ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AOS EVENTOS ADVERSOS DAS PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA EM USO DE QUIMIOTERAPIA. Gildete Damião Batista* RESUMO O câncer de mama (CM) constitui-se em um dos mais importantes problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. E, mesmo com todo avanço em relação ao diagnóstico e tratamento, pode provocar uma série de conseqüências físicas e emocionais à mulher. Pacientes acometidas por esta neoplasia e submetidas ao tratamento quimioterápico recebem assistência de uma equipe multiprofissional na qual o enfermeiro deve estar inserido, pois cabe a este profissional dar suporte e orientação à mulher, seus familiares e/ou cuidadores. O presente trabalho procurou, de maneira clara e objetiva, compilar conhecimentos sobre as principais formas de tratamento; listar os principais efeitos adversos causados pelo uso dos quimioterápicos; bem como descrever a atuação do enfermeiro diante de cada efeito adverso de forma a proporcionar à paciente um enfrentamento menos sofrido da doença. Para tanto, foi utilizado o método da pesquisa exploratória e descritiva através da qual foram consultados artigos científicos, dissertações, livros e teses em periódicos na língua portuguesa que abordassem o tema proposto. Com base no levantamento dos dados bibliográficos, observou-se que a melhora na qualidade de vida das mulheres com CM, em uso de quimioterapia, está diretamente associada à atenção prestada pelo enfermeiro. Foram listados os efeitos adversos do uso da quimioterapia no tratamento do CM; bem como as orientações, cuidados e esclarecimentos de dúvidas relativas a essas complicações. Ao informar e tranqüilizar as pacientes, seus familiares e/ou cuidadores sobre a doença, formas de tratamento e efeitos adversos, o enfermeiro está contribuindo para que não haja o abandono do tratamento. E, deste modo, favorecendo de forma efetiva a recuperação e reabilitação da paciente. Palavras-chaves: Câncer de mama, Efeitos adversos, Quimioterapia, Assistência de Enfermagem. * Especialista em Enfermagem Oncológica Atualiza Pós-Graduação. E-mail: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO O câncer é um conjunto de distúrbios que se apresenta sob múltiplas formas, sendo difícil desenvolver uma definição precisa, o câncer de mama (CM) representa a principal causa de morte entre as mulheres, acometendo principalmente a população feminina na faixa etária entre os 40 a 59 anos. Estudos recentes têm demonstrado um aumento na incidência desta doença em mulheres mais jovens; esse novo panorama justifica-se também pelas mudanças de hábitos alimentares, consumo excessivo de álcool, exposição a radiações ionizantes e a hormônios exógenos. Em homens o câncer de mama é bastante incomum, ocorrendo na proporção de um para cada cem casos entre as mulheres. Gomes (1987 apud DUARTE; ANDRADE, 2003) define “O carcinoma mamário é o resultado de multiplicações desordenadas de determinadas células que se reproduzem em grande velocidade [...]”. Esse tipo de câncer tem como sintomas mais comuns: nódulos ou tumores nos seios, acompanhados ou não de dor, irritações, ou irregularidades na pele, como abaulamento, retrações ou um aspecto que faz lembrar à casca de laranja, como também saída de secreção pelo mamilo e nódulos axilares palpáveis. A detecção dos nódulos ou tumores mamários pode ser feita através do autoexame das mamas (AEM) a ser realizado mensalmente pela própria mulher a partir dos 20 anos de idade, entretanto, o exame clínico das mamas (ECM) deve ser realizado por um profissional de saúde (médico ou enfermeiro) devidamente treinado; em mulheres entre 20 e 40 anos este exame deve ser realizado a cada três anos, e anualmente após os 40 anos, antes da mamografia. Embora o auto-exame e o exame clínico sejam procedimentos muito utilizados na detecção precoce do CM estes não permitem a identificação de nódulos menores que 1 (um) centímetro e lesões localizadas em regiões de difícil palpação. A mamografia é a única maneira de identificar a presença de câncer antes da detecção pelo AEM e ECM, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial muito pequenas (milimétricas); já a ultrasonografia mamária (USGM) e a ressonância magnética (RM) são úteis para fins de diagnóstico diferencial ajudando a informar se o nódulo é sólido ou se tem líquido (cisto). 3 Embora existam várias formas de diagnosticar precocemente o câncer de mama, os tumores mamários podem atingir qualquer órgão ou tecido do corpo. Desta forma, o tratamento dependerá do estágio da doença, do tipo de tumor e do estado geral de saúde da paciente sendo possível optar por um ou pela combinação de dois ou mais métodos. A quimioterapia (QT) é uma modalidade de tratamento sistêmico utilizada para tratar pacientes com: 1) comprometimento de linfonodos axilares, 2) doença com linfonodos negativos e prognóstico ruim, 3) doença loco regional avançada e 4) metástase à distância (OTTO, 2002). Geralmente, a quimioterapia é administrada em ciclos, que se seguem a períodos de recuperação, ao longo de 3 a 6 meses em média, usando várias drogas combinadas simultaneamente. Quando submetidas ao tratamento quimioterápico, as pacientes com CM podem apresentar várias manifestações clínicas e psicossociais que devem ser percebidas pela equipe de enfermagem. Cabe a esta equipe, além da ação terapêutica propriamente dita, dar suporte emocional à paciente esclarecendo dúvidas e minimizando seus medos. