A8 CORREIO POPULAR CIDADES Campinas, terça-feira, 3 de abril de 2012 RANKING ||| CONGRESSO NACIONAL Deputados de Campinas têm 80 faltas Dos seis representantes em Brasília, apenas um compareceu a todas as 107 sessões de 2011 Dominique Torquato/27mar2012/AAN Cecília Polycarpo DA AGÊNCIA ANHANGUERA Presença não é garantia de qualidade [email protected] A deputada federal Aline Correia (PP), que tem seu reduto eleitoral em Campinas, é a vice-campeã de faltas da bancada paulista de mais de 70 parlamentares na Câmara, segundo levantamento divulgado ontem pelo portal Congresso em Foco. Ela esteve ausente em 38 das 107 sessões de 2011 — 35,5% de faltas no total — e só perde, entre os legisladores de São Paulo, para seu companheiro de partido Paulo Maluf (PP), que não bateu ponto em 47 dias de debates e votações no ano passado. Das 38 ausências de Aline, 9 não foram devidamente justificadas no Congresso, um número considerado alto para os cientistas políticos ouvidos pelo Correio. O total de faltas dos parlamentares de Campinas é de 80. Levantamento foi feito pelo portal Congresso em Foco O segundo lugar no ranking de faltas entre parlamentares nacionais de Campinas ficou para Carlos Sampaio (PSDB), que teve 18,7% de ausência, seguindo do pastor da Assembleia de Deus Paulo Freire (PR), com 11,2%. Bem atrás, estão os parlamentares Jonas Donizette (PSB), com 4,7% de faltas, Guilherme Campos (PSD), com 0,9%, e Salvador Zimbaldi, que esteve em todas as sessões de Câmara no ano passado. Na lista, estão incluídos os deputados suplentes que também tiveram atuação no Congresso. As faltas são proporcionais às sessões de Câmara em que os parlamentares deveriam ter participado pelo tempo de exercício. Aline afirmou que as faltas registradas foram devido ao seu intenso trabalho fora do plenário. A parlamentar afirmou que passa a maior parte do tempo em articulações em ministérios e secretarias estaduais. Ainda de acordo com Aline, os fóruns e debates que ela promove em diversas cidades paulistas ocorrem na quinta-feira, dia de sessão em Brasília. “Sou uma das deputadas mais ativas no Congresso e isto se reflete na quantidade de recursos que eu consigo trazer para Campinas. Tenho boas relações como ministros, governadores e lideranças políticas. Todos sabem que o trabalho de um parlamentar não se dá somente no plenário, mas na atuação nos bastidores”, justificou. Quanto às ausências não justificadas, Aline afirmou que todas tiveram um motivo, mas não foram relatadas ao cientista político Roberto Romano, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), disse que a presença em plenário é importante pois mensura a capacidade de debate do parlamentar. Porém, segundo Romano, não é o fator fundamental para definir a atuação de um deputado no governo. “O que mais deve ser levado em conta é a capacidade de um legislador elaborar e avaliar um projeto de lei. Bater ponto não significa muita coisa. Mesmo porque, a aprovação de uma lei não é feita só no plenário. Ela depende de articulações e negociações em vários âmbitos do governo e da sociedade”, explicou o cientista. Para Romano, a qualidade do trabalho de um deputado pode ser medida pela quantidade de projetos que ele apresentou e aprovou no Congresso. “Isto sim tem consequências diretas na vida dos seus eleitores” . Já o cientista político Valeriano Mendes Ferreira Costa, também do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, as faltas podem existir, mas devem ser todas justificadas. “Nove faltas não justificadas é um número considerável (citando o caso da deputada Aline Correia, do PP) e deve ser averiguado. A falta tem que ser explicada, isto tem a ver com a cumplicidade com os eleitores”. Ainda de acordo com Costa, as faltas regulares são ligadas ao perfil de cada deputado. “Eles têm atribuições fora do parlamento, mas que tem a ver com o trabalho que eles realizam na Câmara. Isto é perfeitamente normal”. (CP/AAN) O A deputada federal Aline Correia (PP) é a atual vice-campeã de faltas da bancada paulista: de 38 ausências, 9 ainda não foram justificadas Congresso por uma falha da equipe de seu gabinete. Todas as faltas sem motivos foram descontadas de sua folha de pagamento, segundo a parlamentar. O valor total de descontos no salário de Aline ano passado foi de R$ 13.421,88, de acordo com sua assessoria de imprensa. Comissões No 159º lugar no ranking do Congresso em Foco, que tem 583 parlamentares, está o tucano Carlos Sampaio, que