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o
Ed
iç
ã
Oásis
O QUE É
MEDITAÇÃO
O EXÉRCITO
DOS CARACÓIS
GIGANTES
Vieram da África para
invadir as Américas
LEITOR DE
SONHOS
Ele visita o seu cérebro
enquanto você dorme
INTELIGÊNCIA
ERÓTICA
O segredo de um
relacionamento duradouro
Relaxamento ou
despertar espiritual?
a meditação funciona como um caminho que
leva ao contato com nossa essência interior,
aquilo que os esotéricos chamam de “eu
impessoal” e os psicólogos modernos chamam
simplesmente de “Self”
por
Luis
Pellegrini
Editor
O
que é meditação? Relaxamento ou busca espiritual”, nossa matéria de capa, mostra os dois enfoques
principais dessa técnica multimilenar de autoconhecimento. Praticada desde a mais remota antiguidade, e por todas
as culturas e em todos os países, a meditação é geralmente
considerada uma das práticas mais eficazes para restabelecer a
harmonia das relações entre o corpo, a mente e a alma. Mas
não apenas: mais que uma ferramenta terapêutica, a meditação
funciona como um caminho que leva ao contato com nossa
essência interior, aquilo que os esotéricos chamam de “eu impessoal” e os psicólogos modernos chamam simplesmente de
“Self ”. Ao final da matéria, um vídeo muito interessante mostra
oásis
.
Editorial
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como a simples contemplação de uma obra e arte pode ser
uma forma de meditação.
por
Luis
Pellegrini
Editor
A matéria “Inteligência erótica”, por seu lado, aborda uma das
questões mais frequentes nos divãs dos psicoterapeutas: como
manter acesa a chama da libido e do sexo nas uniões amorosas prolongadas, como no caso dos casamentos – inclusive os
mais bem sucedidos - que duram muitas décadas?
Indo para a área ambiental, a reportagem “O exército dos caracóis gigantes” fala de uma invasão inusitada: a dos caramujos
gigantes africanos em nossos jardins, pomares e florestas. Eles
chegaram ao Brasil ao redor de 1988, pelas mãos de criadores interessados nas possibilidades de comercializar sua carne,
por muitos considerada uma iguaria. Mas o brasileiro em geral
tem preconceito para comer esses moluscos. Assim, a ideia
comercialmente não deu certo. As matrizes então foram soltas
na natureza e... deu no que deu. Hoje, milhões e milhões de
caracóis formam um exército devastador para plantas e hortaliças. Como resolver o problema?
Finalmente, no setor da tecnologia, um invento ao mesmo
tempo positivo e assustador: o “leitor de sonhos”, que acaba
de ser inventado por cientistas japoneses. Uma máquina capaz
de adivinhar com o que estamos sonhando, e inclusive proporcionar uma imagem dos nossos devaneios noturnos. Como
dizemos na matéria, não estamos seguros e a salvos nem sequer quando sonhamos...
oásis
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Editorial
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MEDITAÇÃO
Relaxamento ou
despertar espiritual?
oásis
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ESPIRITUAL
ESPIRITUAL
O QUE É
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O médico Elliott Dacher alerta:
meditação não é apenas uma
técnica de relaxamento. Muito
mais que isso, ela é uma verdadeira
ferramenta para a realização
integral do nosso Ser
F
texto: Elliott Dacher
lorescimento humano, para
mim, significa a realização do
nosso potencial inato para alcançar uma
felicidade duradoura, um estado geral de
bem-estar, uma consciência sempre em
expansão, uma serenidade obtida sem esforço. Uso a palavra realização porque essas qualidades são, e sempre foram, parte
inata da nossa natureza essencial. Trata-se, portanto, mais de uma lembrança do
que da criação de algo novo. Embora essa
qualidade ideal de existência seja ineren-
oásis
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ESPIRITUAL
te ao nosso ser, ela costuma permanecer
obscurecida por hábitos mentais disfuncionais adquiridos, por pensamentos e
emoções aflitivas, pelo estresse e angústia gerados por uma mente hiperativa.
Métodos e ferramentas
Para descobrir e dissolver os véus que
escondem o nosso próprio Ser interior,
o nosso Self, necessitamos de métodos e
de ferramentas. Da mesma forma como,
por exemplo, para explorar a nossa biologia, usamos o microscópio e suas versões mais modernas e sofisticadas, como
a ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Tais ferramentas
permitem-nos penetrar mais fundo, ir
mais além das aparências superficiais,
possibilitando-nos obter uma compreensão mais detalhada e precisa da nossa
ecologia física interna. De modo análogo, quando se estuda a mente, podemos
usar a ferramenta conhecida como meditação. A meditação permite-nos ir mais
além das experiências superficiais da
mente, para ganhar uma compreensão
mais detalhada do seu funcionamento e
da sua natureza essencial. Essa compreensão nos permite remover os véus que
obscurecem nossa natureza autêntica,
revelando as qualidades inerentes ao
florescimento humano.