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivos compilar conhecimentos sobre as principais formas de tratamento do CM; conhecer os principais efeitos adversos causados pelo uso dos quimioterápicos; bem como descrever a atuação do enfermeiro no cuidado das pacientes com CM em uso de quimioterapia. Como subsídio foi realizada uma pesquisa de artigos científicos indexados, livros, dissertações, teses, revistas científicas e periódicos no período de 2000 a 2010, todos na língua portuguesa. Para acesso aos estudos pesquisados foram utilizadas as palavras-chaves: Câncer de mama, Efeitos adversos, Quimioterapia, Assistência de Enfermagem. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 TIPOS DE TRATAMENTO Segundo Gozzo (2008) “O tratamento do câncer de mama tem como objetivos principais: aumentar a sobrevida e se possível, a cura, o intervalo livre da doença, além de melhorar a qualidade de vida da mulher.” Assim, de acordo com o estágio da doença, o tipo de tumor e o estado geral da paciente o médico pode optar pela 4 realização de cirurgias diversas e o uso de radioterapia como tratamento loco regional, e ainda, a hormonioterapia e a quimioterapia para tratamento sistêmico. Essas modalidades de tratamento podem ser caracterizadas, resumidamente, da seguinte forma: - Cirurgia: Conduta mais comum. Utiliza procedimentos radicais ou conservadores para retirada de um tumor localizado, tendo por finalidade promover o controle da doença, evitando sua disseminação venosa e linfática. Atualmente, dois tipos de cirurgias conservadoras são realizadas, tais como: a tumorectomia (remove apenas o tumor) e a quadrantectomia (retira todo o quadrante da mama onde o tumor se situa), que quando utilizadas favorecerem os resultados estéticos e psicológicos (RAMOS; LUSTROSA, 2009). A radioterapia utiliza a radiação ionizante para interromper o crescimento celular, impedindo que as células se multipliquem e/ou induzindo a morte por apoptose (morte celular programada) (FRIGATO; HOGA, 2003; SMELTZER; BARE, 2005). É um tratamento local, realizado de duas formas: a externa (teleterapia) cuja fonte emissora de radiação é colocada a +/- 1 metro de distância da paciente e a interna (braquiterapia), na qual as fontes de radiação são colocadas dentro de reservatórios metálicos que ficam próximos ou em contato com a paciente (FRIGATO; HOGA, 2003; BRASIL, 2008). - Hormonioterapia: é a modalidade de tratamento que inclui o uso de drogas que modificam a atuação dos hormônios estrogênio e progesterona; podendo ser empregada na forma adjuvante, pré-operatória ou na fase metastática. Outro recurso bastante utilizado é a retirada dos ovários (ovariectomia), principalmente em mulheres na pré-menopausa e eumenorréicas. Na manipulação hormonal pode-se, ainda, empregar o uso de inibidores da enzima aromatase, que agem bloqueando a esteroidogênese adrenal (MURAD, 2007; RAMOS; LUSTOSA, 2009). - Quimioterapia: O termo quimioterapia refere-se ao uso isolado ou combinado de substâncias químicas no tratamento de doenças como a artrite reumatóide, diabetes e esclerose múltipla; podendo ser utilizada, ainda, como uma das formas de inibir o crescimento descontrolado das células cancerígenas. Do ponto de vista de seu mecanismo de ação, as drogas antineoplásicas podem ser classificadas em: 1) drogas ciclo celular específicas (CCS) que atuam em uma determinada fase do ciclo celular e têm seu efeito em função do tempo e concentração da droga, ou seja, se for mantida por infusão contínua. Como 5 exemplos pode-se citara citarabina e o metotrexato – letais sobre células em fase S (na qual ocorre a síntese de DNA) e 2) drogas inespecíficas ou ciclo-celular não específicas (CCNS) que agem em qualquer fase do ciclo, incluindo a fase G0 (fase de repouso celular). Estas são mais efetivas se administradas em doses maiores, pois o número de células atingidas é proporcional a quantidade de droga administrada. Neste grupo estão a ciclofosfamida, o bussulfan, a dactinomicina e a doxorrubicina (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). O tratamento quimioterápico (antineoplásico ou antiblástico) para o CM abrange as seguintes modalidades: a quimioterapia neo-adjuvante, também chamada de primária, de indução ou prévia, que tem como objetivo contribuir para a redução do tumor, permitindo assim, a realização de um maior número de cirurgias conservadoras que preservam a função da mama afetada; a quimioterapia adjuvante usada após tratamento cirúrgico ou radioterápico curativos tem como finalidade combater as micrometástases clinicamente imperceptíveis, possibilitando períodos mais prolongados de remissão ou até cura definitiva; e a quimioterapia paliativa empregada para aliviar os sintomas da doença metastática, onde a possibilidade de cura é remota (BONASSA, 2000; SMELTZER; BARE, 2005) Na quimioterapia antineoplásica, os agentes químicos são normalmente administrados em combinação visando aumentar o log de eliminação das células cancerígenas e para minimizar a resistência ao medicamento. Para seleção apropriada das drogas a serem usadas na quimioterapia combinada, os seguintes princípios são importantes: cada droga deve ser ativa isoladamente; as drogas devem ter mecanismos de ação diferentes; resistência cruzada mínima e efeitos tóxicos diferentes. Os protocolos mais