METODOS DE TRATAMENTO TOPICO DE BOVINOS COM WARFARINA
TECNICA EM PASTA A 2% PARA CONTROlE
DE MORCEGOS HEMATOFAGOS Desmodus rotundus
BOVINES TOPICAL TREATMENT METHODS BY TECHNICAL WARFARIN 2%
FOR CONTROLLING VAMPIRE BAT Oesmodus rotundus
Rogerio Serrao Piccinini}
Adriano L,icio Peracchi l
Jose Carlos Pereira de Souzcr
Antonio Marclls Tannure 1
Sansiio Luis Davi Raimllndo l
Silo Tenorio de Albuqllerque l
Lenir Lemos Furtado l
RESUMO - Foram testados dois metodos de tratamenlo
topico de ferimentos provocados por morcegos hematMagos
em bovinos, usando warfarina tecnica a 2%. 0 me todo de
!ratamento repetitivo resullou na reduyao de 100% dos
ferimentos 7 dias apos, e 0 metoda de tratamento unico. em
83,4% apos 13 dias. Os morcegos Desmodlls rotundus
reutiiizaram 48% e lOO% os ferimcntos tratadas, em cada
wn dos metodos. 0 metodo de tratamenlo lopico unico foi
consid~rado conveniente para uso em bovinos criados extensi vamente, podendo ser aplicado durante as temporadas
de vacinavao e em anima is estab ulados. 0 metodo de tratamento topico repeti tivo indica melhores possibilidades de
uso em animais estabulados. Ambos os 1116todos sao indicados para 0 control e de morcegos hemat6fagos em bovinos e outros anima is, atraves do tratamento pi co dos seus
ferimentos, a despeito da sua localizavao. Esles melodos
podem ser utilizados pelos criadores e durante 0 dia.
ABSTRACT -It was tested different methods for treating
topical vampire bat bites in bovines using the thecnical
watfarin 2%. The repetitive treatment method achieved a
reduction of 100% in the wound numbers 7 days after the
first day treatment, and the single treatment method
achieved 83.4% reduction 13 days after the first day of
treatment, Desmodus rotundus used treated wounds with
an allack rate of 48% and 100% for each method The
single treatment method was considered useful to beef
callie raised extensively and iI can be applied during
vaccination time and in stabled animals also. Dairy callie
can also be treated at the stable. The repetitive treatment
method shows beller results when used in dairy callie. Both
methods are indicated for controling vampire bat that
allocks bovines or other animals by treating their bites in
spite of their locations. 177ese methods can be carried out
by the farmers themselves at day time.
PALAVRAS-CHAVE - Morcego he matMago, Desmodus
rotundus, tratamento topica, warfarina, bovino,
KEY WORDS - Vampire bat, Desnzodus rotundus, topical
treatment, warfarin, callIe.
to
INTRODUc;:Ao
o contrale d os mo rce gos
hellla tOfagos, pri ncipalmente os da especie Desmodus rotundus (E. Geoffroy,
1810) lem sido realizado mode rna mente atraves de tn!s principais nH~l o ­
dcs: captura e tratamento de mar egos com pasta ta p ica a base de
difcnadiona (Mitchell & Bums. 19 4)
au de warfarina (Flo res Crespo&: Ruiz.
I
!
1975; Moreira et al. 1980), tratamento injetavel intra-ruminal em bovinos
COIll difenadiona em s li spe nsao
(Mit~hel & Burns, 1974; Linhard,
1975) ou injelclvel intramuscular em
bovinos (Flores Crespo & Said
Fornillldez, 1977; Flores Cres po ot al.
1976 ; Piccinini el al. 1985).
o Ministeiro da Agricultura,
at raves da Secretaria de Defesa Sani -
l::i.ria Animal encomclldou ao Instituto
de Tecnologia do Parana (TECPAR)
uma partida experimental da pasta
vampiricida para usa tapiee em animais domesticos, com base nos estudos desenvolvidos par Piccinini et al.
(1985) e que foi denominada "Tecvampicid Pasta 2%".
as testes realizados visam avaliar 0 desempenho da formulayao do
prod uta sob condi<;Oes de laboratario,
frente a dois distintos metodos de tra-
Professor da Uniwrsidack Fed.nI 00 R10 de.Jznriro (CFRRJ). BR 465. kill 7, 23 85 1·970. S.:rop':dica, RJ.
M':dico Vct..!rinario, Dd~gacia F.ed.:raI de A.gricu.Itura.. ~fA.. Ax. Rodrigu<!S Alves. 129, 20081 .250, Rio de Janeiro, RJ.