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Nos tempos modernos, no entanto, o uso da meditação se afastou muito da sua intenção e uso original: o despertar a mente para que ela alcance o seu
pleno potencial. A meditação, hoje, é mais usada
para acalmar a mente e aliviar o estresse e angústia.
Tais resultados são conseguidos quando se concentra temporariamente a mente em um “objeto”, que
pode ser um som, uma palavra, ou a simples respiração. Isso diminui a distração mental e acalma a
mente hiperativa - temporariamente! Dessa forma,
a meditação tem sido reduzida a uma simples técnica de relaxamento, a um remédio. Tornou-se uma
solução rápida para acalmar a mente por alguns
momentos. Infelizmente, como um remédio que alivia os sintomas da dor, mas não soluciona as suas
causas, seu efeito dura apenas enquanto a usamos.
Quando a meditação é usada apenas como uma técnica de relaxamento, ela não consegue chegar à raiz
do problema, à fonte geradora de estresse, à angústia, a aflição emocional e a mente hiperativa.
Um instrumento de investigação
O uso correto da meditação era chamado na tradição ocidental da Grécia Antiga de “incubação”. Nesta acepção, a meditação se torna um instrumento
de investigação, deixando de ser apenas um remédio temporário. Ela se torna capaz de cortar a raiz-fonte dos mal-entendidos cognitivos e das aflições
mentais que obscurecem o nosso Ser Profundo, o
nosso Self natural. A meditação faz isso operando
por níveis de penetração da superfície da consciência, indo cada vez mais fundo, observando diretaoásis
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espiritual
mente e trazendo à consciência os hábitos mentais
defeituosos e revelando a não-substancialidade de
pensamentos e emoções aflitivas. Dessa forma, as
fontes mentais da insatisfação, da angústia e do sofrimento progressivamente são dissipadas, como
o orvalho da manhã é dissipado quando sobre ele
bate a luz do Sol. Quando isso ocorre, o nosso Ser
Profundo e as qualidades de uma consciência em
expansão são revelados. Como resultado desse processo, passamos a viver, cada vez mais, uma vida
desperta e completa, ao invés de obter apenas rela-
xamento e pacificação temporários. Para que isso
ocorra, a meditação deve ser ensinada e praticada
em toda envergadura do seu alcance, e de acordo
com os seus objetivos tradicionais. Esse processo
inclui três fases progressivas:
1. domar a tagarelice mental incessante;
2. treinar a mente para que permaneça o mais possível num estado tranquilo, como uma clareira em
meio à floresta, como um oásis de calma e claridade
em meio ao deserto;
3. aprender a deixar que a mente descanse com facilidade e naturalmente quando o Ser interno entrar num estado de expansão da consciência.
Resultados logo começam a aparecer
Assim sendo, o esforço inicial em termos de prática
meditativa pode continuar por um ano ou mais, e é
dirigido a domar a mente e fazer com que ela alcance uma condição de quietude e clareza. A partir daí,
prossegue-se nas técnicas de exploração da mente,
no aprofundamento do trabalho de enfraquecimento e eliminação das suas tendências defeituosas e
disfuncionais, até se chegar a construir uma ponte
que nos conecte à nossa consciência expansiva natural.
Quando ensinada de acordo com a suas finalidades
tradicionais, os resultados da meditação começam
a ser vistos dentro de poucas semanas. É comum as
pessoas relatarem a conquista de um maior estado
de calma mental capaz de persistir para além da
sessão de treinamento; costuma-se relatar também,
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espiritual
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como primeiros efeitos sentidos, uma diminuição
da reatividade psicoemocional e uma melhora das
reações pessoais.
Com a prática continuada da meditação, novas
perspectivas, capacidades e habilidades são desenvolvidas, estabilizadas e integradas na vida diária.
A vida começa a mudar, de dentro para fora.
Meditação, ensinada e praticada dessa forma, faz
parte de um processo maior de estudo, reflexão,
prática e mudança de estilo de vida. Essas mudanças de estilo de vida podem incluir:
1. afastar-se da noção equivocada de que os objetos exteriores, tanto em termos de pessoas ou de
experiências, resultarão em felicidade duradoura;
2. voltar-se para o desenvolvimento interior;
3. cultivar a bondade, a amorosidade e outras qualidades que apoiem o desenvolvimento interior;
4. alcançar uma compreensão mais detalhada da
natureza do sofrimento, das aflições mentais e das
qualidades do florescimento humano.
Ferramenta para o despertar da consciência
Esse processo holístico de treinamento mental e
mudança de estilo de vida é bastante tradicional e
seus resultados - uma vida plena e vital - têm sido
bem conhecidos por homens e mulheres sábios ao
longo do tempo e nas mais diversas culturas.
