Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
RELATOS DE VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
BACHARELADO I: EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E NÃO FORMAL
Isabella Gomes RIBEIRO1(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS)
Gustavo Henrique Almeida MORAES1(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS)
Marcela Dias Faria ANDRADE1(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS)
Thaís Kelly Fagundes MELO1(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS)
Eugênio Batista LEITE2(Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS)
Resumo
Ao enfatizar a educação ambiental, o Estágio Supervisionado Bacharelado I do curso de Ciências
Biológicas da PUC Minas em Betim estimula a construção de um pensamento crítico e sintonizado
com os questionamentos de nossa atual sociedade. O presente trabalho é um relato de vivências de
estágio em três escolas públicas da região metropolitana de Belo Horizonte e, em uma comunidade
rural no município de Betim, abordando a educação ambiental formal e não formal, respectivamente.
Em ambos os estágios utilizou-se a metodologia percepção ambiental e, como atividade destacam-se
os diagnósticos participativos, atividades lúdicas, oficinas e palestras. O público-alvo envolveu-se,
com aparente mudança de hábitos em prol da conservação ambiental. Agregou-se a todos crescimento
profissional e cultural.
Palavras - chave: Estágio. Educação Ambiental. Educação formal. Educação informal.
1
Alunos de graduação em Ciências Biológicas ênfase em gestão ambiental na PUC MINAS unidade Betim.
2957
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
2
V Enebio e II Erebio Regional 1
Professor do Curso de Ciências Biológicas (PUC MINAS), graduando em Odontologia e Ciências Biológicas, Mestre em Educação,
especializado em Educação Ambiental. Pró-reitor Adjunto da PUC MINAS unidade Betim.
1. INTRODUÇÃO
O estágio é uma oportunidade de aprendizados diversificados, aquisição de novas
competências que extrapolem o ensino teórico acadêmico e, com isso amplia-se os campos de
atuação do biólogo. Tais experiências são de fundamental importância no processo de
formação do profissional onde é possível obter um treinamento que possibilita os estudantes
vivenciarem o que foi aprendido na Universidade e entrarem em contato com as constantes
mudanças que o mundo atravessa. É uma experiência essencial para a construção de
aprendizagem junto às disciplinas teóricas desenvolvidas nos cursos de formação, fazendo
com que o ensino na Universidade não seja descontextualizado, mas enriquecido com a
problemática do cotidiano. (Santos, 2008).
A abrangência do ensino-aprendizagem vinculada ao estágio pode ser encontrada
na definição de educação ambiental, no tocante do estímulo ao desenvolvimento de
conhecimentos através da sensibilização do indivíduo e da coletividade onde, ambos são
motivados á repensar em suas atitudes e valores sobre a forma de interagir com o próximo e o
ambiente. Com isso, constroem habilidades e competências necessárias para saber lidar com
os questionamentos ambientais da atualidade e encontrar soluções sustentáveis. (LEITE, E.
B. Adaptado de DIAS, 2000 - pg.100)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Ensino de ciências e biologia
enfatizam a Educação Ambiental como um conteúdo curricular de todos os níveis de ensino,
sem constituir disciplina específica, o que implica em desenvolvimento implicando em
práticas sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida,
da escola e da sociedade (MARCATTO,2002).
O principal eixo de atuação da educação ambiental deve buscar, acima de tudo, a
solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas democráticas de atuação
baseadas em práticas interativas e dialógicas. Isto se consubstancia no objetivo de criar novas
atitudes e comportamentos diante do consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança
de valores individuais e coletivos (JACOBI, 1997)
Tendo em vista exploração dos recursos naturais, a cultura do consumismo
resultante do atual modelo de produção econômica monopolista, desenvolveu-se o Estágio
Supervisionado Bacharelado I do curso de Ciências Biológicas da PUC Minas Betim em três
escolas municipais região metropolitana de Belo Horizonte (Escola Clóvis Salgado e Escola
2958
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Municipal Marcílio Melo Resende no município de Betim; Escola Municipal Coronel
Antônio Augusto Diniz Costa, no município de Contagem) e na comunidade Estância do
Sereno do município de Betim, ambos com carga horária de 140 horas e tendo como públicoalvo alunos de ensino fundamental e moradores da comunidade rural, na intenção de
promover a mudança de valores e comportamentos a fim de instigar atitudes sustentáveis.
