VIÉS ou VÍCIO ou TENDENCIOSIDADE ou ERRO SISTEMÁTICO ou “BIAS” VIÉS • Destrói a validade interna da pesquisa. • Uma vez cometido, não pode ser corrigido em qualquer etapa posterior do estudo. Sackett listou 35 tipos de vieses, até então descritos, em sua revisão de 1979 J Chron Dis Vol. 32, pp. 51 to 63 Pergamon Press Ltd 1979. Printed in Great Britain BIAS IN ANALYTIC RESEARCH DAVID L. SACKETT INTRODUCTION CASE-CONTROL studies are highly attractive. They can be executed quickly and at low cost, even when the disorders of interest are rare. Furthermore, the execution of pilot case-control studies is becoming automated; strategies have been devised for the 'computer scaning' of large files of hospital admission diagnoses and prior drug exposures, with Classificação genérica Viés de seleção Refere-se à maneira (não apropriada) com que os participantes entram no estudo Viés de aferição Refere-se à maneira (não apropriada) com que as medidas são realizadas Viés de confusão Refere-se à interpretação (não apropriada) sobre associações encontradas Viés de seleção Café e câncer de pâncreas Casos: pacientes encaminhados ao gastroenterologista por forte suspeita de câncer de pâncreas Controles: pacientes sem câncer de pâncreas, da mesma clínica do gastroenterologista que confirmou o diagnóstico Diferencial muito grande de expostos ao café Viés de seleção 2420 The Journal of Clinical Investigation Volume 51 September 1972 HL-A Antigens and Disease ACUTE LYMPHOCYTIC LEUKEMIA G. NICHOLAS ROGENTINE, JR., R. A. YANKEE, J. J. GART, J. NAM, and R. J. TRAPANI From the Immunology, Medicine and Biometry Branches, National Cancer Institute, National Institutes of Health, Bethesda, Maryland 20014 and Microbiological Associates, Inc., Bethesda, Maryland 20014 ABSTRACT 50 Caucasian children with acute lymphocytic leukemia (ALL) and 219 members of their families have been genotyped for 15 antigens of the HL-A system. The antigen and gene frequencies for HL-A2 were significantly higher in the patient population than in a 200 member normal Caucasian panel. No other antigen frequencies were significantly elevated. All antigens typed for were found in the patients. No antigens gain or loss was detected in the leukemic cells. Several investigators have already studied this disease and conflicting results have been published (3-8). The present study differs from the previous investigations in that it presents a larger number of patients and their families who have been completely genotyped. HL-A antigens of 50 Caucasian patients with ALL and their families were assessed. We found a significant increase in HL-A2 in these patients. LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA (LLA) em crianças Porcentagem de positividade para HL-A2 Casos existentes de LLA acompanhados ambulatorialmente 72,0 Controles 41,5 Conclusão dos autores: a positividade para HL-A2 está associada à ocorrência de LLA Tissue Antigens (1973), 3, 470-476 Published by Munksgaard, Copenhagen, Denmark No part may be reproduced by any process without written permission from the author(s) HL-A Antigens and Acute Lymphocytic Leukemia: The Nature of the HL-A2 Association G. N. ROGENTINE, R. J. TRAPANI, R. A. YANKEE AND E. S. HENDERSON Immunology and Haematology Supportive Caare Branches, National Center Institute, and Microbiological Associates, Inc., Bethesda, Maryland, U.S.A. Beginning in 1969, HL-A antigens were determined for 85 Caucasian patients with acute lymphocytic leukemia (ALL). HL-A2 was the only antigen significantly different from a normal racial control group. It was present in 65% of patients as compared to 44% of the controls (P .005). Fifty-three of the 85 patients were diagnosed between 1969 and 1971 and were typed soon after admission. Their HL-A antigen frequencies were normal. The other 32 patients had been diagnosed previously (1962-1968), and thus were survivors at the time of typing. Their HL-A2 frequency was 84 %. The frequency of HL-A2 in patients surviving 1500 days or more was 83%. The combined frequency of HL-A2, the known related specificity W28 and the possibly related HL-A9 in these long-term survivors was 94 %. These data suggest that HL-A2 (and possibly HL-A9 and W28) is not associated with disease susceptibility, as was previously thought, but rather confers a form of resistance to ALL. This hypothesis can be tested best by a large scale prospective study. sobreviventes Porcentagem de HL-A2 positivo Ano em que começou a dosagem de HL-A2 Casos existentes diagnosticados nos 7 anos precedentes Casos novos diagnosticados naquele e nos 2 anos seguintes 84 53 Maior porcentagem de HL-A2 positivo em casos SOBREVIVENTES Pergunta: Num estudo de casos e controles devem-se incluir casos novos (incidentes) ou casos existentes (prevalentes) ? Resposta: Casos novos (incidentes) ! Nos recentes estudos de casos e controles para avaliar o papel dos contraceptivos orais de segunda e terceira gerações na ocorrência de trombo-embolismo venoso... World Health Organization Collaborative Study of Cardiovascular Disease and Steroid Hormone Contraception México Jamaica Colômbia Brasil Chile