). Estes resultados discrepantes observados antes e após Roterdã podem dever-se às etnias das populações ou aos diferentes critérios de inclusão assumidos nos diferentes estudos. Atividade da enzima P450c17α A enzima P450c17α, expressa em ovários e adrenais, tem, intrinsecamente, as duas atividades 17α-hidroxilase e 17,20-liase. Em condições normais, na camada fasciculada adrenal há predomínio da ação 17α-hidroxilásica e na camada reticulada as duas atividades são iguais (Rainey e Nakamura, 2008). Na comparação entre indivíduos hiperandrogênicos e normais, há relatos sugerindo disfunção do complexo enzimático P450c17α. Na SOP, com frequência tem sido relatado desregulação entre as atividades 17α-hidroxilase e 17,20-liase. Maior atividade da 17,20-liase tem sido atribuída à fosforilação de resíduos Ser/Thr, à atividade do citocromo b5, ou aos níveis de insulina ou estradiol (Lee-Ribichaud et al, 1995; Ditkoff et al, 1995; Zhang et al, 1995; Katagiri et al, 1995; Moghetti et al, 1996; Tee et al, 2008). Em adição, parece que a 17,20-liase é menos ativa nos ovários do que nas adrenais (Gonzalez et al, 1996). Mesmo após exclusão das disfunções enzimáticas específicas, como recomendado em Roterdã, pacientes com SOP ainda podem exibir maior atividade da enzima P450c17α do que mulheres normais (Unluhizarci et al, 1999). No entanto, a prevalência de disfunção desta enzima, tanto em pacientes hiperandrogênicas que não preenchem os critérios da SOP como naquelas com SOP, é imprecisa (Gonzalez et al, 1996). Há mesmo relatos negando alteração da P450c17α na SOP 32 (Azziz et al, 1995), uma vez que nos experimentos in vitro parece não haver atividade desigual entre 17α-hidroxilase e 17,20 liase nas células tecais de pacientes com SOP (Nestler e Jakubowicz,1996; Nelson et al, 2001). No entanto, alguns estudos verificaram expressões diferentes da P450c17α em adrenais e ovários na SOP, com relatos de maior atividade 17α-hidroxilase sem ser acompanhada de modificação na 17,20 liase nas células da teca (Carbunaru et al, 2004; Nelson et al, 2001). Mesmo havendo inconsistências, são vários os estudos que mostram desregulação da P450c17α em mulheres com SOP (Barnes et al, 1989; Rosenfield et al, 1990). Esta observação persistiu mesmo nos estudos que adotaram os novos critérios do NIH para definir a SOP (Ehrmann et al, 1992; Gonzalez et al, 1999; Çolak et al, 2002). Há relatos de redução relativa da ação 17α-hidroxilásica com aumento da 17,20 liase nas adrenais nestas pacientes (Ditkoff et al, 1995; Gonzalez et al, 1996; Gonzalez et al, 1999) ou mesmo maior elevação da 17α-hidroxilase em relação à 17,20 liase (Barnes et al, 1989; Ehrmann et al, 1992). Os fundamentos para estas alterações na SOP não estão claros. Além de maior proporção de P450 oxiredutase/P450c17α ser condição necessária para que haja maior atividade 17,20 liásica (Lin et al, 1993), o citocromo b5 também parece aumentar mais efetivamente a ação da 17,20 liase do que a da 17α-hidroxilase (Katagiri et al, 1995; Auchus et al, 1998). Além disso, o estrogênio circulante parece ativar a 17,20 liase na via ∆4 sem alterar esta função na via ∆5 (Ditkoff et al, 1995) e a insulina pode inibi-la, pelo menos nas adrenais (Moghetti et al, 1996). Assim, experimentalmente, o aumento da insulina pode induzir progressiva redução do DHEAS (Guido et al, 2004). Por outro lado, estudos mostram que in vivo a insulina estimula indistintamente o sistema 17α- 33 hidroxilase e 17,20 liase, tanto em ovários como em adrenais (Nestler e Jakubowiccz, 1996; Ehrmann et al, 1995). No presente estudo, em condições basais, as concentrações mais elevadas de 17α-OHP4, DHEAS e A nas pacientes hiperandrogênicas do que nas normoandrogênicas, sugerem maior atividade 17α-hidroxilase e 17,20 liase nestas pacientes na via ∆4. As concentrações basais de 17α-OHPE não sendo diferentes nos dois grupos, sugerem a mesma atividade basal da 17α-hidroxilase na via ∆5. Quando avaliadas pela razão produto/precursor (17α-OHP4/P4) em condições basais, comprovou-se maior atividade 17α-hidroxilase na via ∆4 nas pacientes hiperandrogênicas, quando comparadas às normoandrogênicas, assim como maior atividade da 17,20 liase na mesma via quando foi avaliada pela relação A/17αOHP4, (p=0,047). Na via ∆5, as atividades da 17,20 liase foram iguais entre pacientes normo e hiperandrogênicas (DHEAS/17α-OHPE, p= 0,415). Após estímulo adrenal com cortrosina, maior atividade da 17,20 liase foi confirmada aos 60 min, não se observando nenhuma diferença na ação da 17α-hidroxilase após o estímulo. Enquanto maior atividade da 17,20 liase tem sido observada em pacientes com SOP quando estas são comparadas com pacientes normais (Bayoumy e Althman, 2001; Ditkoff et al, 1995), atividade semelhante da 17αhidroxilase foi observada entre pacientes com SOP e pacientes normais (Ditkoff et al, 1995). Mesmo utilizando dose menor de cortrosina, maior atividade 17αhidroxilase e 17,20 liase já foi observada na via ∆4, quando pacientes com SOP foram comparadas com mulheres normais. Com dose de 0,25 mg, pacientes com SOP mostraram atividade maior apenas da 17,20 liase em um estudo (Gonzalez et al, 1999). Alguns outros estudos