DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR ( dos 4-12 MESES)
Ana Paula Lucas
Clínica Medicir
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A diversificação alimentar consiste na introdução de qualquer alimento diferente
do leite materno ou do leite adaptado na alimentação do bebé. É um período
intermédio entre o aleitamento exclusivo e o regime alimentar familiar que
idealmente deverá ser alcançado aos 12 meses de vida.
QUANDO SE DEVE INICIAR?
De acordo com as normas do ESPGAN, (European Society For Pediatric
Gastroenterology and Nutrition) a diversificação alimentar, deve ser iniciada entre
os 4 e os 6 meses de vida e nunca depois dos 8 meses. A partir desta idade o
leite deixa de ser suficiente para suprir as necessidades nutricionais do bebé.
Se o bébé está a ser amamentado com leite materno este pode e deve continuar
a ser o seu alimento exclusivo até aos 6 meses, e só nessa idade iniciar a
diversificação alimentar.
Se o bebé está a fazer aleitamento com leite artificial ou se passa a haver menor
disponibilidade materna, nomeadamente pelo regresso da mãe à actividade
profissional, a diversificação alimentar deverá ser iniciada aos 4 meses.
Entre os 4 e os 6 meses de idade as funções digestiva e renal do bebé ganham
maturidade; também nesta altura ele começa a conseguir sentar-se com ajuda e
a ter um bom controle da cabeça e do pescoço, associado ao aparecimento de
movimentos de mastigação e há perda de um reflexo que o levava a projectar,
para fora da boca, tudo o que tocasse na parte anterior da língua. Todos estes
factores fazem desta idade, a altura ideal para iniciar a introdução de novos
alimentos.
COMO SE DEVE INICIAR?
A regra principal é: um novo alimento só deve ser introduzido 5 a 7 dias após o
anterior, para que se houver alguma intolerância a um alimento, esta possa ser
detectada.
Dos 4 aos 6 meses deve haver uma refeição à colher por dia e com consistência
homogénea; as restantes continuarão de leite.
Nos bebés com percentil de peso equilibrado com o percentil de comprimento, a
diversificação pode iniciar-se com papa de cereais sem glúten (elemento que se
encontra em todos os cereais excepto milho e arroz), porque o sabor é
semelhante ao leite e isso facilita a adaptação à nova consistência e modo de
ingestão da comida. Na semana seguinte poderá iniciar-se a sopa, de inicio o
creme de cenoura (batata, cenoura e um pouco de azeite), alternando
diariamente a papa com a sopa.
Mas nos bebés com percentil de peso muito acima do percentil de comprimento
(“gordinhos”) a diversificação alimentar deve iniciar-se logo pela sopa, que
nutricionalmente é tão equilibrada como a papa, mas é muito menos calórica.
Na sopa deverão juntar-se legumes verdes semanalmente, sempre um de cada
vez.
Cerca do 5º mês, inicia-se a fruta: primeiro banana (se o bebé não for obstipado),
ou maçã cozida ou assada, ou pera cozida, e esmagadas. Há frutas muito
alergéneas (propensas a causar alergias) e que por isso devem ser introduzidas
mais tarde, cerca dos 10 meses: todos os citrinos, os morangos, a manga e o
kiwi.
Cerca dos 6 meses passará a oferecer-se 2 refeições por dia: uma sopa e fruta e
uma papa, ou no caso de bébés com peso a mais, duas sopas e fruta. Também
se deve introduzir a carne, sempre magra, cerca de 30g por sopa (borrego, vitela,
perú, frango...), e podem começar-se a dar esporadicamente os yogurtes
“especiais para bebé”.
Cerca do 8º mês podemos iniciar os alimentos com glúten: papas com glúten,
bolachas, pão..., e a sopa deve passar a ter uma consistência mais granulosa,
para o bebé se ir habituando a texturas diferentes.
Aos 10 meses deve introduzir-se o peixe (inicialmente pescada, red-fish,
maruca... ), a gema de ovo (a clara do ovo só deve ser oferecida aos 12 meses)
e os yogurtes naturais, que podem ser enriquecidos com polpa de fruta fresca
que o bebé já tenha experimentado.
Dos 10 aos 12 meses é desejável que o bebé se vá habituando a partículas mais
grosseiras e mesmo fragmentos na sua sopa, podendo mesmo comer a carne ou
peixe separados da sopa, numa tentativa de tornar a sua alimentação mais
semelhante à alimentação da família.
A partir dos 12 meses de idade não há restrições alimentares, só o gosto e os
hábitos do bebé condicionarão a sua alimentação. Nesta altura o leite passará a
ser leite de vaca meio gordo ou leite de transição 3 (mais rico em ferro).
Muitas vezes os pais perguntam se os alimentos já confeccionados e vendidos
em boiões podem ser uma opção para a diversificação alimentar. A resposta é:
não como rotina, mas são uma boa opção para as excepções: viagens, festas,
imprevistos... Nutricionalmente as refeições pré-cozinhadas, são equilibradas e
têm no rótulo a faixa etária a que se destinam (devemos sempre confirmar que
não há na sua composição nenhum alimento que o nosso bebé ainda não tenha
provado), no entanto têm sabor e textura que nada tem a ver com a comida
tradicional.
REFLEXÃO
A diversificação alimentar é um período difícil na vida dos bebés, que passam de
um alimento líquido de fácil deglutição, para alimentos pogressivamente mais
complexos. No entanto é nesta fase que devem iniciar-se os princípios de uma
alimentação saudável que irá perdurar na vida adulta.
Por esta razão, os alimentos devem ter pouca gordura e de preferência
confeccionados com azeite, poucos condimentos, pouco sal (nenhum até ao 1º
ano de vida), e deve desencorajar-se a ingestão de hidratos de carbono em
excesso especialmente as “guloseimas”.
Assim conseguiremos prevenir nas crianças e nos futuros adultos, o
aparecimento de doenças comuns relacionadas com os hábitos alimentares,
como as cáries dentárias, a obesidade, a hipertenção arterial, as dislipidémias, a
diabetes, a aterosclerose...
Links relacionados:
Manual de aleitamento Materno , edição do Comité Português para a UNICEF
www.unicef.pt/docs/manual_aleitamento.pdf
Amamentação e assuntos relacionados: Associação SOS Amamentação
www.sosamamentacao.org.pt/default.aspx?language=pt-PT
Site sobre amamentação e outros cuidados dos recém-nascidos em Inglês
www.breastfeeding.com/
Conselhos sobre alimentação
www.milupa.pt/12.html
Veja também o video: o primeiro iogurte
www.youtube.com/watch?v=L5JTcvIiqO4&NR=1
Novembro 2007