Reino Unido Alemanha Hungria Eslovênia Iugoslávia China Hong Kong Tailândia Quênia Indonésia Zâmbia Zimbábue The Transnational Research Group on Oral Contraceptives and the Health of Young Women Reino Unido Leiden Thrombophilia Study Holanda Alemanha foram admitidos apenas casos incidentes de primeiro episódio de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar Risco relativo de trombo-embolismo venoso em mulheres usando contraceptivo oral de “terceira geração” versus contraceptivo oral de “segunda geração” 10 1 OMS 0,1 Transnational Reino Unido Transnational Alemanha Lieden As usuárias de contraceptivos de terceira geração provavelmente eram usuárias recentes, e a incidência de fenômenos trombo-embólicos costuma ser maior no início do tratamento ! Viés de aferição Falta de padronização nas perguntas e falta de mascaramento do entrevistador Um exemplo exagerado... Consumo de alho e infarto do miocárdio Evidência de proteção a partir de estudo ecológico Estudo de casos e controles: infartados vs. não infartados Pesquisador acredita no efeito protetor do alho Pergunta para casos: - o Sr. não comia alho, comia ? Pergunta para controles: - o Sr. comia alho, não comia ? Viés de aferição Uma possível solução para esse viés de aferição é o mascaramento dos observadores Associação entre exposição intermitente à luz solar e melanoma em estudos observacionais individuais 9 estudos de casos e controles sem mascaramento 7 estudos de casos e controles com mascaramento 0 1 2 OR e IC 95% Nelemans PJ et al. - J Clin Epidemiol 1995; 48:1331-42 3 Correlação entre ingestão de gorduras e câncer de mama feminina, por país Incidência anual / 100.000 mulheres E.U.A. 250 Suíça Canadá Itália 200 Israel França Reino Unido Alemanha Oc. Dinamarca Austrália 150 Suécia Iugoslávia 100 Nova Zelândia Finlândia Rumênia Espanha Hong-Kong 50 Polônia Hungria Japão 0 600 800 1000 1200 1400 Suprimento diário per capita de calorias de gorduras Prentice RL et al., 1988 1600 Associação entre ingestão de gorduras saturadas e câncer da mama feminina em estudos observacionais individuais 12 estudos de casos e controles 6 estudos de coortes 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 RR e IC 95% Boyd NF et al. - Br J Cancer 1993; 68:627-36 1,6 1,8 O chamado viés de memória resiste mesmo ao mascaramento, porque os casos estão mais propensos a relembrar de experiências pregressas, principalmente quando o efeito em estudo carrega forte carga emocional como nos estudos sobre malformações congênitas e possíveis exposições adversas durante a gravidez Viés de confusão Hoje em dia o pesquisador está atento para essa possibilidade de viés de confusão, e procura coletar informações sobre todos os já “reconhecidos” fatores de risco (ou de proteção) para o efeito em estudo e sobre outros ainda não “reconhecidos”, a fim de ser feito o AJUSTE Se as pessoas podem ser... CARNÍVORAS ou VEGETARIANAS ALCOÓLICAS ALCOOLISTAS ou ABSTÊMIAS CÉTICAS ou CRENTES FUMANTES ou NÃO-FUMANTES OUSADAS ou TÍMIDAS SEDENTÁRIAS ou ESPORTISTAS ainda pior para o pesquisador, as pessoas podem ser... CARNÍVORAS ou VEGETARIANAS ALCOÓLICAS ou ABSTÊMIAS CÉTICAS ou CRENTES FUMANTES ou NÃO-FUMANTES OUSADAS ou TÍMIDAS SEDENTÁRIAS ou ESPORTISTAS Carnívoras e abstêmias e céticas e não-fumantes e ousadas e esportistas ou CARNÍVORAS ou VEGETARIANAS ALCOÓLICAS ou ABSTÊMIAS CÉTICAS ou CRENTES FUMANTES ou NÃO-FUMANTES OUSADAS ou TÍMIDAS SEDENTÁRIAS ou ESPORTISTAS Carnívoras e abstêmias e céticas e não-fumantes e ousadas e esportistas ou Vegetarianas e alcoolistas e crentes e fumantes ou e tímidas e sedentárias CARNÍVORAS ou VEGETARIANAS ALCOÓLICAS ou ABSTÊMIAS CÉTICAS ou CRENTES FUMANTES ou NÃO-FUMANTES OUSADAS ou TÍMIDAS SEDENTÁRIAS ou ESPORTISTAS Carnívoras e abstêmias e céticas e não-fumantes e ousadas e esportistas ou Vegetarianas e alcoolistas e crentes e fumantes e tímidas e sedentárias ou Carnívoras e alcoolistas e crentese não-fumantese ousadas e sedentárias CARNÍVORAS ou VEGETARIANAS ALCOÓLICAS ou ABSTÊMIAS CÉTICAS ou CRENTES FUMANTES ou NÃO-FUMANTES OUSADAS ou TÍMIDAS SEDENTÁRIAS ou ESPORTISTAS Carnívoras e abstêmias e céticas e não-fumantes e ousadas e esportistas ou Vegetarianas e alcoolistas e crentes e fumantes e tímidas e sedentárias ou Carnívoras e alcoolistas e crentese não-fumantese ousadas e sedentárias ou... ou... ou... ou... daí a utilização de análise multivariada para estudos observacionais que investigam associações Várias técnicas estatísticas passaram a ser aplicadas à Epidemiologia, para a realização de múltiplos ajustes, entre elas Análise estratificada de Mantel-Haenszel Regressão logística Regressão de Cox para taxas proporcionadas A combinação de problemas com viés e realização de múltiplos ajustes tem provocado o encontro de associações as mais contraditórias, que repercutem na sociedade 26/01/2001 - 18h11 Tintura de cabelo pode aumentar risco de câncer de bexiga da Reuters, em Nova York 10/01/2001 - 10h57 Ingrediente do curry pode prevenir câncer de intestino da Reuters, em Londres 13/12/2000 - 09h03 Café pode proteger fumantes do câncer de bexiga da Reuters, em Londres 26/01/2001 