MINAS
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Sul de Minas
Com potencial econômico diversificado, empresários
se unem para fortalecer segmento industrial. Setor
alimentício e turismo religioso mostram força
Cafeicultura
Café produzido em Carmo de Minas
ostenta o título de melhor do mundo
Avicultura
Granja Mantiqueira é responsável
por 6% dos ovos produzidos no país
O Sistema FIEMG é SESI e SENAI,
é FIEMG, CIEMG e IEL.
São cinco organizações privadas
que atuam ao lado dos empresários
mineiros para que a indústria
produza mais e melhor.
O Sistema FIEMG é segurança
e saúde no trabalho. É tecnologia
e inovação. É educação e formação
profissional. O Sistema FIEMG
é mais desenvolvimento para todos.
Para a indústria. E para você.
www. fiemg.com.br
Editorial
MUITAS APTIDÕES E EMPREENDEDORISMO
Localizada em meio ao maior PIB nacional, cercada por São Paulo, Campinas, São José dos Campos,
Ribeirão Preto e o Centro-Oeste Mineiro, a região Sul
tem 156 municípios com múltiplas vocações e tem
nas águas medicinais e nas estâncias hidrotermais
uma vocação turística, fonte econômica e de geração
de empregos.
Que o diga José Sacido Barcia Neto, prefeito de São
Lourenço, cidade cuja economia é regida pelo comércio, com aproximadamente 1.600 pontos que contribuem com 60% da receita do município. É a segunda
cidade em Minas Gerais em número de leitos, perdendo apenas para a capital, com 70 unidades hoteleiras
que representam 40% da receita do município.
Em Carmo de Minas, fomos conhecer de perto
a joia da Mantiqueira, o café especial considerado
o melhor do mundo desde 2005, segundo o Cup
of Excellence, o mais renomado concurso de cafés
especiais. Quem produz esse tesouro é o Grupo
Sertão através de uma tradição que remonta a 1912,
quando a Fazenda do Sertão plantava suas primeiras
lavouras de café. Percebendo a excelência do grão,
jovens empreendedores da Carmocoffes criaram,
entre 1999 e 2000, um programa pioneiro de direct
trade que garimpa compradores de café em todo o
mundo e apresenta a eles o grão produzido na região, valorizando a produção e permitindo que cafés
singulares cheguem sem intermediários a clientes e
empresas estrangeiras, com benefícios para todos os
envolvidos
O Sul de Minas abriga gigantes como a Granja
Mantiqueira, a maior produtora de ovos da América
Latina, e décima do mundo, que exibe números superlativos: quase 11 milhões de galinhas que botam
perto de 2 bilhões unidades ao ano.
Isso sem falar na Higident do Brasil, empresa que
gera 1.200 empregos diretos e 6.000 indiretos, tem
capacidade de produção de 720 milhões de sabonetes
por ano, o que significa quase dois milhões de sabonetes por dia.
Na contramão da crise financeira, as empresas
que compõem o Vale da Eletrônica, localizado em
Santa Rita do Sapucaí, apostam em expansão de plantas, lançamentos de produtos, novas fábricas e estão
investindo cerca de 100 milhões de reais este ano. São
153 empresas que fabricam mais de 13.700 itens e empregam cerca de 10 mil pessoas.
E, para adoçar a vida, não poderíamos deixar
de falar sobre os famosos doces fabricados em São
Lourenço. Para aguçar os paladares, mostramos a
alquimia de sabores da chef Cristina Craik (Kika) que
preparou divinamente uma truta criada em Aiuruoca
e defumada artesanalmente pelo marido Kieran Craik
(Kiko) e servida com o pinhão da Mantiqueira.
Ana Elizabeth Diniz, repórter
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VIVER Setembro - 2014
Sumário
Fotos da capa: Igor Coelho/Agência i7
6 Economia
22 Avicultura
8 Entrevista
24 Empreendedorismo
10 Ali e acolá
26 Tradição
13 Tenho dito
28 Religiosidade
14 Investimento
32 Perfil
16 Indústria
34 Culinária
18 Cafeicultura
VIVER Setembro - 2014
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
Luciana Alt/Divulgação
5
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
ECONOMIA
Unidos por
interesses
comuns
EMPRESAS DA REGIÃO
SOMAM ESFORÇOS
PARA FORTALECER
SETOR INDUSTRIAL
ANA ELIZABETH DINIZ
C
om 156 municípios, o Sul
de Minas é uma região com
múltiplos potenciais econômicos, está localizada em meio ao
maior PIB nacional, cercado por
São Paulo, Campinas, São José
dos Campos, Ribeirão Preto e o
Centro-Oeste Mineiro, mas para
manter o desenvolvimento e atrair
novas empresas, os empresários
entenderam que é preciso somar
esforços para fortalecer o segmento industrial por meio da representatividade de empresas que são
grandes empregadoras na região.
ARY NOVAES:
momento de reflexão
e intercâmbio
6
Divulgação
VIVER Setembro - 2014
Para isso, a Federação das
Indústrias do Estado de Minas
Gerais (Fiemg), regional Sul,
realiza anualmente a Semana
do Gerente Empresarial que
este ano completou a décima
edição. “O momento é de intercâmbio e reflexão sobre interesses e dificuldades do setor. Para
isso, criamos o Conselho Estratégico das Indústrias do Sul de Minas que reúne seis empresas que
são responsáveis pela geração de
7.900 postos de trabalho”, explica
Ary Novaes, presidente regional
da entidade.
Um dos setores que se destaca
economicamente na região é o alimentício. “É incrível uma cidade do
tamanho de Extrema, com 28.599
habitantes, ter um segmento que
emprega 25% da mão de obra local
através de empresas como Barry,
Bauducco, Kopenhagen e Laticínio
Serra Dourada, sendo que, dentro
de 90 dias, uma empresa de sorvetes deverá se instalar na cidade”,
anuncia o dirigente.
O setor é fundamental no desenvolvimento e arrecadação e
exige mão de obra de altíssima
qualidade. Para atender a essa
demanda crescente e específica,
o Senai-MG junto com o Centro
Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg), presidido pelo
empresário Sílvio Cesarino, está
criando um centro especializado
em alimentos.