comuns utilizados no tratamento de CM são: CMF – Ciclofosfamida (C) + Metotrexato (M) + Fluorouracil (F) ou CAF Ciclofosfamida (C) + Doxorrubicina (Adriamycin – A) + Fluorouracil (F). O Paclitaxel (Taxol – T) foi recentemente introduzido como quimioterapia auxiliar, sendo administrado após esquema AC ou em conjunto no regime combinado ATC; em todos os casos citados acima ou em qualquer outro esquema que venha a ser preconizado pelo médico, as doses utilizadas e os esquemas posológicos devem considerar a área ou o peso corporal e as condições gerais da paciente, como por exemplo: perda de peso desde o início da doença e ausência de infecção ou infecção presente sob controle; pacientes com dano renal, hepático e disfunção na 6 medula óssea devem ter as doses ajustadas a cada sessão (FREIRE; MASSOLI, 2006). Como os agentes antineoplásicos usados no tratamento quimioterápico do CM atuam no organismo de forma sistêmica, ou seja, agem em todas as células de rápida divisão celular, como as do tecido hematopoiético, do tecido germinativo, do folículo piloso, do revestimento gastrointestinal e em alguns órgãos que podem ser atingidos em maior ou menor grau, de forma precoce ou tardia, aguda ou cronicamente, estes podem causar vários efeitos adversos que incluem desde náuseas, vômitos, alterações no paladar, alopecia, mucosite, dermatite, alterações hematológicas – leucopenia, anemia, trombocitopenia e neutropenia febril até cistite hemorrágica e conjuntivite, sendo os dois últimos menos comuns (SMELTZER; BARE, 2005; FREIRE; MASSOLI, 2006; GOZZO, 2008). 2.2 EFEITOS ADVERSOS DOS QUIMIOTERÁPICOS E ATUAÇÃO DO ENFEMEIRO NO CUIDADO À MULHER PORTADORA DE CÂNCER DE MAMA. Dados da literatura revelam que ao receber o diagnóstico de CM, a mulher pode apresentar sentimentos de angústia, ansiedade, inquietação, medo, raiva, tristeza e luto. Estes sentimentos geram alterações em diversas esferas da vida, tais como: atividade sexual, vida social e, em alguns casos, vida laborativa. Segundo Vieira et al. (2007) “O câncer de mama desestrutura a mulher no sentido de trazer para a sua convivência a incerteza da vida, a possibilidade de recorrência da doença e a incerteza do tratamento.” Entretanto, a reação de cada paciente à descoberta desta neoplasia dependerá principalmente de suas características de personalidade, do estilo de vida e do modo de vida pregressos. De acordo com Maluf et al. (2005) “A mulher passará por várias fases desde a negação [...] até a fase final onde há a aceitação da existência do tumor.” (RAMOS; LUSTOSA, 2009). Segundo Shimada (2009) “É indispensável que a equipe de saúde conheça detalhadamente os efeitos adversos que cada droga, individualmente ou associada, pode desencadear [...].” Além disso, é fundamental valorizar e compreender os mecanismos que envolvem cada um destes efeitos, a extensão do risco e as estratégias para controlá-los, objetivando assim atender, com segurança a paciente, orientando-a através de informações verbais e escritas, bem como a seus 7 cuidadores. Vale, ainda, ressaltar a importância do conhecimento sobre os aspectos psicossociais pessoais e familiares apresentados pela paciente, permitindo assim que sua participação na terapia seja mais efetiva (FREIRE; MASSOLI, 2006; MACHADO; SAWADA, 2008; SHIMADA, 2009). 2.2.1 Náuses, Vômitos, Mucosite e Anorexia Apesar dos avanços farmacológicos e não farmacológicos as náuseas e os vômitos (NVs) continuam a ser os sintomas mais incômodos e estressantes referidos pelas pacientes, familiares e cuidadores. Entretanto, a ocorrência das NVs se faz necessária uma vez que representam mecanismos de defesa do organismo, cuja finalidade é remover substâncias tóxicas ingeridas. Mas, apesar de ocorrem juntas, a náusea e o vômito são duas reações distintas, independentes uma da outra. Na ocorrência destes, é indispensável que o enfermeiro avalie sua paciente encorajando-a ao uso dos medicamentos antieméticos; uma vez que 30% das drogas antineoplásicas têm potencial para causar NVs de intensidade moderada a grave; estando a via oral associada à maior incidência enquanto que as vias intramuscular, intravenosa, intra-óssea apresentam as menores taxas. Portanto, a terapia antiemética, prescrita pelo médico em intervalos regulares, tem por objetivo reduzir a intensidade das NVs, prevenir ou eliminar sua incidência proporcionando um tratamento mais tranqüilo; além de ser de extrema importância para manter a Qualidade de Vida da mulher permitindo assim que a mesma continue desenvolvendo suas atividades diárias e/ou de trabalho (FRIGATO; HOGA, 2003; MACHADO; SAWADA, 2008; SHIMADA, 2009) Ao observar a presença de alguns dos episódios de NVs, o enfermeiro deve orientar suas pacientes, familiares e/ou cuidadores a: ingerir alimentos secos (bolachas de água e sal e torradas); enxaguar a boca apenas com água antes e após as refeições; realizar a higiene oral após os episódios de NVs a fim de evitar complicações da mucosa oral (mucosite); só alimentar-se quando sentir vontade, mesmo quando fora do horário; ingerir alimentos frios ou à temperatura ambiente, para atenuar seu aroma e sabor; dar preferência aos líquidos claros como sucos de limão, melão ou maçã; consumir alimentos ricos em proteínas e sais minerais; comer em ambiente sem o odor dos alimentos que desencadeiam as NVs; dar preferência 8 aos “alimentos preferidos”; respirar lenta e profundamente e procurar