05/11/2003- -18h11 14h00 Tintura de cabelo risco Chá verde reduz pode riscoaumentar de câncer de próstata 70%, diz estudo de câncerem de bexiga da Reuters, France Presse, Austrália da em Novana York 10/12/2003 -- 10h57 18h16 10/01/2001 Tabaco aumenta riscos deprevenir câncer Ingrediente do curry pode colo-retal câncer de intestino da Reuters, Agência Lusa em Londres 13/12/2000 - 09h03 24/09/2003 - 12h22 Café pode proteger Estresse dobra riscofumantes de câncerdo de câncer mama, de bexiga revela estudo daFolha Reuters, da Onlineem Londres 10/09/2003 05/11/2003- -17h03 14h00 Exercícios risco Chá verdefísicos reduz leves riscoreduzem de câncer de próstata 70%, diz estudo de câncerem de mama da Folha France Presse, na Austrália da Online 10/12/2003 - 18h16 15/09/2003 - 12h04 Tabacodobra aumenta riscos de câncer Beber o risco de câncer de cólon em homens colo-retal da Folha Online da Agência Lusa 08/01/2001 - 15h42 24/09/2003 - 12h22 Vinho pode reduzir risco de derrame Estresse dobra risco de câncer de mama, em mulheres revela estudojovens da Reuters em Nova York Folha Online ACCORDING TO A REPORT RELEASED TODAY... Se não bastassem todos esses problemas de viés e múltiplos ajustes, ainda há a possibilidade de encontro de associações que só podem ser explicadas por ACASO Associação entre hipertensão arterial (critério 140x90 mm Hg) e signos do Zodíaco Dados reais do inquérito de 2002 no município de São Paulo Signos do Zodíaco Variável OR 1-Áries 2-Touro 3-Gêmeos 4-Câncer 5-Leão 6-Virgem 7-Libra 8-Escorpião 9-Sagitário 10-Capricórnio 11-Aquário 12-Peixes 0,80 1,43 0,78 0,75 0,74 0,85 1,12 0,66 0,58 1,03 1,00 1,45 IC 95% 0,49 0,88 0,48 0,46 0,45 0,52 0,70 0,39 0,34 0,64 p - 1,30 - 2,30 - 1,29 - 1,22 - 1,21 - 1,39 - 1,80 - 1,13 - 0,98 - 1,66 0,363 0,146 0,337 0,246 0,229 0,510 0,634 0,132 0,041 0,897 0,92 - 2,28 0,108 Signos do Zodíaco Variável OR 1-Áries 2-Touro 3-Gêmeos 4-Câncer 5-Leão 6-Virgem 7-Libra 8-Escorpião 9-Sagitário 10-Capricórnio 11-Aquário 12-Peixes 0,80 1,43 0,78 0,75 0,74 0,85 1,12 0,66 0,58 1,03 1,00 1,45 IC 95% 0,49 0,88 0,48 0,46 0,45 0,52 0,70 0,39 0,34 0,64 p - 1,30 - 2,30 - 1,29 - 1,22 - 1,21 - 1,39 - 1,80 - 1,13 - 0,98 - 1,66 0,363 0,146 0,337 0,246 0,229 0,510 0,634 0,132 0,041 0,897 0,92 - 2,28 0,108 Signos do Zodíaco Sexo Variável OR IC 95% 1-Áries 2-Touro 3-Gêmeos 4-Câncer 5-Leão 6-Virgem 7-Libra 8-Escorpião 9-Sagitário 10-Capricórnio 11-Aquário 12-Peixes 0,78 1,48 0,79 0,72 0,71 0,83 1,12 0,68 0,57 1,02 1,00 1,45 0,48 0,91 0,48 0,44 0,43 0,51 0,69 0,40 0,34 0,63 1-Masculino 2-Feminino 1,89 1,00 p -1,27 -2,40 -1,30 -1,17 -1,18 1,37 -1,81 -1,17 -0,97 -1,66 0,322 0,111 0,350 0,189 0,191 0,473 0,644 0,163 0,036 0,924 0,92 -2,29 0,113 1,55 -2,30 <0,001 Signos do Zodíaco Sexo Idade Variável OR 1-Áries 2-Touro 3-Gêmeos 4-Câncer 5-Leão 6-Virgem 7-Libra 8-Escorpião 9-Sagitário 10-Capricórnio 11-Aquário 12-Peixes 0,80 1,66 0,83 0,71 0,71 0,82 1,23 0,72 0,56 1,03 1,00 1,47 0,47 0,99 0,49 0,42 0,41 0,48 0,74 0,41 0,32 0,61 1-Masculino 2-Feminino Idade (contínua) IC 95% p - 1,34 - 2,78 - 1,42 - 1,19 - 1,21 - 1,40 - 2,06 - 1,28 - 0,99 - 1,73 0,394 0,057 0,500 0,196 0,207 0,477 0,426 0,267 0,045 0,905 0,90 - 2,41 0,125 2,30 1,00 1,85 -2,84 <0,001 1,08 1,07 -1,09 <0,001 Signos do Zodíaco Sexo Idade Cor da pele Variável OR IC 95% 1-Áries 2-Touro 3-Gêmeos 4-Câncer 5-Leão 6-Virgem 7-Libra 8-Escorpião 9-Sagitário 10-Capricórnio 11-Aquário 12-Peixes 0,81 1,63 0,85 0,71 0,70 0,82 1,23 0,73 0,56 1,03 1,00 1,46 0,48 0,97 0,49 0,42 0,41 0,48 0,73 0,41 0,32 0,61 1-Masculino 2-Feminino p - 1,36 - 2,75 - 1,45 - 1,20 - 1,20 - 1,40 - 2,06 - 1,29 - 0,98 - 1,73 0,429 0,064 0,540 0,196 0,196 0,466 0,430 0,278 0,042 0,915 0,89 - 2,40 0,131 2,33 1,00 1,88 -2,89 <0,001 Idade (contínua) 1,08 1,07 -1,09 <0,001 1-Cor branca 2-Cor parda 3-Cor negra 4-Cor amarela 5-Cor outras 1,00 1,08 1,53 1,41 1,02 0,83 1,04 0,55 0,19 -1,40 -2,25 -3,65 -5,42 0,555 0,032 0,477 0,980 SCIENCE VOL. 269 14 JULY 1995 SPECIAL NEWS REPORT Epidemiology Faces Its Limits The search for subtle links between diet, lifestyle, or environmental factors and disease is an unending source of fear – but often yields little certainty Ainda, no que se refere a prevenção, estudos experimentais casualizados forneceram resultados opostos aos de estudos observacionais com relação às substâncias antioxidantes na prevenção de doença cardiovascular Mortalidade por doença cardiovascular em pessoas recebendo beta-caroteno 6 estudos observacionais de coortes 4 estudos experimentais casualizados . 0,1 . 0,5 . 0,75 . 1 . 1,25 . 1,5 . 