Apesar de ser uma região com
diversidade de opções turísticas, o
sul carece de mais atenção e cuidado por parte do governo do estado,
diz Novaes. “A região é conhecida
e famosa pela qualidade de suas
águas e pelas estâncias hidrominerais. O Parque das Águas de Caxambu e seu balneário de hidroterapia
VIVER Setembro - 2014
RADIOGRAFIA
156 municípios
2.731.946 habitantes (IBGE/2013)
49,530 foi o PIB regional
(bilhões de reais) em 2011, o que
representa 12,83% do PIB de MG
11,139
foi o valor agregado da
indústria (bilhões de reais) em 2011
1,130 (bilhão de reais) foi o ICMS da
indústria em 2013, o que representa 7,76%
do ICMS de MG
3,164 foi o volume das exportações
(bilhões de dólares) em 2013, o que
representa 10,2% das exportações de MG
2,457 foi o volume das importações
(bilhões de dólares em 2013
18.900,78 foi o PIB per capita
(reais) em 2011
398 empresas, com 5.631
empregos e 12.496,60 foi o ICMS
(R$ 1.000,00) das atividades extrativas
7.032 empresas, com 147.242
empregos e 987.470,67 foi
o ICMS (R$ 1.000,00) da indústria de
transformação
3.354 empresas, com 22.982
empregos e 907,87 foi o ICMS
(R$ 1.000,00) da construção civil
foram reformados, São Lourenço e
Lambari também investem em seus
parques, mas falta um apoio mais
forte do governo estadual no sentido de divulgar mais esses roteiros
turísticos que têm pouca repercussão. É necessário retornarmos aos velhos tempos onde o
Circuito das Águas Mineiras era
respeitado no Brasil e fora dele,
sendo um polo turístico”.
Novaes cita também o crescente setor de turismo religioso
que tem em Nhá Chica sua maior
representante. “O sucesso desses
roteiros também depende de organização. Temos peregrinações e
grupos de romeiros em Baependi,
onde está o santuário de Nhá Chica e a proximidade com Aparecida do Norte tem um peso muito
grande, mas falta maior apoio financeiro por parte da Secretaria
de Turismo Estadual”.
Entretanto, a Fiemg regional
tem criado oportunidades de cursos e negócios da região. Trinta
profissionais de empresas de Angola, Cabo Verde, Moçambique,
São Tomé e Príncipe estiveram na
sede da entidade em Poços de Caldas onde participaram de um curso de capacitação e transferência
de tecnologia na cultura do algodão oferecido pela Universidade
Federal de Lavras (Ufla), Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), Instituto Brasileiro de
Algodão (IBA) e Fundação Desenvolvimento Científico e Cultural.
“O treinamento visa oferecer conhecimento e ampliar a qualidade
e produtividade na cadeia produtiva dos países envolvidos. Leva
em conta a experiência brasileira
no desenvolvimento e disseminação de tecnologia para a cultura do
algodão”, finaliza Novaes.
7
Igor Coelho/Agência i7
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
ENTREVISTA
Qualidade de
vida
SÃO LOURENÇO EXIBE NÚMEROS
SATISFATÓRIOS E TEM NA SAÚDE
SEU MAIOR DESAFIO
ANA ELIZABETH DINIZ
J
osé Sacido Barcia Neto (PSDB), 57, casado, um filho, está em seu segundo mandato à frente de São
Lourenço, cidade com 41.657 habitantes e conhecida pelas propriedades medicinais de suas águas, seu
parque e qualidade de vida. Reeleito ainda no primeiro turno com 10.900 votos (44,09%), o empresário e
prefeito comenta sobre os bons números que atestam o desenvolvimento econômico da cidade e o nó
da saúde que tem exigido jogo de cintura.
Gostaria que o senhor apresentasse a cidade.
São Lourenço é uma cidade de comércio,
turismo e serviços, com mais de 1.600 pontos
comerciais que contribuem com 60% de nossa
arrecadação. Por outro lado, temos 70 unidades
de hotelaria e somos a segunda cidade em Minas
Gerais em número de leitos, perdendo apenas
para a capital, um setor que representa 40% da
receita do município. No período de alta temporada, férias, feriados e finais de semana temos
100% de ocupação, mas durante a semana o movimento cai muito o que nos levou a criar outra
vocação, o turismo de negócios, com a realização
de congressos e feiras.
Quais os atrativos turísticos?
São Lourenço é muito procurada pelas águas minerais, mas também pelo turismo ecológico com passeios pelas cachoeiras, fazendas de café e montanhas. O mote hoje do
nosso Arranjo Produtivo Local é café, água e montanha. O turismo religioso e esotérico vem crescendo de uns anos para cá, principalmente com a beatificação de Nhá Chica. Há também muitos
grupos de romeiros que peregrinam até Aparecida do Norte. Essas manifestações religiosas vêm se encaixando no leito já pavi8
VIVER Setembro - 2014
mentando do turismo regional. Tudo
isso está amarrado dentro do nosso
APL com foco na Estrada Real.
O que a Nestlé, proprietária do Parque das Águas, representa para São
Lourenço?
Muito, na medida em que a empresa conserva no coração da cidade
nosso maior ponto turístico, o Parque
das Águas, sua propriedade mediante
um contrato de lavra de 1935, anterior
ao Código de Águas Minerais de 1941,
situação muito peculiar porque a empresa é dona da lavra e do parque.
Quando ela conserva e investe nesse
bem valiosíssimo para o turismo, é a
maior contribuição dela para a cidade, muito maior que os impostos. Lá
há o balneário, centro turístico e programas de esporte e de interação com
a cidade. O mais curioso é que a relação com a Nestlé é feita através de um
sistema que tem sido modelo em todo
o mundo. Esse canal se dá através de
uma ONG informal chamada Amigos
do Parque, que analisa e vota em um
fórum todas as demandas da comunidade com o parque. É a ONG que
define o que a Nestlé tem que fazer, o
papel da comunidade, quais as prioridades de investimento.
Como anda a educação?
Hoje, é uma das melhores do estado de Minas Gerais. Temos perto de
5.000 alunos no município em doze
unidades e 500 funcionários (160 professores). Introduzimos aqui a meritocracia, professores e funcionários são
gratificados, ao final do ano, de acordo com o desempenho que a escola
obtém no Programa de Avaliação de
Educação Básica (Proeb) e Programa
de Avaliação da Alfabetização (Proalfa). Já cumprimos a meta Brasil 2020
de alcançar 100% de ingresso das
crianças na escola pública.
Um problema comum às prefeituras
tem sido a saúde. Como o município
VIVER Setembro - 2014
NÚMEROS
0, 759
é o Índice de Desenvolvimento Humano
de São Lourenço, o terceiro melhor de
Minas em cidades com menos de 50 mil
habitantes
26º
lugar ocupa São Lourenço entre os 853
municípios mineiros, sendo que 785
municípios (92%) têm população abaixo
de 50 mil habitantes
489.007 mil
reais é o PIB a preços correntes (2011)
11.637,21 reais
é o PIB per capita a preços correntes
(2011)
tem enfrentado esse desafio?