distrair-se ouvindo música, vendo televisão ou conversando com os amigos e manter-se sentada sempre que for alimentar-se e no período após 1 hora da refeição. Mucosite ou estomatite é o termo que vem sendo utilizado por diversos autores para definir um conjunto de lesões que ocorrem no epitélio de revestimento de toda a mucosa do trato digestório, desde a cavidade oral até o reto. A mucosite, associada à quimioterapia, inclui como sinais e sintomas iniciais hiperemia, edema, dor, sensação de ardência, sialorréia (aumento de saliva) e sensibilidade a alimentos quentes ou ácidos; podendo cursar com úlceras dolorosas múltiplas e extensas que levam a má nutrição, desidratação, aumento no risco para infecções locais e sistêmicas, hospitalização e, eventualmente, óbito (PAIVA et al., 2004; SANTOS et al., 2009; SHIMIDA, 2009). As mulheres, com CM, que apresentam mucosite, independentes dos fatores de risco, podem apresentar ainda complicações tais como: xerostomia (boca seca), hipoguesia ou aguesia (perda ou redução do paladar) e disfagia (dor ao deglutir), levando-as a perder o interesse alimentar. Assim, conhecer os mecanismos desencadeadores da mucosite auxilia o profissional enfermeiro na orientação adequada das pacientes, objetivando atenuar as complicações, visto que uma completa prevenção da mucosite não é possível. O enfermeiro bem preparado é capaz de reconhecer os sinais e sintomas da mucosite, identificar o nível de gravidade e as suas implicações nutricionais e infecciosas. A cavidade oral deve ser diariamente examinada, e sempre que possível, antes de iniciar a quimioterapia, a paciente deve consultar um dentista. Como medida de intervenção paliativa cabe ao enfermeiro: remover próteses durante a inspeção e higienização, higienizar as mesmas e a cavidade oral 30 minutos antes da ingestão de alimentos e a cada 4 horas, removê-las durante a noite para que as gengivas fiquem expostas ao ar; pedir a paciente para relatar alterações no paladar e sensibilidade; orientá-la ao uso de escovas dentais com cerdas macias, e quando houver dor ou desconforto, usar cotonetes ou gazes; alertar para higienização da escova dental depois do uso, devendo ser a mesma guardada em local seco, evitar o uso de cremes dentais abrasivos e enxaguantes com álcool; dar preferência a alimentos pastosos evitando os alimentos duros, condimentos e ácidos que agridem a mucosa oral; sugerir o uso de lubrificantes para os lábios como: manteiga de cacau, lanolina ou aloe vera; e quando necessário usar 9 saliva artificial (FONSECA et al., 2000; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; BRASIL, 2008; SHIMADA, 2009). Anorexia palavra de origem grega que deriva de “orex”, apetite e/ou desejo e “an” prefixo de negação é definida por Davis et al. (2004, apud SILVA, 2006) como “[...] perda de apetite, saciedade precoce, combinação de ambas ou alteração das preferências alimentares.”, sendo um distúrbio nutricional muito freqüente nos pacientes oncológicos e estando associada ao processo natural da doença, ao crescimento tumoral, a presença de metástases e/ou a forma de tratamento e de acordo com Morley (2002) “ocorre em cerca de 40% dos pacientes com câncer, no momento do diagnóstico, e em mais de dois terços dos doentes terminais.” As manifestações mais comuns apresentadas pelas pacientes anoréxicas são: fadiga, perda de peso, sensação de plenitude gástrica e distensão abdominal. Podendo-se observar, também, dor, alterações no paladar para salgados, doces e amargos, medo de náuseas e vômitos, mucosite, obstrução mecânica do trato gastrointestinal, má absorção e depressão. Nesta situação, as pacientes devem ser acompanhadas por uma equipe multiprofissional, cabendo ao enfermeiro orientar as pacientes a ingerirem alimentos hipercalóricos e hiperprotéicos, principalmente pela manhã quando a anorexia costuma estar menos intensa. A paciente deve, ainda, ser conscientizada da necessidade de comer mesmo na ausência da fome, bem como, encorajada a procurar o serviço de nutrição, de forma a adaptar o cardápio às suas preferências. Além disso, quando forem observadas alterações no paladar, o enfermeiro poderá sugerir para as pacientes a degustação de alimentos com sabor ácido ou de hortelã; evitar degustar alimentos desagradáveis ao paladar; oferecer alimentos temperados a base de limão, hortelã, manjericão, condimentos; oferecer aves a base de molhos ácidos ou adoçados em vinho; oferecer alimentos com alto valor protéico (ovos, queijo, iogurte, leite) e quando a paciente começar a perder o apetite, oferecer pequenas porções de seus alimentos preferidos, montando sempre o prato de maneira atrativa, livre de odores fortes e servidos à temperatura ambiente visando despertar o prazer em comer. Como as alterações nutricionais podem ser tratadas precocemente, o enfermeiro pode elaborar materiais educativos com informações importantes para a paciente, familiares e/ou cuidadores, tais como: a) Enfatizar a importância da ingesta adequada de nutrientes visando o sucesso do tratamento; b) Salientar a importância de alimentar-se em um ambiente tranqüilo, livre de odores fortes. E, orientar os 10 familiares e/ou cuidadores que evitem cobranças em relação à ingesta alimentar, reforçando a idéia de que a paciente não com porque não consegue; c) Incentivar a prática de atividades físicas, especialmente antes das refeições, pois a mesma abre o apetite; d) Explicar que a higiene bucal quando realizada antes das refeições, torna o alimento mais palatável. 