R, bras. Mcd. Vet. , v.20, 11 .2, 1998
69
tamento. Os resultados obtidos
proporcionam op<;5es de uso do
varnpiricida a 20/0, nao sO aos
servi<;os oficiais de controle da
raiva, como taml>em aos pecuaristas que tern problemas com
os morcegos hematMagos . E
tambem objetivo desta publica<;lio fomecer subsidios para a
produ<;ao industrial deste
varnpiricida, podendo a indUstria nacional utiliza-Io integralmente, desde que sejam seguidas as forrnula<;oes apresentadas por Piccinini et al. (1 985),
dispensando novos testes.
MATERIAL E METODOS
o produto uti lizado
oeste experimento foi formulado no Brasil (piccinini et a1.,
1985), con base nos estudos de
Flores Crespo et a1. (1976), produzido no TECPAR sob 0 nome
comercia l de "Tecvam-picid
Pasta - Para Uso T6pico em
Animais lt e cedido peJa Seefetaria de Defesa Sanitaria Animal do Ministerio da Agricultura. Estava acondicionado em
potes plaslicos de 60g. A formula<;iio indicava no r6tulo:
Warfarina Tecnica [3-(alfaacetonil-benzil) - 4hidroxicumarinaJ, 2 ml ; Veicu10 q.s.p 100m.l.
Foram utilizados tn~s
morcegarios medindo 3x3x3
metros, com condic;:5es para
manutenc;:ao de morcegos
hemat6fagos e bezerros. Propiciaram-se locais para observar;30 e fixac;ao da colonia de
morcegos, evitando assim allerac;Oes no seu comportamento.
o ambiente possuia tempenJtura, umidade relaliva e venti IaC;ao compativeis com as moree-
gos.
o delineamento experimental constituiu-se de tres
gmpos, como segue:
Gmpo 1- Colonia com
16 morcegos D esmodl1s
rotundus procedentes de Passa
Tres, Pirai, RJ, todos de ullla
mesma colonia original: um
bezeno mestiyo holando-zebu,
macho, pesando 93kg, com dez
meses de idade, pelagem preta-e-branca.
70
Gmpo 2- Colonia com 10 morcegosD.
rotundus procedentes de Ipiaba, Barra do
Pirai, RJ, lodos de uma mesrna colonia original; 2 bezerros mesti<;os holando-zebu, machos, pesand6 90kg e 155kg, com oito e nove
meses de idade, pelagens castanha-e-branca
e preta-e-branca.
Gmpo 3- ColOnia corn 2 morcegos D.
rotundus, procedentes da Casa de Bomba,
UFRRJ, Itaguai, RJ; um beze rro rnesti<;o
holando-zebu, macho, pesando 139kg, com
oito meses de idade, pelagem castanha escura.
as 4 bezerros, todos vacinados contra
a raiva, serviram de fonte alimentar para os
morcegos e apresentavam-se em condi<;6es
nonnais de saude, estando aptos para os experimentos.
a grupo 1 serviu para os testes com 0
tratamento repetitivo, 0 grupo 2 para 0 tratamento unico e 0 grupo 3 como controle.
pes iniciaram-se. num ilia 9 de maio e encerraram-sc no dia 1- para 0 primeiro grupo e no dia 22 pant 0 segundo grupo. 0
grupo co ntrale foi mantido para os dais
estudos.
Tratamento repetitivo - Tratado com 2g da pasta cada urn dos
ferimentos encontrados no bezerro do
primeiro gmpo, no dia 09/05, faze ndo-se urn circulo de aproxirnadarnente 3cm de di ametro sobre cada
ferimento. Do dia 10/05 em diante, este
procedimento era aplicado a cad a
ferimento novo encontrado, porem os
antigos, mesmo que reutilizados, nao
mais foram tratados. Portanto, cada
ferimento recebeu urn s6 tratamento.
Tratamento imico - Foram tratados todos os ferimentos encontrados
nos dois bezerros do segundo gmpo,
com 2g da pasta em cada um, no dia
09/05 do mesmo modo que para 0 primeiro gmpo. Nao mais foram tratados
quaisquerferimentos novos ou anligos,
ate 0 termino do experimento.
Ao final do periodo de observa,ao, os morcegos sobreviventes foram sacrificados. Todos os morcegos
dos dois gmpos foram necropsiados
para confirma<;ao da morte pe la
warfarina e sellS cerebros foram enviados para exame laborato rial de raiva,
no Laborat6rio de Biologia Animal da
Pesagro-Rio, em Niter6i, RJ, resultando negalivos. Os morcegos do gmpo
controle permaneceram normais ate 0
final dos estudos.