examinando a atividade P450c17α em condições basais mostraram que entre as pacientes hiperandrogênicas algumas têm atividade 34 17α-hidroxilase elevada na via ∆5, sendo que poucas delas têm também elevação desta atividade na via ∆4. Em outro estudo, após estímulo adrenal com cortrosina, poucas pacientes revelaram maior atividade da 17α-hidroxilase em relação à 17,20 liase (Azziz et al, 1995). Neste mesmo estudo, nenhuma paciente mostrou maior atividade 17,20 liase na via ∆5, mas algumas o fizeram na via ∆4. Com esses resultados os autores não admitiram haver desregulação da P450c17α nas pacientes hiperandrogênicas. Além dos achados do presente estudo, desregulação da P450c17α foi encontrada após teste com cortrosina em outras publicações, sendo que níveis séricos de insulina e estradiol foram considerados capazes de influenciar o aparecimento da desregulação enzimática (Ehrmann et al, 1992; Ditkoff et al,1995). Os resultados discrepantes constatados nas publicações disponíveis são devidos provavelmente a diferentes populações estudadas ou a diferentes critérios de elegibilidade na inclusão das pacientes. No presente estudo, todas as pacientes incluídas preencheram os três critérios de Roterdã propostos para definir SOP e a comparação foi feita entre pacientes normoandrogênicas vs hiperandrogênica e não entre pacientes com SOP e mulheres normais. Os dados do presente estudo, mostrando que em condições basais há maior atividade 17α-hidroxilase e 17,20 liase na via ∆4 e após estímulo com cortrosina atividade é maior apenas na 17,20 liase nesta via, suportam a existência de desregulação da enzima P450c17α em pacientes com SOP. Atividade combinada das enzimas 11β-hidroxilase e 21α-hidroxilase A ação combinada das enzimas 11β-hidroxilase e 21α-hidroxilase, avaliadas pela razão C/17α-OHP4, tem sido iguais entre pacientes com SOP e 35 mulheres normais (Ditkoff et al, 1995). No presente estudo, a razão C/17α-OHP4 revelou existência de diminuição significativa da ação dessas enzimas (p 0,0001) nas pacientes hiperandrogênicas, possibilitando maior disponibilidade dos substratos androgênicos nessas pacientes. A natureza e os mecanismos envolvidos nesse defeito enzimático combinado são ainda incertos (Hurwitz et al, 1985) e mais estudos em pacientes com SOP, ou com outras causas de hiperandrogenismo, serão necessários. Considerações finais O presente estudo tem possíveis limitações. Primeiro, os critérios para excluir as formas clássicas de deficiências da 21α-hidroxilase, 11β-hidroxilase e 3βHSD usados por diferentes autores ainda não estão definitivamente estabelecidos e aqueles usados no presente estudo talvez não sejam universalmente aceitos. Segundo, o uso da razão A/DHEAS como substituto da razão A/DHEA para avaliar a ação da enzima 3β-HSD pode não ser adequada; no entanto, os níveis de DHEAS e DHEA são fortemente correlacionados (Payne e Hales, 2004; Lucky et al, 1986; Rosenfield et al, 1972) e o DHEAS tem a vantagem de ser relativamente estável ao longo do dia e facilmente mensurado. Por fim, o número de pacientes no grupo normoandrogênico é menor, mas a diferença no número de indivíduos em comparação foi adequada e estatisticamente ajustada (Daly e Bourke, 2000). Por outro lado, o estudo atual tem alguns aspectos robustos. O estudo provê uma definição clara da SOP e usa vários parâmetros para definir hiperandrogenismo, provendo então sensibilidade de pelo menos 75% na identificação destes indivíduos (Huang et al, 2010). A análise em separado de pacientes com níveis elevados de androgênios também favorece a identificação de 36 possíveis alterações na esteroidogênese dos indivíduos com SOP que não seriam identificados caso as pacientes com SOP fossem analisadas como um só grupo. Por fim, a análise em separado de pacientes com SOP, segundo o critério de hiperandrogenismo bioquímico traz novas informações e abre outras possibilidades para esclarecimento da diagnosticadas com SOP. heterogeneidade observada entre as pacientes 7. CONCLUSÕES 37 Conclusões 1. As atividades 17α-hidroxilase e 17,20 liase são iguais nos dois grupos na via Δ5, mas estão aumentadas na via Δ4 nas pacientes hiperandrogênicas. 2. Após estímulo adrenal com cortrosina a atividade 17,20 liase persiste maior na via Δ4. 3. A atividade da enzima 3β-HSD é maior nas pacientes hiperandrogênicas apenas na conversão de DHEA em A. 4. As atividades das enzimas aromatase e 17β-HSD são menores nas pacientes com SOP e hiperandrogenismo bioquímico. 5. A atividade combinada das enzimas 21α-hidroxilase e 11β-hidroxilase, está diminuída nas pacientes com hiperandrogenismo bioquímico. 6. A atividade combinada das enzimas 3β-HSD, 11β-hidroxilase e 21αhidroxilase foi também menor nas pacientes hiperandrogênicas com SOP. 7. Pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas têm as mesmas concentrações séricas de cortisol, estradiol, FSH, 17α-OHPE, PRL e homônios tireoidianos. 8. Pacientes com SOP e hiperandrogenismo bioquímico têm maiores concentrações de LH, Tt, 17α-OHP4, 11β-DOC, DHEAS, A e P4. 9. Pacientes com SOP e hiperandrogenismo bioquímico têm menores concentrações de SHBG do que as normoandrogênicas. 