São Lourenço é referência de saúde para 22 cidades, o que dá um contingente de 300 mil pessoas que são
atendidas na cidade. O Hospital da
Fundação Casa de Caridade de São
Lourenço, filantrópico, é o único da
cidade e conta com pronto socorro,
unidades de tratamento intensivo,
inclusive neonatal. Temos também as
unidades de saúde que oferecem tratamento odontológico, saúde mental,
farmácia, de referência da mulher. O
repasse do governo federal é sempre
insuficiente e a prefeitura dedica 21%
do seu orçamento, mais que os 15%
previstos na Constituição, para dar
conta de atender essa demanda.
E o que tem sido feito na área social?
Termos todas as referências do
Sistema Único de Referência Social
que trabalha com a criança, a família e
o idoso, como o Centro de Referência
de Assistência Social (Cras) o Centro
de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) e o Bolsa Família,
mas essas áreas não são sobrecarre-
gadas porque São Lourenço tem um
nível de renda muito bom, devido ao
comércio e à indústria. O que é desastroso é a saúde porque temos que
cuidar do nosso povo e do povo da
região.
Com isso pode-se dizer que a cidade
tem sido menos impactada com a
violência?
Sim, São Lourenço é a melhor
cidade de Minas Gerais em segurança pública e tem o menor índice de
violência do estado. Mesmo assim,
temos problemas de drogas, mas não
temos violência.
Qual o principal gargalo?
Meu principal desafio é desatar o
nó da saúde regional. São Lourenço
paga o preço por ser referência regional em saúde. Queremos aumentar
a capacidade de leitos do Hospital
Regional para atender uma demanda maior, inaugurar em 2016 o novo
pronto socorro, que está em construção, uma obra de 6 milhões de reais
em parceria do município com o governo de estado. Não tenho problemas em investimentos na saúde, mas
de custeio.
E a questão do aterro sanitário, foi
resolvida?
Temos hoje um aterro controlado,
mas não tínhamos uma área que atendesse às exigências ambientais. Para
isso tivemos que nos consorciar com
o município de Cristina, que obteve,
recentemente, autorização da Superintendência de Planejamento para
licenciar a tecnologia para a usina de
compostagem. Em 2015, teremos a
transferência definitiva do aterro de 9
cidades da região para lá. A verba de
12 milhões de reais do governo federal
foi alocada para a Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Regional e Política Urbana para instalar essa usina,
eliminando de vez o problema de resíduos nas cidades consorciadas.
9
ALI E ACOLÁ
POR ANA
ELIZABETH DINIZ
Rogai por nós
Em plena rodovia Fernão Dias, no
km 746, em direção a São Paulo, está
a capela de Santa Rita, no município
de Três Corações. Datada de 1918,
a capela ficava dentro da fazenda
do Mato Virgem de propriedade de
Geraldo Leite. Há 22 anos, o casal
10
Judy e Ricardo Paez compraram a
fazenda e, há cinco anos, decidiram
reconstruir a capela preservando o
que havia sobrado dela. Um casal
de amigos de Belo Horizonte doou
a imagem da santa. “Quis criar aqui
um ponto de oração e de conforto. As
pessoas entram, fazem suas preces,
deixam pedidos e agradecimentos
e seguem a viagem mais aliviadas”,
diz Judy que, uma vez por semana,
leva os pedidos para uma novena na
cidade. Uma vez por mês é realizada
missa na capela.
VIVER Setembro - 2014
Casa do rei
Inaugurada em 2012, em Três
Corações, a Casa do Pelé (Edson
Arantes do Nascimento) abre suas
portas para quem se interessa
em conhecer onde o jogador
viveu até os três anos e meio. A
casa foi demolida na década de
1970 e reconstruída em 2012.
Ela pertenceu ao avô materno,
seu Jorge Lino Arantes, casado
com Maria Naves que lá viveram
até 1976, quando ele morreu.
A mãe do craque, dona Celeste,
e mais
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
92, descreveu os detalhes
da casa para a construção
do museu, como os móveis e
objetos existentes, que foram
adquiridos em fazendas, brechós
e antiquários e são fiéis à década
de 40. O rádio, tocando músicas
da época, o fogão à lenha e as
lâmpadas de baixa voltagem
remetem ao passado. A Casa do
Pelé fica na rua Edson Arantes
do Nascimento, 1000 e funciona
todos os dias, das 8h às 18h.
Corredeira
de Itaoca
Bem pertinho do centro da
pacata Alagoa, a apenas
quatro quilômetros, está a
corredeira de Itaoca, na serra
dos Borges, com 400 metros
de quedas em sequência
que fazem a alegria dos
praticantes de boiacross
e rafting. Todo dia 28 de
dezembro acontece a descida
de boias que atrai entre 300 e
400 participantes.
VIVER Setembro - 2014
Promessa da
princesa
Lá no alto do morro, em
Caxambu, se vê a igreja de
Santa Isabel da Hungria, uma
promessa feita pela princesa
Isabel. Sua construção
teve início em novembro de
1868, mas a consagração
do templo só aconteceu em
1897, quando o Brasil já era
República, e a família real se
encontrava no exílio. Tombada
pelo Instituto Estadual
do Patrimônio Histórico e
Artístico em 1978, tem estilo
neogótico com arcos de ogiva
e vitrais de rosácea. O interior
é singelo, no altar-mor está
um grande crucifixo e em um
altar lateral, a imagem da
padroeira em madeira. Um dos
acessos para a igreja é feito
por uma escadaria de 126
degraus. Ao longo do caminho,
estão passos da Via Sacra,
iluminados por lanternas e,
no topo, há um cruzeiro com
cinco metros de altura.
11
ALI E ACOLÁ
Acupuntura da terra
e mais
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
O artista plástico esloveno Marko
Pogacnik iniciou nos anos 1980
um trabalho de cura da terra
em várias regiões da Europa
marcadas por tragédias, guerras
e nos campos de concentração.
No Circuito das Águas, ele instalou
vários totens de litopuntura para
conectar a força e as qualidades
originais das nascentes do Matutu
com as fontes minerais. O projeto
foi realizado em 1998 e um dos
pontos está dentro do Parque das
Águas em Caxambu.
Viagem pela história
São apenas 10 quilômetros de
trilhos que margeiam o rio Verde,
ligando São Lourenço a Baependi
em um passeio memorável em
uma autêntica Maria Fumaça
de 1927. O Trem das Águas só
funciona nos finais de semana
e feriados e a viagem leva duas
horas, sendo 40 minutos na
12
viagem de ida, 40 minutos de
parada em Soledade de Minas
e 40 minutos na viagem de
retorno. O trajeto é animado
com a cantoria de violeiros com
músicas populares. Em Soledade,
há uma feira de artesanato com
bolsas de palha de arroz, doces
cristalizados, compotas e geleias.