Vista dessa perspectiva, a meditação, quando usada apenas como ferramenta de relaxamento temporário, pode inclusive ser danosa para o florescimento do praticante. Ao proporcionar um alívio
momentâneo, ela apoia a ilusão de que estamos
realmente criando em nós uma mudança substancial e permanente. Pode nos distrair, desviando
nossa atenção da verdadeira tarefa que temos pela
frente. No entanto, quando usamos corretamente a
meditação como uma ferramenta para o despertar
da consciência, já estamos nos colocando no caminho da realização das preciosas qualidade do florescimento humano.
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espiritual
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(*) O médico americano Elliott S. Dacher é um dos
pioneiros da medicina do futuro, um novo paradigma da saúde e da cura que emerge na atualidade. É
autor de vários livros, entre os quais Integral Health: The Path to Human Flourishing (Saúde Integral:
o caminho para o florescimento humano) publicado
em 2006. Seu último livro, Awake, Awake, Alive: A
Contemporary Guide to the Ancient Science of Integral Health and Human Flourishing (Acorde, acorde, viva: Um guia para a antiga ciência da saúde
integral e o florescimento humano), foi publicado
em 2011. Site: http://www.elliottdacher.org/
Vídeo: Usando animação, projeções de imagens e
sua própria sombra em movimento, a artista multimídia Miwa Matreyek faz uma bela e meditativa
apresentação, sobre descobertas interiores e exteriores. Tire uns minutos de silêncio e mergulhe nos
movimentos de Miwa. Com música de Anna Oxygen,
Mirah, Caroline Lufkin e Mileece.
http://www.ted.com/talks/lang/pt-br/miwa_
matreyek_s_glorious_visions.html
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espiritual
Vieram da África para
invadir as Américas
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animal
animal
O EXÉRCITO DOS
CARACÓIS GIGANTES
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Grandes regiões do continente
americano, notadamente o Brasil,
a América Central e a Flórida,
tornaram-se terreno privilegiado para
a reprodução do caramujo gigante
africano. Mais uma consequência da
irresponsabilidade ecológica
H
texto: Equipe Oásis
á pouco, visitando Ângelo
e Thaís, amigos que moram em Ilhabela, litoral de
São Paulo, levei um susto:
o jardim da casa tinha sido
literalmente invadido por
um exército de caracóis gigantes, alguns maiores que
a palma da minha mão!
“Eles são uma verdadeira
praga, Ilhabela está infestada. Comem
tudo que encontram e o pior é que não
oásis
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animal
tem inimigos naturais por aqui”, disseram os moradores.
O caramujo-gigante-africano (de nome
científico Achatina fulica) é um molusco
da classe Gastropoda, de concha cônica
marrom ou mosqueada de tons claros.
Nativo no leste-nordeste da África, primo distante dos escargots franceses, foi
introduzido no Brasil em 1988 visando
ao cultivo e comercialização no mercado
de iguarias comestíveis. Os adultos da
espécie atingem até 18 centímetros de
comprimento de concha e pesam até 500
gramas.
É uma espécie extremamente prolífica,
alcançando a maturidade sexual aos 4
ou 5 meses. Como se não bastasse, a fecundação de dois indivíduos é mútua,
pois esses caramujos são hermafroditas
e podem realizar até cinco posturas por
ano, podendo atingir de 50 a 400 ovos
por postura. São ativos em todas as estações, resistentes ao frio invernal e à
seca.
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Introdução no Brasil
Presente hoje em diversas partes do planeta, o caracol Achatina fulica foi, ao que tudo indica, introduzido ilegalmente no Brasil inicialmente no estado
do Paraná na década de 1980 como alternativa econômica ao escargot (Helix aspersa) por um servidor
da Secretaria de Agricultura.
A segunda introdução teria ocorrido no Porto de
Santos por um servidor público em meados da década de 90, que montou um heliciário na Praia Grande, no qual promovia cursos de final de semana. O
fracasso das tentativas de comercialização levou os
criadores, por desinformação, a soltar os caracóis
nas matas. Como se reproduz rapidamente e não
possui predadores naturais no Brasil, tornou-se
uma praga agrícola e pode ser encontrado em praticamente todo o país, inclusive nas regiões litorâneas.
Achatina e a saúde pública
Esse caracol pode transmitir ao ser humano o verme Angiostrongylus cantonensis causador de meningite, por ser o hospedeiro natural dele. Esse tipo
de meningite ocorre principalmente na Ásia, porém,
há notificação de casos em Cuba, Porto Rico e Estados Unidos. Apesar disso, são baixas as chances de
essa doença se instalar no país. O Achatina também
transmite o parasita Angiostrongylus costaricensis,
causador de uma moléstia chamada angiostrongilose abdominal, que ocorre desde o sul dos Estados
Unidos até o norte da Argentina. O caracol africaoásis
.
animal
"Caracóis gigantes africanos passeiam
sobre um cipó da nossa Mata Atlântica"
no também é responsável indireto pela potencial
transmissão da febre amarela e, potencialmente,
da dengue. Foi constatado inicialmente na Tanzânia que as conchas de Achatinas mortos podiam
encher-se d’água e tornar-se um potencial ponto
para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor dessas doenças. Em 2001, esse
mosquito também foi encontrado em conchas de
Achatina fulica no estado de São Paulo.