Ambos os estágios utilizaram a mesma metodologia para a educação ambiental: a percepção
ambiental, o que demostra a abrangência de tal método.
2. DESENVOLVIMENTO
Para desenvolver uma consciência critica sobre questões ambientais são
necessárias atividades que levem a participação das comunidades na preservação e equilíbrio
ambiental que, estejam centradas na conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos.
Nesse processo de formação e informação, torna-se relevante a utilização de diagnósticos
participativos, prognósticos e busca de ações apontadas pela comunidade como prioritários
em suas vidas e, a apropriação de conceitos, princípios e atividades de Percepção Ambiental
para o amplo conhecimento sobre a forma de pensar e agir das pessoas conforme suas
necessidades e lugares. (REIGOTA 1998; CUNHA, 2009)
Compreende-se como percepção ambiental "uma tomada de consciência do
ambiente pelo homem" quando este se define, para perceber o ambiente onde está localizado,
aprendendo a protegê-lo e cuidá-lo da melhor forma. Dentro da escola isso contribui para
incorporação de temas e princípios ecológicos às diferentes matérias de estudo no nível
primário ocorrendo na língua materna, na matemática na física, na biologia, na literatura e no
civismo. (FAGGIONATO, 2002)
Pode definir ainda como uma operação que expõe a lógica da linguagem que
organiza os signos expressivos dos usos e hábitos de um lugar, veiculada nos signos que uma
comunidade constrói em torno de si. Nesta concepção, a percepção ambiental é revelada
mediante uma leitura semiótica da produção discursiva, artística e arquitetônica de uma
comunidade. Discutir o conceito de percepção ambiental não é, portanto, uma questão de
dizer quais das representações parecem corresponder melhor à realidade, mas elucidar as
perspectivas científicas, sociais ou políticas veiculadas através da utilização desse conceito.
(FERRARA, 1993; COSTA,2013).
2959
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Referente á percepção ambiental e como essa metodologia é trabalhada,
Faggionato (2002) faz algumas considerações:
“Diversas são as formas de se estudar a percepção ambiental: questionários,
mapas mentais ou contorno, representação fotográfica, etc. Existem ainda trabalhos em
percepção ambiental que buscam não apenas o entendimento do que o indivíduo percebe, mas
promove a sensibilização, bem como o desenvolvimento do sistema de percepção e
compreensão do ambiente”.
A Percepção Ambiental é hoje, um tema recorrente que vem colaborar para a
consciência e prática de ações individuais e coletivas. Desse modo, o estudo da percepção
ambiental é de tal relevância para que se possam compreender melhor as inter-relações entre o
homem e o ambiente, suas expectativas, suas satisfações e insatisfações, julgamentos e
condutas. (PACHECO E SILVA, 2007).
Para elucidar ao público-alvo como ocorrem tais interações, é requerido um
conceito de meio ambiente. Para os projetos realizados no ambiente escolar, utilizou-se com o
conceito de meio ambiente como lugar em que se vive (para conhecer, para aprimorar)
retratando o ambiente da vida cotidiana, na escola, em casa e nas cidades desmitificando a
ideia de meio ambiente vinculado unicamente á fauna e flora. Consiste em explorar e
redescobrir o lugar em que se vive, com respeito às relações que ali se mantém. Mediante essa
exploração do meio e a concretização de tais projetos, a educação ambiental visa desenvolver
um sentimento de pertencer e iniciar o desenvolvimento de uma responsabilidade ambiental.
(SAUVÉ, Lucie 2005)
Um segundo conceito abordado, de acordo com o autor anterior, foi o meio
ambiente – problema (para prevenir, para resolver). É importante instigar os alunos a perceber
e reconhecer os problemas ambientais. A partir de então, diagnosticar a causa e as
consequências do problema buscando soluções para minimizar e evitar o mesmo. Com isso é
possível, através da sensibilização, fortalecer o sentimento de que se pode fazer alguma coisa,
e este sentimento, por sua vez, estimulará o surgimento de uma vontade de agir.