10. Não se observou diferenças na idade, ou variáveis antropométricas, entre pacientes com SOP normo e hiperandrogênicas. 8. 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Atividade física: Horas/semana: III – Parâmetros clínicos: Anamnese: Exames físicos: Peso: Estatura: IMC: Área: PA: Cíntura: Quadril: Rel C/Q: Acne Hirsutismo Acantose Estrias Galactorréia Obesidade Esterilidade Polimenorréia Amenorréia primária Amenorréia secundária IV. Ultrassonografia transvaginal Útero: OD: OE: Endométrio: Adams: Espessura ________ Aspecto ________ Outros Menarca 56 V- Parâmetros laboratoriais: DATA FSH LH Razão LH:FSH PRL T4 livre TSH Progesterona Estradiol Testosterona total Testosterona livre SHBG Cortisol Androstenediona DHEA DHEAS 17 OH progesterona 17 OH prognenolona 11- desoxicortisol Glicemia de jejum Insulina de jejum Razão glicose: insulina Peptídeo C Hb glicosilada Colesterol total HDL LDL VLDL Triglicérides Albumina VI- TESTES DINÂMICOS: Curva glicêmica 0’ 30’ 60’ 90’ 120’ 180’ Teste da cortrosina: A 0’ 30’ 60’ Teste da GnRH: LH 0’ 30’ 60’ VII- Antropometria: Peso: Estatura: IMC: R C:Q: Curva insulínica P4 17-OHP4 FSH Data Curva peptídeo C 17-OHPE E2 Cortisol P4 57 ANEXO 02 58 ANEXO 03 TERMO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 1-Projeto de pesquisa: “Atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normoandrogênicas e hiperandrogênicas com síndrome de ovários policísticos ”; 2-Pesquisadores: Dr Sebastião Freitas de Medeiros, médico, professor da disciplina Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário Julio Muller e do Mestrado em Ciências da Saúde/Universidade Federal de Mato Grosso; Dra.Márcia Marly Winck Yamamoto, médica do Instituto Tropical de Medicina Reprodutiva e Menopausa INTRO, aluna do mestrado em Ciências da Saúde/Universidade Federal de mato Grosso; 3-Finalidade da Pesquisa: Comparar a atividade das enzimas esteroidogênicas em pacientes normo e hiperandrogênicas com síndrome dos ovários policísticos. Avaliar a resposta da glândula adrenal basal e após administração endovenosa da cortrosina nestas pacientes com síndrome dos ovários policísticos através das dosagens hormonais da progesterona, 17-hidroxiprogesterona,17-hidroxipregnenolona, 11-deoxicortisol, androstenediona, cortisol, testosterona total, DHEAS, SHBG, insulina. 4-A pesquisa será realizada avaliando os níveis sangüíneos dos hormônios androgênios, glicose, insulina colesterol total, triglicerídeos, HDL-c, LDL-c e teste da cortrosina através de coleta sangüínea por punção periférica da veia do antebraço, de uma amostra basal e, avaliação dos níveis do cortisol, 17-hidroxiprogesterona, progesterona e androstenediona após administração endovenosa de ACTH1-24, 30 e 60 minutos após (teste da cortrosina). Este teste serve, entre outros, para detectar alterações na glândula adrenal e deficiência tardia da 21 hidroxilase; 5-O desconforto e risco do procedimento são mínimos , já que se tratam de punções venosas periféricas, com materiais descartáveis, realizadas por pessoal treinado; 6-A paciente que concordar em participar da pesquisa se beneficiará, pois terá sua função adrenal avaliada, bem como realização de exames de glicemia e perfil lipídico. Caso seja encontrada qualquer alteração, a mesma receberá a devida orientação de tratamento e terá acompanhamento garantido no HUJM-MT; 7-Em qualquer fase da pesquisa, a participante terá acesso aos profissionais responsáveis pelo esclarecimento de eventuais dúvidas através do telefone (65)-8468 9775 – Dra. Márcia; 8-É garantida a liberdade de retirada do concentimento informado em participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer prejuízo de continuidade do seu tratamento na instituição ; 9-Direito de confidencialidade- As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente; 10-Despesas e compensações: Não há despesas pessoais para a participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Não há compensação financeira relacionada á sua participação; 11-Compromisso do pesquisador em utilizar os dados e material coletado somente para esta pesquisa. Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo; “Atividade das enzimas corticoesteroidogênicas em pacientes normo e hiperandrogênicas com síndrome de ovários policísticos”. Discuti com o médico que me atendeu sobre a minha decisão em participar desse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos,as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar, caso seja comprovado através dos exames, que tenho alguma alteração que necessite tratamento. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,sem penalidades, ou prejuízo, ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido no meu atendimento neste serviço. __________________ Data: Assinatura do paciente _________________ Data: Assinatura da testemunha #Somente para o responsável do projeto: Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação do estudo. __________________________ Data: Assinatura 59 ANEXO 04 TABELA DE CONVERSÃO PARA SISTEMA DE UNIDADES INTERNACIONAL(SI) Valores Referência Fatores de conversão Sistema Internacional (SI) Androstenediona ng/dl X 0,0349 Androstenediona nmol/l Colesterol total mg/dl X 0,0259 Colesterol total mmol/l Triglicerídeos mg/dl X 0,0113 Triglicerídeos mmol/l HDL-c mg/dl X 0,0259 HDL-c mmol/l LDL-c mg/dl X 0,0259 LDL-c mmol/l Glicose mg/dl X 0,0555 Glicose mmol/l Insulina μU/ml X 7,175 Insulina pmol/l Estradiol (E2) pg/ml X 3,67 Estradiol (E2) pmol/l SHBG nmol/l X 1,0 SHBG nmol/l Prolactina ng/ml X 0,04348 Prolactina nmol/l TSH mUI/L X 1,0 TSH mUI/L T4 Livre ng/dl X 12,87 T4 Livre pmol/l FSH mIU/ml X 1,0 FSH IU/L LH mIU/ml X 1,0 FSH IU/L Testosterona Total ng/dl X 0,0347 Testosterona Total nmol/l Progesterona ng/ml X 3,18 Progesterona nmol/l 17-Hidroxiprogesterona X 0,0303 17-Hidroxiprogesterona (17-OHP4) ng/dl (17-OHP4) nmol/l DHEAS μg/dl X 0,0271 DHEAS μmol/l 17-Hidroxipregnenolona (17OHPE) ng/dl X 0,0301 17-Hidroxipregnenolona 11-Deoxicortisol ng/dl X 0,0289 (17-OHPE) nmol/l 11-Deoxicortisol nmol/l 60 ANEXO 5 Original Message ----From: EJOGRB [email protected] To: [email protected] Cc: Sent: Sex 1/06/12 08:20 Subject: Fwd: Manuscript number assigned EJOGRB-12-8372 Ref.: Ms. No. EJOGRB-12-8372, Corticosteroidogenic enzyme activity in normo- and hyperandrogenic Brazilian women with polycystic ovary syndrome European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology Dear Ph. D.,M.D. de Medeiros, Your submission entitled "Corticosteroidogenic enzyme activity in normo- and hyperandrogenic Brazilian women with polycystic ovary syndrome" has been assigned the following manuscript number: EJOGRB12-8372. It will now be forwarded to one of the Specialty Editors for assessment: as a result of ever-increasing submissions to this journal, it has become necessary to implement more stringent selection parameters, and preliminary assessment is one of those recently implemented measures. You will be able to check on the progress of your paper by logging into Elsevier's Editorial System (EES) as an author. The URL is http://ees.elsevier.com/euro/ Your username is: de medeiros If you need to retrieve password details, please go to: http://ees.elsevier.com/euro/automail_query.asp With kind regards, Lorraine McMorrow Journal Manager European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology For further assistance, please visit our customer support site at http://support.elsevier.com Here you can search for solutions on a range of topics, find answers to frequently asked questions and learn more about EES via interactive tutorials. You will also find our 24/7 support contact details should you need any further assistance from one of our customer support representatives. 61 Corticosteroidogenic enzyme activity in normo- and hyperandrogenic Brazilian women with polycystic ovary syndrome Sebastião Freitas de Medeiros, M.D., Ph.D. 1,2,3 Ângelo Barrionuevo Gil-Junior, M.D.2 Jacklyne Silva Barbosa, R.N.3 Érico Duarte Isaías, M.D.2 Márcia Marly Winck Yamamoto, M.D. 3 1 Department of Gynecology and Obstetrics at Medical Science School – UFMT, Cuiabá, MT, Brazil 2 Julio Muller University Hospital, Cuiabá, MT, Brazil 3 Tropical Institute of Reproductive Medicine and Menopause, Cuiabá, MT, Brazil. Corresponding author: Sebastião Freitas de Medeiros Rua Almirante Henrique Pinheiro Guedes, 195, Duque de Caxias, Cuiabá, MT, ZIPMAIL: 78043-306, Brazil Phone: (55)(65) 33227342 Fax: (55)(65) 36230079 E-mail: [email protected] Condensation Hyperandrogenic PCOS patients have higher 17,20 lyase activity in the Δ4 pathway, and lower 11β-hydroxylase and 21- hydroxylase activities than normoandrogenic ones. 62 Corticosteroidogenic enzyme activity in normo- and hyperandrogenic Brazilian women with polycystic ovary syndrome Sebastião Freitas de Medeiros, Ângelo Barrionuevo Gil-Junior, Jacklyne Silva Barbosa, Érico Duarte Isaías, Márcia Marly Winck Yamamoto ABSTRACT OBJECTIVE: To compare the activities of the corticosteroidogenic enzymes in polycystic ovary syndrome (PCOS) patients. STUDY DESIGN: Cohort study including one hundred and twenty- two patients with PCOS at the Julio Muller University Hospital; eight-one of them presented biochemical hyperandrogenism and 41 had normal androgen levels. The study compares the activities of corticosteroidogenic enzyme in normo- and hyperandrogenic PCOS patients diagnosed by the Rotterdam criteria using product/precursor ratio at baseline and after adrenal tetracosactrin estimulation test. RESULTS and CONCLUSION: At baseline, the hyperandrogenic patients showed greater 17-hydroxylase and 17, 20 lyase activities in the Δ4 pathway than the normoandrogenic ones (p = 0.0005 and p= 0.047, respectively). In the Δ5 pathway this enzyme complex showed the same activity in both groups. Hyperandrogenic patients presented lower 21hydroxylase, lower 11β-hydroxylase (p = <0.0001), and greater 3β-HSD activities (p< 0.0001). After tetracosactrin stimulation only 17,20 lyase activity remained increased in the Δ4 pathway ( p< 0.0001). It was concluded that in PCOS the 17,20 lyase activity is higher in hyperandrogenic patients, both at baseline and after adrenal stimulation. Greater conversion of DHEA into A without higher conversion of 17-OHPE to 17-OHP4 in hyperandrogenic PCOS patients indicate different 3β-HSDII activity in different adrenal cells. Hyperandrogenic PCOS patients have lower 11β-hydroxylase and 21-hydroxylase activities. Keywords: Polycystic ovary syndrome, steroidogenesis, hyperandrogenism, enzyme activity, adrenal stimulation. 