Apesar de ser potencial transmissor de moléstias,
o Achatina fulica é comestível – alguns o consideram uma iguaria de sabor ainda mais refinado que
o escargot francês. Bastam que sejam cozidos durante 30 a 40 minutos e qualquer risco de doença
será eliminado. O único problema que dificulta o
seu consumo é de tipo cultural: no Brasil, muitas
pessoas sentem asco ante a simples ideia de comer
um caracol.
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A criação é ilegal
Devido ao seu sucesso reprodutivo, ele tornou-se
uma terrível praga agrícola, alimentando-se vorazmente de diversos vegetais de consumo humano, e
por isso um parecer técnico 003/03 publicado pelo
Ibama e pelo Ministério da Agricultura em 2003,
que considera ilegal a criação de caracóis africanos
no país, determina a erradicação da espécie e prevê a notificação dos produtores sobre a ilegalidade
da atividade. Este parecer vem reforçar a Portaria 102/98 do Ibama, de 1998, que regulamenta os
criadouros de fauna exótica para fins comerciais
com o estabelecimento de modelos de criação e a
exigência de registro dos criadouros junto ao Ibama.
O combate ao caracol africano
Para combater o Achatina fulica, inicialmente é
necessário identificar corretamente o caracol africano para que não haja qualquer confusão com as
espécies nativas. Identificados, os especialistas recomendam que os exemplares sejam pegos com
luva ou saco plástico para evitar o contato direto,
e deve ser colocado sal ou cloro sobre os animais;
também pode-se esmagá-lo, e não se deve esquecer
de destruir seus ovos no solo com uma vassoura de
grama. Quando chove muito numa região infestada, é comum observarmos os caracóis subindo as
paredes, sendo, então, uma boa oportunidade para
destruí-los. É preciso observar o local que foi infestado por eles por pelo menos três meses para verioásis
.
animal
ficação das reinfestações. O combate químico com
o uso de pesticidas não é indicado, pois o produto
pode contaminar o solo, a água e até o lençol freático, podendo, assim, levar a intoxicação dos animais e do ser humano, além disso, o molusco pode
ser resistente a vários pesticidas. A melhor solução
é a incineração - que pode ser realizada dentro de
qualquer recipiente metálico - o que evita a postura
dos ovos.
Info: http://projetocaramujoafricano.blogspot.
com/
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psico
LEITOR DE
SONHOS
Ele visita o seu cérebro
enquanto você dorme
oásis
.
psico
Nova tecnologia consegue “ler” o
conteúdo dos sonhos das pessoas.
Dentro em breve não estaremos a
sós e a salvo nem quando dormimos.
Cientistas japoneses inventaram
técnica de visualização das imagens
que aparecem nos nossos sonhos
P
texto: Equipe Oásis
arece um sonho (ou não será,
mais propriamente, um pesadelo?) diretamente saído dos
filmes da série Matrix, mas
existe de fato: trata-se de um
dispositivo capaz de compreender, com um bom grau de
exatidão, com o que estamos
sonhando. O aparato foi criado por pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão. Baseado
numa máquina de ressonância magnética
oásis
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psico
funcional (fMRI), um algoritmo matemático e milhares de imagens coletadas
na web, o modelo experimental desse
aparelho conseguiu compreender um
grande número de padrões de ativação
cerebral de três voluntários adormecidos e adivinhou, em 60% dos casos, o
conteúdo dos sonhos deles.
O estudo foi publicado na prestigiosa
revista Science, e se baseia em algo que
se conhece há bastante tempo: nosso
cérebro segue padrões de ativação previsíveis quando reage a diversos estímulos
visuais. Um algoritmo capaz de memorizar esses esquemas pode aprender a
associar cada modelo de ativação a uma
classe precisa de imagens.
Alucinações, o alvo primordial
Cada um dos três participantes envolvidos na pesquisa dormiu no interior de
uma máquina para ressonância magnética funcional durante períodos de 3 horas, no giro de 10 dias. Um eletroencefalograma (EEG) monitorava, enquanto
isso, os níveis de atividade cerebral dos
voluntários, revelando aos pesquisadores em qual fase do sono eles se encontravam. Os sonhos mais longos e complexos acontecem geralmente durante
a fase chamada REM, um momento do
sono que tem início várias horas depois
do adormecimento.
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Mas já durante a fase 1 do sono não-REM, que começa poucos minutos depois que a pessoa fecha os
olhos, estamos sujeitos a ter rápidas e esporádicas
alucinações.