1,75 Risco relativo e intervalo de confiança de 95% Egger M et al. - Br Med J 1998; 316:140-4 Ainda em relação a doenças cardiovasculares, exemplos semelhantes ocorreram com terapêutica com reposição hormonal vitamina E vitamina C porque nos estudos observacionais, a coorte que aparentemente recebia proteção com o uso dessas substâncias provavelmente diferia em muitas características da coorte que não as usava. Porcentagem (%) de mulheres em cada quartil de nível plasmático de vitamina C, de acordo com algumas características socioeconômicas e pessoais da vida adulta (British Women’s Heart and Health Study, 4286 mulheres com 60-79 anos de idade aleatoriamente selecionadas de 23 cidades britânicas) Quartil de dosagem de vitamina C Mais baixo Médio baixo Médio alto Mais alto Com ocupação manual 61,7 56,1 46,0 44,7 Com habitação subsidiada 19,1 11,2 10,3 8,5 Tabagistas 17,6 11,5 7,6 6,4 Obesas (IMC>30 kg/m2) 31,5 28,0 24,6 21,1 Com atividade física no lazer 11,1 18,0 20,5 22,9 % de mulheres Lawlor DA et al. – Lancet 2004; 363:1724-7 International Epidemiological Association 2001 Printed in Great Bretain International Journal of Epidemiology, 2001; 30: 1-11 Epidemiology – is it time to call it a day? George Davey Smith and Shah Ebrahim Reposição terapêutica de estrógenos e doença coronária em estudos observacionais © Preventive Medicine 1991. Meir J Stampfer and Graham A Colditz. Prev Med 1991;20:47–63. Reposição hormonal e doença coronária em estudos experimentais casualizados HERS, 1998 Heart and Estrogen/progestin Replacement Study WHI, 2002 Women’s Health Initiative randomized controlled trial 0,5 Hulley et al. (JAMA 1998; 280:605-13) 1,0 HR 1,5 2,0 Rossouw et al. (JAMA 2002; 288:321-33) The hormone replacement – coronary heart disease conundrum: is this the death of observational epidemiology? Debbie A. Lawlor, George Davey Smith, Shah Ebrahim Int J Epidemiol 2004; 33:464-7 EXERCÍCIOS PÁGINA 60 Gene p712s e câncer de próstata. Jesse Haynes, Mark Berlin e Brian Magenhein J Am Med Ass 1989; 102(5):243-5. (Pg 24 livro) Justificativa: Além da idade, fatores intrínsecos associados à ocorrência e prognóstico do câncer de próstata foram pouco explorados. O câncer da próstata é uma das maiores causas de mortalidade entre as neoplasias no sexo masculino. Com o advento da biologia molecular, novas perspectivas se abriram em oncologia. A identificação de gene(s) associado(s) à ocorrência dessa neoplasia poderia ser útil na "prevenção genética" desse tumor. Objetivo: Verificar se o gene p712s está associado à ocorrência e estadiamento do câncer de próstata. Método: Delineamento: Estudo transversal feito em julho de 1988, envolvendo pacientes seguidos ambulatorialmente por câncer de próstata previamente diagnosticado, matriculados no University of Pennsylvania Medical Center. Critério de elegibilidade: Diagnóstico de câncer de próstata confirmado pelo exame anátomo-patológico. Tamanho da casuística: Total de 167 homens entre 52 e 71 anos de idade. Verificação dos atributos: A presença do gene p712s foi feita em julho/1988 como preconizado pela International Standards Organization. O estadiamento do câncer de próstata foi feito, à data do diagnóstico, conforme os critérios da International Federation of Urology. Resultados: Entre os 167 pacientes estudados, 75 (45%) eram positivos para o gene p712s. Dos 78 pacientes com câncer invasivo, 65 (83%) eram positivos para o gene p712s. Dos 89 pacientes com câncer não-invasivo, apenas 10 (11%) eram positivos para o gene p712s. Essa diferença foi estatisticamente significante (p<0,001). Conclusão: Embora o gene p712s tivesse sido positivo em menos da metade dos casos de câncer de próstata, sua positividade esteve fortemente associada ao comportamento invasivo dessa neoplasia. Sua pesquisa está indicada na avaliação prognóstica desse tumor. Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Positividade do gene em homens com Ca = 75 / 167 = 45% Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Positividade do gene em Ca invasivo = 65 / 78 = 83% Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Positividade do gene em Ca não invasivo = 10 / 89 = 11% Estadiamento do câncer à época do diagnóstico Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em julho de Negativo 1988 Total Total 65 10 75 13 79 92 78 89 167 Positividade do gene em homens com Ca 45% Positividade do gene em Ca invasivo 83% Positividade do gene em Ca não invasivo 11% Conclusão: Embora o gene p712s tivesse sido positivo em menos da metade dos casos de câncer de próstata, sua positividade esteve fortemente associada ao comportamento invasivo dessa neoplasia. Sua pesquisa está indicada na avaliação prognóstica desse tumor. Gene p712s e câncer de próstata: um estudo longitudinal. PÁGINA 61 Pg. 26 livro The European Collaborative Study Group on Prostate Cancer Eur J Urol 1993; 111(3):144-7. Justificativa: O gene p712s foi recentemente apontado como de mau prognóstico para o câncer da próstata. Essa evidência, porém, veio do resultado de um estudo transversal, delineamento que não é apropriado para avaliar prognóstico. Objetivo: Verificar o valor prognóstico da positividade para o gene p712s em base longitudinal. Método: Delineamento: Estudo longitudinal (coorte retrospectivo) feito com dosagem atual no soro estocado de homens de 55-64 anos de idade à época da coleta de material para o European Study on the Incidence of Prostate Cancer (Esiproc) em 1982, e que em 1992 estariam com 65-74 anos de idade. Critério de elegibilidade: Participante assintomático, com ultrassom transretal normal e PSA (antígeno prostático de superfície) 4,0 ng/ml à época do engajamento no Esiproc. Tamanho da casuística: Total de 41.356 participantes que