63 Introduction In polycystic ovary syndrome (PCOS) the luteinizing hormone (LH) pulse frequency is increased, resulting in greater secretion of ovarian testosterone (T) and androstenedione (A). As the follicle-stimulating hormone (FSH) action is not increased, sometimes even decreased, there is a relative lower aromatization of these androgens in the granulosa cells [1]. PCOS patients also seem to have a generalized adrenal hyperactivity due to either enhancement of the hormone adrenocorticotrophic (ACTH) action [2] or acceleration in cortisol catabolism [3]. After the Rotterdam criteria [4] biochemical hyperandrogenism has been found in 75%-82% of PCOS patients [5,6]. The short- and long-term metabolic consequences of the hyperandrogenism require that the androgen levels and the source of such androgens, be determined to provide a rational for therapy. Androgen synthesis requires the action of the cholesterol side-chain cleavage (CYP11A) and cytochrome P450c17α (CYP17) enzymes. The CYP17 enzyme mediates both 17hydroxylase and 17,20 lyase activities, with greater 17-hydroxylase activity in the adrenal fasciculate layer and equivalent activities in the reticular layer. 17-hydroxylase promotes rapid conversion of pregnenolone (PE) and progesterone (P4) into 17-hydroxypregnenolone (17OHPE) and 17-hydroxyprogesterone (17-OHP4); more slowly, the 17,20 lyase converts 17OHPE and 17-OHP4 into dehydroepiandrosterone (DHEA) and androstenedione (A) [7]. Two other adrenal enzymes, 3β-hydroxysteroid dehydrogenase II (3β-HSDII), and sulfotransferase (SULT2A1) drive these precursors towards the synthesis of A and dehydroepiandrosterone sulfate (DHEAS) [7,8]. After excluding classical 21-hydroxylase, 3β-HSDII and 11β-hydroxylase deficiencies, thyroid disfuntion hyperprolactinemia, defects in imbalanced enzyme activity may till account for the biochemical hyperandrogenism seen in some PCOS patients [9,10]. Currently, a few studies have investigated the activity of the corticosteroidogenic enzymes [11], without comparing their results with those obtained before the Rotterdam standardization. It is possible to exist differences in steroidogenic enzyme activities in PCOS patients diagnosed before and after Rotterdam [12,13]. The present study aims to examine the activities of these enzymes in normo- and hyperandrogenic PCOS patients, and compare its findings with those obtained before the Nacional Institute of Health (NIH) meeting and the Rotterdam consensus. 64 Material and Methods All the patients were prospectively enrolled at the Júlio Muller University Hospital and Tropical Institute of Reproductive Medicine and Menopause, Cuiabá, MT, Brazil, from January/2003 to May/2011. An informed consent approved by the local Committee for Ethics in Research was signed by each patient. Those who have used sex steroids or insulin sensitizing drugs over the last six months, or who did not fulfill the Rotterdan criteria were excluded. Classics 21-hydroxylase, 3β-HSDII, and 11β-hydroxylase deficiencies were excluded as follows: 17-OHP4 levels ≤ 5ng/ml (≤ 15nmol/l), 17-OHPE < 0.42ng/ml (< 13,5nmol/l) and 11-DOC < 8ng/ml (< 24 nmol/l) [10,14]. Eighty-one patients had biochemical hyperandrogenism and 41 had normal androgen levels. Two of these patients (one of each group) were later excluded because 17-OHP4 levels were > 30nmol/l 60 min after adrenal stimulation. In cases where the 17-OHP4 levels were > 1 and < 5 ng/ml, the tetracosactrin stimulation test was performed; 21hydroxylase enzyme deficiency was excluded if 17-OHP4 levels < 10ng/ml (30 nmol/l) 60 min after tetracosactrin [14]. Patients were 27.2 ±5.5 years old. Anthropometric parameters were measured as previously described [6]. Hyperandrogenism was defined with total testosterone ≥ 2.4nmol/l, androstenedione ≥ 8.7nmol/l, DHEAS≥ 6.7nmol/l, and FAI ≥ 7 [6,15]. The FAI was estimated as total testosterone (nmol/l)/sex hormone-binding globulin (SHBG; nmol/l) x 100. The comparison between normo- and hyperandrogenic PCOS patients instead of comparing PCOS subjects with healthy women attended recent recommendation [16]. The tetracosactrin stimulation test was performed between 8.00 and 9.00AM, after 12hours fast. At baseline, 30, and 60 min after the injection of 0.25 mg of tetracosactrin (Synacthen®, Novartis Pharmaceuticals, NJ, USA), blood samples were collected and assayed for 17-OHP4, cortisol (F), A and P4. The adrenal response was evaluated by the area under the curve (AUC) and the difference between the basal value and the highest value, divided by the basal value (maximum increment, ∆). Hormones were measured by previously validated methods. Serum P4 was measured by a chemiluminescence assay (Advia Centaur, Siemens Healthcare Diagnostics, UK) with sensitivity of 0.67nmol/l (0.21 mg/ml), coefficients of intra-assay and inter-assay variation were between 3.7-12.4% and 2.6-3.9%, respectively. Serum LH, FSH, TSH, estradiol, PRL, SHBG, total testosterone