2.2.2 Diarréia e Constipação A diarréia em pacientes oncológicos pode estar relacionada à ansiedade, alterações alimentares, medicação (antibióticos, antiácidos contendo magnésio, laxativos), infecções, radioterapia em região pélvica ou abdominal, tumores do aparelho digestório, suboclusão intestinal, cirurgias intestinais, HIV, intolerância a lactose, diabetes, doença hepática e agentes antineoplásicos. Os quimioterápicos de maior ocorrência desse efeito adverso são os antimetabólitos e os antibióticos antitumorais, drogas classificadas como ciclo celular específico. O tratamento da diarréia deve ser instituído precocemente para evitar complicações tais como a desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, fraqueza, diminuição da ingesta, da absorção calórica e da perda de peso. O enfermeiro que trabalha em quimioterapia deve estar apto a orientar a paciente e/ou familiares a possibilidade de controle da diarréia, a conduta inicial é a reposição de eletrólitos, e se através do exame físico não for possível estabelecer a causa, exames laboratoriais deverão ser realizados. Quando a paciente em uso de quimioterápico apresentar diarréia o enfermeiro irá avaliá-la e registrar as características, a quantidade e a freqüência das eliminações, observando o aspecto, a intensidade e a presença de sangue e outras alterações que ocorram nas 24 horas; monitorar a ingesta hídrica, calórica, a diurese e o peso da paciente; estar atento aos sinais e sintomas de desidratação; estimular a ingesta calórica e hídrica (pelo menos 3000 mL de líquidos por dia); quando internada o enfermeiro avisará ao serviço de nutrição para ajuste da dieta; orientar a paciente e/ou familiar às medidas de proteção e sua importância, a paciente deverá higienizar as regiões perineal e perianal após cada evacuação, evitar usar soluções anti-sépticas ou sabonetes de cheiro forte, água morna e sabonetes neutros são os mais indicados, e quando houver irritação perineal, aplicar pomadas que promovam 11 a cicatrização e alívio da dor local (compostos com vitaminas A e D e anestésicos tópicos). Manter o médico responsável pela paciente informado sobre as intercorrências e alterações para que o tratamento adequado possa ser instituído o mais breve possível; administrar antidiarréicos e ansiolíticos conforme prescrição médica. A paciente com diarréia deve evitar alimentos ricos em fibras, derivados do leite, exceção aos iogurtes, condimentos, apimentados, gordurosos, ricos em açúcar, cafeína, chá preto, frutas e verduras ricas em fibras, alimentos muito quente, embutidos do tipo bacon, salsichas, vegetais crus, frutas secas, nozes pipoca, chocolates, suplemento alimentar a base de leite (FREIRE; MASSOLI, 2006; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; BRASIL, 2008; SHIMADA, 2009). A constipação é definida como movimento lento do bolo fecal através do intestino grosso, resultado da formação de fezes pequenas, secas e endurecidas, causando desconforto e dor, pode ocorrer com o uso de alguns quimioterápicos. Trata-se de um efeito adverso ou toxidade gastrointestinal, mas geralmente ocorre devido à neurotoxicidade de alguns antineoplásicos. A constipação da paciente com câncer apresenta várias etiologias como; inatividade, alterações metabólicas (hipercalemia, hipocalemia), obstrução mecânica ou ação de algumas drogas. Os medicamentos não quimioterápicos mais envolvidos são os analgésicos opióides, os antiácidos de cálcio e alumínio, os anticolinérgicos, tranqüilizantes e os antidepressivos, essas drogas provocam diminuição da motilidade gastrointestinal, pois tem ação tóxica sobre o sistema nervoso do aparelho digestório, podendo ocasionar ílio paralítico. O tratamento para constipação consiste na proteção da integridade da mucosa retal das pacientes que estão em uso de quimioterápicos devido à mielodepressão; ficando essas mulheres predispostas às infecções e sangramentos. Assim, medidas preventivas devem ser instituídas, tais como: ingerir dois a três litros de líquidos por dia, praticar exercícios físicos e a deambulação. Assim, dietas ricas em fibras devem ser instituídas para o tratamento da constipação, pois quando essas pacientes encontram-se internadas e predispostas a esse problema a alimentação oferecida deve ter essas características respeitando as preferências de cada paciente. As drogas alcalóides da vinca, viscristina, derivados da platina, carboplatina, oxaliplatina, taxanes, talidomida, hormônios tireoidianos, antieméticos, antiácidos a base de alumínio, analgésicos e os opióides estão associadas à constipação nas 12 pacientes em tratamento oncológico. A constipação pode causar complicações como: diverticulose (saculações do revestimento interno do intestino para fora de suas paredes); hemorróidas (dilatação tortuosa dos vasos sanguíneos da região anal) que podem sangrar e causar dor, prurido e fissuras anais (cortes pequenos na região anal) provocados por fezes ressecadas e esforços ao evacuar, podendo evoluir para abscessos devido a processos infecciosos. O enfermeiro que atua em oncologia deve orientar as pacientes sobre a interação entre os laxantes e outros medicamentos, buscar medidas que minimizem esses efeitos adversos, avaliar a função intestinal das pacientes que recebem quimioterápicos, orientar a importância da ingesta hídrica, consumo de fibras nas dietas, informar sobre os benefícios dos exercícios físicos e a deambulação e explicar os perigos da automedicação para obstipação (FONSECA et al., 2000; FREIRE; MASSOLI, 2006; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; BRASIL, 2008; SHIMADA, 2009). 