Os bezerros eram semp re colocados no
morcegario ao entardecer e retirados ao amanheccr. Os ferimentos eram exarninados e anotados
em fichas ind ividuais e diarias, contendo dese nho
das faces direita e esquerda e da regiao posterior
de urn bovina. Os desenhos tin ham di visoes corporais: cabeya, pescoyo, cernelha , barbel a, membra anterior, regiao toracica , dorsa, flanco, regiao
ab dom inal, membra po sterior, cauda c reg ina
perinea l.
Para anotayao dos fe rim cntos, adotou-se
urn cOdigo com sinais di stintos que representavam
"ferimen to novo ", "reutilizado", "1130 reutilizado",
"Iratada utiliz ada" , "tratado nao ut ilizado" .
"Feri mento novo" significava a abertu ra dele na
noi te imed iatamente anterior e em area corporal
nova ~ "ferimento reutilizado" e "ferimento !ralado
utilizado" sign ifi c ava m a ulili zayil o de um
ferimento anteriormente aberto, tratado ou nao,
naquel a noite con siderada e "fe rirnen to nao ut ilizado " e "tratado nao utilizado" s igni ficava m que
um fer imen to existen te anteriormente, tratado ou
nao, foi utilizado na quela noite consi derada. Cada
ferirnenta registrado nos mapas corporai s de cada
animal recebia um numero especi fico que pcnnanecia ate 0 tim do experimento.
Tados as dias, pela manha e a tarde, eram
fcitas inspeyoc s nas col onias para verificayao do
numero de marcegos, do seu estado de saude e do
seu comportamcnto. Os trabal hos com os tres gru- .
RESULTADOS E D1SCUSSAO
Tratamento rcl'etitivo - No dia
08 / 05, 0 bezerro apresentou 9
ferimentos e em 09/05 estava com 16
ferimeotos, dos quais 10 haviam sido
utilizados. Estes 10 foram tratados com
a pasta. as resultados diarios encontrados podem ser observados nas Tab.
I e 2 e na Fig. I.
Tab.l - Situ3y30 dos ferimentos no bezeno tratado repetitivamente com warfarina tecnica
em pasta a 2% em condicoes de cativeiro.
Dias de observayao
Tipo de ferimento
N ovo
R eut iliz ado
Tr atado
10
09
20
07
03
10
Tratada ut il izado
Tratado na o utilizado
N ao utilizado
30
04
40
03
SQ
02
60
03
70
02
80
01
90
00
100
00
04
08
08
03
04
16
02
06
17
03
05
20
02
03
25
01
00
30
00
31
00
31
06 ( ~ )
(a) Os ferimentos nao uti liz,1.dos do primeiro para 0 segundo dia D a O foram tratados.
R. bras. Med. Vet., v.20, n.2, 1998
Tnltnmcntu unico - No dia 091
05 os bczerros apresentavam
seis fcrimcntos que foram tratados com a pasta. Os resultados di,irios podem ser observados Has Tab. 3 e 4 e Fig. 2.
Tab.2 • Resultados da aplicac;ao topica de wa rfarina tccnica em pasta a 2% COIll LratamcnLo
repetitivo em ferimento de bovino sob prcda<;50 de D. rotllne/us, eIll condic;5es de cativeiro.
Dias de observayao
Tratamento dos ferimentos
situa930 dos morcegos
10
20
30
4Q
50
60
70
8Q
Ferimentos novos
09
07
04
03
02
90
100
03
02
01
00
00
Tratamento dos ferim. novos
SIT
T
T
T
T
T
T
T
SIT
SIT
Morcegos vivos
16
00
16
00
00
16
00
00
16
00
00
14
02
02
07
07
09
04
03
12
01
03
15
01
00
15
00
01
16
Morcegos mortos
Somat6rio de morcegos mortos 00
srr = Sl!1ll tralmnl!nto, T = tnltaml!nlO
SIT
7
NUl'nerode
T
T
T
6
4
3
2
1
0
LEGENDA
T
T
SIT
/~
6
morcegos
mortos
T
8
9
10
11
12
\
16
13
SIT
16
17 malo/84
-: MORTALIDADE
SIT : SEM TRATAMENTO
T:TRATAMENTO
fig. l - Curva de mortalidad.:: dos lllorc!!gos inloxicados pela warfarina t~tiC;l .::1l1 past.::t" 2°" quando utilizados tralamenlos repel ilivos dos ferimentos
enconlr.ldos (em condi!JlX'S de cali vdro).