and FT4 were measured by electrochemiluminescence assay (Elecsys 1010, Roche Diagnostics GMBH, Mannhein, German). The sensitivity and intra and inter-assay coefficients of variation were: 0.1 mUl/l, 1.8% - 3.4% for LH; 0.1 mUl/ml, 1.8% - 3.5% for FSH; 18.4 pmol/l, 3.3% - 6.2% for estradiol; 0.002nmol/l, 2.8% - 5.0% for PRL; 0.35 nmol/l, 2.6% - 5.6% for 65 SHBG; 0.27µUl/ml, 2.1% - 8.6% for TSH; 0.069 nmol/l and 2.7% - 6.0% for total testosterone; 0.3 pmol/l and 3.6% - 6.2% for FT4. Androstenedione, DHEAS, F, and insulin were measured by chemiluminescence assay with sensitivity of 1.0 nmol/l, 0.08µmol/l, 5.5nmol/l and 2µUI/ml, respectively (Siemens Medical Solution Diagnostics, CA, USA); intra and inter-assay precision coefficients of variation were, respectively, 6.4% and 8.2% for A; 4.9% and 8.8% for DHEAS; 5.8% and 8.6% for F; 4.9% and 6.4% for insulin. 17-OHPE levels were verified by a coot-acount radioimmunoassay (Siemens Health Care Diagnostics Inc., CA, USA) with sensitivity of 0.21 nmol/l, inter and intra-assay imprecision of 5.5% and 7.9%, respectively. 11-DOC was measured by a HPLC/RIA developed in-house by Alvaro Center of Analysis and Clinical Research, Paraná, Brasil; sensitivity of 0.3 nmol/l and inter-assay coefficients of variation of 5.3% and 10.8%, respectively. 17-OHPE was measured by a HPLC/RIA, using tritiated steroid (NEN Life Science Products, Boston, MA,USA) and antiserum from ICN Biochemical Inc (Costa Mesa, CA,USA); sensitivity of 0.033nmol/l, intra and inter-assay coefficients of variation of 8.9% and 11%. Data with nonparametric distribution were transformed into a logarithmic scale before analysis and subsequently retransformed into the original units. Anthropometric, endocrine and enzymatic activity measure were presented as mean ( ) and standard deviation (SD). Data not normally distributed (F, 17-OHP4 and A) were presented as median and first and third quartiles and analyzed by unpaired Wilcoxon-Mann-Whitney test, Welch test, or proportion test; p value ≤ 0.05% was considered as statistically significant. Results Infertility and secondary amenorrhea tended to be more frequent in hyperandrogenic patients, without reaching statistical significance (p=0.064 and p=0.117 respectively); hirsutism, acne, acanthosis nigricans, and oligomenorrhea were similar in normo- and hyperandrogenics patients. No difference in age, BMI, waist/hip ratio, and body surface area was observed (Table 1). The hyperandrogenic patients had higher basal levels of LH, T, A, DHEAS, 17-HOP4, 11DOC, and insulin than normoandrogenic ones. Baseline concentrations of F, PRL, P4, E2 and thyroid hormones were similar in both groups (Table 2). At baseline, 17,20 lyase activity was not different between normoandrogenic and hyperandrogenic women in the Δ5 pathway (Table 3). The hyperandrogenic patients demonstrated higher 17-hydroxylase (17-OHP4/P4 of 3.49 vs 2.21; p = 0.0005) and 17,20 lyase (A/17-OHP4 of 3.38 vs 2.58; p = 0.047) activities in the Δ4 pathway. The 3β-HSDII enzyme converted more DHEA to A in the hyperandrogenic patients (A/DHEAS of 3.02 vs 1.52; p< 66 0.0001). In contrast, 17-HOPE was converted into 17-OHP4 at the same rate in both groups (17HOP4 ∕ 17-OHPE of 1.79 vs 1.67; p = 0.837). The activities of 21-hydroxylase (11-DOC/17OHP4 of 1.0 vs 2.2; p < 0.0001) and 11β-hydroxylase (C/11-DOC of 54.2 vs 74.4; p < 0.0001) were lower in hyperandrogenic patients (Table 3). After adrenal stimulation, the maximal levels of C, A, 17-OHP4, and P4 were not different in normo- and hyperandrogenic patients (p > 0.05). However, the areas under the response curves of 17-OHP4 and A were higher in the hiperandrogenics (p < 0.0001 and p = 0.049, respectively). Even though they have presented different activities under basal conditions, after tetracosactrin stimulation normoandrogenic and hyperandrogenic patients did not differ in their 17-hydroxylase activity in the Δ4 pathway (p = 0.134; Figure 1). On the other hand, like at baseline, 17,20 lyase activity in this pathway was also greater in hyperandrogenic women (p < 0.0001; Figure 1). Two out of 16 (12.5%) normoandrogenic patients had 17-OHP4 levels between 15 and 30 nmol/l; in the hyperandrogenic PCOS group 11/58 (18.9%) presented 17OHP4 levels in this range (p = 0.551). Comments The present study compares the activities of different corticosteroidogenic enzymes between normoandrogenic and hyperandrogenic PCOS patients, rather than between PCOS and healthy subjects, as recently suggested [16], both before and after adrenal stimulation. As far as you know this is the first study comparing corticosteroidogenics enzyme activities between normo- and hyperandrogenic PCOS patients. It was already shown that a single early morning basal serum androgen measurement, as used in the current study, is an extremely accurate screening method [17]. In previous studies, using several androgens as markers, biochemical hyperandrogenism has been found in up to 80% of PCOS patients diagnosed by the Rotterdan criteria, in different populations [5,6]. Adrenal hyperandrogenism was found in up to 62% of PCOS patients [18]; ovarian hyperandrogenism seems to