preencheram os critérios de elegibilidade. Houve, no decorrer do tempo de observação, 165 mortes por todas as causas e 348 perdas no seguimento, perfazendo o total de 314.306 pessoas-anos (média de 7,6 anos de acompanhamento). Evento de interesse: Diagnóstico de câncer de próstata, invasivo ou não-invasivo, firmado conforme os critérios da International Federation of Urology nos centros colaborativos de Munique, Bruxelas, Estocolmo, Helsinque, Amsterdã, Antuérpia e Madri. A pesquisa do gene p712s no soro estocado foi feita como preconizado pela International Standards Organization. Resultados: Entre os 41.356 participantes que iniciaram o estudo, 4.807 (11,6%) eram positivos para o gene p712s, e 36.549 (88,4%) negativos. Os positivos foram seguidos pelo tempo médio de 8,36 anos (total de 40.188 pessoas-anos); entre estes ocorreram 17 casos novos diagnosticados de câncer de próstata (taxa de incidência = 4,2/10.000 pessoas-anos). Os negativos foram seguidos pelo tempo médio de 7,5 anos (total de 274.118 pessoas-anos); entre estes ocorreram 123 casos novos diagnosticados de câncer de próstata (taxa de incidência = 4,5/10.000 pessoas-anos). Não houve diferença estatística entre essas incidências (p=0,820). Dos 17 casos novos diagnosticados entre os positivos para o gene p712s, 5 (29,4%) eram invasivos. Dos 123 casos novos diagnosticados entre os negativos para o gene p712s, 79 (64,2%) eram invasivos. Essa diferença de porcentagens foi estatisticamente significante (p=0,006). Conclusão: A positividade para o gene p712s, em homens de 55-64 anos de idade e livres de câncer de próstata, ocorre na cifra de 11,6%. Embora sua ocorrência não interfira na incidência do tumor em si, sua positividade - ao contrário do que se pensava, protege contra a apresentação invasiva dessa neoplasia ao diagnóstico. Delineamento: Estudo longitudinal (coorte retrospectivo) feito com dosagem atual no soro estocado de homens de 55-64 anos de idade à época da coleta de material para o European Study on the Incidence of Prostate Cancer (Esiproc) em 1982, e que em 1992 estariam com 65-74 anos de idade. Critério de elegibilidade: Participante assintomático, com ultrassom transretal normal e PSA (antígeno prostático de superfície) 4,0 ng/ml à época do engajamento no Esiproc. Gene p712s Número de homens Positivo 4.807 Negativo 36.549 Total 41.356 Positividade do gene em homens sem Ca = 4.807 / 41.356 = 11,6% Gene p712s Tempo Total de Casos Número médio de seguimento homens- novos de de (anos) anos Ca homens Positivo 4.807 8,36 40.188 17 Negativo 36.549 7,50 274.118 123 Incidência de Ca em positivos = 17 / 40.188 = 4,2 / 10.000 Incidência de Ca em negativos = 123 / 274.118 = 4,5 / 10.000 Estadiamento do câncer em casos incidentes (novos) Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em casos Negativo incidentes Total Total 5 12 17 79 44 123 84 56 140 Estadiamento do câncer em casos incidentes (novos) Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em casos Negativo incidentes Total Total 5 12 17 79 44 123 84 56 140 % de invasivo em homens com gene (+) = 5 / 17 = 29,4% Estadiamento do câncer em casos incidentes (novos) Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em casos Negativo incidentes Total Total 5 12 17 79 44 123 84 56 140 Estadiamento do câncer em casos incidentes (novos) Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em casos Negativo incidentes Total Total 5 12 17 79 44 123 84 56 140 % de invasivo em homens com gene (-) = 79 / 123 = 64,2% Estadiamento do câncer em casos incidentes (novos) Não Invasivo invasivo Gene p712s Positivo em casos Negativo incidentes Total Total 5 12 17 79 44 123 84 56 140 Positividade do gene em homens sem Ca = 4.807 / 41.356 = 11,6% Incidência de Ca em positivos = 4,2 / 10.000 Incidência de Ca em negativos = 4,5 / 10.000 % de invasivo em homens com gene (+) = 29,4% % de invasivo em homens com gene (-) = 64,2% Conclusão: A positividade para o gene p712s, em homens de 55-64 anos de idade e livres de câncer de próstata, ocorre na cifra de 11,6%. Embora sua ocorrência não interfira na incidência do tumor em si, sua positividade - ao contrário do que se pensava, protege contra a apresentação invasiva dessa neoplasia ao diagnóstico. Eur J Med 1986; 22(3):157-9 PÁGINA 62 FICTÍCIO Beta-caroteno e câncer de pulmão em homens fumantes. Wolfgang Maier e Adolf Hummel Justificativa: Poucos duvidam da relação causal entre fumo e câncer de pulmão. Trabalhos recentes têm mostrado um efeito protetor in vitro dos beta-carotenos sobre a carcinogênese pulmonar. Faltam evidências de que isso possa ocorrer também em seres vivos e humanos. Objetivo: Verificar se o nível plasmático elevado de beta-caroteno pode reduzir a incidência de câncer de pulmão em homens fumantes. Método: Delineamento: Estudo retrospectivo de coortes, utilizando material colhido há cerca de nove anos, no início do WGFS (West Germany Follow-up Study). Critérios de elegibilidade: Homens de 4554 anos de idade, que declaravam ser fumantes de pelo menos um cigarro por dia à época de engajamento no WGFS, sem câncer de pulmão. Tamanho da casuística: Total de 24.266 homens