O projeto desenvolvido com a comunidade, ainda de acordo com o autor anterior,
utilizou-se o conceito de meio ambiente como projeto comunitário (em que se empenhar
ativamente). É importante desenvolver habilidades e competências para que se aprenda a
viver e a trabalharem conjunto, em “comunidades de aprendizagem e de prática”, permitindo
a trocas de experiências respeitando e valorizando a diversidade cultural. É preciso que se
aprenda a discutir, a escutar, a argumentar, a convencer, em suma, a comunicar-se
2960
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
eficazmente por meio de um diálogo entre saberes de diversos tipos - científicos, de
experiência e tradicionais.
2.1 Metodologia
Os estudos de Percepção Ambiental possibilitam levantar informações sobre as
relações entre homem e meio ambiente, como cada indivíduo o percebe, o quanto conhece do
seu próprio meio, o que espera do seu meio, como utiliza e sua ação cultural sobre esse meio.
Para adquirir tais informações, essa metodologia possui vários instrumentos de coleta de
dados utilizados no qual, procuram identificar e caracterizar o perfil sócio econômico, social e
cultural do objeto de estudo na busca pela sustentabilidade. Esses instrumentos fundamentamse na procura pelo contato, conversar através de reuniões, com diversos setores da
comunidade, o que contribui para a construção uma análise crítica da situação. (CUNHA,
2009)
Baseando-se na metodologia da Percepção Ambiental, os projetos estabeleceram
inicialmente objetivos e metas a serem alcançados bem como uma avaliação dos recursos
disponíveis para a implementação dos projetos, analisando como é feita a relação do local do
estágio, e o meio ambiente local. Para a execução do projeto na Escola Municipal Clóvis
Salgado, Escola Marcílio Melo Resende e Escola Municipal Coronel Antônio Augusto Diniz
Costa, foram realizadas as atividades árvore dos sonhos, aplicação de questionários e mapa
mental como forma de diagnóstico participativo, respectivamente.
2.2 Resultados
Relativo á Árvore dos Sonhos, os alunos foram motivados á contribuírem na
confecção da árvore, através da resolução do seguinte questionamento em formato de desenho
ou escrita: Como seria o planeta dos seus sonhos? Quais as atitudes necessárias para reduzir
os problemas ambientais? As respostas foram coladas em um painel com formato de folhas,
tendo um galho como a estrutura da árvore. Tais perguntas incentivaram os alunos a pensem
na relação que os mesmos têm com o meio ambiente e quais as atitudes devem ser tomadas
para a construção de um mundo melhor para se viver. A atividade demonstrou que as maiorias
das crianças têm preocupação com os problemas relacionados ao meio ambiente.
Como pesquisas quantitativas, foram utilizados questionários para diagnosticar o
conhecimento dos alunos sobre o conceito de meio ambiente. Tal atividade foi utilizada ainda
2961
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
como instrumento de avaliação de todo o processo educativo. A atividade baseou-se em Gil
(1999), e constitui-se em questionários estruturados, aplicado aos alunos antes do projeto,
possibilitando representar os principais desafios do projeto na escola, antes e depois de cada
oficina, palestra e atividade lúdica a fim de avaliar o grau de assimilação de informações por
todos além do interesse dos alunos pelo tema abordado. A avaliação ocorreu mediante à
comparação dos questionários anterior e posterior a atividade aplicada.
Na atividade de elaboração do mapa mental, os estagiários pediram para que os
alunos observassem a sala de aula onde estavam e logo após levaram os mesmos para passear
dentro da escola por todas as partes desta. Após a observação do ambiente escolar como um
todo, foi explicado aos alunos o conceito de meio ambiente, lugar em que se vive. A partir
disso, foi proposto aos alunos criar um “Mapa Simbólico”, descrevendo como eles viam a
escola em termos de meio ambiente e o que mais os incomodava no âmbito escolar. Cada
aluno desenhou a parte da escola onde mais gostavam de estar e, em grande parte dos
desenhos foi observado que havia representações de lixos espalhados no chão, e que isso era
considerado um incômodo para os alunos. Com base nos resultados dessa atividade utilizando
a metodologia da percepção ambiental, foi proposto pelo grupo de estagiários a realização de
outras atividades utilizando a pedagogia dos “três Rs”.