2.2.3 Alopecia Durante o tratamento quimioterápico reações cutâneas são comuns, todas as estruturas podem ser afetadas, pele, unhas, mucosas e dependendo da droga os folículos pilosos de modo especial. A alopecia é o efeito adverso cutâneo mais freqüente associado à quimioterapia e ocorre devido a danos estruturais no couro cabeludo, tecido esse com alto metabolismo e altas taxas de mitose. O tratamento quimioterápico pode reduzir sua taxa de crescimento e causar queda parcial ou total. As drogas que mais causam alopecia em pacientes oncológicos são os agentes alquilantes, antimetabólitos, alcalóides da vinca, antraciclinas e antibióticos, além dos taxanes. A toxidade é diretamente relacionada à dose, freqüência e via de administração. Alguns quimioterápicos como cladribina e fludarabina não causam alopecia, já a vincristina, ciclofosfamida e fluorouracil, dependendo da dose, são responsáveis pela alopecia em taxas de 42%-65%, 0% a 100% e 10%, respectivamente. A doxorrubicina também é relacionada à alopecia em 80% dos casos, e esquemas em que esteja associada com alta dose de vincristina causam alopecia com mais intensidade do que aqueles que incluem metotrexato e ciclofosfamida (SHIMADA, 2009). 13 Como a alopecia não representa risco de morte para as pacientes, ela tende a ter sua importância minimizada pelos profissionais de saúde incluindo os enfermeiros. Portanto se faz necessário que os profissionais que acompanham essas pacientes entendam a importância que os cabelos representam na vida dessas mulheres, orientações práticas para as pacientes e cuidadores têm maior valor, bem como encaminhá-las para acompanhamento psicológico quando necessário, já que os cabelos representam parte da femilidade, e a possível perda deixa a mulher com a auto-estima baixa. Como a queda durante a quimioterapia é inevitável, mas transitória os enfermeiros devem orientá-las a: cortar os cabelos curtos, pois perdé-los quando curtos pode ser menos estressantes, utilizar perucas quando há desejo por parte da paciente, fazer uso de toucas, lenços, bonés e turbantes é uma alternativa muito interessante e deixa a mulher mais bonita e confiante, eleva a auto estima relacionada à aparência, evitar uso de secadores, deixar os cabelos secar naturalmente, utilizar fronhas de tecidos mais macios como as de cetim ou algodão, pois diminuem o atrito entre o couro cabeludo e o tecido. Ao deitar-se utilizar redes de cabelo ou outra cobertura macia a fim de coletar os fios que caem; lavar os cabelos com menor freqüência possível dando preferência a xampus indicados para recém-nascidos, utilizar escovas macias e pentes de dentes largos, após queda utilizar filtro solar e hidratante sem perfume, como óleo de amêndoa ou óleo mineral no couro cabeludo diariamente para prevenir queimaduras, ressecamentos e irritação local, massagens também são indicadas para auxiliar no aumento do fluxo sanguíneo local e acelerar o crescimento ao final do tratamento, usar uma maquiagem que realce seu rosto a fim de desviar a atenção da alopecia, lenços no pescoço e bijuterias também são uma boa alternativa, redesenhar as sobrancelhas com lápis caso elas tenham caído e se desejar usar cílios postiços. As pacientes devem ainda ser orientadas ao não uso de tinturas, descolorações ou permanentes até seis meses após o término do tratamento, grampos, bobs e secador de cabelos, xampus com químicas e detergentes como ácido salicílico e álcool, expor o couro cabeludo a raios solares sem proteção, fronhas de tecidos sintéticos, usar desodorantes alcoólicos e perfumes nas axilas caso os pelos da região tenham caído, sabonetes que fazem muita espuma e banhos muitos quentes. 14 2.2.4 Alterações Hematológicas O sangue é um tecido fluido constituído por duas fases: a fase líquida representada pelo plasma e a fase sólida representada pelos elementos figurados (eritrócitos ou hemácias, leucócitos e plaquetas) formados durante a hemopoiese ou hematopoiese, a partir de uma população de células da medula óssea vermelha denominada stem-cell, célula fonte ou célula mãe (GITIRANA, 2004). Os indivíduos que se submetem ao tratamento quimioterápico do câncer exigem constante monitoração da contagem das células sanguíneas (hemograma), uma vez que, os agentes farmacológicos em geral podem provocar mielossupressão ou mielotoxicidade em graus variáveis; sendo a leucopenia a primeira alteração hematológica observada, visto que os leucócitos circulantes têm vida média de 6 a 8 horas, enquanto que as plaquetas vivem em média 5 a 7 dias e os eritrócitos 100 a 120 dias (FONSECA et al., 2000; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). Pacientes em uso de quimioterapia podem apresentar valores de neutrófilos inferiores a 1.500/mm³. Nestes casos, observa-se instabilidade hemodinâmica, náuseas, vômitos, diarréia, alterações do estado mental, insuficiência respiratória, sangramentos, alterações cardíacas e renais, além de febre que, quando presente, caracteriza uma emergência oncológica, pois indica sinal de infecção podendo evoluir para septicemia, choque séptico e até morte em menos de 24 