Tab. 3 - Situac;ao dos ferilllentos encontrados nos bezerros tra tados uma tmica \'ez
condic;5es de cativeiro.
CO Ill
a warfarina tecnica em pasta a 2% em
Oias de observayao
Tipo de ferimento(a)
1'>1
20
3'>1
40
50
60
7~
No vo
06
06
02
06
06
05
05
02
02
04
02
06
06
08
04
16
03
22
05
25
Tratado
Tratadol Utilizado
Tratado/ Nao utilizado
80
03
29
10 0
03
11 Q
120
130
140
00
02
00
01
00
02
31
01
32
01
35
03
35
03
35
00
39
90
(a) Niio ap a rec~m os feri m~lItos reutilizados c niio utilizados P OH [UI! 0 tratamento 51! d.:u no di.:l ~guin t.: ao da coloca!Jiio dos Illllrcegos no llIorcegario.
Tab. 4 . Resultados da aplicac;ao lopica da warfarina tecnica em pasta a 2%
sob prcdac;50 de D. rotl/ne/lIs, em condic;5es de cativciro.
COIll Ulll
tlllica tratmnc nto em ferimentos de bovinos
Dias de observat;;30
Tratamento dos rerimentos
e situa930 dos morcegos
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Ferimentos novos
06
02
06
06
05
05
02
00
100
03
11 0
02
00
13 0
01
Tratamento dos ferim. novos
S IT
T
SIT
SIT
SIT
S IT
S IT
SIT
S IT
SIT
SIT
SIT
SIT
Morcegos vivos
10
00
00
10
00
00
10
00
00
10
00
00
09
01
01
07
02
03
04
03
06
01
SIT
03
01
07
02
01
08
02
00
08
02
00
08
02
00
08
02
00
08
02
00
08
Morcegos mortos
Somat6rio de more egos mortos
12Q
14Q
00
srr = S<.!"1ll tratamenlo. T = tratam.:nlo
R. bras . Mcd . Vet. , v.20, 0.2, 1998
71
N"de
•
Mon:egos 3
2,5
2
I__ Mor1olldMlel
T
1,5
1
1
0,5
0
8
9
10
11
12
14
13
16
16
18
17
19
21
20
22
MoIoIB4
Fig. 2 - C UNa de mort.alidade dos morcegos intoxicados pda warfarina t':cnica em pasta a 20/.,. quando ut il izado um uilico tratamento dos ferimentos
cncontrados (em condi¥Ocs de cativeiro).
aplicado no grupo 1, nove dias apos,
A reducrao no nLamero de fe rimcntos recenles e no Illl1llCro de IIIOfcegos hcmat6fagos no teste repetitivQ
apos, foi de 83,4% e 80%, Outro resu liado foi a repetibilidade dos ferimentos pelos morcegos (Tab. 5 e 6).
[oi de 100% e no tes te de tra tamcnt o
ullico, aplicado no gmpo 2, tceze dias
Tab. 5 - Ulilizacrao diaria de ferimcnlos c.ausados por D. rolundus em bovinos lralados COIll warfarina tecnica em pasta a 2%. em
condicroes de cativciro.
Grupos e
Dias e ferimenlos utilizados
bezerros
10
Cirupo 1
0
@
8
2
11
12
13
O@
3 11
0 @
4 13
0 @
5 14
2
3 0
2
2
2
14
0
15
@
3
16
17
18
0
19
0
20
21
22
0 @
0 @
0 @
0
@
0 @
2
0 25
@
0 25
0 @
0
0
3
0
0
3
0
3
0
3
0
3
2
0
3
0
3
0
3
@
Total cumulativo
0
@
23 133
(n' 4688)
Grupo 2
2
0
3
3
0
3
0
3
8
31
2
0
3
7
32
(n' 4732)
Grupo 2
0
3
0 3
2
2
2
(n' 4713)
0 = li:rill1.::nio tralado uti lizauo; @= fcrirnento tralado nan lLlilizado.
Tab. 6 -indice de reutili zalYao dos fcrimentos tralados.
