As Escolas como
locais de socialização
Prof. Ana Paula Monteiro
A sociedade e a educação
• Socialização: capacidade que os homens têm
de influírem uns nos comportamentos dos
outros.
• Interação Social = modificação mútua de:
Comportamentos
Pensamentos
Relações
O processo de socialização
não termina com a inserção
da criança na sociedade.
A socialização é um processo
permanente que
progressivamente passa a
fazer parte do conjunto de
experiências dos
indivíduos.
As instituições como organizadoras de vida
em sociedade
• As instituições sociais são formas de ação ou
de vivência a que os homens recorrem,
sistematicamente, visando a satisfazer
determinadas necessidades.
• Organiza: formas de ação, funções,
finalidades, objetivos, estruturas (regras para
as relações humanas e o espaço físico onde
acontecem as relações)
As instituições sociais foram criadas pelos
homens. Elas não são naturais, isto é, existem
por vontade dos homens. Elas não serão
modificadas pela ação da natureza, mas pelos
homens em ação e interação social.
Elas são históricas: criadas em determinadas
condições de vida social e devem ser mudadas
sempre que necessário.
Homem
Ação: Criadora e modificadora
Instituições
Pensando sobre os processos
sociais como elementos de gestão
- Entender o funcionamento da sociedade é
uma ferramenta importante para o processo
de gestão e organização educativa;
- Auxilia no processo socializante
desempenhado pela escola e seus
profissionais da educação;
- Produtora de cultura brasileira;
Os três fatores de socialização
1. A Educação: como ferramenta de ensino do
conhecimento, valores e outros conteúdo
constituintes do meio social;
2. Experiências sociais: organização interna dos
sujeitos e seus grupos sobre os
acontecimentos sociais;
3. Participação em eventos sociais: Aquisição de
hábitos e conhecimentos sólidos que farão os
sujeitos aptos a vivência social;
Comunidade e Sociedade
Comunidade: Conjunto de pessoas que se
encontram numa determinada área
geográfica, em que convive em busca da
satisfação de suas necessidades sociais
básicas;
Sociedade: É a organização dos indivíduos
mediante a interação social organizada. Suas
características que as distinguem de
‘comunidade’ e ‘grupo’ são:
a) A duração temporal: a sociedade ultrapassa o
período de vida dos indivíduos. Sua duração
é superior ao dos grupos formados pelos
sujeitos sociais, embora também sofram
mudanças.
b) Multifuncional: organiza em si mesma um
conjunto de atividades para satisfazer a
multiplicidade dos grupos sociais que a
compõe.
c) Territorialidade: Ela é
localizada em
determinado território,
tendo extensão e limites
bem delimitados;
d) Cultura peculiar:
Perpetuam e criam
padrões de
comportamentos para os
seus indivíduos
possibilitando a sua
convivência.
e) Linguagem: a escrita influi na extensão e
flexibilidade do seu sistema de comunicações,
na natureza e amplitude do patrimônio
cultural e na capacidade de transmissão de
seus valores a outras gerações;
f) A divisão do trabalho: a organização do
trabalho mostra a complexidade do sistema
social. As linhas de divisão de trabalho podem
seguir a questão de sexo, idade, gênero, entre
outras.
g) O comportamento social: a
sociedade recruta seus
membros a partir do seu
nascimento e da educação
para o enquadramento das
realidade vividas pelos sujeitos
na sociedade;
h) O desenvolvimento: a
capacidade de transformação
da sociedade através da
adoção de benefício das
tecnologias modernas para
benefício do padrão de vida da
população.
i) O poder político: sistema que rege o
funcionamento dos diversos setores da vida
social. Impõem padrões de comportamento e
regulam em prol da manutenção da ordem
das diversas instituições.
Quais são as instituições sociais
universais?
1. A família
Uma das instituições básicas da maioria dos
tipos de sociedade.
Nela está organizado outros tipos de
instituições: casamento, dote, parentesco,
mono ou poligamia, concubinato, filiação,
divórcio, regime conjugal de bens, união civil
estável entre iguais, são algumas das
instituições ligadas a questão familiar.
