XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
MORCEGOS DA FLORESTA ATLÂNTICA: PADRÕES DE
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E FORMAÇÃO DE UM BANCO
DE DADOS PARA PESQUISAS ECOLÓGICAS
Luiz Fernando Pesenti Junior – Universidade Estadual de Maringá, PGB/UEM
Guilherme Okuda Landgraf – Universidade Estadual de Maringá, PEA/UEM
Bruno Leandro Santini – Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia
Laryssa Negri Peres - Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia
INTRODUÇÃO
A Floresta Atlântica é considerada uma área prioritária para esforços conservacionistas no Brasil (Myers et al.
2000). Apesar da grande importância para a diversidade mundial, este bioma brasileiro encontra-se ameaçado pelos
processos decorrentes de atividades antrópicas. Originalmente cobrindo 1.315.460 km² ao longo de 17 estados a
Mata Atlântica, hoje, possui em torno de 12,5% da sua cobertura original (SOS Mata Atlântica) sendo a maior parte
pequenos fragmentos com alto grau de degradação e isolados em uma matriz de agricultura (Ribeiro et al. 2009).
Os morcegos representam a segunda maior ordem de mamíferos (Wilson & Reeder, 1993), com pelo menos 40%
das espécies pertencem ao Bioma da Floresta Atlântica (Fonseca et al., 1999). Os Morcegos tem um grande papel
ecológico, como dispersores de sementes, no controle de insetos e seu potencial como espécie indicadora os tornam
um grupo chave para o funcionamento do ecossistema.
Estudos que sumarizam informações ecológicas utilizando ferramentas de geoprocessamento tem sido amplamente
utilizados. Por exemplo Bernard et al. (2011) em uma revisão sobre a distribuição espacial dos inventários
brasileiros de morcegos contribuem com importantes informações para o direcionamento das ações nessa área.
OBJETIVO
O objetivo foi estudar a distribuição espacial da comunidade de morcegos na Floresta Atlântica e formar uma base
de dados para a implementação de estudos ecológicos.
METODOLOGIA
Para o banco de dados foram realizadas pesquisas em bases de dados científicas: Scielo, ISI, Scopus e Google
Schollar, utilizando combinações de palavras-chave contendo: morcegos, mata atlântica, nomes dos estados FA.
Também foram levantados dados através do currículo Lattes de pesquisadores da área, banco de teses e
dissertações de grandes centros de pesquisa e revistas especializadas.
Foi realizada a leitura dos abstracts dos trabalhos levantados, como um novo filtro e então foram coletadas
informações sobre as espécies, coordenadas, localidade, autores e forma de publicação.
Os dados foram tabulados e importados para o ArcGIS onde foram transformados em um arquivo shapefile (shp).
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Foram criados grids de 0,5 graus para valores de riqueza e turnover.
RESULTADOS
Foram selecionados 528 trabalhos dos quais alguns foram descartados por não apresentarem informações
relevantes ou completas. Nos resultados parciais de 361 referências analisadas, foram coletadas informações de
175. Nesta avaliação parcial foram identificadas 138 espécies o correspondente a 82% das espécies do Brasil, oito
famílias e 31 gêneros, totalizando 2471 registros. As espécies com maior número de registros foram Carollia
perspicillata (123) Artibeus lituratus (121), Sturnira lilium (106), Myotis nigricans (86). 37 espécies apresentaram
pelo menos 20 registros e 41 espécies apresentaram 5 ou menos registros. Os estados com maior número de
registros foram Rio de Janeiro (565), Paraná (449), São Paulo (364) e Bahia (355) enquanto os estados com menos
registros foram Alagoas (34), Paraíba (25) e Rio Grande do Norte (1). Das 546 células de 0,5 x 0,5 graus do grid
somente 150 possuíram registros (27%). Os mapas de riqueza e turnover (índice de beta diversidade de Whitaker)
indicam áreas com grande número de espécies no estado do RJ, BA e PR.
DISCUSSÃO
Grande parte da FA continua sem nenhuma amostragem (72,5%) de acordo com o banco de dados criado neste
trabalho, o que indica a necessidade da criação de mais grupos de trabalho com morcegos e que os grupos já
existentes ampliem sua área de amostragem com projetos mais direcionados as áreas subamostradas ou sem
amostras, sendo este mapeamento de grande valia no delineamento de esforços futuros para trabalhos com
morcegos. Apesar da apresentação de dados parciais o banco de dados já mostra padrões claros de relação entre as
área mais amostradas e centros de pesquisa da área. Apesar das áreas com maior riqueza e turnover serem áreas
mais amostradas elas apresentaram um grande número de espécies sendo este resultado importante para a
conservação da ordem.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos indicam que trabalhos como este são de grande importância para o delineamento amostral de
áreas não-amostradas e na identificação de áreas com grande potencial para a conservação de espécies. Além disso
este banco de dados pode ser utilizado para outros estudos ecológicos como a modelagem de distribuição de
espécies, a influência das mudanças climáticas sobre as espécies além determinar o real status de nosso
conhecimento sobre os morcegos na Floresta Atlântica.
BIBLIOGRAFIA
BERNARD, E., AGUIAR, L.M.S, MACHADO, R.B. 2011. Discovering the Brazilian bat fauna: task for two
centuries?. Mammal Review 41(1): 23-39
FONSECA, G.A.B.; HERRMANN, G. & Y.L R. LEITE. 1999. Macrogeography of brazilian mammals. Pp.549563. In: EISENBERG, J.F. & K.H. REDFORD (eds.). Mammals of the neotropics: the central neotropics. The
University of Chicago Press, Chicago, Illinois.
MYERS, N., MITTERMEIER, R.A.,MITTERMEIERS, C.G. 2000. Biodiversity hotpots for conservation
priorities. Nature, 403(6772):853–8.
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RIBEIRO MC, METZGER JP, MARTENSEN AC, PONZONI FJ & HIROTA MM, 2009. The Brazilian Atlantic
Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological
Conservation, 142(6):1141–1153
WILSON, D. E. & D. M. REEDER. 1993. Mammals species of the world: a taxonomic and geographic reference.
2nd ed. Smithsonian Institution Press, Washington, D.C.
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