III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
Caracterização morfoagronômica de acessos e cultivares de pimenta
Adenilson Martins CAIXETA1; Silvano Souza SANTOS2; Luciano Donizete GONÇALVES3;
João Pedro Bernardes FARIA4; Ricardo Monteiro CORRÊA3 .
1
2
Aluno de Agronomia e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do IFMG - Bambuí
Aluno do curso Técnico em Agricultura e Zootecnia bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica Junior do IFMG - Bambuí
3
Professor do Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Bambuí
4
Aluno do curso de Agronomia do IFMG - Bambuí
Bambuí – MG – Brasil
RESUMO
O cultivo de pimenta ocupa lugar de destaque entre as espécies condimentares mais
utilizadas no Brasil, sendo superada apenas pelo alho e a cebola. Porém, o cultivo enfrenta
problemas com baixa produtividade advindo de vários fatores, mas principalmente pela pequena
disponibilidade de cultivares melhoradas e adaptadas às diferentes regiões de produção. Existem
poucos programas de melhoramento da espécie, sendo o processo de caracterização de plantas
fundamental para identificar acessos com características relevantes que possam ser de interesse para
iniciar um programa de melhoramento. Com o objetivo de realizar a caracterização morfológica e
avaliar a emergência de plântulas de pimenta, foram coletados 17 acessos de pimenta nos município
de Riachinho (10 acessos), Cristais (4 acessos), Bambuí (1 acesso) e Carmo da Mata (2 acessos)..
Após identificar os materiais de interesse, foram coletadas sementes de frutos obtidos das plantas,
que a partir de então foram considerados acessos. Desses 17 materiais coletados, foram
selecionados 6 acessos que apresentavam maior divergência quanto á características morfológicas
para compor o experimento de avaliação da emergência. Para avaliação da emergência foi
implantado um experimento no setor de olericultura do IFMG – Campus Bambuí, em delineamento
experimental de blocos ao acaso, com 9 tratamentos (6 acessos e 3 cultivares: Dedo-de-moça,
Cayenne e Malagueta), quatro repetições e 24 plantas por parcela, utilizando bandejas de isopor de
128 células.. A análise dos dados demonstrou que os acessos coletados apresentaram diferentes
características morfológicas, indicando potencial para utilização em futuros programas de
melhoramento genético da espécie. A análise estatística dos valores de emergência indicou
diferenças significativas entre os genótipos avaliados. O potencial de emergência de alguns acessos
mostrou-se superior ao de cultivares comerciais, indicando assim a necessidade de trabalhar essa
característica através do melhoramento genético. Os dados foram analisados utilizando-se o
programa SISVAR, aplicando-se o teste de médias de Scott-knott ao nível de 5% de probabilidade.
Palavras-chave: pimenta, genótipos, germoplasma, emergência.
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INTRODUÇÃO
A pimenta pertence ao gênero Capsicum, família Solanaceae, composta de espécies das mais
expressivas dentre as espécies olerícolas. No Brasil é cultivada principalmente nos estados de Minas
Gerais, Bahia e Goiás, ocupando lugar de destaque entre as espécies condimentares mais utilizadas,
superada apenas pelo alho e cebola (DIAS et al., 2008). O Brasil além de ser o centro de origem e
diversidade de algumas espécies do gênero Capsicum é grande consumidor e exportador de
pimentas, no entanto, o mercado formal de sementes é bastante pequeno, mas com tendência de
crescimento (NASCIMENTO; DIAS e FREITAS, 2006).
Segundo Rufino e Penteado (2006) existe uma grande perspectiva e potencialidade do
mercado de pimentas pela versatilidade de suas aplicações culinárias, industriais, medicinais e
ornamentais. Os fatores que provavelmente restringem trabalhos de melhoramento com pimentas
advêm da dificuldade de manusear as pequenas flores para a execução dos cruzamentos e
multiplicação das sementes; a produção escassa de sementes por frutos, uma vez que estes
normalmente são muito pequenos e ainda apresentam picância extrema dos frutos, dificultando a
extração das sementes. Outro fator importante é a área consideravelmente pequena de produção de
pimentas, que leva ao desinteresse das companhias de sementes em produzirem e comercializarem
este material (REIFSCHNEIDER, 2000). Várias são as características de interesse que podem ser
exploradas em um programa de melhoramento genético de pimentas, entre elas, o aumento de
produtividade, a uniformidade nas características da planta, a resistência a pragas e doenças, a
tolerância a estresses ambientais, a facilitação do processo de colheita (pela maior facilidade de
liberação do pedúnculo), a maior produção de sementes por frutos e a própria adaptação as
características de um determinado local.