Segundo Peres e Souza (2002) é possível
desenhar 12 tipos de famílias distintas na
sociedade brasileira:
• a) Nuclear simples – família constituída pelo
casal, em que ambos tiveram apenas uma
união e têm ou já tiveram filhos;
• b) Mononuclear – família constituída pelo
casal, em que ambos tiveram apenas uma
união e nunca tiveram filhos;
• c) Monoparental feminina simples – família
organizada em torno da figura feminina sem
companheiro;
d) Monoparental masculina simples – família
organizada em torno de uma figura masculina sem
companheira;
e) Nuclear extensa – família constituída pelo casal, em
que ambos tiveram apenas essa união e que têm ou
já tiveram filho (s), com agregados adultos morando
junto;
f) Nuclear com avós cuidando dos netos – família
constituída pelo casal de avós que cuidam e educam
netos menores de 18 anos;
g) Nuclear reconstituída – família constituída pelo casal
em que um, ou ambos os cônjuges, já tiveram mais
de uma união conjugal;
h) Nuclear com criança agregada – família em que
ambos tiveram apenas essa união, têm ou tiveram
filhos biológicos e têm crianças que não são filhos
morando junto;
i) Monoparental com criança agregada – família
organizada em torno de uma figura feminina ou
masculina sem companheiro, que tem ou já teve
filho biológico e com criança não filho biológico;
j) Monoparental feminina extensa – família
organizada em torno de uma figura feminina que
é mãe e não tem cônjuge. Moram também com
essa família outros adultos (parentes e/ou
amigos) maiores de 18 anos;
k) Monoparental masculina extensa – família
organizada em torno de uma figura masculina
que é pai e não tem cônjuge. Moram também
com essa família outros adultos (parentes
e/ou amigos) maiores de 18 anos;
l) Atípica – família organizada em torno de
adultos com ou sem vínculos sangüíneos, sem
a presença dos pais, que co-habitam por
questão de sobrevivência material ou afetiva:
pessoas que moram sozinhas e casais de
homossexuais masculinos ou femininos.
Assim, percebe-se que a
configuração na estrutura
organizacional da família se
torna cada vez mais
complexa, porém consegue
responder as necessidades
de seus grupos a partir das
realidades vividas pelos
mesmos, e que,
conseqüentemente, estas
novas configurações
influenciarão tanto no
âmbito social como no
educacional.
2. A escola
É a agência encarregada oficialmente pela
educação formal dos sujeitos sociais.
Além dos diversos níveis da escola (Ensino
básico, fundamental, médio, graduação e pósgraduação), a educação pode ser desenvolvida
em outras instituições como empresas,
indústrias, igrejas, partidos políticos,
sindicatos, associação de moradores, ONGs.
Da mesma forma pode-se dizer dos meios de
comunicação (televisão, rádio, cinema,
imprensa)
3. A Igreja
É a estruturação social da religião como a cultura
(fenômeno universal da cultura).
Local do relacionamento no nível físico e metafísico
dos sujeitos sociais.
4. O Estado:
Inclui o governo, governados e todas as pessoas
de determinado território.
Organizam-se a partir de ações controladas;
Diferenciação:
POVO – agrupamento humano com cultura
semelhante;
NAÇÃO - Povo fixado em determinada área
geográfica. Um ou mais povos, um território e
uma consciência comum.
ESTADO
É uma nação
politicamente
organizada.
Constituída por
um povo,
território e um
governo.
Como se estrutura a vida em
sociedade?
a) Grupo:é uma forma básica de associação
humana que se considera como um todo, com
tradições morais e materiais. Para que exista
um grupo social é necessário que haja uma
interação entre seus participantes. Um grupo
de pessoas que só apresenta uma serialidade
entre si, como em uma fila de cinema, por
exemplo, não pode ser considerado como
grupo social, visto que estas pessoas não
interagem entre si.
Os grupos sociais possuem uma forma de
organização, mesmo que subjetiva. Outra
característica é que estes grupos são
superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se
uma pessoa sair de um grupo, provavelmente
ele não irá acabar.
Os membros de um grupo também possuem
uma consciência grupal (“nós” ao invés do
“eu”), certos valores, princípios e objetivos em
comum.
b) Contato Social: as formas que os indivíduos
estabelecem as relações sociais e as
associações humanas. Uma conversa entre
duas pessoas, um aperto de mão, um “bomdia” ou uma consulta médica são exemplos de
contatos sociais, que em função deles, irão
surgir as relações sociais e os graus de
intensidade dessas relações.
Os contatos sociais primários se caracterizam
por serem pessoais, diretos e com uma forte
influência emotiva. (Família, escola, etc)
Os contatos sociais secundários se diferenciam
dos primários pelo fato de serem calculados,
racionais e sem influências emotivas.
(Exemplo: comprar pão)
c) Interação social: processo pelo qual
encontram-se envolvidos os sujeitos em uma
ação consciente e modificadora de
comportamento.
A modificação dos comportamentos é um
resultado do contato e da comunicação que se
estabelece entre os sujeitos.