São exatamente essas alucinações o alvo primordial
dos pesquisadores: cada voluntário adormeceu enquanto o o fMRI media os fluxos de sangue no seu
cérebro; assim que o eletroencefalograma confirmava que o voluntários estava na fase 1 não-REM, os
pesquisadores o despertavam e perguntavam com
o que estava sonhando. Essa operação foi repetida
cerca de 200 vezes para cada pessoa.
Análise científica
A esse ponto, os cientistas tomaram nota das 20
classes mais comuns de objetos sonhadas por cada
um deles (por exemplo: “cartas”, “edifícios”, “pessoas”) e buscaram online imagens o mais parecidas
possíveis às descritas pelos “sonhadores”. A seguir,
mostraram as fotos aos voluntários submetidos ao
fMRI, mas desta vez despertos, confrontando os
padrões de ativação cerebral registrados com aqueles surgidos enquanto o voluntário estava sonhando. Essa operação possibilitou isolar os modelos de
ativação relativos a uma classe específica de objetos
(por exemplo, “edifícios”) independentemente do
fato de que o voluntário estivesse olhando para ele
ou sonhando.
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psico
Todos esses dados foram inseridos em um software
para a análise dos dados que, quando os voluntários
adormecidos retornaram ao fMRI, foram capazes
de elaborar vídeos como o que mostramos a seguir,
e prever com o que o voluntário estava sonhando
(as palavras que de vez em quando aumentam de
tamanho no quadro abaixo) com base no padrão
de ativação cerebral obtido. O algoritmo conseguiu
adivinhar corretamente em 60% por casos, uma
porcentagem muito significativa. Em particular, ele
demonstrou ser mais hábil para distinguir o tipo
de sonho (por exemplo, uma cena, ou uma pessoa)
do que um objeto específico do sonho (uma casa,
uma rua). A pesquisa pode lançar as bases para uma
análise científica de sonhos mais profundos, como
aqueles que surgem durante a fase REM.
Video: http://youtu.be/MElU0UW0V3Q
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psico
comportamento
oásis
INTELIGÊNCIA
ERÓTICA
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comportamento
O segredo de um
relacionamento duradouro
Terapeuta familiar e escritora, a
norte-americana Esther Perel ajuda
casais a encontrar o necessário
equilíbrio entre o “conforto” de
uma relação matrimonial feliz
porém acomodada e a desafiadora
incerteza da atração sexual
sempre renovada
N
Vídeo: TED-Ideas Worth Spreading
Tradução para o português: Gislene Kucker
Arantes. Revisão: Rafael Portezan
os relacionamentos
duradouros, frequentemente esperamos que a pessoa
amada seja também
nossa melhor amiga
e parceira erótica. Porém, como argumenta a psicoterapeuta Esther Perel, o sexo
bom e duradouro baseia-se em duas necessidades conflitantes: nossa necessidade por segurança e nossa necessidade por
surpresa. Então, como manter o desejo?
oásis
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comportamento
Com inteligência e eloquência, Perel nos
leva ao mistério da inteligência erótica.
Esther Perel é autora do bestseller Mating in Captivity: Reconciling the Erotic
and the Domestic (Sexo no cativeiro:
Reconciliando o erótico e o doméstico),
editado no Brasil com o título Sexo no
Cativeiro, pela Editora Ponto de Leitura.
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
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video
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
“Por que o bom sexo geralmente desaparece, mesmo
em casais que continuam a se amar tanto? E por que
uma boa intimidade não é garantia de um bom sexo, ao
contrário do que a maioria acredita? Ou a próxima pergunta seria podemos querer o que já temos? É uma pergunta difícil, não? E por que o proibido é tão erótico? O
que tem a transgressão que torna o desejo tão potente?
Por que o sexo faz bebês, e bebês significam um desastre erótico para os casais? É um golpe mortal no erotismo, não é? E quando se ama, como é o sentimento? E
quando se deseja, qual é a diferença?
Essas são algumas perguntas que estão no centro da
minha exploração sobre a natureza do desejo erótico
e seus constantes dilemas no amor moderno. Eu viajo
pelo mundo, e o que noto é que em todo lugar onde o
romantismo entrou, parece existir uma crise do desejo. Uma crise do desejo, de já se possuir o que se quer
- desejo como uma expressão da nossa individualidade,
nossa escolha, preferências, identidade - desejo que se
tornou um conceito central como parte do amor moderno e de sociedades individualistas.
Bem, esta é a primeira vez na história da humanidade
que tentamos experimentar a sexualidade por um longo período, não porque queiramos 14 filhos - para isso
precisaríamos ter ainda mais, porque muitos deles não
sobreviveriam -, e não porque é exclusivamente um dever conjugal da mulher. Esta é a primeira vez que queremos sexo que no passar do tempo ainda tenha prazer
e conexão baseados no desejo.
