Academia SOLIDÁRIO Como gerir as finanças da sua organização 1 Dirige uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo ajudar o próximo ou intervir em alguma área específica da sociedade? Ter lucro não é certamente a principal função da sua fundação ou organismo, mas a produção de excedentes é fundamental para que a organização possa crescer e ser sustentável, criando valor e alcançando o impacto social que pretende. A gestão das finanças é, por isso, uma tarefa essencial. Deve controlar as despesas e gerir o fluxo monetário, nomeadamente através de uma folha de despesas e receitas mensal e de um plano de tesouraria de médio prazo. - Apoios, comparticipações e subsídios estatais ou comunitários; “Não pode gerir o que não pode medir… e o que é medido é feito”. Bill Hewlett, cofundador da tecnológica Hewlett Packard A sua organização pode não ter fins lucrativos mas isso não invalida que a gestão das finanças seja uma tarefa essencial para a saúde de qualquer fundação ou organismo que quer ser sustentável e ter impacto social e económico. O Ei dá-lhe algumas ideias para gerir da melhor forma as contas da sua organização. - Donativos: além das doações financeiras, pode incluir nesta categoria o trabalho voluntário e as infraestruturas, sendo que, numa tabela, o mais fácil será indicar os valores das doações; - Outros proveitos. ATENÇÃO: Deve haver um equilíbrio na estrutura das receitas e não existir uma dependência excessiva em relação a subsídios, que podem terminar inesperadamente. 1. Elabore um plano de tesouraria. Deve incluir todas as entradas e saídas de dinheiro (receitas e despesas) durante o ano. A tabela pode estar organizada em doze colunas, uma por mês, ou ser apenas mensal. 1.1. Receitas – Inclua as fontes de financiamento que lhe permitem concretizar a missão da organização, honrando os seus compromissos. Distinga os vários tipos de receitas: - Receitas próprias: quotas, prestação de serviços e vendas; JAN Receitas Receitas Próprias Apoios, subsídios Donativos Outros proveitos Total Despesas Pessoal Gastos administrativos Empréstimos Outros Total Saldo (Total receitas/despesas) FEV MAR ABR MAI 1.2. Despesas – São as obrigações da sua organização relativamente a terceiros: - Custos com pessoal; - Despesas administrativas; - Pagamento dos empréstimos de médio/longo prazo; - Outros gastos. JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL Academia SOLIDÁRIO Como gerir as finanças da sua organização Cada organização tem a sua estrutura de custos e não vale a pena fazer comparações. 1.3. Verifique o saldo de tesouraria de cada mês e o saldo acumulado, de forma a saber se tem recursos disponíveis para os pagamentos agendados. Vantagens: O plano de tesouraria permite prevenir a possibilidade de uma organização ou empresa enfrentar uma crise grave no curto prazo, não dispondo de meios para a resolver. O que são as finanças sociais? “Falar de finanças sociais é falar de fluxos financeiros e definir mecanismos que permitam garantir, no curto, médio e longo prazos, que uma organização tem sempre fontes de receita que permitam honrar os seus compromissos, que esses compromissos estão alinhados com o seu objeto social e que a utilidade social de cada euro gasto é maximizada”, in Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos. 2. Faça um plano de financiamento de médio prazo. Tal como no caso de uma empresa, quando cria uma organização sem fins lucrativos, terá a perspetiva de que ela vai manter-se em funcionamento por um tempo indefinido. Assim, e além de um programa inicial, deverá fazer um plano de financiamento que se estenda no médio prazo, por exemplo, num horizonte temporal de três anos. Caso ainda não tenha um, estará sempre a tempo de fazer um estudo destes. 2.1. Crie uma tabela com duas colunas: Coluna 1 – Despesas: inclua os gastos com a manutenção da atividade, os investimentos em bens essenciais e, eventualmente, a criação de um fundo de maneio, caso ele ainda não exista; Coluna 2 Fontes de financiamento (receitas, apoios, donativos) e aponte as respetivas indicações à frente de cada categoria para os três anos seguintes. 3. Recorra a indicadores para a análise da estrutura de custos. Podem ser úteis na tomada de decisões do dia-a-dia. Entre outros itens pode ser útil calcular: - Custos com pessoal/custos totais. Se o valor for superior a 30%, a organização deve tentar que cada recurso esteja totalmente afeto a tarefas de valor acrescentado e eliminar funções redundantes ou colaboradores subaproveitados. 2 - Custos administrativos/custos totais. As organizações sem fins lucrativos devem ter em conta que, para possíveis financiadores, se os custos administrativos forem superiores a 25% dos custos totais as entidades serão vistas como estando a desperdiçar recursos. - Custo por euro angariado. Pode quantificar os custos de obter financiamento ou em função do número de horas despendidas na captação de financiamento ou em relação aos meios envolvidos, como a realização de eventos, publicação de brochuras, campanhas na Internet, entre outros… - Peso das receitas estatais/ custos totais. A dependência muito elevada de receitas com origem no Estado pode ser prejudicial, uma vez que podem ser alvo de mudanças ou cortes inesperados. 4. Aposte num programa de angariação de fundos através de: - Aproveitamento das novas tecnologias para potenciar os donativos; - Investimento numa relação de confiança com os doadores e aposta na sua fidelização; - Garantia de que os doadores sabem para que causas estão a contribuir; - Concentração do esforço de angariação nas áreas que criam maior retorno do investimento feito. “Gerir é decidir sobre informação relevante. Investir não é gastar, mas uma decisão de investimento tem um conjunto de custos associados que devem ser considerados desde o início”, in Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos. Informações úteis: Dicas para gerir as finanças sociais da sua organização - http://ei.montepio.pt/financas-sociais-da-organizacao-gerir/ Conselhos para instituições sociais sustentáveis http://ei.montepio.pt/conselhos-para-instituicoes-sociais-sustentaveis/ Como avaliar o desempenho da sua instituição http://ei.montepio.pt/como-avaliar-o-desempenho-da-sua-instituicao/ Fontes: Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos - o desafio da inovação social - 3ª Edição; PositivAgenda – Edições Periódicas e Multimédia. Ei, Educação Informação | 2013