Nas terras
altas da
Mantiqueira
Não é nada fácil o acesso
até a Cachoeira dos Garcias,
encravada dentro de uma
Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN),
em Aiuruoca. Ela nasce da
própria serra dos Garcias
e faz divisa com o Parque
Estadual do Papagaio. É uma
das mais belas e procuradas
da região, com 25 metros de
queda e uma piscina natural
perfeita para banhos. O
acesso exige vinte minutos
de caminhada por trilha
íngreme e é necessário o
acompanhamento de guia.
VIVER Setembro - 2014
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
tenho dito...
... o melhor e o pior da minha cidade
“São Lourenço é uma
cidade com muitos privilégios, está
na serra da Mantiqueira, tem microclima
regional, abundância de recursos hídricos, além
da qualidade de sua água mineral. Mas há um
descuido com o meio ambiente em relação à
preservação desse grande potencial hidrotermal
nas cidades do Circuito das Águas que compõem
a bacia hidrográfica do rio Verde”.
Sidney Villamarin Cabizuca, 61,
médico e empresário
Sou nascido e criado
em Alagoa, nunca saí daqui
e não troco essa cidade por
nenhuma outra. A vida aqui é
tranquila, a água é boa, faz frio
pra valer. A reforma da estrada,
que vem de Itamonte até aqui,
vai melhorar a vida. A violência
tem aumentado, mas a polícia
está brava”.
Francisco Jovino, 85, roçador
de pasto
Eu gosto muito de
Caxambu, cidade em que
trabalhei muito. Aqui, temos
tranquilidade, pessoas boas e
amigas. É um lugar muito frio.
Mas hoje as oportunidades de
emprego diminuíram e a vida
tem ficado mais difícil”.
Ana Júlia da Silva, 64,
doméstica
VIVER Setembro - 2014
Baependi é uma cidade
com 20 mil habitantes,
hospitaleira, com mais
de 100 cachoeiras e boas
opções de turismo religioso,
como o santuário de Nhá
Chica, que foi beatificada e
é a primeira leiga do Brasil,
exemplo de vida para todos
nós da cidade. A serva de
Deus tem atraído muitos
turistas e devotos, mas falta
infraestrutura para atender a
tantos peregrinos”.
José Leônidas Turri Serva, 66,
engenheiro
13
Victor Schwaner
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
INVESTIMENTO
Boom
EMPRESAS DA REGIÃO oferecem
soluções tecnológicas para
vários setores
tecnológico
VALE DA ELETRÔNICA APLICA 100 MILHÕES DE REAIS EM
LANÇAMENTOS E FÁBRICAS
ANA ELIZABETH DINIZ
N
a contramão da crise financeira que assola grande parte
dos mercados do Brasil e do
mundo, as empresas que compõem
o Vale da Eletrônica, localizado em
Santa Rita do Sapucaí, apostam em
expansão de plantas, lançamentos
de produtos, novas fábricas e estão
investindo cerca de 100 milhões de
reais esse ano.
O Vale da Eletrônica reúne 153
empresas que fabricam mais de
13.700 itens e emprega cerca de 10
mil pessoas. As empresas do complexo exportam para 41 países, tendo como principais consumidores
os mercados europeu e asiático.
14
Os produtos e soluções tecnológicas estão voltados, principalmente,
para os setores de eletroeletrônicos,
telecomunicações, segurança, eletrônica, informática, produtos para
radiodifusão, automação industrial,
predial e comercial, tecnologia da
informação, eletromédicos, insumos e prestação de serviços.
Formado por gigantes do mercado de eletroeletrônico e empresas
líderes, o Vale se destaca pelo fato
de ser um berço da tecnologia de
ponta no país, sendo muitas vezes
comparado com o Vale do Silício,
nos Estados Unidos. De acordo com
Roberto de Souza Pinto, presidente
do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel),
verticais como telecomunicações,
segurança eletrônica e automação industrial são as referências no
mercado nacional e internacional.
“Temos uma empresa líder do setor
de segurança, que detém 45% desse
mercado, outra que está sendo sondada para fornecer produtos para as
Forças Armadas Brasileiras e lançará um produto inovador”.
O Brasil é líder em exportação
de tecnologia rádio difusora, o setor
de maior peso no polo, com nove
indústrias nesse segmento. Além
VIVER Setembro - 2014
Bernardo Salce/Agência i7
EVOLUÇÃO
DO POLO
17
empresas na década de 1980
47
empresas entre 1990 e 2000
67
empresas entre 2000 e 2005
disso, a região responde pela produção do melhor modelo de transmissão de TV digital no mundo.
A cidade foi palco da 13º Feira Industrial do Vale da Eletrônica
(Fivel), promovida pelo Sindvel, no
início desse mês, evento que ainda
não tinha fechado seu balanço, mas
cuja estimativa era de um volume
de negócios em torno de 30% do
faturamento anual, que no último
ano atingiu 2,7 bilhões de reais, das
empresas sindicalizadas. “Nossa
expectativa era gerar cerca de 800
milhões de reais em novos negócios
nesse ano”, anunciou o dirigente.
Com o tema “Viajando pelo
mundo da inovação, focado no
mercado”, a feira funciona como
uma vitrine de produtos, tendências de mercado e inovações desenvolvidos no Arranjo Produtivo Local
para fomentar negócios com empresas do país e do exterior e esse
ano recebeu cerca de 12 mil visitanVIVER Setembro - 2014
500 milhões
de reais foi o faturamento em 2006
1,14 bilhão
de reais foi o faturamento em 2010
2,7 bilhões
de reais é o faturamento estimado
para 2014
153
13.700
10 mil
41 países
empresas hoje
itens fabricados
trabalhadores
compram produtos do Vale
Shutterstock
tes, sendo que 800 empresários do
setor de distribuição de eletrônicos,
gente em busca de lançamentos e
inovações para um mercado cada
vez mais competitivo e exigente.
“Reconhecido nacional e internacionalmente pela alta qualidade
dos produtos, pela capacitação dos
colaboradores e pelo sistema de cooperação entre as empresas, o APL
de Santa Rita do Sapucaí é considerado o mais funcional do país, uma
vez que as indústrias se desenvolvem em função também do negócio
de outras empresas que trabalham
de forma cooperada”, comenta o
presidente.
Vale lembrar que a história de
desenvolvimento do Vale da Eletrônica começou em 1959, quando foi
criada a primeira Escola Técnica em
Eletrônica (ETE) da América Latina.