As principias atividades realizadas durante os estágios nas escolas estão
relacionadas á oficinas lúdicas, palestras educativas sobre coleta seletiva e outros temas
relevantes á temática ambiental, aplicação de filmes e construção de composteiras juntamente
com adubo orgânico. As palestras educativas e oficinas lúdicas foram realizadas com o
objetivo de transmitir informações pertinentes às questões ambientais, ressaltando as
características ambientais da região e ainda para sensibilizar á todos sobre o assunto
abordado. A construção da composteira teve o objetivo de direcionar de maneira sustentável a
matéria orgânica que é produzida na escola através das sobras da merenda escolar,
contribuindo assim com o meio ambiente, e sensibilizada os alunos que frequentam a escola.
Tal atividade incentiva a diminuição de custos com adubos e leva a ideia de que restos de
comida, galhos e folhas secas ainda podem se reaproveitados, em vez de ir para o aterro
sanitário, onde contribuiriam na proliferação de ratos e outros animais que causa doenças à
população.
Foi incentivado, em ambas as escolas, o conceito dos 3 R’s Reduzir, Reciclar e
Reutilizar) através do filme: “Um plano para salvar o planeta” Turma da Mônica afim de
despertar a capacidade crítica dos mesmos, visando uma melhor conduta ambiental e social
2962
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
durante o convívio social. Após o filme foi explicado aos alunos a importância de reduzir e
reutilizar e reciclar os materiais. Na escola Municipal Coronel Antônio Augusto Diniz Costa,
foi realizado uma atividade onde os alunos confeccionaram paródias sobre o que aprenderam
com o filme e com a explicação dos estagiários. Para complementar a pedagogia dos três Rs
foram instaladas em locais estratégicos da escola, como cantina e quadra, quatro kits de coleta
para segregação de resíduos com recipientes individuais para papel (azul), metal (amarelo),
plástico (vermelho), e resíduo orgânico (preto), além de coletores individuais de pilhas e
baterias descarregadas, colocados na secretaria, na sala dos professores e na direção. Os
estagiários passaram em cada sala explicando a importância de manter o local limpo e
organizado e distribuíram cartilhas educativas.
Na execução do projeto na comunidade Estância do Sereno, foram realizadas
atividades vinculadas á aplicações de questionários, elaboração de entrevistas semi
estruturada, diagnóstico por meio de conversas, oficinas e palestras, procurando compreender
o processo de cultivo local das hortas, a fim de mobilizar tal comunidade que é cadastrada no
projeto Fitoterápico Farmácia Viva no SUS, á utilizar racionalmente as plantas medicinais na
atenção primária à saúde. As plantas medicinais foram identificadas pelos estagiários e
moradores, a sua utilização correta, bem como o seu melhor cultivo e foram informadas á
comunidade através de orientações, visitas a comunidade, e informações repassadas dos
técnicos da EMATER, e supervisão do projeto. As atividades possibilitaram o resgate e
fortalecimento das tradições populares em relação ao uso de plantas medicinais. Em relação
as oficinas com a comunidade local, foram desenvolvidas atividades como utilização e
distribuição de mudas, exposição educativa arranjos (boas práticas agrícolas), usando chás,
visando a demonstração do manejo correto bem como para a implantação de mais hortas
medicinais como também seu aprimoramento.
Após as primeiras oficinas realizadas na escola Clóvis Salgado o interesse dos
alunos ficou mais atenuado, foi observada uma maior preocupação dos mesmos, em separar o
lixo,em deixar a escola mais limpa e organizada, além dos próprios alunos estimularem outros
que não praticavam da mesma atitude. Muitos alunos relataram que levaram o conhecimento
para casa como a separação do lixo, o uso racional da água, dentre outros. Tornou-se possível
acompanhar o inicio de uma mudança de atitude que ultrapassou o ambiente escolar. O
projeto desenvolvido foi de grande relevância para a escola, pois a grande maioria dos alunos
aprovou e participou das atividades, os trabalhos confeccionados foram muito criativos, além
do que a procura por novas atividades serem constante. O estágio cumpriu com sua função
2963
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
primordial, de oferecer aos graduandos a oportunidade de interação com o ambiente escolar
possibilitando a troca de experiência entre alunos, professores e funcionários. Porém,
evidencia-se que, o período de estagio é curto para trabalhar assuntos tão abrangentes como a
Educação Ambiental. Existe uma grande necessidade de continuação dos projetos por outros
profissionais após o termino do estagio, pois a Educação Ambiental é processo continuo de
aprendizagem e de conhecimento.