O que mantém o desejo, e por que isso é tão difícil? No
centro da sustentação do desejo, em um relacionamento a longo prazo, penso que esteja a conciliação de duas
necessidades humanas fundamentais. De um lado, nosoásis
.
comportamento
sa necessidade de segurança, previsibilidade, proteção, dependência, confiança, permanência, todas
essas experiências fundamentais das nossas vidas
que chamamos de lar. Porém temos também uma
necessidade igualmente forte, homens e mulheres,
de aventura, mistério, desconhecido, inesperado,
surpresa - já entenderam - viagens. Conciliar nossa necessidade por segurança com a nossa necessidade por aventura em um relacionamento, ou o
que chamamos hoje de um casamento apaixonante, costumava ser uma contradição. Matrimônio
era uma instituição econômica em que havia uma
parceria por toda vida em relação aos filhos, “status” social, sucessão e companhia. Hoje em dia
queremos que nosso parceiro continue a nos dar
tudo isso, e além disso quero que seja meu melhor
A psicoterapeuta Esther Perel
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
amigo e meu confidente, meu amante apaixonado, e vivemos o dobro do tempo. Então nós basicamente pedimos a uma pessoa que nos dê o que antes um vilarejo
inteiro nos fornecia. Dê-me merecimento, identidade,
continuidade, mas também transcendência e mistério e
admiração, tudo junto. Dê-me conforto, limite. Dê-me
novidade, familiaridade. Dê-me previsibilidade, surpresa. E achamos que acordos, brinquedos e lingerie irão
nos salvar.
Agora chegamos à realidade existencial da história, certo? Porque acho que, por um lado - e vou voltar a isso a crise do desejo é geralmente uma crise da imaginação.
Então, por que o bom sexo geralmente desaparece?
Qual a relação entre amor e desejo? Como se relacionam e como se chocam? Porque aí mora o mistério do
erotismo.
Para mim, se há um verbo que vem junto com amor é
“ter”. E um verbo que vem junto com desejo é “querer”.
No amor, nós queremos ter, queremos conhecer o amado. Queremos minimizar a distância. Queremos diminuir o espaço. Queremos neutralizar as tensões. Queremos proximidade. Mas no desejo, temos a tendência de
não querer voltar aos lugares em que já estivemos. Conclusões precipitadas não mantêm nosso interesse. No
desejo, queremos um Outro, alguém do outro lado que
podemos visitar, com quem podemos passar um tempo
juntos, a quem podemos ir para saber o que está acontecendo na “praia” dele. No desejo, queremos uma ponte para atravessar. Ou seja, eu algumas vezes digo que o
fogo precisa do ar. O desejo precisa de espaço. Dizendo
assim, soa quase sempre abstrato.
Fiquei com essa questão na cabeça e fui a mais de 20
países nos últimos anos com “Sexo em Cativeiro”, e peroásis
.
comportamento
guntei às pessoas, quando você sente mais atração
pelo seu parceiro? Não sexualmente atraído, mas
atraído em geral. Independente da cultura, religião e gênero, todos apresentam algumas respostas semelhantes.
O primeiro grupo é: sinto mais atração pelo meu
parceiro quando estamos longe, separados e nos
reencontramos. Em suma, quando eu volto a ter
contato com a minha habilidade de me imaginar
com meu parceiro, quando minha imaginação começa a visualizar, e quando posso juntar a isso
ausência e saudade, que é o maior componente do
desejo. Mas o segundo grupo é ainda mais interessante: Eu me sinto mais atraída pelo meu parceiro quando o vejo no estúdio, no palco, quando ele
está em seu mundo, ou faz algo pelo qual é
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
apaixonado, quando o vejo numa festa e outras pessoas
se sentem atraídas por ele, quando é o centro das atenções. Em suma, quando olho para o meu parceiro sendo
radiante e confiante, é provavelmente o maior estímulo de todos. Radiante, como em autossustentável. Eu
olho para essa pessoa, a propósito, no desejo as pessoas
raramente falam disso, quando estão grudados, cinco
centímetros um do outro. Mas também não falam sobre
quando a outra pessoa está tão longe que você não pode
vê-la mais. Quando olho para meu parceiro a uma distância confortável, em que essa pessoa é tão familiar,
tão conhecida, é por um momento novamente um tanto
misteriosa, um tanto elusiva. E nesse espaço entre eu
e o outro, encontra-se o impulso erótico, encontra-se o
movimento em direção ao outro. Porque algumas vezes,
como disse Proust, “a verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas
em possuir novos olhos”. Quando vejo meu parceiro por
si mesmo, envolvendo-se em algo, olho para essa pessoa
e por um momento tenho uma mudança de percepção, e
fico aberta para mistérios que ainda vivem em mim.
E o mais importante na descrição sobre o outro ou sobre si mesmo - é a mesma coisa - o que mais interessa
é que não há carência no desejo. Ninguém precisa de
ninguém. Não há zelo no desejo. Zelo é amar grandiosamente. É um antiafrodisíaco poderoso. Eu ainda quero
encontrar uma pessoa que esteja excitada por alguém
que precisa dela. Desejá-la é uma coisa. Precisar dele
é desestimulante, e as mulheres sabem disso há muito
tempo, porque qualquer semelhança com algo paternal
provavelmente diminuirá a carga erótica. Por boas razões, certo?