Alguns anos depois, nasciam também duas instituições que foram
fundamentais para o desenvolvimento de Santa Rita, o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Faculdade de Administração
e Informática, hoje Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia
e Educação. “Santa Rita tem por
vocação ser um polo tecnológico,
e aqui mesmo conseguimos a melhor mão de obra e, assim, produzirmos matérias de excelente qualidade”, esclarece o presidente.
15
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
INDÚSTRIA
Clientela
vip
HIGIDENT DO BRASIL PRODUZ
QUASE DOIS MILHÕES DE
SABONETES POR DIA E SEU
PRESIDENTE ANTÔNIO
JOSÉ VIEIRA FOI ELEITO O
INDUSTRIAL DO ANO
ANA ELIZABETH DINIZ
T
udo começou com uma pequena empresa familiar fundada
em São Paulo, em 1976, com
oito funcionários para fabricar escova dental descartável. Pouco tempo
depois, ela passou a fabricar pequenos sabonetes para hotéis, hospitais,
companhias aéreas e brindes. Passados 38 anos, ela se tornaria a gigante
Higident Brasil, empresa que gera
aproximadamente 1.200 empregos
diretos e 6.000 indiretos, tem capacidade de produção de 720 milhões
de sabonetes por ano, o que significa
quase dois milhões de sabonetes por
dia, e atende aos maiores clientes de
todo o Brasil como Avon, Bombril, Bril
Cosméticos, Carrefour, Disney Com-
16
pany, Dia Brasil, Extra, Hipermarcas,
Jequiti, Natura, Nivea, Pão de Açúcar
e Walmart.
Uma trajetória de trabalho reconhecida. A Federação das Indústrias do
Estado de Minas Gerais (Fiemg) conferiu o título “Industrial do ano 2014” ao
diretor presidente da empresa, Antônio José Vieira. O critério da entidade
é avaliar ações de empreendedorismo
e sustentabilidade. “Me senti extremamente honrado com esse título, ainda mais sendo de iniciativa da Fiemg.
Confesso que nunca imaginei que um
dia poderia receber tamanha honraria. Essa homenagem vem confirmar
todas as minhas convicções quando
escolhi Itajubá, há 31 anos, para ins-
talar a Higident do Brasil. Esse título
serve de motivação e incentivo para
me manter digno da classe empresarial mineira e poder contribuir, com
renovado empenho para o progresso e
o engrandecimento de Minas Gerais e
do Brasil”, diz o executivo.
A transferência das atividades da
empresa de São Paulo para Itajubá
aconteceu em 1983 “motivada pelos
incentivos oferecidos pelo governo de
Minas, pela mão de obra qualificada
disponível no município, pela localização geográfica próxima dos maiores
centros consumidores do país, pelo
polo de ensino superior de excelência
que existe na cidade e pela qualidade
de vida. Em Itajubá, encontramos um
VIVER Setembro - 2014
Fotos: Higident/Divulgação
ANTÕNIO JOSÉ
VIEIRA e a fábrica:
trajetória
reconhecida
porto seguro”, comenta o presidente.
Ele lembra que a inauguração da
Higident em Itajubá aconteceu no dia
19 de março e teve a presença do então governador de Minas Gerais, Tancredo de Almeida Neves. “Iniciamos
as atividades com 60 funcionários em
um pequeno imóvel cedido pela prefeitura municipal. Em 1985, demos
início à construção das instalações
próprias no distrito industrial, com o
apoio BDMG e das instituições financeiras parceiras. Hoje a empresa ocupa uma área de 76 mil metros quadrados, sendo 40 mil metros quadrados
de área construída”.
A Higident é hoje uma das maiores empresas do Brasil na terceirização de sabonetes em barra e a qualidade de seus produtos é atestada
pelas principais empresas de cosméticos do Brasil. “Entregamos o produto pronto para ser comercializado.
Cem por cento da nossa produção de
sabonetes em barra visa atender aos
nossos clientes cujas empresas estão
instaladas no Brasil, mas estimamos
que 9% dessa produção é destinada
ao mercado externo porque alguns
clientes exportam para a América do
VIVER Setembro - 2014
Sul, América do Norte e Europa”, observa o executivo.
A empresa atribui a qualidade de
seus produtos à mão de obra farta em
Itajubá e região. “Apoiamos cursos
técnicos, de graduação e de pós-graduação nas diversas áreas da empresa,
para capacitação de nossos colaboradores. Estamos implantando um grande projeto com a Fiemg para a criação
da Universidade Higident, parceria
que envolverá o Senai, Senac e Sesi.
No momento, estamos levantando as
reais necessidades de qualificação de
nossos profissionais para definir quais
cursos serão ministrados pelos professores do Sistema Fiemg. O mercado
de sabonetes é muito dinâmico, inovador, crescente e com níveis de qualidade cada vez mais perceptíveis aos
consumidores”, diz o empresário.
A Higident tem investido em projetos de sustentabilidade ambiental
e social como a produção de óleo vegetal visando a substituição do óleo
animal (sebo). Através de sua coligada
Fazendas AJV, já iniciou o plantio de
30 hectares de abacate e, no momento, estão sendo analisadas algumas
variedades, principalmente no que se
refere a adaptação, rusticidade, produção e tratos culturais. “A meta é a
formação de pomares de abacate e, a
partir daí, vamos desenvolver projetos
de fomento com micro e pequenos
produtores rurais. Com isso, vamos
promover melhorias na qualidade de
vida dos agricultores e evitar o êxodo
rural”, observa.
Atualmente, a empresa produz
energia com a utilização de óleo BPF
em suas caldeiras. “Em 2011, iniciamos a implantação de florestas
plantadas de eucalipto para produção de biomassa. Com isso, estaremos eliminando em 100% o uso de
óleo BPF e, por tabela, a produção
de gases de efeito estufa, colaborando com um ambiente equilibrado e
ecologicamente correto”, finaliza o
presidente.
17
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
CAFEICULTURA
MICRORREGIÃO
ABRANGE 25
MUNICÍPIOS
QUE SOMAM
7.000
PRODUTORES
E VOLUME
ESTIMADO DE
1 MILHÃO DE
SACAS
Joia da
Mantiqueira
18
VIVER Setembro - 2014
ANA ELIZABETH DINIZ
É
em Carmo de Minas, pacata
cidade de 13.752 habitantes,
que é produzido o melhor café
do mundo desde 2005, segundo
o Cup of Excellence, o mais renomado concurso de cafés especiais.
Quem produz esse tesouro é o Grupo Sertão através de uma tradição
que remonta a 1912, quando a Fazenda do Sertão plantava suas primeiras lavouras de café.
