Perdas no Processo: Do Campo à Indústria Curso Teórico e Pratico da Fermentação Etanólica UNESP/UFSCar – 20 a 24 de fevereiro de 2006 Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi DTAISER/CCA/UFSCar [email protected] "Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer." Albert Einstein Unidade Média Moagem 2.000.000 ton 1kg ATR = R$0.30 ART % Cana 16,0% ou 160 Kg/ton 100% - R$ 96.000.000,00 1,0 % - R$ 960.000,00 0,1 % - R$ 96.000,00 A QUALIDADE DA MATÉRIAPRIMA É FUNDAMENTAL POR SER A PRINCIPAL ENTRADA DE CONTAMINANTES NA INDÚSTRIA. Fatores Relacionados com a Matéria-prima • Tempo Queima • Pragas (broca, cupim, etc.) • Tipo de Colheita (% de Terra) • Armazenamento • Clima HORAS APÓS QUEIMA OU CORTE Com temperatura elevada (800 a 1000ºC): – Rachamento da casca; – Exudação do caldo; – Porta de entrada para microrganismos; – Contaminação microbiana. DETERIORAÇÃO DA CANA EM FUNÇÃO DO TEMPO APÓS A QUEIMA/CORTE A – Não Queimada e Cortada Fonte: Parazzi, et al, 1986 B – Queimada em Pé C – Queimada e Cortada Infestação de Pragas • Brocas, Cupins, Migdolus, etc. – Aumenta área de contato com meio externo; – Podridão vermelha; – Porta de entrada para microrganismos; – Difícil visualização e detecção; – Reflexo só será percebido após o processamento Tipo de Colheita • Corte manual e colheita mecânica – Fazer montes para facilitar o carregamento – Menor quantidade de terra • Corte e colheita mecânica – Cana inteira – Cana picada (regulagem do corte das extremidades) % de Impurezas • Mineral – Terra ( ∅ 1,2m – maior concentração de microrganismos) • Vegetal – Folhas (bainhas por ter maior umidade – propício para microrganismos) – Palha (aumento da fibra processada) – Outros Clima • TEMPERATURA AMBIENTE E UMIDADE RELATIVA DO AR – TEMPERATURA E UMIDADE ELEVADAS ACELERAM A AÇÃO DOS MICRORGANISMOS • FOTOPERIODISMO – FLORESCIMENTO • GEADA Perdas na Indústria Descarregamento/Estoque Lavagem da Cana Preparo da Cana (esteirão) Extração Tratamento do Caldo (torta) Fermentação Destilação Descarregamento / Estoque • Pátio ou Barracão? • Nenhum dos dois • Esmagamento da cana por peso da coluna de cana; • Primeira a ser armazenada será a última a ser processada; • Amassamento da cana pelas máquinas (perdas por extração e por contaminação). Água de Lavagem (% ART Cana) Média 1,04 Mínimo 0,10 Máximo 3,90 Perdas de Açúcar % PERDAS DE AÇÚCAR (ART) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Cana Sadia Queimada e Inteira Fonte: FERMENTEC Amassamento Transversal Perdas por amassamento Amassamento Longitudinal Perdas por lavagem Preparo 0,57% DO ART ENTRADO 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 231,4 209,2 112,4 90,4 58,6 30,8 9,4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Kg ART/h ACUM. Kg ART/h 265,1 16 Nº VÃO BICÃO 1 2 3 4 5 6 DADOS DA ALCÍDIA - 1990 Fonte: FERMENTEC 7 8 9 10 11 FACAS 12 13 14 15 16 NIVELADOR DESFIBRADOR Extração Condições Condições Propícias Propícias para para Crescimento Crescimento de de Microrganismos: Microrganismos: ––Temperatura Temperatura ––pH pH ––Açúcar Açúcar Disponível Disponível ––Lay Lay -- Out Out da da Moenda Moenda ––Dificuldade Dificuldade de de Assepsia Assepsia Bagaço (% ART Cana) Perdas no Bagaço Extração Média 4,0 96,0 Máximo 6,7 93,3 Mínimo 2,6 97,4 Tratamento Térmico de Caldo IMPORTANTE ETAPA PARA A REDUÇÃO DE CONTAMINANTES (BACTÉRIAS E LEVEDURAS). Temperaturas: 110 - 112o C, ou superiores Redução para níveis <101 bactérias/mL Perdas na Torta (% ART Cana) Média 0,57 Mínimo 0,20 Máximo 1,42 Trocadores de Calor X Contaminação Recontaminação do caldo decantado em diferentes tipos de regeneradores (em bact./mL) REGENERADOR ENTRADA SAÍDA AUMENTO TUBULAR 0,9x101 2,1x103 233 x PLACAS 0 5,8x101 58 x VÁCUO 1,8x101 2,1x101 1,2 x Trocadores de Calor Ponto crítico de recontaminação de caldo decantado À VÁCUO À PLACAS TUBULAR (THERMOL) Assepsia dos Trocadores de Calor de Mosto (Placas) Trocadores de calor: ponto crítico de recontaminação do mosto USO DE FLEGMAÇA Redução da contaminação no mosto para 102 bact./mL Níveis estes que nunca haviam sido obtidos até então Redução de mão-de-obra e insumos Assepsia dos Trocadores de Calor de Mosto (Placas) Recontaminação nos trocadores de calor com assepsia realizada utilizando flegmaça (em bactérias/mL) UNIDADE ENTRADA SAÍDA RECONTAM. TROCADOR TROCADOR A 3,0x102 3,3x102 1,1 x B 0,6x101 1,1x101 1,8 x O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO Fermentação alcoólica é um fenômeno através do qual os açúcares, são transformados em álcool, gás carbônico e energia, por ação de leveduras. C6H12O6 → 2C2H5OH + 2CO2 + ε O que se deseja de um processo fermentativo ? • Elevado Rendimento • Uniformidade na produção de metabólitos pela levedura • Qualidade do produto final (cervejarias, bebidas fermentadas e destiladas ) Rendimento da Fermentação % do teórico Média 89,86 Mínimo 86,56 Máximo 91,99 Principais impactos da Contaminação na Fermentação • Floculação • Consumo de açúcares • Excreção de compostos tóxicos (ácidos orgânicos) • Aumento da produção de glicerol • Aumento do tempo de fermentação • Redução da viabilidade • Aumento do açúcar fermentação residual ao Redução do rendimento da fermentação final da IMPACTO DA FLOCULAÇÃO NA FERMENTAÇÃO • Diminuição da superfície de contato entre células de leveduras e meio fermentativo • Aumento do tempo de fermentação • Diminuição da concentração de levedo nas centrífugas • Aumenta poder tamponante vinho • Maior uso de ácido • Morte leveduras / Inibição da fermentação • Menor rendimento fermentação Bactérias Láticas • Mais freqüentes na fermentação • Mais prejudiciais • Rápido desenvolvimento (10 - 30 minutos ) • Tolerância a elevadas temperaturas (ótimo 45o C ) • Resistentes a baixo pH (Acidófilas/Acidúricas ) Rendimento da Fermentação x Contaminação Bacteriana Rendimento Fermentação Níveis de contaminação Vinho 91 - 92% 90% 106 107 88% 108 OBS: fermentação com reciclo de leveduras Destilação Perdas na Vinhaça e Flegmaça (% Álcool produzido) Média 0,34 Mínimo 0,05 Máximo 1,20 PROBLEMAS NA FERMENTAÇÃO: Como Identificar e Resolver Limpeza Adequada das Dornas ↓ INCRUSTRAÇÃO ↓ CONTAMINAÇÃO ↓ ANTIBIÓTICOS e ÁCIDO ↑ EFICIÊNCIA FERMENTAÇÃO SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA: ASSEPSIA DAS DORNAS MANUAL: baixa eficiência (principalmente dornas com serpentinas) AUTOMÁTICA (Bicos de Alta Pressão): ideal, elevada eficiência, rapidez, não necessita de mão de obra Limpeza das Dornas Fundamental para se ter uma baixa contaminação na fermentação Usar bicos de Limpeza de Alta Pressão: Melhor eficiência na limpeza Menos Tempo para Limpeza Menor custo com mão de Obra Durante a Fermentação: Impurezas do mosto ( Terra + Bagacilho ) Produção de Espumas pelas Leveduras Uso de Antiespumantes / Dispersantes Incrustração nas Paredes e Teto das Dornas Favoresce Aumento da Contaminação PROCESSOS DE FERMENTAÇÃO • BATELADA: limpeza a cada ciclo fermentativo. • CONTÍNUA: o mais freqüente possível, porém é mais difícil (necessidade de se baixar o nível da dorna primária) TRATAMENTO DO LEVEDO Água Creme Levedo Cuba Ácido / Antióticos Água de Poço • IDEAL, DESDE QUE APRESENTE: • Volume Suficiente • Boas características microbiológicas • Baixa Dureza (Cálcio) • Livre de resíduos (infiltrados pelo lençol freático) • Baixa Temperatura Tratamento da Água: • Procedimento extremamente simples • Rápido • Baixo Custo • Significativas melhorias para a fermentação Contaminação do Mel e Água de Diluição de Fermento Rastreamento de Fábrica é Fundamental Bactérias do mel são de difícil controle (esporuladas) Mel de boa qualidade microbiológica: < 102 bact./Ml Água de boa qualidade microbiológica: < 102 bact./mL Caixa mel Água Eliminação de Pontos Mortos Anéis de Distribuição Eliminação de Pontos Mortos Anéis de Distribuição TEMPERATURA DA FERMENTAÇÃO • Influência Direta sobre a Fermentação • Favorece Multiplicação Bacteriana • Intensifica Floculação • Acima 35o C: afeta desempenho da levedura • Redução da Viabilidade Leveduras • Diminui Rendimento da Fermentação Considerações AVALIAÇÂO DE TODAS AS ETAPAS DO PROCESSO: Monitoramento através do Controle Microbiológico: Metodologias, Amostradores e Amostragens Treinamento, Conscientização e Valorização da Equipe de Trabalho Identificação das Possíveis Causas dos Problemas Atuação Rápida e Eficiente Sobre as Causas dos Problemas Identificados Ação Preventiva (assepsia, qualidade da matéria-prima, manutenção de baixos níveis de contaminação) Parâmetros de Avaliação Viabilidade e Vitalidade celular Nível de contaminação Floculação do fermento Concentração de fermento na centrífuga Temperatura da dorna Tempo de fermentação Produção de ácido (acidez produzida) Rendimento geral da destilaria A OTIMIZAÇÃO DO LUCRO DEPENDE DA EFICIÊNCIA DOS PROCESSOS QUANDO NÃO SE AVALIA O RENDIMENTO GERAL DA INDÚSTRIA, FICA IMPOSSIVEL OTIMIZAR A LUCRATIVIDADE QUEM NÃO AVALIA, NÃO SABE O QUE E O QUANTO PERDE! Para um bom gerenciamento, é necessário ter informações confiáveis. Portanto, é necessário ter um sistema adequado de amostragem, métodos analíticos, equipamentos e pessoal capacitado e treinado. "A imaginação é mais importante do que o conhecimento." Albert Einstein Muito obrigado !!! ∴ Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi DTAISER/CCA/UFSCar [email protected]