O terceiro grupo de respostas seria quando estou suroásis
.
comportamento
preso, quando rimos juntos, ou como disse para
mim mesma hoje, quando ele veste smoking, e eu
disse, tanto faz smoking ou botas de cowboy. Basicamente quando há alguma novidade. Novidade
não tem nada a ver com novas posições. Não é um
repertório de técnicas. Novidade é, quais partes
suas você valoriza? Que partes suas são vistas?
Porque de algum modo alguém pode dizer que
sexo não é algo que você faz, hein? Sexo é um lugar para onde você vai. É um espaço em que você
entra dentro de você e com o outro, ou outros.
Aonde você vai no sexo? Com que partes suas você
se conecta? O que você deseja expressar? É um lugar de transcendência e união espiritual? É
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
um lugar para travessuras ou um lugar para agressividade segura? É um lugar onde você pode finalmente se
render e não ter responsabilidade de nada? É um lugar
onde você pode expressar seus desejos infantis? O que
isso revela? É uma linguagem. Não é apenas um comportamento. É pela linguagem poética que me interesso
e foi por isso que comecei a explorar o conceito de inteligência erótica.
Vocês sabem, os animais fazem sexo. É o ponto central é biologia, é o instinto natural. Somos os únicos
que têm uma vida erótica, o que significa que a sexualidade foi transformada pela imaginação humana. Somos os únicos que podem fazer amor durante horas,
ter momentos de pura alegria, orgasmos múltiplos, e
sem tocar em ninguém, apenas com a imaginação. Nós
podemos insinuar. Não precisamos fazer. Podemos experimentar algo poderoso chamado antecipação, que
é a cereja do bolo do desejo, a habilidade de imaginar
as coisas como se estivessem acontecendo, experimentar como se estivesse acontecendo, quando nada está
acontecendo e tudo está acontecendo ao mesmo tempo.
Quando penso em erotismo, penso em um sexo poético,
e se o vejo como uma inteligência, então é algo que você
cultiva. Quais são os ingredientes? Imaginação, jovialidade, novidade, curiosidade, mistério. Mas o agente
central é aquela peça chamada imaginação.
O mais importante: para que eu entenda quem são os
casais que possuem uma faísca erótica, que sustentam o
desejo, tive que voltar à definição original de erotismo,
a definição mística, e eu tomei uma derivação, vendo
realmente o trauma, que é o outro lado, e eu voltava o
olhar para a comunidade onde nasci, uma comunidade na Bélgica, todos sobreviventes do Holocausto, e na
oásis
.
comportamento
minha comunidade haviam dois grupos: aqueles
que não morreram e aqueles que retornaram à
vida. Aqueles que não morreram, viveram muito
amarrados ao chão, não conseguiam experimentar
prazer, confiança, porque quando você é vigilante,
preocupado, angustiado e inseguro, você não consegue erguer a cabeça e se soltar, ser brincalhão,
seguro e criativo. Aqueles que retornaram à vida
vêem o erótico como um antídoto para a morte.
Eles sabem se manter vivos. Quando comecei a
escutar sobre a falta de sexo em casais com quem
trabalhei, eu os ouvia dizer, “quero mais sexo”,
mas geralmente as pessoas querem um sexo melhor, e melhor quer dizer se reconectar com a qualidade de estar vivo, de vibração, renovação, vitalidade, Eros, energia que o sexo costuma dar ou
que eles esperam que seja dado.
Então comecei a fazer uma pergunta diferente. “Eu
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Tradução integral da palestra de Esther Perel
me fecho quando?” - assim começava a pergunta. “Eu
abafo meus desejos quando..” que não é a mesma pergunta que “o que me desestimula..”e “você me desestimula quando..” As pessoas diziam, “eu me fecho quando eu me sinto morto por dentro, quando não gosto do
meu corpo, quando me sinto velho, quando não tenho
tempo para mim, quando não tenho a chance de saber
como você está, quando não me saio bem no trabalho,
quando minha auto estima está baixa, quando não me
dou valor, quando não sinto que tenho o direito de querer, de dar, e receber prazer.”
Então comecei a fazer a pergunta ao contrário. “Eu me
fecho quando...” Porque geralmente as pessoas gostam
de perguntar, “você me excita, o que me excita’, e eu
fugi da questão, entendem? Bem, se você está morto
por dentro, a outra pessoa pode fazer tudo no dia dos
namorados. Não vai causar efeito algum. Não há ninguém lá para responder. (Risos) Eu me excito quando,
quando me conecto com meus desejos, eu acordo quando...