“Em 2001, o Grupo Sertão ficou
bem posicionado no concurso, mas
em 2005 produzimos na Fazenda
Santa Inês um café que detém até
hoje o recorde mundial, alcançando a nota 95,85, a mais alta dada no
mundo. Esse café foi vendido em
um leilão a 15 mil reais a saca, 60
vezes mais que o preço convencional de mercado. Ele foi arrematado
pelo Japão e Canadá. Desde então,
sempre ficamos com cinco ou seis
cafés entre os campeões”, orgulha-se Hélcio Júnior, 32, diretor executivo da Unique Cafés e membro da
nova geração da família Sertão.
Há todo um cuidado na produção do grão que é plantado a partir
de mudas produzidas em viveiros
através de uma cuidadosa seleção
das melhores, daquelas que podem
gerar árvores sadias e resistentes. O
plantio é feito em espaços projetados para permitir um bom crescimento e o trabalho de manutenção
das árvores, do solo e da colheita. As
áreas destinadas à lavoura são sempre as mais nobres durante todo o
ano. Dois anos após o plantio, o cafezal já produz frutos e podem durar décadas.
Sempre foi assim, um processo
cuidadoso e um café excelente, no
entanto, quem produzia desconhecia a qualidade do grão. “Somos a
quarta geração produtora de café,
mas até a década de 1990 o grão
produzido em Carmo de Minas era
VIVER Setembro - 2014
FAZENDA SANTA INÊS produz o café que detém o título de melhor do mundo desde 2005
Hoje o importante, o
que conta, é o perfil
sensorial adquirido por
uma série de fatores,
como clima, altitude,
colheita manual”
Hélcio Júnior
vendido por atravessadores que o
levavam embora. Não sabíamos
nem quanto ele valia, mas descobrimos que ele era tão especial que, na
década de 1950, foi muito procurado pelo Vaticano. Entendemos que
nosso café era diferente”, relembra
Hélcio.
Segundo ele, antigamente o
grão era comercializado pela sua
aparência. “Hoje o importante, o
que conta, é o perfil sensorial adquirido por uma série de fatores
como clima, altitude elevada (na
região variam entre 900 e 1.500 metros), o terroir e a colheita manual
e seletiva. O grão não amadurece
após colhido e, por isso, ele tem
que ser retirado no ponto máximo
de maturação (entre maio a começo de outubro). Os cafés plantados
em áreas mais altas têm maturação
mais lenta”.
A Unique Cafés tem um show-room em São Lourenço onde oferece ao público os cafés que produz:
cítrico, frutado, blend, orgânico e
descafeinado, todos do tipo arábica, cujas características são a alta
acidez (suavidade), doçura, corpo
(aveludado) e a finalização (aftertaste) de caramelo. “Produzimos
19
CA F E I C U LT U R A
O showroom em São Lourenço oferece cafés para degustação: cítrico, frutado, blend, orgânico e descafeinado
20 mil sacas de café verde por ano,
sendo que 80% da produção é exportada para a Europa, Estados
Unidos e Ásia e 20% fica no mercado
interno. Quarenta por cento da produção é de café blend. Hoje, já exportamos café torrado para a China,
mas não é o nosso foco”, diz Hélcio.
A Unique Cafés pertence ao grupo Sertão que tem várias fazendas
produtoras na região. Acreditando
no potencial da qualidade dos cafés ali plantados e na valorização
da história por trás dessa produção, Jacques Carneiro e Luís Paulo
Pereira Dias fundaram, em 2005, a
Carmocoffees. “A empresa tem um
modelo de negócio inovador, baseado na paixão pelo café e no profundo conhecimento do setor. O
grande diferencial é que a empresa
busca grãos especiais diretamente
na origem, através de um relacionamento de longo prazo com dezenas
de pequenos produtores locais. Isso
permitiu que cafés especialíssimos,
de atributos extraordinários, pudessem chegar a clientes em todo o
mundo. Hoje 2.000 produtores rurais são parceiros da Carmocoffees,
empresa que mudou a mentalidade
local no trato com o café porque
conhecemos quem compra, torra
e serve nosso café nas xícaras”, ressalta o executivo.
20
Esses jovens empreendedores da Carmocoffees criaram entre
1999 e 2000 um programa pioneiro
de direct trade que garimpa compradores de café em todo o mundo
e apresenta a eles o grão produzido
na região, valorizando a produção
e permitindo que cafés singulares cheguem sem intermediários
a clientes e empresas estrangeiras,
com benefícios para todos os envolvidos.
“O direct trade já conta com
uma rede de mais de 80 produtores/colaboradores e clientes-chave
de diversos países. Por meio dela,
cafés excepcionais da região de
Carmo de Minas ganharam o paladar e os corações de apreciadores
de qualidade ao redor do mundo.
A Carmocoffees faz a ponte comercial entre a origem e o comprador
e apoia o produtor, provendo assistência técnica agronômica e comercial para que ele produza com
mais eficiência, agregue valor a seu
produto e depois possa receber melhores diferenciais no momento da
comercialização”, comenta Hélcio.
A Unique Cafés criou a Rota do
Café Especial (rotadocafeespecial.
com.br) um roteiro que permite
conheçer as lavouras, contemplar
a fazenda em um mirante à sombra
de um jatobá centenário e com vista
para o que parece ser a Toscana do
Sul de Minas. A visita é monitorada
com explicações sobre a cadeia produtiva do grão especial, desde o pé
até a xícara e termina, é claro, com
a degustação desse néctar.
Carmo de Minas faz parte da microrregião da Serra da Mantiqueira,
que tem 25 municípios, reúne mais
de 7.000 produtores que produzem
1 milhão de sacas por ano. Em 2011,
a região foi a primeira do Brasil a
obter o selo de Indicação de Procedência Mantiqueira de Minas,
que indica que os cafés produzidos
nessa região possuem qualidades e
atributos únicos, atribuídos essencialmente à sua origem.
Segundo Flávio Meira Borém,
professor do departamento de engenharia da Universidade Federal
de Lavras, o processo de solicitação
de denominação de origem Mantiqueira de Minas, pelo Instituto
Nacional de Propriedade Industrial
(Inpi) está em andamento. “Esse
selo certifica que o produto é produzido naquela determinada região
e que existe uma relação direta entre sua qualidade e o ambiente no
qual está inserido – clima, altitude,
terroir – que conferem um diferencial, uma distinção ao café em relação aos demais”.
Antônio José Junqueira VilleVIVER Setembro - 2014
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
CUP OF EXCELLENCE 2013
TIPOS DE CAFÉ DA UNIQUE
Dos 32 cafés
finalistas, 25
são do terroir
cafés da Serra
da Mantiqueira.
Desses, 17 são
de Carmo de
Minas e três da
Unique Cafés
Especiais.