Entre os métodos de melhoramento, a introdução e caracterização de germoplasma
constituem um processo rápido de seleção e inclusão de novas variedades ao sistema produtivo e
possibilita a ampliação da variabilidade genética (NASS et al, 2001 apud POMPEU JÚNIOR &
BLUMER, 2006). Essa caracterização consiste na obtenção programada e sistemática de dados
baseada na avaliação de características capazes de descrever e diferenciar os acessos existentes. O
presente trabalho consiste em uma caracterização morfoagronômica de acessos e cultivares de
pimenta. Características relacionadas à morfologia e a capacidade de emergência das plântulas
originadas de acessos e cultivares comerciais foram realizadas e servirão de orientação na tomada
de decisões em futuros programas de melhoramento da cultura.
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MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas duas avaliações distintas: caracterização morfológica de acessos de
pimentas e avaliação da emergência de plântulas de acessos e cultivares já utilizadas
comercialmente por empresas produtoras de sementes de hortaliças.
Foram coletados 17 Acessos de pimenta, nos municípios de Riachinho (10 acessos), Cristais
(4 acessos), Bambuí (1 acesso) e Carmo da Mata (2 acessos). A coleta de materiais em diferentes
locais é importante para possibilitar que sejam encontrados materiais com as mais divergentes
características, o que é fundamental para o sucesso de um programa de melhoramento genético de
plantas. Para proceder à coleta de sementes desses acessos foi feito um levantamento em cada uma
das regiões para identificar as possíveis propriedades de coleta e identificar diferentes materiais de
interesse. Após identificar os locais, foram coletadas sementes de frutos obtidos das plantas, que a
partir de então foram considerados acessos. Desses 17 materiais coletados, foram selecionados 6
acessos que apresentavam maior divergência morfológica para compor o experimento de avaliação
de emergência das plântulas juntamente com algumas cultivares comerciais. Foram coletadas
informações sobre o local de coleta e as características morfológicas da planta.
Para avaliação da emergência foi implantado um experimento no setor de olericultura do
IFMG – Campus Bambuí, em delineamento experimental de blocos ao acaso, com 9 tratamentos (6
acessos e 3 cultivares: Dedo-de-moça, Cayenne e Malagueta), quatro repetições e 24 plantas por
parcela, utilizando bandejas de isopor de 128 células e substrato comercial. Foram realizadas
contagens de emergências de plântulas aos 16, 26, 36 e 46 dias após a semeadura. Os dados foram
analisados utilizando-se o programa SISVAR, aplicando-se o teste de médias de Scott-knott ao
nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A descrição morfológica de todos os acessos de pimenta coletados foi de grande importância
para que se realize a pré-seleção dos materiais que darão início ao programa de melhoramento
genético de pimenta em Bambuí-MG. De acordo com as características descritas na Tabela 1
observa-se que, embora alguns acessos tenham apresentado semelhanças em relação às
características gerais avaliadas, foi possível identificar acessos com características divergentes.
Com base nestas características foram selecionados seis acessos (AP-02, AP-04, AP-05, AP-11,
AP-16, AP-17) que apresentaram maior divergência para as características analisadas, e que serão
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objetos de estudo na avaliação de características morfoagronômicas. A identificação de variação
entre estes acessos é um indicativo de que os mesmos podem apresentar diferentes características
agronômicas e por isso, poderão ser explorados em programas de melhoramento.