nessa faixa etária. O tempo médio de seguimento foi de 8,4 anos, correspondendo a 203.834 pessoas-anos. Verificação da exposição: Dosagem de beta-caroteno plasmático feita no início do estudo. Níveis 120 g/dl foram conside- rados "elevados". Evento de interesse: Diagnóstico de câncer de pulmão, levantado a partir dos Registros de Câncer de Munique - cuja cobertura é próxima de 100%. Resultados: Níveis elevados de beta-caroteno no início do estudo estavam presentes em 8.654 homens (seguimento médio de 9 anos, total de 77.886 pessoas-anos) - entre os quais ocorreram 60 casos de câncer de pulmão, fornecendo a taxa de incidência de 7,7 / 10.000 pessoas-anos. Níveis baixos de beta-caroteno no início do estudo estavam presentes nos outros 15.612 homens (seguimento médio de 8,1 anos, total de 125.948 pessoas-anos) entre os quais ocorreram 250 casos de câncer de pulmão, fornecendo a taxa de incidência de 19,8 / 10.000 pessoas-anos. Essa diferença foi estatisticamente significante (p<0,001). Conclusão: Níveis plasmáticos elevados de beta-caroteno reduzem em 61% a taxa de incidência de câncer de pulmão em homens fumantes de 45-54 anos de idade. A suplementação dietética com essa vitamina deveria ser considerada para homens fumantes nessa faixa etária. FICTÍCIO Bor Med J 1994; 110(1):1-4 PÁGINA 63 Beta-caroteno e câncer de pulmão em homens fumantes: um ensaio clínico casualizado e duplo cego. Richard Tugwell, Peter Sackett e David Peto, on behalf of The British/American Comprehensive Study Group Justificativa: Estudos não-experimentais têm sugerido que o beta-caroteno possa ser protetor contra o câncer de pulmão entre homens fumantes. Não há evidência conhecida dessa proteção proveniente de estudo experimental. Objetivo: Verificar se a suplementação dietética com beta-caroteno, 200 g ao dia, pode reduzir a incidência de câncer de pulmão entre homens fumantes. Método: Delineamento: Ensaio clínico multicêntrico, casualizado e duplo-cego, controlado com placebo. Critérios de elegibilidade: Homens de 4554 anos de idade, fumantes de pelo menos um cigarro por dia, sem câncer de pulmão, de 45 centros estadunidenses e ingleses (500 a 1.000 participantes em cada centro). Tamanho da casuística: O tamanho da amostra foi calculado para, com 80% de poder estatístico, detectar como estatisticamente significante (=0,05, bicaudal) 61% de redução na taxa de incidência (de 19,8 para 7,7 / 10.000 pessoas-anos) em 5 anos de observação. Esse cálculo resultou em 30.000 participantes, 15.000 em cada grupo, mas efetivamente 29.223 foram casua- lizados, 14.889 no grupo de intervenção e 14.334 no grupo placebo. Os participantes foram seguidos pelo tempo médio de 4,2 anos (total de 122.737 pessoas-anos). Houve perda/morte de 2.004 (6,9%) participante durante o tempo de seguimento. Evento de interesse: Diagnóstico de câncer de pulmão, firmado em cada centro colaborativo, usando os critérios da International Federation of Pneumology. Resultados: Tanto o grupo de intervenção como o grupo placebo foram seguidos pelo tempo médio de 4,2 anos. No grupo de intervenção (total de 62.534 pessoas-anos) houve 51 casos novos de câncer de pulmão (taxa de incidência = 8,16 / 10.000 pessoas-anos). No grupo placebo (total de 60.203 pessoas-anos) houve 60 casos novos de câncer de pulmão (taxa de incidência = 9,97 / 10.000 pessoas-anos). Essa diferença não foi estatisticamente significante (p=0,288). Conclusão: A suplementação dietética com beta-caroteno, 200 g ao dia, não reduz, em 4,2 anos de observação, a taxa de incidência de câncer de pulmão entre homens fumantes de 45-54 anos de idade. FICTÍCIO J Int Med 1973; 84(6):345-7 PÁGINA 64 Pg. 51 livro Terapêutica digitálica no infarto agudo do miocárdio: mortalidade em 12 meses. John Westmoreland e Austin Goldwater Justificativa: Embora alguns relatos de casos tenham sugerido que o uso de digitálicos seja maléfico no tratamento do infarto agudo do miocárdio (IAM), não há estudo comparativo publicado até o momento. Objetivo: Comparar a mortalidade em 12 meses entre pacientes com IAM que receberam ou não receberam digitálicos durante a internação por IAM. Método: Delineamento: Estudo retrospectivo de coortes (série histórica), feito a partir de prontuários de pacientes com IAM internados de 01/01/1971 a 31/12/1972 na Julyo Clinic. Critérios de elegibilidade: Homens de 5069 anos de idade, internados com diagnóstico de certeza de IAM. Tamanho da casuística: Total de 853 pacientes com IAM, sendo 711 que não receberam digital durante a internação e 142 que receberam. Verificação da exposição: Consulta ao prontuário médico. Evento de interesse: Morte até o 12o mês após internação por IAM, verificada pelo atestado de óbito. Resultados: Entre os 142 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 14 (9,9%) morreram até o final de 12 meses; entre os 711 que não receberam digital durante a internação por IAM, 36 (5,1%) morreram até o final de 12 meses. Essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,026). Conclusão: Em homens de 50-69 anos de idade, a terapêutica digitálica durante a internação por IAM quase dobra a mortalidade até o 12o mês após IAM. Resultados: Entre os 142 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 14 (9,9%) morreram até o final de 12 meses; entre os 711 que não receberam digital durante a internação por IAM, 36 (5,1%) morreram até o final de 12 meses. Essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,026). Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 128 142 Não 36 675 711 Total 50 803 853 Resultados: Entre os 142 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 14 (9,9%) morreram até o final de 12 meses; entre os 711 que não receberam digital durante a internação por IAM, 36 (5,1%) morreram até o final de 12 meses. Essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,026). Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 128 142 Não 36 675 711 Total 50 803 853 RR = 14 / 142 36 / 711 = 1,95 Arch Ext Med 1978; 25(7):49-51 PÁGINA 65 Pg. 52 livro FICTÍCIO Digital e tipo funcional após infarto agudo do miocárdio: mortalidade em 12 meses. Simon Knillip e Johann Crawford Justificativa: Estudos não-prospectivos sugerem que a terapêutica digitálica após infarto agudo do miocárdio (IAM) aumenta a mortalidade em 12 meses. Ocorre que, habitualmente, a decisão clínica de administrar digital é norteada pelo tipo funcional do paciente, que é considerado fator de risco para mortalidade. Objetivo: Comparar a mortalidade em 12 meses entre pacientes com IAM que receberam ou não receberam digitálicos durante a internação por IAM, levando em consideração o tipo funcional. Método: Delineamento: Estudo prospectivo de coortes em pacientes com IAM internados de 01/01/1976 a 31/12/1977 na Julyo Clinic. Critérios de elegibilidade: Homens de 5069 anos de idade, com diagnóstico de certeza de IAM. Tamanho da casuística: Total de 902 pacientes com IAM, sendo 751 que não receberam digital durante a internação e 151 que receberam. Verificação das exposições: Havia um protocolo exclusivo para este estudo, onde eram registrados - entre outras informações - uso de digital e tipo funcional. Para finalidade de análise, os tipos funcionais foram reunidos em: 1) moderado/grave (corres- pondendo aos tipos III e IV), e 2) normal/ leve (correspondendo aos tipos I e II). A análise foi feita com "odds ratios" pela técnica de Mantel-Haenszel. Evento de interesse: Morte até o 12o mês após internação por IAM, verificada pelo atestado de óbito. Resultados: Entre os 151 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 15 (9,9%) morreram até o final de 12 meses. Entre os 751 que não receberam digital durante a internação por IAM, 38 (5,1%) morreram até o final de 12 meses (OR=2,1; p=0,019). Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. A OR de Mantel-Haenszel resultou em 1,04 (ICde95%=0,51-2,11; p=0,966). Conclusão: Em homens de 50-69 anos de idade internados por IAM, a mortalidade em 12 meses associada à terapêutica digitálica é quase completamente explicada pelo tipo funcional (moderado/grave) do paciente. Resultados: Entre os 151 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 15 (9,9%) morreram até o final de 12 meses. Entre os 751 que não receberam digital durante a internação por IAM, 38 (5,1%) morreram até o final de 12 meses (OR=2,07; p=0,019). Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 15 136 151 Não 38 713 751 Total 53 849 902 Resultados: Entre os 151 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 15 (9,9%) morreram até o final de 12 meses. Entre os 751 que não receberam digital durante a internação por IAM, 38 (5,1%) morreram até o final de 12 meses (OR=2,07; p=0,019). Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 15 136 151 Não 38 713 751 Total 53 849 902 RR = 15 / 151 38 / 751 = 1,96 Resultados: Entre os 151 pacientes que receberam digital durante a internação por IAM, 15 (9,9%) morreram até o final de 12 meses. Entre os 751 que não receberam digital durante a internação por IAM, 38 (5,1%) morreram até o final de 12 meses (OR=2,07; p=0,019). Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 15 136 151 Não 38 713 751 Total 53 849 902 OR = 15 x 713 136 x 38 = 2,07 Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Morte em até 12 meses Digital na internação Sim Não Total Sim 14 87 101 Não 27 176 203 Total 41 263 304 Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Morte em até 12 meses Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 87 101 Não 27 176 203 Total 41 263 304 Digital na internação Sim Não Total Sim 1 49 50 Não 11 537 548 Total 12 586 598 Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Morte em até 12 meses Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 87 101 Não 27 176 203 Total 41 263 304 14 x 176 OR = 87 x 27 = 1,05 Digital na internação Sim Não Total Sim 1 49 50 Não 11 537 548 Total 12 586 598 Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Morte em até 12 meses Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 87 101 Não 27 176 203 Total 41 263 304 Digital na internação 14 x 176 OR = 87 x 27 Sim Não Total Sim 1 49 50 Não 11 537 548 Total 12 586 598 1 x 537 = 1,05 OR = 49 x 11 = 1,00 Contudo, entre 304 pacientes em tipo funcional moderado/grave, 14 morreram entre os 