Orgânico - Café cereja
descascado e origem única,
aroma de erva-cidreira e sabor
com notas de erva-cidreira,
acidez média e finalização limpa
com notas de caramelo.
Blend - Blend entre
o frutado e o cítrico.
Uma mistura entre
café natural e cereja
descascado. Sabor e
aroma com notas de
chocolate e frutas.
Suave, encorpado,
acidez média e sabor
residual que lembra
caramelo.
la, presidente da Associação dos
Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam) conta que a entidade
reúne três cooperativas de 25 municípios, 7.800 produtores de cafés
especiais, sendo 89% de pequenos
produtores rurais. “Em 2013 a área
plantada de café era de 70 mil ha
e uma produção de 1,3 milhão de
sacas, sendo que 90% da produção
de cafés especiais foi exportada
para Estados Unidos Japão, Europa,
Austrália, Ásia. A atividade gera na
VIVER Setembro - 2014
Descafeinado - Café de alta qualidade onde se extrai a
cafeína por um processo à base de água e sem produtos
químicos. Tem como principais diferenciais a ausência
de amargor e o corpo. Bebida encorpada, sabor e aroma
suave e equilibrado, acidez baixa e finalização com notas
de chocolate escuro.
Frutado - Café natural
e origem única, tendo
como principais
diferenciais o corpo e a
doçura. Sabor e aroma
de frutas vermelhas,
encorpado, acidez
média com sabor
residual longo e intenso
que lembra amora e
chocolate.
região 150 mil empregos diretos e
indiretos”, finaliza.
Premiação
Cup of Excellence é o mais renomado concurso de cafés especiais realizado anualmente, reunindo produtores de cafés especiais de
todo o mundo e conta com mais de
30 juízes de 15 países. No Brasil, o
concurso é realizado em parceria
com a Associação Brasileira de Cafés Especiais. A mesma comissão
Cítrico - Café cereja
descascado. A acidez é a
principal responsável pela
neutralização do amargor
proveniente da cafeína. Café
suave e sem amargor. Bebida
exótica, sabor e aroma com
notas cítricas que lembram
tangerina, equilibrado,
encorpado, acidez média/alta e
sabor residual longo e intenso
de caramelo.
de juízes internacionais (Alliance
for Coffee Excellence) é responsável
por julgar com os mesmos critérios
os cafés de todo planeta. Até o momento, a Unique Cafés Especiais
possui o recorde mundial em pontuação com 95.85 pontos em uma
escala de 0 a 100. Esse recorde tecnicamente comprovado desmente
o boato de que os melhores cafés do
mundo não estariam no Brasil e sim
em países como Colômbia e Guatemala.
21
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
GALPÓES
de alta tecnologia
garantem maior
produtividade
AVICULTURA
Gigante da América
Latina
GRANJA MANTIQUEIRA
TEM QUASE 11 MILHÕES DE
GALINHAS QUE BOTAM QUASE
2 BILHÕES DE OVOS POR ANO
ANA ELIZABETH DINIZ
N
ada foi premeditado, as coisas
foram acontecendo naturalmente. Há 27 anos, o mineiro Leandro Pinto era proprietário
de uma revenda de máquinas agrícolas. O negócio não deu certo, ele
quebrou. Tinha 50 mil reais, pensou
bem e resolveu comprar 30 mil galinhas e arrendou a granja de um amigo em Itamonte. Deu certo. Hoje, a
Granja Mantiqueira é uma gigante, a
maior produtora de ovos da América
Latina e décima do mundo e exibe
números superlativos: são quase 11
milhões de galinhas que botam perto de 2 bilhões de unidades ao ano.
Isso representa 6% do total de ovos
22
produzidos no país. Só para se ter
uma ideia desse volume, saem diariamente da empresa, para diversos
pontos do país, 15 mil caixas de 30
dúzias de ovos, o que equivale a 5,4
milhões de ovos.
“Em 1996, a empresa deu um
passo importante. Após uma viagem para a Europa, visitei algumas
granjas e decidi importar galpões de
alta tecnologia de uma empresa espanhola. Com isso, a Mantiqueira se
tornou a primeira granja totalmente
automatizada do pais e referência
na avicultura brasileira. Em 2000,
me associei a Carlos Cunha, nosso
cliente, vindo de uma família com
forte tradição no varejo do Rio de
Janeiro e com uma rede de supermercados que foi vendida a um grupo estrangeiro. Foi quando propus a
parceria e, com isso, nossas vendas
se expandiram no mercado fluminense”, relembra Leandro.
Hoje a Mantiqueira possui três
unidades produtoras de ovos, duas
em Minas Gerais, nas cidades de Itanhandu e Passa Quatro, e outra na
cidade de Primavera do Leste, em
Mato Grosso. A empresa atua também nos setores de pecuária, agricultura, fertilizante e armazenagem.
O grupo gera 2.100 empregos
diretos, sendo 1.700 somente nas
VIVER Setembro - 2014
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
EMPESA PROCESSA
15 mil caixas de ovos
por dia
UNIDADE EM ITANHANDU:
preocupação com a
questão ambiental
granjas e mais 8.400 indiretos. Cinco
por cento de sua produção é exportada para Emirados Árabes, África
do Sul e Japão. “O segredo para chegarmos até aqui foi trabalhar incansavelmente com muita disposição e
honestidade”, ressalta Leandro.
A empresa investe em projetos sociais, colaborando com duas
escolas municipais próximas às
unidades do grupo de Itanhandu e
Guaicuí, com a doação de uniformes
e materiais escolares, além de patrocinar aulas de judô para crianças do
bairro onde a granja de Itanhandu se
encontra e distribuir ovos em algumas instituições.
Além disso, na questão ambiental, a Mantiqueira é a única empresa
parceira do instituto Chico Mendes
e trata todo o seu resíduo internamente. “Temos um sistema de gestão ambiental que protege as áreas
de proteção permanente dentro de
todas as plantas da empresa. Na Fazenda Paraíso, temos uma reserva
do patrimônio natural de 258,59 ha
dentro da Área de Proteção Ambiental Mantiqueira, que abriga várias
nascentes e garante a preservação
permanente do recurso ambiental
VIVER Setembro- 2014
NÚMEROS
5,2 bilhões
de unidades produzidas por dia
3
granjas
11 milhões
de galinhas poedeiras
40 mil
toneladas de ração por mês
dentro do município. Ajudamos na
manutenção da Floresta Nacional
de Passa Quatro, com 335 ha onde
acontecem atividades de pesquisa,
manejo ambiental e uso sustentável
desse rico ecossistema”, comenta o
executivo.