Total de ferimentos
tratados
Ferimentos tratados
e reutilizados
in dice de
reutiliz3c;ao
1
25
12
48
2
03
03
100
3
03
03
100
Total
31
18
58
Grupo
o tratamento repetitivQ aplicado nos fcrimcnlos recentes do bczerro
do grupo 1, durante sele dias, alean ~ou 1000/0 de redlJ(;ao no Illllnero de
fcrilllcnlos e na popll l a~ao de Illo rccgas hemat6fagos, com inicio de Illor-
72
o periodo de mortal idade dos morcegos foi de seis dias,
apos os quais naD havia sobrevivcntes. Dos 25 ferimentos tralados uma (mica vez, 12 foram
reuti-lizados, atingindo um indice de reuliliza,ao de 48%
(Tab. 6). ESles 12 ferimenlos
foram reulili zados 23 vezes, durante cinco dias pelos 16 mor-
cegos.
o tratamcnto uniea apli-
cado nos ferimcntos novas dos
talidade no 4° dia. 0 pique [oi atingido no 5' dia (Tab. 2 e Fig. I). Por ou-
lro lado, a Tab. I Illostm c1aramcntc a
diminuic;ao de fer imcnl os HOVOS e 0
cresccnte aumcnto dos fcrimcll los naa
utili zados.
anjlllais reduzi u seu numero em
83,4% eo de morcegoscm 800/0,
COIll
inicio da lllortalidade tam-
bCIll no quarto dia. conforme a
Tab. 4. 0 pique da mortalidade
oCorreu no sexlO dia (Fig. 2).
R, bras . Med. Vet., v.20, n,2, 1998
,
A diminuir;ao no n(lI'lIcro dc
fcrimcntos novas e a aUllIcnto dos
ferimentos nao utilizados, vistos na
Tllb. 3, [oi semelhante aquela do grupo l. A Tab. 4 mostra que 0 periodo de
mortalidadc foi de cinco dias, havendo dois morcegos sobreviventes que
nao foram atingidos par quantidadc suficiente da pasta para Ihes causar a
morte.
A warfarina tecnica na praporCao ere lOmg/ml de veiculo illerte foi
aplicada na base de Iml do prodtUo
sebre cada ferimento cncontmdo cm
bovines. durante tres dias. A partir do
quarto dia, os 10 morcegos haviam
morrido (Flores Crespo et a!., 1976).
Os resultados obtidos foram scmelhantes ao tratamento repetitivo aqui realizado. A diferenca marcante estcl no fato
de Ilao se ter estipulado um numero
fixe de aplicar;5es nos mesmos
ferimentos durante tees dias. Aqui, teatou-se cada ferimcnto uma uHica vez.
Dc qualquer modo, comprovou-se que
tratar ferimentos repetitivC1lIle:nte elimina os Illorcegos.
Dos seis ferimenlos uatados nos
animais do grupo 2, todos foram
reutilizados, alcanr;ando um indice dc
reutiliz.1<;iio de 100% (Tab. 6). Estes
seis fcrimcntos foram rcutilizados 15
vezes no periodo de 12 dills pelos dez
morccegos (Tab. 5). Apesar da inloxicaCao dos morcegos, 0 seu comportamcnto de reutilizacao do ferime nta
quase naa diferiu daquele citado por
Piccinini el a!. (1985).
Estes resultados obtidos nos
dois gmpos sugerem que, tanto e efidente tratar os ferimentos novos encOlltrado.1nos animais uma (mica vez,
como repetir 0 tratamcnto qua ntas vezes se fizer necessario.
Considcra-se de grande significado a reducao no numero de
fcrime nlos novas nos animais em
83,4% quando se usa a pasta apenas
UIlla ',tcz. Este rcsultado, nao obtido par
outros antares, VCIl1 faeilitar sobrcmaneira 0 pecuarista, diminuindo 0 manejo dos rebanhos e podendo associar
o uso deste produto i'ls vacinat;oes planejadas, tanto no gada de corte como
no de leite. Para 0 gado de cOl1e, criado extensivamente, que somente e
R, bras , Mell. Vet" v.20, n,2, 1998
manejado Has temporadas de vacina~ao, mareacao ou castrar;ao, os resultados aqui obtidos dao garantia ao criador de que e e,cqiiivel 0 lISO topico
da warfarina em pasta a 2% nos sells
rebanhos, sabcndo cle que, pelo mcnos 80% dos mo rccgos scrJo elilllillados. Para 0 gada de lei te, 0 criador
poderia optar par lIIlI dos dois tipos de
tratamento. Tratando -sc de gado
est;'lbulado, e claro que 0 uso repetitivo
resultar{1 em 100% de rcduC{io dos
morcegos. Para 0 gada scmiestabu lado, ou mesIllo as vacas secas e
os Hnimais a pasto, pode-se optlr pelo
tcatamento unico e repetir temporariamentc quando houver oportuilidadc
de nova reunillo do rcballho em curral.
hUIll,mos, materi ais e financeiros cedidos; aos
selv idores da lIFRRJ, Ademar Ferreira da Silva e
Olivio Olivei ra, pda. grande ajuda prcstada;
as
Dms. EIJ..:n C. Contrei ras e Phyllys C. Romijn, da
PESAGRO-RIO , pdos exames laboratoriais de
raiva realizados.
