Arquivos Permanentes Aula 2 A Escrita: Passagem do testemunho oral • “No princípio era o Verbo” = a palavra falada e mais tarde a palavra escrita. • “Devido a complexidade do problema, não se conseguiu determinar como e quando o homem começou a fazer uso da linguagem para se comunicar.”(Acioli, 1994) • A Escrita teve origem num passado, relativamente recente (Paleolítico superior) • As etapas da escrita: – 1ª Pictográfica ou figurativa: conhecida também como embrionária porque o desenho não representava obrigatoriamente um pensamento. – 2ª Ideográfica ou de ideias: os hieróglifos são exemplos desta fase. – 3ª Fonética: Substituição dos desenhos pelos sons (Silábica ou alfabética). • “A Escrita em si constitui uma importante tecnologia.” (Goody, 1986) Hieróglifos Cuneiforme Mesopotâmia: o início da escrita A escrita • As mudanças no modo de comunicação desempenham função importante nas instituições. • A escrita tendeu a promover a autonomia das organizações, superando as limitações que a tradição oral e permitiram conhecer as estruturas destas instituições. • A escrita é fundamental para o desenvolvimento de Estados burocráticos. Evolução da escrita = evolução do suporte. Origem da escrita : econômica, religiosa ou administrativa • O papel da escrita na gestão dos assuntos econômicos, políticos e administrativos do templo e do palácio. • “O aparecimento dos primeiros estados dignos desse nome dá-se principalmente com a elaboração de um sistema de contabilidade que se tornara essencial à gestão de sua vasta riqueza. Esta contabilidade conduziu naturalmente à criação de um sistema de escrita” (Goody, 1986) • Passagem do Concreto para o Abstrato. • A Escrita permitiu o crescimento da administração e a manutenção da autoridade. Envio de ordens e troca de informações. • Outra característica dos primeiros estados letrados é a noção de “fazer cópia”, livro de resgitros. Escrita e suporte • Pedra; • Argila; • Metal; • Fibras vegetais; • Couro; • Papel; • Suportes óticos, etc. Memória • Capacidade de conservar certas informações, recorrendo em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas (Le Goff, 1982) • O Mnemom – pessoa que guarda a lembrança de uma decisão de justiça. Para que um evento seja guardado na memória, várias informações são associadas: sons, imagens sentimentos. • As sociedades sem escritas ordena-se em redor de três grandes interesses: A identidade coletiva; o prestígio da família e o saber técnico. • Os reis criaram instituições de memória: arquivo, bibliotecas, museus. Dá-se início as crônicas régias. • A escrita, representa uma extensão formidável da possibilidade de armazenamento da nossa memória fora dos limites físicos do nosso corpo, podendo ser depositada quer em biblioteca quer em arquivos. (Le Goff, 1982) • A escrita e depois a imprensa revolucionam a memória. Hoje os meios eletrônicos estão a fazer esta revolução. • A memória torna-se burocrática, ao serviço do centralismo monárquico que surge (dossiê, processo administrativo). • A Revolução Francesa cria os arquivos nacionais, abrindo uma nova fase para a disponibilidade dos documentos da memória nacional. • A história como a grande utilizadora da memória e a Arquivística como sua organizadora. – “O que sobrevive não é o que existiu no passado mas uma escolha feita pelos que se dedicam à ciência do passado: os historiadores.” (Le Goff) • Devemos destacar também que o que ‘sobrevive’ depende, em grande parte, do arquivista e dos arquivos. • A utilização dos documentos como fonte para escrita nos mais diversificados tipos de estudos sempre foi uma constante, porém a partir da segunda metade do século XIX passa a existir uma – “(…) historiografia marcada pelo chamado ‘cientificismo’ ou ‘positivismo’, concepção segundo a qual a missão do historiador consistia em estabelecer, a partir dos documentos, os ‘fatos históricos’, sendo sua tarefa coordená-los e expô-los coerentemente” (Witter, 1981, p.18). • Porém, a entrada do historiador no Arquivo causou graves danos aos documentos, pois passaram a – “agrupar e misturar dos documentos quando a necessidade se fazia sentir. A classificação dos documentos nos arquivos reflete a concepção que se tem da história, com o predomínio das divisões por matérias, temas, lugares e com o rompimento da ordem na qual os documentos foram produzidos” (Witter, 1981, p. 22) • No positivismo o documento é fundamental como prova histórica e principal material do fazer história: “Não há relato histórico sem documento” (Lefebvre) • Neste sentido o Arquivo funciona apenas como espaço de evocação da memória: ator passivo. • Atualmente o Arquivo tem que se tornar proativo no processo de produção, recepção, trâmite, guarda e disseminação da informação. Arquivo Permanente x Arquivo Históricos • A Arquivologia tem uma concepção historicista muito marcante (formação de arquivos históricos). • A partir da Lei de 7 de messidor (Revolução Francesa) o acesso aos Arquivos transformouos em laboratórios da história. Interesse cultural dos Arquivos. • Arquivos (públicos) passam a ser criados para incorporar “documentos históricos” ou de interesse para a história. • Hoje vivemos uma época de grandes capacidades de memórias, depois de 1950 a memória eletrônica constitui uma verdadeira revolução. • Porém, é também uma época de crise da memória: amnésia – Fragilidade dos suportes; – Sociedade de consumo (transformação rápida dos fenômenos sociais); – Falta de identificação com o passado (“quem vive de passado é museu !?”); – Arquivo Morto.