be even more frequent [5]. No consistent enzymatic abnormality in PCOS patients steroidogenesis has been reported. After the introduction of the Rotterdam criteria in the clinical setting, a few studies have examined the activities of these enzymes [13]; this was the proposal of the current study. The corticosteroidogenesis pathway understanding is facilitated by following Figure 2, a modification of Payne and Hales [7]. Dysregulation of the P450c17α enzymatic complex in PCOS was already reported before [12,19] and after [20] Rotterdam, at least in hyperandrogenic PCOS patients. In the current study, 17,20 lyase activity was higher in the ∆4 pathway in the hiperandrogenic patients, both at baseline and after tetracosactrin injection. Either decrease in 67 17-hydroxylase activity with increase in 17,20 lyase [17], or increase in 17-hydroxylase in relation to 17,20 lyase [10] was found. An early study demonstrated that in PCOS patients estrogen may activate 17,20 lyase in the ∆4 pathway without changing it in the ∆5 pathway [11]. The increase in 17,20 lyase activity in PCOS patients has also been attributed to Ser/Thr residues phosphorylation, and cytochrome b5 [21-23]. In fact, P450C17α dysregulation has been attributed to a modulatory effect of cytochrome b5, insulin, or estradiol [11,22]. In the current study, estradiol levels were a little higher in the hyperandrogenic group, and this finding may support previous observation that estrogen might increase 17,20 lyase activity in ∆4 pathway in PCOS patients [11,13]. Also, hyperandrogenic patients presented higher insulin baseline levels. Neverthless, the role of insulin in P450c17α enzyme activity has been reported to be inconsistent [11,22,24]. The higher 17-OHP4 and A baseline levels found in the hyperandrogenic patients in the present study indicated that at least the hyperandrogenic PCOS women have greater 17hydroxylase and 17,20 lyase activities in the Δ4 pathway. Higher basal levels of DHEAS and 17-OHPE also indicated higher P45017α complex activity in ∆5 pathway in hyperandrogenic patients. These observations are relevant because in normal conditions the human P450c17α possesses normal 17,20 lyase activity in the ∆5 pathway and minimal, if any, activity in the ∆4 pathway [25]. Greater activity of 17,20 lyase was previously demonstrated in PCOS patients diagnosed according to the Rotterdam criteria as compared with healthy individuals; on the other side 17-hydroxylase activity was shown to be the same in both PCOS and healthy women [13]. There is no clear explanation for this inconsistency but 17-hydroxylase activity may already be maximally driven precluding its further increase in the ∆4 pathway. Hyperandrogenic patients may present decreased 3β-HSDII activity with lower conversion of Δ5-3β-hydroxysteroids into Δ4-3β-hydroxysteroids [8,9]. The result is higher levels of substrates for androgen synthesis [25,26]. Before Rotterdam, a non-classic clinical form of 3β-HSD deficiency was reported in hyperandrogenic patients with hirsutism and abnormal menstrual cycles [26,27] and different 3β-HSD activities were reported in PCOS patients both before and after Rotterdam [25]. In the current study, normo- and hyperandrogenic PCOS patients had equal ratios of progesterones (17-OHP4/17-OHPE p = 0.837), suggesting equal 3βHSDII activity in these groups in the conversion of 17-OHPE into 17-OHP4. Equal 3β-HSDII activity was already reported by others when healthy women and PCOS patients were compared [11]. Using DHEAS as surrogate for DHEA, the higher (A/DHEAS) ratio in hyperandrogenic patients, found in the current study, suggests higher 3β-HSDII activity in the conversion of 68 DHEA into A. This discrepancy and inconsistence in the 3β-HSDII activity indicates that this enzyme may not have the same gene expression in all adrenal cells [28]. Lower 21-hydroxylase activity has been found in 1%-19% of PCOS patients, depending on the ethnicity [29]. In the present study, this lower activity was found only in hyperandrogenic patients, in whom the 11-DOC/17-OHP4 ratio was significantly lower as compared to normoandrogenic patients. So, the present study supports the tendency toward lower 21hydroxylase activity in some PCOS patients already found before [29] and after [30] Rotterdam standardization. Slight 11β-hydroxylase deficiency has been found in up to 8.4% of PCOS patients before Rotterdam [11]. Ten percent (4/40) of the hyperandrogenic patients presented 11-DOC concentrations of 18.2nmol/l, a level threefold higher than the third quartile of the normoandrogenics, indicating some 11β - hydroxylase deficiency. Similar results were previously observed when hyperandrogenic PCOS patients were compared with normal controls [10]. In addition, in the current study, hyperandrogenic patients had lower C/11-DOC ratio, with 11-DOC accumulation. The findings support earlier observation of lower 11β-hydroxylase activity in clomiphene resistant PCOS patients [12]. A significant decrease in the combined activities of 11-hydroxylase and 21-hydroxylase was present in the hyperandrogenic patients in the present study. After Rotterdan, the combined