REFERENClAS
BIBLIOGRAFICAS
FLORES CRESPO, R., RU1Z,l M. Mcrodos para
combat!r los vampiros. Alticul o Especial. Tec.
Pee. Mex., v. 29,
p. 73-80. 1975.
FLORES CRESPO. R., SAJD FERNANDEZ, S.
Erectividad de un vampiricida sistemico expcrilllclital (Vampirini p III) en condiciones de
laboratorio. Tee. Pee. Mex., v. 33: p. 59-62 .,
1977.
CONCLUSOES
FLORES CRESPO. R.• IBARRA.VELARDE., E,
Lcva ndo-se em conta as condit;oes artificiais criadas para 0 estudo.
co nclui-se que:
1-0 lratamento t6pico (mice em
ferimcntos causades por D. rotllndlls
em bovines, com warfarin<l tccnica cm
pas ta a 2%, red'uziu 0 nlllnere de
fcrilllenlos em 83,4% c 0 nlullcro de
1II0rccgos em 80%.
2-0 lra tamento lopico re pctitivo dc fcri lllenlos causados por D:
rorundlfs em bovinos com a wa rfarina
tccnica em pasta a 2% rcdu ziu 0 numcro de fcrimcntos c de Illorcegos em
100%.
3-0s morcegos D. rOlundus
reutilizaram os ferimentos tratados
COill indices de 48% e 100% nos testes
de tratamento' repeti ti vo c llllico.
4-A wafarina tecn ica cm pasta,
como roi formulada e aqui testada,
podc scr usada no contrale de lllorcegos hemat6fagos D. rotundus, diretamcnte sobre os ferimentos par clcs caus<ldos 1105 bovinos, tall to pclo tra t:IlI1CIlto t6pico repetitivo quanto pclo tratamenta t6pico, unico, CO Ill exceJentes
resultados.
ANDA LOPES, D. de. Vampirinip III; un
produ\..1o utilizable en Ires mctodos para el
combate dd Illurcielago hemat6fago. Tee.
Pee. Mex.,
V.,
30 p._ 67-75, 1976.
LlNHARO, S.B. Thc biology and cont rol or
vampire oats. In : The nall/ral history of
rabieS. v. 2, , hapter 14. New York:Academic
Press, 1975. p.221-241.
MITC HELL. G.C., BU RNS, R.J . Comb ate
ctuimico de los murcielagos vampiros. 2. ed.
Washington, DC; US Govcmamcnt Printing
Orlicc. 1974. 40 p.
MOREIRA. E.C., S ILVA. J A, SATURN INO,
H.M., VIANNA, P.C. 0 emprcgo da wafarina
3 (aUu-acetonil-bellz il)-4-hidroxicunt.'lrin3 no
combllte llOS morcegos hematMagos. Arq. Esc.
Vel. UFMCi. \'.32, 11.3. p. 383 -392, 1980.
PI CC INlN l, R.S .. FREITAS, C.E.A de, SOUZA,
J.e.p.
Vam piri c id as
de
uso
topico
em ani mais domeslicos e em morcegos
hematOfagos. Pesq.
vet. Bras. v.5. n.3, p.97-
lOt. 1985.
PICCININ I, R.S .• PERACHI , A L. , SOUZA,
AGRA.DECll\ IENTOS
A Secrdaria de Ddesa Salljt:'lria .A.llilllill
(80S.-\.) do ~Iinjst':rio da Agricultura, ao SSA da.
Delegacia. Federal de Agricultura-RJ. a
E~Il3RAPA. a UFRRJ e ao CNPq pelos recursos
lC.P de et al. Compor1nmcnto do morccgo
hCI11a\ofolgo Desmodlls rotundllS (Chiroptcm)
rclacionado com a taxa de alaque a bovinos
em catiwiro.Pesq.l4!t. Bras., v. 5, n. 4, p. 111116,1985.
73
Download

METODOS DE TRATAMENTO TOPICO DE BOVINOS COM