tem 20 faltas, duas delas não justificadas. Sampaio afirmou não lembrar o motivo das faltas não explicadas, mas disse que muitas das suas ausências se deram por sua atividades em comissões. O deputado é membro da Comissão de Defesa do Consumidor e da Comissão de Segurança Pública no Congresso. Além disso, é membro das comissões de relações institucionais com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com a Procuradoria Geral da República. “Represento a Casa em várias atividades que consomem muito tempo. Vou a todas as sessões que posso. Acho, inclusive, que as justificativas deveriam ser melhor discriminadas. As faltas por problemas de saúde, por exemplo, devem ser separadas das ausências por trabalhos partidários, que, na minha opinião, não deveriam ser justificáveis. Já propus isso na Câmara”, completou. O deputado Jonas Donizette, que não teve nenhuma falta injustificada, afirmou que não comparece a algumas sessões devido à sua atuação na comissão de Esporte e Turismo. “Batalhei muito para Campinas ser candidata à subsede da Copa do Mundo de 2014 e trouxe investimentos de infraestrutura para cidade. O ano de 2011 foi muito produtivo”. Guilherme Campos, que faltou apenas uma vez, disse que a presença nas sessões não garante o bom trabalho de um parlamentar. “Não falto porque é a minha obrigação ser assíduo com meus eleitores”. Já o deputado federal mais assíduo, Salvador Zimbaldi, afirmou que as faltas deveriam ser justificadas com antecedência. “Quase todos os parlamentares dão um jeitinho de justificar as faltas. Mas as justificativas nem sempre são legítimas. Deveria existir uma fiscalização maior e os parlamentares que mentissem deveriam ser punidos ou até cassados”, disse. O deputado Paulo Freire foi procurado, mas nem ele ou sua assessoria justificaram as faltas. JUSTIÇA ||| PRÓXIMO PASSO Três réus do Caso Sanasa já foram notificados A partir do recebimento do documento, os seis envolvidos têm até dez dias para apresentar suas respectivas defesas Elcio Alves/AAN Bruna Mozer DA AGÊNCIA ANHANGUERA [email protected] Pelo menos três dos seis réus do Caso Sanasa foram notificados neste final de semana quanto à decisão do juiz da 3ª Vara Criminal de Campinas, Nelson Augusto Bernardes, que aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) sobre o suposto esquema de corrupção. Eles têm até dez dias para apresentar a defesa. A decisão do juiz aconteceu na sexta-feira. O prefeito cassado Demétrio Vilagra (PT) recebeu a notificação anteontem, segundo informações de sua assessoria. Ricardo Cândia, ex-diretor de Planejamento da Prefeitura, e Carlos Henrique Pinto, ex-secretário de Segurança Pública e braço-direito do prefeito cassado Helio de Oliveira Santos (PDT), foram notificados no sábado. Os demais réus do proces- so, Francisco de Lagos, ex-secretário de Comunicação, e o ex-presidente da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) Luiz Augusto Castrillon de Aquino ainda não foram notificados, o que deve acontecer nos próximos dias, segundo seus advogados. Alberto Rollo, que representa judicialmente a ex-primeira-dama e ex-chefe de gabinete Rosely Nassim Jorge Santos, não foi encontrado para falar sobre o assunto. A decisão de Bernardes é um passo importante no processo. A partir de agora começa a etapa de julgamento, que deve ser finalizado até o final do ano. Entre os crimes que são acusados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e fraudes em licitações. Até o final desta semana, Bernardes deverá decidir se aceita ou não a denúncia contra outros 16 acusados pelo MP, onde cons- O juiz da 3ª Vara Criminal de Campinas, Nelson Augusto Bernardes, aceitou a denúncia da Promotoria tam empresários e ex-diretores da Sanasa que também teriam participação no suposto esquema. Ralph Tórtima Stenttinger Filho, advogado de Cândia, disse que pedirá ao juiz que o andamento dos dois processos ocorra de forma conjunta. O juiz desmembrou o processo porque alguns dos envolvidos ainda não tinham recebido determinados documentos, o que poderia atrasar o andamento. Segundo Stenttinger Filho, os depoimentos de parte dos réus em outro processo podem prejudicar Cândia. “Os depoimentos são de interesse comum das defesas. Os empresários são importantes para mostrar que não havia envolvimento (de Cândia)”, disse o advogado. Carlos de Araújo Pimentel Neto, advogado de Aquino, espera que a pena de seu cliente seja reduzida, já que ele delatou o esquema ao MP.