activities of these enzymes, as examined by C/17-OHP4 ratio, were reported to be the same in PCOS patients as a whole group as compared to healthy controls [31]. It may be concluded that anthropometric and clinical aspects were not different between normoand hyperandrogenic PCOS patients. Dysregulation of p450c17α enzymatic complex with greater 17,20 lyase activity was found only in the hyperandrogenic PCOS patients at baseline and after adrenal stimulation. Greater conversion of DHEA into A seen in hyperandrogenic PCOS patients without higher conversion of 17-OHPE to 17-OHP4 indicates different 3β-HSDII activity in different adrenal cells. Hyperandrogenic PCOS patients have lower 21-hydroxylase and 11β - hydroxylase activities than normoandrogenic ones. The results of the current study are confirmatory of the findings reported before NIH/Rotterdam systematization. Thought the present study clearly define PCOS and hyperandrogenism, it may have possible limitations. First: the criteria used to exclude classics 21-hydroxylase, 11β-hydroxylase, and 3β-HSD deficiences are not standardized yet and those used in this study may be not universally adopted. Second: the use of A/DHEAS ratio as a surrogate for A/DHEA ratio to evaluate 3β-HSDII activity may be not appropriate. However, DHEAS and DHEA levels have shown to be closely related [7,27] and DHEAS has the advantage of being stable throughout the 69 day. Third: The assays used to measure androgens may not be accurate but recent comparisons between radioimmunoassays for T, 17-OHPE, 17OHP4, 11-DOC and liquid chromatography mass spectrometry in tandem showed good agreemet between the methods [39,40]. Fourth: the comparing of enzyme activities between normo- and hyperandrogenic PCOS patients instead comparing PCOS patients with healthy women attended recent suggestion and added new information on the phenotype heterogeneity seen in PCOS patients. Acknowledgements The authors thank to Biomed Proofreading for English copyediting of the manuscript. 70 Table 1. Anthropometric characteristics of normo-and hyperandrogenic PCOS patients. Variable Normoandrogenic patients Hyperandrogenic patients n x SD n x SD pa Age (years) 39 26.6 5.8 79 27.0 5.4 0.719 Weight (kg) 38 74.6 25.6 75 16.3 0.861 Height (m) 37 1.58 0.06 64 1.57 0.07 0.450 BMI 37 29.0 10.0 64 30.6 6.5 0.386 Waist (cm) 32 87.9 18.6 59 90.9 13.1 0.422 Hip (cm) 32 106.6 16.9 59 107.7 12.8 0.749 W:H 32 0.82 0.06 59 0.84 0.08 0.182 Body area (m2) 37 1.76 0.3 64 1.81 0.2 0.369 a Welch Test 75.4 71 Table 2. Comparison of demographic and endocrine characteristics in patients with polycystic ovary syndrome with and without hyperandrogenemia. Hormone Normoandrogenic patients n x SD 36 2.50 1.31 35 14.56 1.16 37 0.48 0.25 38 6.66 1.91 38 6.10 1.49 38 2.57 1.54 35 1.50 0.50 35 39.35 1.67 31 4.16 1.77 35 347.80 139.40 17 4.98 2.80 Hyperandrogenic patients n x SD 72 2.19 1.16 62 14.23 1.46 75 0.43 0.21 74 9.32 1.69 74 5.64 1.39 74 2.85 1.41 74 2.20 1.04 43 25.38 1.70 63 10.17 5.86 78 358.90 172.10 34 6.07 3.55 pb 0.233 0.224 0.268 <0.0001 0.118 0.352 <0.0001 <0.0001 <0.0001 0.717 0.239 TSH (µUI/ml) Free thyroxine (pmol/l) a Prolactin (nmol)* LH (mUI/ml)a FSH (mUI/ml)a LH:FSH ratioa Total testosterone (nmol/l)* SHBG (nmol/l) a IAL(%) Cortisol (nmol/l)* 17-hydroxypregnenolone (nmol/l)* 17-hydroxyprogesterone 35 3.36 1.60 76 4.74 1.66 <0.0001 a* (nmol/l) 11-deoxycortisol (nmol/l)a* 32 6.13 1.73 44 7.29 1.71 0.005 DHEAS (µmol/l)* 36 3.74 1.54 71 5.31 2.70 0.0002 Androstenedione (nmol/l)* 34 5.15 1.51 75 11.49 4.96 <0.001 Estradiol (nmol/l)* 31 162.51 64.80 50 191.97 97.0 0.105 Progesterone (nmol/l)* 31 2.23 1.46 61 1.86 1.15 0.224 Insulin (pmol/l) 32 61.29 1.92 71 82.14 1.96 0.0001 a The data underwent logarithmic transformation to meet the Gaussian distribution precepts. b Wilcoxon unpaired test ⃰ To convert gravimetric international units (SI) values to mass units divide 0.0347 for total testosterone, 0.0271 for DHEAS, 0.0301 for 17OHPE, 0.0303 for 17-OHP4, 0.0349 for androstenedione, 0.0289 for 11-Doc, 27.6 for cortisol, 3.67 for estradiol, 3.18 for progesterone, 0.04348 for PRL, 12.87 for free thyroxine, and 6.945 for insulin. 72 Table 3. Corticosteroidogenic enzymes activity in normo-and hyperandrogenic patients with polycystic ovary syndrome. Enzyme Ratioa Normoandrogenic patients Hyperandrogenic patients SD pc 0.95 3.49 3.38 1.98 1.76 0.66 0.415 0.0005 0.047 30 66 1.79 3.02 1.48 2.50 0.837 < 0.0001 1.67 42 54.27 1.96 < 0.0001 2.20 1.07 39 1.09 0.41 < 0.0001 34 148.40 2.44 73 85.30 1.98 <0.0001 14 60.30 1.83 31 58.90 1.19 0.017 n x SD n DHEAS/17-OHPE 17-OHP4/P4 A/17-OHP4 16 30 30 2.19 2.21 2.58 1.05 1.45 1.68 30 58 72 3β-HSDII (x10-3) 17-OHP4/17-HOPE A/DHEAS 30 31 1.67 1.52 1.52 0.79 11β-hydroxylase C/11-DOCb 29 74.48 21-hydroxylase 11-DOC/17-OHP4 29 11 and 21-hydroxylase C/17-OHP4b 3β-HSDII, 11 and 21hydroxylase C/17-OHPEb P450c17α 17, 20 lyase (∆5) (x103) 17-hydroxylase (∆4 pathway) 17, 20 lyase (∆4 pathway) a All the results are expressed in nmol/l. b The data underwent logarithmic transformation to meet the Gaussian distribution precepts. c Wilcoxon unpaired test x 73 Figura 01 74 Figura 02