horas; especialmente se a contagem de neutrófilos baixar para valores inferiores a 1.000/mm³ (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; SHIMADA, 2009). A incidência de neutropenia febril associada à quimioterapia para o CM é baixa, cerca de 10% quando comparado ao tratamento de outras doenças; sendo a identificação dos fatores de risco a principal estratégia para a prevenção desta complicação. Dados da literatura demonstram que a ocorrência de neutropenia febril é muito variável. Ramaswamy et al. (2005 apud GOZZO, 2008) utilizando a monoquimioterapia com docetaxel 100 mg/m² + epirrubicina 100 mg/m² endovenoso em 25 mulheres com CM obtiveram como resultado 28% de mulheres com neutropenia febril; enquanto que, Hirano et al. (2006 apud GOZZO, 2008) relataram a ocorrência de 1 a 22% de mulheres com esta complicação. Diante de uma paciente neutropênica, com risco de desenvolver neutropenia febril, as condutas clássicas são: 1) informar sobre o resultado da contagem de 15 neutrófilos e o possível risco de infecção; 2) orientar sobre sinais e sintomas de uma infecção; 3) ressaltar a importância da higiene corporal, principalmente das mucosas oral e retal; 4) orientar a paciente e/ou familiares quanto ao consumo de alimentos cozidos ou assados; 5) alertar para o uso de luvas e sapatos fechados a fim de evitar lesões cutâneas que sirvam de porta de entrada para microorganismos como bactérias e fungos; 6) instruir quanto ao uso de lubrificantes à base de água durante as relações sexuais; 7) encorajar a paciente a tossir e respirar profundamente; 8) checar a presença de hiperemia, rubor, edema e lesões em áreas próximas ao cateter, caso este esteja presente e 9) orientar sobre o risco de contrair infecções quando na presença de pessoas febris, com gripe ou outras doenças contagiosas (BONASSA, 2000; SHIMADA, 2009). A trombocitopenia, ou diminuição do número de plaquetas, é uma das manifestações hematológicas observadas em pacientes com câncer disseminado; podendo também ser causada pelos efeitos mielossupressores do tratamento quimioterápico. Nestes pacientes a redução no número de plaquetas (valores ≤ 50.000/mm³) indica o risco de sangramento e, quando este valor cai 20.000/mm³, o sangramento espontâneo tende a ocorrer nos capilares sanguíneos superficiais produzindo petéquias ou grandes equimoses na pele. Nesses casos, há possibilidade de hemorragias cerebral, gastrointestinal e/ou do trato respiratório, que podem levar à morte (BONASSA, 2000; KUMAR et al., 2008) Diante de uma paciente trombocitopênica, cabe ao enfermeiro: 1) avaliar a paciente para procurar sinais e sintomas de sangramento, principalmente durante o período Nadir; 2) relatar ao médico os episódios de sangramento indicando a presença de petéquias e ou equimoses; 3) evitar a passagem desnecessária de cateteres e punções venosas e arteriais; 4) evitar a administração de aspirina, pois altas doses (600-1200 mg) desta droga aumentam o tempo de sangramento (TS); 5) proporcionar a paciente internada um ambiente sem riscos de acidentes, quedas e traumas; 6) orientar a paciente, familiares e/ou cuidadores quantos aos sinais e sintomas de sangramento; 7) ressaltar a importância do exame diário da pele, à procura de petéquias e equimoses; 8) ensinar a observar o aspecto e a coloração das excretas corporais (urina/fezes); 9) orientar quanto ao uso de escovas dentais macias, alertar quanto ao perigo do uso de lâminas de barbear, tesouras, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes; 10) ressaltar a importância de uma alimentação saudável, evitando assim a constipação que pode acarretar lesões na 16 mucosa retal e fissuras anais, gerando risco de sangramento; 11) informar que a menstruação pode vir mais intensa gerando um número maior de trocas de absorventes; 12) orientar para que sejam evitados os episódios de espirro e eliminação nasal intensos e forçados, evitando as epitaxes(sangramentos nasais); 13) salientar a importância do descanso e 14) informar que a trombocitopenia pode ser uma condição transitória decorrente do tratamento (BONASSA, 2000; FONSECA et al., 2000). Anemia: É o termo empregado para indicar a redução na capacidade de transporte de oxigênio como conseqüência da diminuição no número de eritrócitos e/ou diminuição na concentração de hemoglobina (Hb); em pacientes oncológicos está associada a: 1) deficiências nutricionais; 2) invasão tumoral da medula óssea; 3) tratamento radioterápico em áreas próximas a medula óssea; 3) doença metastática e 4) tratamento quimioterápico. Entretanto, fatores como a idade, tratamentos anteriores e perdas sanguíneas também podem contribuir para diminuir as reservas medulares, tornando a anemia mais grave e severa. Independentemente da causa, a paciente anêmica apresenta fadiga e fraqueza, taquicardia, desconforto respiratório, dispnéia e dificuldade de concentração (FONSECA et al., 2000; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; KUMAR et al., 2008). Cabe ao enfermeiro diante de uma paciente anêmica ou com risco de desenvolver anemia: 1) avaliar a paciente, procurando os sinais e sintomas de anemia; 2) monitorar o hemograma, relatando ao médico os valores alterados; 3) administrar suplementos férricos via oral ou injetável, caso sejam prescritos pelo médico e, nos casos mais severos administrar oxigênio; 4) alertar sobre os efeitos colaterais dos suplementos férricos; 5) encaminhar à paciente e/ou familiares para orientação junto ao Banco de Sangue a respeito da transfusão sanguínea (seleção de doadores, análise e preparo do sangue e reações transfusionais); 6) em caso de transfusão, monitorar sinais e sintomas de febre (37,5 a 38ºC), urticária, prurido, tremores, cefaléia, taquicardia, dispnéia, dor lombar e hipotensão; 7) salientar a importância dos períodos de repouso durante a fase de mielossupressão medular; 8) enfatizar a importância de uma alimentação balanceada e rica em ferro; 9) informar sobre a transitoriedade desta condição hematológica (BONASSA, 2000; FONSECA et al., 2000; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). 