Existiram problemas na Escola Marcílio Melo Resende durante o estágio, em
razão das festividades do folclore, projeto Pequeno Príncipe e projeto Fernando Sabino além
da prova Brasil, que direcionaram o trabalho para as necessidades da escola. Os alunos
enfrentavam grandes dificuldades em português e matemática e, realizar o nosso trabalho
tendo em vista nessa grande dificuldade escolar impediria os alunos de assimilarem os
objetivos do nosso trabalho. Por essa razão houve a necessidade de elaborar atividades de
português e, incluir o tema do trabalho proposto de forma adjacente, através de aulas,
palestras, aplicação de filmes e oficina. Sobre a oficina e o filme, foram realizados em poucas
turmas. Devido á essas, foi possível a aplicação de questionários para a avaliação do ensino.
Além da confecção de cartazes educativos. A maioria das intervenções na escola foi indireta,
devido ao curto tempo e espaço para a realização do projeto.
Ao final da aplicação do projeto na Escola Municipal Coronel Antônio Augusto
Diniz Costa, houve grande envolvimento por parte dos alunos e de alguns professores. Os
alunos mostraram-se entusiasmados em mudar a situação da escola. Todavia, o tempo de
realização do projeto foi curto, tendo em vista a grande demanda de problemas ambientais
vivenciados pela escola. A questão do lixo foi amenizada com a instalação dos kits de
lixeiras. Os alunos foram sensibilizados a segregar o lixo e colocar cada material na lixeira
apropriada. A atividade da composteira foi bastante interessante para os alunos, os quais
confeccionaram cada um sua composteira e á levaram para casa a fim de cultivar plantas e
ensinar para os pais e familiares a importância de reaproveitar os restos de cascas e verduras
utilizadas no cotidiano das atividades culinárias domésticas. Uma das propostas era montar
um jardim na escola onde as cascas que eram descartadas na preparação da merenda escolar
fossem utilizadas na compostagem. Porém o tempo foi curto para a concretização da ideia.
Foi sugerido à direção que realizasse essa atividade, uma vez que uma das reclamações
observadas no mapa mental elaborado pelos alunos foi a falta de representantes da flora no
ambiente escolar.
2964
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
O estágio na comunidade Estância do Sereno possibilitou a interação entre
estagiários e a comunidade, no sentido de sensibilizá-los em relação ao uso racional e manejo
das plantas medicinais, visando assim à troca de saberes e entender sobre as plantas
medicinais. Percebe-se que a comunidade necessita de informações e parcerias para cuidado e
manutenção das hortas. Vale ressaltar a importância do projeto na comunidade rural que,
auxiliou no fortalecimento da cultura regional, resgatando e valorizando o conhecimento
popular das plantas medicinais.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos resultados positivos obtidos na realização dos estágios nas escolas, com o
término do período de realização dos projetos, observou-se que ainda há muito que se fazer.
Tivemos a impressão que o estágio foi de curta duração, com isso, seria essencial que as
escolas dessem continuidade aos projetos.
Entendemos que a Educação Ambiental não está fundamentada apenas na transmissão
de conhecimento, mas também na sensibilização do aluno, tornando-o no um cidadão com
habilidades para posicionar-se criticamente no que se refere às questões políticas, sociais,
ambientais e culturais. Compreendemos ainda que cabe à escola, aos educadores e pais
proporcionarem aos alunos a continuidade dos conhecimentos, construindo
valores e
buscando o interesse ativo, com atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio
ambiente.
Dessa forma, o estagio de bacharelado com o tema central educação ambiental,
possibilita os graduandos perceberem a diversidade da utilização dessa forma de educar
cidadãos, seja em espaços formal e não formal. Tal lacuna não preenchida pela educação
tradicional e, pouco praticada por demais setores da sociedade. Demonstramos que os valores,
os costumes e as informações que são trabalhadas através da Educação Ambiental somente
são aceitas pelo público-alvo mediante á sensibilização dos mesmos. Tal questão pode ser
efetivada quando a Percepção Ambiental é utilizada como metodologia por possibilitar a
alteração e complementação de concepção de Meio Ambiente, pela inserção de um novo
conceito ou, ainda pelas atividades relacionadas á essa metodologia que, dão aos sujeitos
novas perspectivas de transformar e serem transformados pelo ambiente em que vivem. A
abrangência da metodologia está vinculada a diversidade das atividades que, auxiliam na
mudança de paradigmas, forma de ver e ser relacionar com ambiente e seus elementos.