Neste paradoxo entre amor e desejo, o que parece ser
desconcertante é que os ingredientes que nutrem o
amor - interdependência, reciprocidade, proteção, preocupação, responsabilidade pelo outro - são os mesmos
que podem sufocar o desejo. Porque o desejo vem com
uma série de sentimentos que nem sempre são os favoritos do amor: ciúmes, possessão, agressão, poder, domínio, safadeza, ofensa. Basicamente muitos de nós se
excitam a noite pelas mesmas coisas a que se manifestam contrários durante o dia. Bem, a mente erótica não
é muito politicamente correta. Se todos tivessem fantasias com uma cama coberta de rosas, não teríamos essa
conversa. Mas não, em nossa mente existe uma série de
oásis
.
comportamento
coisas acontecendo que nem sempre nos damos
conta, como dizer à pessoa que amamos, porque
acham que amor vem com abnegação e na verdade
o desejo vem com uma dose de egoísmo no melhor
sentido da palavra: a habilidade de estar conectado consigo mesmo na presença do outro.
Quero formar uma imagem para vocês, porque
essa necessidade de reconciliação, esses dois conjuntos de necessidades, vem do nosso nascimento.
Nossa necessidade de conexão, nossa necessidade de separação, nossa necessidade de segurança
e aventura, ou nossa necessidade de estar juntos
e de autonomia, e se pensar na criança que senta no seu colo e que está aconchegada, segura e
confortável, e num certo momento precisa sair
pelo mundo para fazer descobertas e explorar. Aí
está o começo do desejo, essa exploração precisa
de curiosidade, descoberta. Em algum momento
elas viram e olham para você, e se você disser a
elas, “ei querido, o mundo é um lugar bem legal.
Vai nessa. Divirta-se por aí,” então eles podem ir
e experimentar a conexão e a separação ao mesmo
tempo. Eles podem partir em sua imaginação, em
seu corpo, em sua travessura, sabendo que há alguém quando eles voltarem.
Mas se desse lado tem alguém que diz, “Estou preocupado. Estou angustiado. Estou com depressão.
Faz tempo que meu parceiro não cuida de mim. O
que está acontecendo? Não temos tudo que precisamos juntos, você e eu?” e daí surgem algumas
reações que todos nós conhecemos. Alguns retornam, depois de um longo tempo, e a criança que
volta é aquela que renuncia a uma parte de si
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mesma para não perder o outro. Perco minha liberdade
para não perder a conexão. Vou aprender a amar de um
modo sobrecarregado de preocupação extra e responsabilidade e proteção extras, e não sei como vou deixá-lo
a fim de sair para jogar, experimentar o prazer, descobrir, entrar dentro de mim mesmo.Traduzindo isso para
uma linguagem adulta. Começa-se bem jovem. Continua
por nossas vidas sexuais até o fim. A criança número
2 volta, mas fica vigiando o tempo todo. “Você estará
aqui? Você vai me xingar? Vai me repreender? Vai ficar
bravo comigo?” Eles podem ter ido embora, mas nunca
estão longe, e essas pessoas geralmente dirão a você,
que no começo foi tudo muito quente. Porque no começo, a intimidade que crescia ainda não era tão forte, e
na verdade levou a um declínio do desejo. Quanto mais
conectado eu fico, mais responsável eu me sinto, menos
me solto em sua presença. A terceira criança não retorna.
O que acontece se você quiser sustentar o desejo, aí
está a verdadeira peça dialética. Por um lado você quer
segurança para ir. Por outro lado você não pode ir, não
tem prazer, você não consegue atingir, não tem orgasmo, você não fica excitado porque perde seu tempo no
corpo e na cabeça do outro e não consegue mesmo.
Neste dilema sobre reconciliação, nesses dois conjuntos
de necessidades fundamentais, existem algumas coisas que percebi nos casais eróticos. Primeiro, eles têm
muita privacidade sexual. Eles entendem que existe um
espaço erótico que pertence a cada um deles. Eles também entendem que as preliminares não começam apenas cinco minutos antes da relação sexual. As preliminares começam no fim do último orgasmo. Eles também
entendem que o espaço erótico não é começar a acarioásis
.
comportamento
ciar o outro. É criar um espaço onde você deixa de
lado a Gestão Ltda, você deixa de lado o trabalho,
e você entra naquele espaço em que você para de
ser o bom cidadão que cuida de tudo e é responsável. Responsabilidade e desejo são idiotas. Eles
não se dão bem. Os casais eróticos entendem que
a paixão vai e volta. Como a Lua. Tem eclipses de
vez em quando. Eles sabem que conseguem ressuscitá-la. Eles sabem como trazê-la de volta, e sabem
como trazê-la de volta porque eles desmistificaram
o grande mito, que é o mito da espontaneidade,
aquele que vai cair do céu enquanto você limpa a
casa assim inesperadamente, e eles entendem bem
que o que tiver que acontecer em uma relação duradoura, ela já a tem.
Sexo com compromisso é sexo premeditado. É determinado. É intencional É foco e é presença.”
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O QUE É MEDITAÇÃO