Os indivíduos se socializam por meio dos
contatos e da interação social
A escola é feita deste processo de socialização
de contato e interação social. A relação
professor aluno promove uma intercomunicação entre eles. Ao aprenderem com
o professor, o comportamento dos alunos
sofre modificações. Da mesma forma, o
professor se modifica com o processo de
ensino-aprendizagem.
A gestão do sistema escolar passa a administrar
os processos de interação social, facilitando-os
ou emperrando-os no cotidiano escolar.
- A interação social
pode ocorrer entre
uma pessoa e outra,
entre uma pessoa e
um grupo e entre um
grupo e outro.
- Ela pressupõe
reciprocidade de
intenções entre os
indivíduos;
d) A relação social: a forma assumida pela
interação social em cada situação concreta.
Ex: O professor tem um tipo de relação social com
seus alunos: a relação pedagógica.
e) O Isolamento Social: É a ausência relativa de
alguma forma de contrato de um indivíduo
com outros seres de sua espécie;
f) O Controle social: A soma dos processos que a
sociedade lança mão para obter dos
indivíduos e grupos que a constituem uma
conduta enquadrada nas expectativas gerais
de comportamento. De dois tipos
Controle do tipo persuasivo: os meios de que o
grupo lança mão para impor suas exigências
sem recorrer ao uso da força ou da violência;
Ex: Os ditados populares
Controle do tipo coercitivo: Caracterizam-se
pelo uso, não da sugestão ou da
argumentação, mas da força e da violência.
Ex: Polícia
Como se organizam os processos
sociais básicos?
- Processo sociais: são as diversas maneiras
pelas quais os indivíduos e os grupos atuam
uns nos outros, a forma com as quais os
indivíduos se relacionam e estabelecem
relações sociais.
- Os processo sociais podem ser ASSOCIATIVAS
ou DISSOCIATIVOS.
Processos sociais Associativos
a) Cooperação: é uma forma de integração
sociais na qual diferentes pessoas, grupos ou
comunidades trabalham juntos para o
mesmo fim.
Ex: Reunião de vizinhos para limpar a rua,
mutirão de moradores.
Podem ser de dois tipos: direta ou indireta.
COOPERAÇÃO DIRETA: Compreende atividades
que as pessoas realizam juntas.
COOPERAÇÃO INDIRETA: É aquela em que as
pessoas, mesmo realizando trabalhos
diferentes, necessitam indiretamente uma das
outras.
Como a minha gestão escolar pode gerar
processos sociais associativos de cooperação
entre professores? Entre alunos? Entre
comunidade?
b) Acomodação: é o processo social, consciente
ou inconsciente, que consiste em alterar as
relações funcionais entre pessoas e grupos, a
fim de reduzir ou eliminar conflitos e favorecer
o ajustamento recíproco.
É um processo transitório, correspondendo a
adaptação do sujeito ao meio social.
Ex: Um estrangeiro no país.
Como gestor, o que fazer para que o processo de
acomodação não se transforme em algo permanente
no grupo sócio-educativo?
c) Assimilação: é o processo pelo qual os
indivíduos ou grupos, originalmente
diferentes, fundam-se em uma unidade.
São afetadas e ocorrem alterações substanciais
no nosso modo de pensar e de agir.
De que maneira posso proporcionar para o meu
grupo social, enquanto gestor, ferramentas
para que o processo de assimilação aconteça
de maneira efetiva?
Processo sociais dissociativos
a) Competição: é a forma de interação que
implica luta por objetos escassos. Dão origem
a concorrência e a rivalidade.
CONCORÊNCIA: luta sem hostilidade. É uma
competição consciente onde o público é
estimulado pela presença dos demais.
RIVALIDADE: Quando os sujeitos não se limitam
ao esforço de superarem uns aos outros,
passando também ao ‘embaraço’ entre si. Não
se trata mais em ser o primeiro, mas de
‘vencer’ um determinado competidor com o
qual se tenha interação social.
Na minha função de gestor, como devo utilizar
as minhas habilidades em relação a
competição (rivalidade e concorrência)?
b) Conflito: é o processo em que duas ou mais
pessoas ou grupos tentam ativamente frustrar
os propósitos uns dos outros e impedir a
satisfação de seus interesses, chegando
inclusive a lesar ou destruir o adversário.
Podem ser abertos (quando as formas de luta e
os motivos estão convenientemente expressos
para ambas as partes) e fechados (quando as
formas de luta estão disfarçados sob outros
processos)
Como facilitar os processos sociais na minha
instituição para que os conflitos não sejam
uma constante em minha gestão escolar?