17 3 CONCLUSÕES O enfermeiro que atua em oncologia deve ter habilidades e conhecimento técnico e científico tanto para ajudar a paciente quanto para compreender aquilo que ela está tentando dizer sem palavras; de modo a agir com total segurança frente às situações que apareçam. Entretanto, vale ressaltar que por trás de uma doença crônica, dos sinais e sintomas e dos efeitos adversos, existe uma pessoa cheia de emoções, valores, crenças, modo de ser e viver único, que determina e/ou influencia as ações perante a doença e seu tratamento. Assim, os enfermeiros que trabalham com pacientes submetidas à quimioterapia desempenham uma função muito importante; eles devem encorajá-las quanto ao uso de medicamentos para prevenir e controlar as mucosites, as náuseas e os vômitos e dispor de tempo para explicar esses efeitos adversos. Tais ações podem aliviar parte da ansiedade das pacientes que se sentem desconfortáveis para perguntar. A quimioterapia afeta também a auto-estima, a sexualidade e o bem estar. Quando situações desse tipo ocorrerem, caberá ao enfermeiro promover ações educativas, colocando-se à disposição da paciente para esclarecer suas dúvidas, minimizar os medos e anseios, explicar possíveis problemas que poderão surgir durante o tratamento quimioterápico; isso se faz necessário, pois quanto mais informada for essa paciente, mais ela se sentirá segura para continuar a realizar seu tratamento. O profissional enfermeiro também precisa ser diferenciado, ele deve principalmente gostar de gente, ser solidário, compreensivo, respeitar o próximo, as limitações do outro, a dor e o sofrimento humano; passando a enxergar a vida e as pessoas de forma diferente. 18 RÉSUMÉ Le cancer du sein est l'un des problème de santé publique le plus important dans les pays développés et ceux en développement. Et même avec toutes les avancées dans le diagnostic et le traitement, peut entraîner diverses conséquences physiques et psychologiques chez les femmes. Les patients atteints de cancer du sein et chimiothérapie à recevoir une assistance d'une équipe multidisciplinaire dans laquelle un (e) infirmièr (e) doit être inséré parce que c'est pour que un soutien et des conseils professionnels aux femmes, leur famille et / ou des soignants. Le présent document vise, de façon claire et objective, développer les connaissances sur le cancer du sein et de la chimiothérapie; liste des principaux effets secondaires de la chimiothérapie, ainsi que souligner le travail de l’infirmier (e) en chimiothérapie avant chaque effet négatif de fournir au patient a subi au moins un soin du visage. Pour cela, nous avons utilisé la méthode de la recherche exploratoire et descriptive sont consultés à travers lequel des articles scientifiques, livres et thèses dans des revues nationales et internationales en portugais sur ce thème. Sur la base de données de l'enquête, on observe que l'amélioration de la qualité de vie des femmes atteintes du cancer du sein à la chimiothérapie est directement associée à des soins fournis par l’infirmier(e) (a). Voici la liste des effets nocifs de l'utilisation de la chimiothérapie dans le traitement du cancer du sein ainsi que des conseils, de soins et la clarification des questions relatives à ces complications. Pour informer et rassurer le patient, sa famille et/ou le personnel soignant sur la maladie, le traitement et les effets indésirables, l’infirmier (e) préveni les abandons de traitement. Et ainsi aide efficacement à la récupération et la réinsertion sociale du malade. Mots-clés: Cancer du Sein; Tumeurs du Sein; Chimiothérapie; Infirmière em pratique; Les Effets Indésirables. 19 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 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Tese de Doutorado – Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2008. p. 39. 20 KUMAR, Vinay et al. Patologia básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. Elsevier Ltda, 2008. p. 195, 200–203, 464, 516, 808, 812- 816 MACHADO, Sheila Mara; SAWADA, Namie Okino. Avaliação da Qualidade de vida de Pacientes Oncológicos em Tratamento Quimioterápico Adjuvante. Texto Contexto Enferm., v. 17, n. 4, 2008. p. 756 MALUF, A. S. D.; BARROS, A. C. S. D. O impacto psicológico do câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 2, n. 51, 2005. p. 152. MOHALLEM; Andréa G. da Costa; RODRIGUES, Andrea Bezerra. Enfermagem oncológica. Barueri, São Paulo: Malone, 2007. p. 77, 81, 258–259. MORLEY, J. E. Patofisiologia da Anorexia. In: Síndrome da Anorexia-caquexia em Portadores de Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 52, n.1, 2006. p. 61. MURAD, André Márcio. Tratamento Sistêmico do Câncer de Mama. 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