DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO MAURO BENEVIDES NA SESSÃO DE 29 DE JUNHO DE 2005 SENHOR PRESIDENTE SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS: O economista Cláudio Corrêa Lima vem defendendo, com empenho e obstinação, a implantação, em nosso Estado, de Zona de Livre Comércio, como forma de estimular o nosso desenvolvimento, dentro daquelas normas já adotadas, com êxito, por outros Países. No Senado, aliás, tramitou, recentemente projeto nº. 5.458/01, instituindo aquela modalidade operacional no âmbito das exportações, faltando, por imposição do bi-cameralismo imperante entre nós, a manifestação da Câmara dos Deputados. Sobre o tema, aliás, o Dr. Corrêa Lima vem de publicar alentado trabalho versando essa temática, que mostra a necessidade de ser a mesma utilizada em nosso Estado. A integra do aludido artigo é a seguinte: “Z.L.C.S. PARA NOSSO ESTADO Cláudio Corrêa Lima, analista sócioeconômico Sob o título publicado nessa Sexta-feira (13-05-2005), no Caderno “Negócios” deste Jornal, abre o espaço com a seguinte afirmação: “Lúcio espera palavra final de Lula sobre a refinaria”. Tal declaração do ilustre Governador de nosso Estado teria sido dado a reportagem, quando desembarcava procedente da Califórnia (EUA) 1 em nosso aeroporto, ao tomar conhecimento da afirmação do presidente da Venezuela durante a reunião da cúpula “América do Sul – Países Árabes”, de que o projeto misto da refinaria de petróleo (PDVSA-PETROBRAS), já estaria comprometido – provavelmente em termos políticos, creio eu --, para ser instalado em Pernambuco. Alega também, o preclaro e sempre atento à hierarquia, Senhor Governador, colocando-se em posição de não quebrar a harmonia protocolar, de que a decisão final caberia a Lula. E, finalizando diz: “O presidente combinou comigo que tão logo tivesse os dados, ele me chamaria para conversar sobre o assunto”. Nesse particular, analisemos agora os fatos à luz da “realpolitik” (ou seja, “do realismo político”). Em primeiro lugar: não podemos fantasiar a matéria, com “esperanças oníricas” ou sermos infantis, simplesmente baseados na retórica descursiva; pois, segundo a sentença do grande Ministro francês Talleyrand, “a palavra foi concedida ao homem para camuflar seu pensamento”; ou seja, traduzindo-se em linguagem popular, “a arte da diplomacia”. Daí porque indagaríamos, de pronto: ficar esperando, o que ou porque ? Está mais do que claro, para nós, que o discutido projeto da refinaria para o NE, saiu da área técnica e migrou para o campo realisticamente político. Assim sendo, não nos parece uma atitude inteligente e realística de nossa parte, ficarmos na janela – como a Carolina da música do Chico Buarque --, vendo o tempo passar. Procedendo dessa forma, estaríamos minimamente retornando à nossa fase de crianças, onde nossos desejos são fruto do acaso. E, logicamente, não é isso o que se espera dos líderes políticos de nosso Estado, sobretudo de seus dirigentes maiores. 2 Se não podermos assegurar a refinaria para o Ceará, porque não propor ao Governo Federal uma alternativa compensatória para nós, deixando o Presidente Lula de mãos livres para bater o martelo, e assim não retardar a decisão final ? Nesse contexto do jogo de xadrês político, é que, sem dúvida, valeria à pena que sugeríssemos ao Presidente a concessão ao nosso Estado, de uma Z.L.C.S. (Zona de Livre Comércio e Serviços). Inclusive pela oportunidade de que uma idéia semelhante de uma Zona de Livre Comércio já foi levantada pelos países árabes, caso que nos favoreceria se tivermos também uma estrutura dessa ordem, pois seríamos os seus primeiros parceiros. Finalizando: uma ZLCS nós seria, até mesmo, muito mais vantajoso que a própria refinaria. Acordemos, senhores líderes políticos !” Sr. Presidente: A transcrição do artigo do economista Cláudio Corrêa Lima certamente estimulará os nossos representantes para que acolham a importante iniciativa, cuja sanção pelo Presidente Lula da Silva é apontada como absolutamente tranquila, diante da justeza e oportunidade de que a mesma se reveste. Daí o nosso apelo às lideranças partidárias com vistas à viabilização do projeto suprareferenciado. MAURO BENEVIDES Deputado Federal 3