Escola:
Lugar das relações de saber e cultura
• Educação: parte do processo de socialização
que desenvolve as suas capacidades.
Gestão Escolar
=
Gestão de conhecimentos e culturas
• Escola: construção histórica.
• Encarregada da transmissão de certas formas
de educação e de saber;
• Duas perguntas fundamentais para estas
instituições educativas:
Qual a responsabilidade da escola na
concentração do saber?
Como elas podem ser motivadoras da cultura da
sociedade brasileira?
O saber escolar e a sociedade
As características do saber escolar.
1. As condições em que o conhecimento escolar
é produzido e transmitido.
Normas, regras, horários,agrupamento, critérios,
avaliação
Objetivo: criar conhecimentos e construir
culturas
2. Transmissão e elaboração de conhecimento
sistemático para as relações sociais.
Sistematização de conhecimento para a
produção de ciência: métodos de observação
da realidade.
Preocupação: Que alunos e professores não
percam o sentido de sujeitos do
conhecimento presente e se tornem
‘tarefeiros’ de livros didáticos que não servem
de referência para a realidade social em que
vivem.
3. A ambivalência do saber escolar;
Se por um lado ele tem sua relação com a vida
dos que freqüentam a escola, não
necessariamente se relaciona com a realidade
e as demandas das vidas dos alunos.
Preocupação: Exclusão daqueles que não
dominam os conteúdos.
Reprodução da forma conservadora e desigual
da sociedade capitalista brasileira.
4. A escola como direito social.
Acessibilidade ao local onde aprofundem sua
capacidade de criadores e elaboradores de
conhecimentos;
Deve se organizar para superar os limites sociais:
potencializar a discussão e intervenção dos
sujeitos na direção econômica, política e social
da sociedade brasileira.
5. A escola como local da análise e crítica social
Romper com os limites que restringem a
atividade escolar à mera repetição do
conteúdo dos livros;
A atividade escolar: formulação de propostas
curriculares que integrem os conteúdos das
diferentes disciplinas na explicação da
realidade presente interna e externamente à
escola.
A importância da escola não descarta a análise
crítica dessa instituição como natural e
imutável.
Chave de reflexão:
Até que ponto a escola contribui para que o
saber possa ser de todos e não daqueles que
detêm o poder econômico e político?
A cultura escolar e a sociedade
• Cultura: conjunto de costumes, dos modos de
viver, de vestir, de morar, das maneiras de pensar,
das expressões de linguagem, dos valores de um
povo ou de um grupo social.
Compreende a tudo que existe na natureza
transformado pelo homem e que, através de sua
consciência, ganha significado.
3 contribuições para que a cultura escolar seja um
elemento importante na vida dos alunos:
1. As categorias do pensamento não devem ser
impostas;
Os valores do grupo devem ser negociados na
sociedade. Não deve haver imposição de
determinados valores como ‘ritmo, avaliação
e seleção’ do conhecimento escolar.
Este tipo de postura desvaloriza os grupos em
detrimentos a outros e faz uma seleção que
prejudica no processo cognitivo dos alunos,
de maneira especial, os mais empobrecidos.
2. Os processo cognitivos do ambiente escolar
estão relacionados ao contexto cultural.
O conhecimento não pode ser estudado como
atividade isolada de seu contexto cultural.
A ações são dependentes do contexto
situacional dos sujeitos escolares.
As ações, a linguagem e os contextos devem
estar presentes no modo de vida do aluno,
até para que seja reorganizada pelo mesmo.
3. As pessoas sabem fazer bem o que é
importante para elas através da sua cultura.
A valorização do aprendido na cultura deve
auxiliar na aprendizagem do aluno no
contexto escolar.
Utilizar a sua cultura grupal para a construção
de uma cultura escolar mais integrada com a
realidade e as demandas dos alunos.
Enfim,
Os educadores e gestores
devem se preocupar, ao
construírem os currículos
escolares, com as relações
que devem estabelecer
entre os processo sociais,
os saberes e a cultura
escolar e o que existem
fora dela.
A preocupação com o conhecimento deve estar
relacionado com o dinamismo conferido as
ciências enquanto construtoras de um saber que
necessariamente se relaciona com a realidade da
escola como um todo: alunos, professores e
funcionários.
A concepção de
organização do trabalho
escolar deve estar
preocupado com as ações
da escola como um todo:
em sua interação social
com o aluno, com a
comunidade local e com a
mais ampla, seja
município, estado ou país
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