Tabela 1: Caracterização morfológica dos acessos
Acesso
AP-01
AP-02
AP-03
AP-04
AP-05
AP-06
AP-07
AP-08
AP-09
AP-10
AP-11
AP-12
AP-13
AP-14
AP-15
AP-16
AP-17
1/
Porte
Médio
Médio
Alto
Baixo
Baixo
Baixo
Baixo
Médio
Médio
Baixo
Médio
Médio
Médio
Alto
Médio
Médio
Médio
Cor do fruto
Vermelho
Vermelho1
Vermelho
Vermelho
Vermelho
Vermelho
Vermelho
Vermelho
Vermelho
Verde
Amarelo
Vermelho
Vermelho1
Vermelho
Amarelo
Amarelo
Vermelho
Tamanho do fruto
Pequeno
Médio
Médio
Grande
Médio
Médio
Grande
Pequeno
Pequeno
Médio
Pequeno
Pequeno
Pequeno
Grande
Grande
Médio
Pequeno
Formato do fruto
Redondo
Triangular
Triangular
Alongado
Arredondado
Arredondado
Triangular
Triangular
Alongado
Triangular
Arredondado
Arredondado
Arredondado
Alongado
Triangular
Triangular
Triangular
Fruto roxo quando imaturo e vermelho quando maduro / AP (Acesso de Pimenta).
Para a avaliação da emergência de plântulas observa-se na Tabela 2 que os acessos e
cultivares apresentaram diferenças significativas quanto a esse parâmetro agronômico. Houve
diferença entre os acessos e cultivares quanto ao número de plântulas emergidas nos diferentes
períodos de avaliação. Tabela 2. Teste de média para número de plântulas emergidas.
Tratamento
AP-16
AP-17
Malagueta
AP-02
AP-05
AP-04
AP-11
Cayenne
Dedo-de-moça
CV (%)
16 dias
7.00 a
2.50 b
0.50 c
0.25 c
0.25 c
0.00 c
0.00 c
0.00 c
0.00 c
90,83
26 dias
20.50 a
20.00 a
12.50 b
12.25 b
12.00 b
8.75 c
8.25 c
6.50 c
1.00 d
19,34
36 dias
23.50 a
22.50 a
21.50 a
20.50 a
19.00 b
17.00 b
15.25 b
12.50 c
3.00 d
16,15
46 dias
23.50 a
22.75 a
22.75 a
22.25 a
20.75 b
19.75 b
15.50 c
13.00 d
4.75 e
11,98
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente, pelo teste de (Scott-Knott) a 5%..
Houve uma tendência do acesso AP-16 apresentar a maior média de emergência de plântulas
em todos os períodos, enquanto a cultivar Dedo-de-moça apresentou as menores médias. Observa-
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se que, em todos os períodos de avaliação de emergência das plântulas, os tratamentos mantiveram
a mesma tendência de formação de grupos com capacidade de emergência superior, média e
inferior. As cultivares comerciais de pimenta Dedo-de-moça e Cayenne apresentaram menor
número de plântulas emergidas em relação a alguns acessos não considerados comerciais, indicando
a necessidade de melhoramento genético da espécie mesmo para os materiais que já existem no
mercado.
CONCLUSÕES
Os acessos coletados apresentam características morfológicas divergentes, indicando
potencial para utilização em futuros programas de melhoramento genético da espécie. A
superioridade de alguns acessos quanto ao potencial de emergência, se comparado ao das cultivares
comerciais, Dedo-de-moça e Cayenne, expressa a necessidade de se trabalhar tais características
com o melhoramento genético de plantas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao IFMG – Campus Bambuí pelo financiamento do projeto e pela
bolsa concedida e aos funcionários do Setor de Olericultura pela atenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Maristela Aparecida et al . Germinação de sementes e desenvolvimento de plantas de
pimenta malagueta em função do substrato e da lâmina de água. Rev. bras. sementes, Pelotas, v.
30, n. 3, 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010131222008000300015&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 05 dez. 2009.
NASCIMENTO, M. W; DIAS, D. F. do Santos; FREITAS, R. A. de. Cultivo da pimenta: Produção
de sementes de pimentas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.27, n 235, p.30-39, Nov./dez.
2006.
POMPEU JUNIOR, J.; BLUMER, S. A introdução de germoplasma: Uma contribuição ao
melhoramento de citrus. Laranja, Cordeirópolis, v.27, n.2, p341-354, 2006.
REIFSCHNEIDER, F. J. B. Pimentas e pimentões do Brasil: 1a edição. Brasília: Embrapa
comunicação para transferência de tecnologia/ Embrapa Hortaliças, 2000.113p.
RUFINO, J. L dos Santos; PENTEADO, D. C. S. Cultivo da pimenta: Importância econômica,
perspectiva e potencialidades do mercado para pimenta. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v.27, n 235, p.7-15, Nov./dez. 2006.
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