101 que receberam digital e 27 morreram entre os 203 que não receberam. Entre 598 pacientes em tipo funcional normal/leve, 1 morreu entre os 50 que receberam digital e 11 morreram entre os 548 que não receberam. Morte em até 12 meses Digital na internação Morte em até 12 meses Sim Não Total Sim 14 87 101 Não 27 176 203 Total 41 263 304 Digital na internação 14 x 176 OR = 87 x 27 Sim Não Total Sim 1 49 50 Não 11 537 548 Total 12 586 598 1 x 537 = 1,05 OR = 49 x 11 A OR de Mantel-Haenszel resultou em 1,04 (ICde95%: 0,51-2,11; p=0,966). = 1,00 Am J Psychology 1995; 12(4):34-5 PÁGINA 66 FICTÍCIO Propranolol na ansiedade do falar em público: um ensaio clínico casualizado. Alain Jeffée, Christopher Lee e Edward Baldwin Justificativa: A ansiedade, que em muitos ocorre frente à situação de ter que falar em público, tem impedido que pessoas brilhantes transmitam claramente o conteúdo de suas idéias. O propranolol é uma droga simpatolítica de ação cardiovascular e nervosa central e periférica, que pode bloquear as manifestações somáticas da ansiedade. Objetivo: Verificar se a ingestão de 10 mg de propranolol meia hora antes da fala em público pode controlar manifestações simpáticas da ansiedade. Método: Delineamento: Ensaio clínico casualizado. Critérios de elegibilidade: Pessoas entre 15-29 anos de idade, inscritas para falar em público no XIX Congresso Internacional da Juventude realizado em Tokyo, 1994. Tamanho da casuística: Total de 377 pessoas que concordaram em participar do estudo. Formação dos grupos e intervenção: As 377 pessoas foram divididas, por sorteio simples, em dois grupos: (1) 188 que receberam, por via oral, 10 mg de propranolol meia hora antes da fala em público: e (2) 189 que receberam nada. Eventos de interesse: Sensação de "batimentos no peito" e/ou "tremor nas mãos" e/ou "sede" e/ou sensação de "evacuação intestinal iminente", perguntadas por um entrevistador discreto ao palestrante no momento imediatamente anterior ao do início da fala. Resultados: Entre os 188 que receberam a intervenção preventiva, 19 (10%) apresentaram pelo menos uma das manifestações perguntadas. Nos outros 189, essa positividade ocorreu em 36 (19%). Essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,034). Conclusão: Propranolol por via oral, na dose única de 10 mg administrada meia hora antes do ato de falar em público, reduz em 47% as manifestações somáticas da ansiedade no palestrante de 15-29 anos de idade. Propranolol na ansiedade do falar em público: um ensaio clínico casualizado Estudo experimental com jovens palestrantes Ansiedade Grupos SIM NÃO Grupo de intervenção (20 mg de propranolol) 19 169 188 10% Grupo de controle (nada) 36 153 189 19% RR=0,53; OR=0,48 p=0,034 Incidência de ansiedade Am J Psychology 1997; 14(6):68-9. PÁGINA 67 FICTÍCIO Propranolol na ansiedade do falar em público: ensaio clínico casualizado, duplo-cego, placebo-controlado. Richard Widmark e Alan Bates Justificativa: Um ensaio clínico casualizado mostrou efeito benéfico do propranolol, 10 mg por via oral, meia hora antes da apresentação em público, no controle da ansiedade provocada por essa exposição. Nesse estudo, porém, o grupo controle não recebeu qualquer intervenção, de modo que não se pode descartar a possibilidade de o benefício observado ter ocorrido apenas como resultado do "efeito placebo". Objetivo: Verificar se o propranolol, 10 mg meia hora antes da fala em público pode controlar, mais do que um placebo, manifestações simpáticas da ansiedade. Método: Delineamento: Ensaio clínico casualizado, duplo-cego, placebo-controlado. Critérios de elegibilidade: Pessoas entre 15-29 anos de idade, inscritas para falar em público no XXI Congresso Internacional da Juventude realizado em Seul, 1996. Tamanho da casuística: Total de 421 pessoas que concordaram em participar do estudo. Formação dos grupos e intervenção: As 421 pessoas foram divididas, por sorteio simples, em dois grupos: (1) 210 que receberam, por via oral, 10 mg de propranolol meia hora antes da fala em público: e (2) 211 que receberam indistinguível placebo. Eventos de interesse: Sensação de "batimentos no peito" e/ou "tremor nas mãos" e/ou "sede" e/ou sensação de "evacuação intestinal iminente", perguntadas por um entrevistador discreto ao palestrante no momento imediatamente anterior ao do início da fala. Resultados: Entre os 210 que receberam propranolol, 22 (10,5%) apresentaram pelo menos uma das manifestações perguntadas. Entre os 211 que receberam placebo, essa positividade ocorreu em 25 (11,8%). Não houve diferença estatística entre essas duas porcentagens (p=0,689). Conclusão: Propranolol 10 mg e placebo, administrados meia hora antes do ato de falar em público, têm efeito semelhante no controle das manifestações somáticas da ansiedade no palestrante de 15-29 anos de idade. Propranolol na ansiedade do falar em público: ensaio clínico casualizado, duplo-cego, placebo-controlado Estudo experimental com jovens palestrantes Ansiedade Grupos SIM NÃO Grupo de intervenção (10 mg de propranolol) 22 188 210 10,5% Grupo de controle (placebo) 25 186 211 11,8% RR=0,88; OR=0,87 p=0,689 Incidência de ansiedade