2965
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Portanto, atividades de Educação Ambiental devem primeiro concretizar os objetivos e
obedecer os preceitos da metodologia utilizada.
A experiência destes estágios relata um pouco da educação ambiental em um
ambiente formal e informal com público diferenciado: as crianças e os adultos; as crianças
tem o papel fundamental na conservação da natureza e possui a capacidade de dar
continuidade aos projetos já existentes e de no futuro buscar novas soluções para o problemas
ambientais. Os adultos têm a responsabilidade de dar exemplos; com atitudes e repassar seus
conhecimentos adquiridos ao longo da vida para as próximas gerações, portanto é necessário
uma troca de conhecimento e energia entre as crianças e os adultos para que juntos possam
construir e manter um planeta sustentável.
Durante a realização dos estágios, pode-se perceber que o tempo de realização dos
mesmos foi curto, porém produtivo. Proporcionou vivenciar de modo efetivo a Educação
Ambiental formal e informal, associando a teoria aprendida na universidade com a prática
através dos projetos realizados. Desenvolveu-se e aprimorou-se habilidades e competências
para superar obstáculos e dificuldades encontradas em todos os ambientes onde as atividades
foram aplicadas. Pode-se dizer que o estágio agregou conhecimentos, contribuindo para o
crescimento profissional, cultural e pessoal dos envolvidos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Cristiano Cunha; MAROTI, Paulo Sérgio. Percepção Ambiental de docentes em
escola rural no estado de Sergipe. N. 46 . Sl: Educação Ambiental em ação,2013.
Disponível em: < http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1689&class=21>. Acesso em:
04 abril 2014.
CUNHA, A.C. LEITE, Eugênio Batista. Percepção ambiental: Implicações para a Educação
Ambiental. Betim:Sinapse Ambiental,2009
FAGGIONATO,
S.
Percepção
Ambiental.
Sl:
2002.
Disponível
em:
<http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt4.html>.Acesso em 28 set.2011.
FERRARA, L. D. A. Olhar periférico: Informação Linguagem, Percepção Ambiental. São
Paulo: EDUSP, 1993.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Disponível em: < http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/leui/agner/cap06.pdf>. Acesso em: 16 nov.
2011.
JACOBI, P. et al. Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências.(orgs.). São
Paulo: SMA, 1998
2966
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
LEITE, Eugênio Batista. Educação Ambiental como processo: Cartografia das correntes de
educação ambiental. Adaptado de DIAS, 2000 p.100
MARCATTO, Celso. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM,
2002.
Disponível
em:
<
http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Educacao_Ambiental_Conceitos_Principios.pdf
. Acesso em: 02 ago. 2011. CDU 37:504
MARANHÃO, Magno de Aguiar. Educação ambiental: a única saída. 2005. Artigo
publicado em Jornais, Revista e Sites no País e Exterior. Disponível em:
<http://www.magnomaranhao.pro.br>. Acesso em: 02 ago. 2011.
PACHECO, Éser & SILVA, H. P. Compromissos epistemológicos do conceito de
percepção ambiental. Rio de Janeiro: Departamento de Antropologia, Museu Nacional e
Programa EICOS/UFRJ,2007.
REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (orgs.).
Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, 1998. p.4350.
SANTOS, Helena Maria dos. O estágio curricular na formação de professores: diversos
olhares. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt08/gt0875int.doc>. Acesso
em 15 jan. 2008.
SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. V.31. n.2. São Paulo:
Educação e Pesquisa, 2005. P. 317-322.
TRISTÃO, Martha. Políticas públicas da Educação Ambiental na formação de
professores (as). Anais do III Encontro Estadual de Educação Ambiental I Encontro da rede
capixaba de Educação Ambiental.Vitória: UFES, Programa de Pós-Graduação em Educação,
2006.
45
50
p.
ISBN:
85-99510-06-1.
Disponível
em:
<
http://recea.org.br/acervo/Anais_Educacao_Ambiental___Martha_Tristao.pdf#page=263>
Acesso em: 02 ago. 2011.
2967
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Download

Baixar PDF