Na granja localizada em Itanhandu, os efluentes líquidos resultantes dos processos de produção
e limpeza passam por uma estação
de tratamento de esgoto, garantindo o retorno da água ao rio Verde
com qualidade e pureza superior à
do próprio rio. “Aí temos um cinturão verde com mais de 5.000 árvores plantadas e cuidadas como
um jardim. Nosso resíduo de maior
importância é o esterco das aves,
matéria-prima para os processos
de compostagem realizados na Fazenda Horizonte. Atualmente, 100%
do esterco produzido nas granjas de
Minas Gerais e Mato Grosso é reaproveitado através do uso da técnica de compostagem com bagaço de
cana, transformando em um fertilizante de alto valor agronômico que,
além disso, promove uma recuperação das condições agroecológicas do
solo”, finaliza Leandro.
23
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
EMPREENDEDORISMO
Mineiro vende queijo
pela internet
ANA ELIZABETH DINIZ
JOVEM INOVA E DIVULGA PARA
O MUNDO A QUALIDADE DO
PARMESÃO DA MANTIQUEIRA
24
A
tradição do queijo é coisa antiga na pacata cidade de Alagoa, com 2.768 habitantes
(IBGE-2013), a mais alta das terras altas da
Mantiqueira (acima de 1.200 m). Tudo começou há 100 anos com o italiano Paschoal Poppa
e sua esposa Luiza Altomare Poppa que, por ali,
se instalaram e começaram a fabricar queijo. Conheciam a técnica de fabricação, mas o sabor especial era conferido pelo terroir, um conjunto de
peculiaridades como altitude, pastagem nativa,
clima frio, solo, raça das vacas (holandês e mestiço) que tornam o queijo, lá produzido, único.
O sabor inigualável ganhou fama. Com o
passar dos anos, o processo de fabricação foi
adaptando-se ao gosto local. Hoje ele é definido
como queijo Alagoa, artesanal de leite integral
(fresco e cru) também conhecido como parmesão de Alagoa ou parmesão da Mantiqueira.
Percebendo que a cidade tinha um produto
abençoado pela natureza e de alta qualidade, o
jovem Osvaldo Martins de Barros Filho, 29, apostou em uma empresa virtual a Queijo D’Alagoa,
criada em 2009 para comercializar o produto
com compradores e adoradores de todo o Brasil. De quebra tem dado visibilidade à sua cidade e atraído turistas interessados não apenas no
queijo, mas nas belezas naturais.
“Meu negócio vai bem e vem ganhando cada
vez mais espaço. Por mês, comercializo 100 kg
no varejo e entre 200kg e 300 kg no atacado. Trabalho com dois produtores rurais que fabricam
queijos realmente especiais. Já tenho clientes cativos como Ronaldo Fraga, Lulu Santos e Marcelo Tas e comercializo com o Rio de Janeiro e Vale
do Paraíba. Em Belo Horizonte ele é vendido em
alguns locais (ver serviço)”, comemora.
Um dos produtores, a que se refere Osvaldo, é Renê Pinto de Andrade, 58, queijeiro há 32
anos. Enquanto mexe o leite com pingo, ele conVIVER Setembro - 2014
OSVALDO FILHO:
produzido com
leite “bão” e carinho
ta que são necessários 1.000 litros para
fabricar 100 queijos por dia. Com simplicidade, Renê revela a arte de fabricar um queijo com sabor tão característico. “Ele é produzido com leite bão
e carinho. O que conserva o queijo é
a salmoura que exige uma quantidade
certa de sal e atenção com o tempo,
senão ele embolora”. Osvaldo aproveita a explicação e destila sabedoria
popular: “A vida é que nem queijo,
quanto mais maturada melhor”.
Haroldo Quirino de Almeida é
produtor rural, proprietário do sítio
Cachoeira em Alagoa e, diariamente,
entrega 200 litros de leite. “Tenho apenas 20 vacas, mas vendendo o litro de
leito a 1 real, consigo um dinheiro que
dá pra viver dignamente”, revela.
O queijo Alagoa foi declarado
patrimônio imaterial e seu modo de
fazer está registrado no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) desde 2011. A Emater-MG elaborou junto aos parceiros
locais, produtores rurais, prefeitura
municipal e o Instituto Mineiro de
Agropecuária (IMA) a caracterização
do produto como queijo artesanal especial. “Ele é fabricado, há décadas,
nessa região da serra da Mantiqueira e
possui ótima aceitação nos mercados
de São Paulo e Rio de Janeiro. A publicação da lei que cria oficialmente o
“Queijo Alagoa” deverá ser publicada
este mês”, diz Júlio César Fleming Seabra, engenheiro agrônomo da Emater.
Segundo ele, está sendo realizado um trabalho junto ao Ministério
da Agricultura, com apoio da Embrapa, para a concessão do registro e
emissão do certificado de Indicação
de Procedência e Denominação de
Origem. “Foi enviado um projeto ao
CNPQ para financiamento das análises e pesquisas necessárias para obtenção do selo de Indicação Geográfica. Espera-se que até o final do ano
o projeto seja aprovado e os trabalhos
iniciados”, ressalta o engenheiro.
VIVER Setembro - 2014
TIPOS DE QUEIJO
Artesanal Alagoa - peça pequena
fresca (média de 1kg)
QQueijo Artesanal - peça grande
(média de 5kg)
QFaixa dourada – queijo curado – 40
dias de maturação
QMantiqueira real – com azeite de
oliva – 60 dias de maturação
QDo Coronel – 6 meses a 1 ano de
maturação
Q
Onde encontrar em BH
QNéctar do Cerrado - Rua Ouro Fino,
452, mercado distrital do Cruzeiro
QProdutos De-lá - Rua Santa Rita
Durão, 919, Savassi.
QPão de Queijaria - Rua Antônio de
Albuquerque, 856, Savassi
Divulgação
QUEIJO
passa por 6
meses a 1
ano de
maturação
A região tem aproximadamente
80 produtores de queijo que produzem 310 mil kg por ano comercializados principalmente no Vale do Paraíba Paulista, região Sul Fluminense,
Rio de Janeiro e São Paulo. “A cadeia
produtiva do leite e do queijo é o
maior empregador municipal e maior
gerador de renda. Incluindo o próprio
produtor, beneficiadores, transportadores e comerciantes, o queijo emprega diretamente e indiretamente mais
de 250 pessoas”, finaliza Júlio.
O queijo Alagoa é feito com leite
cru que após atingir a temperatura
de 32ºC recebe o fermento (ou pingo) na proporção de 5%. Logo depois
adiciona-se o coalho na proporção de
0,2%. Espera-se o leite repousar por 40
minutos e, após esse tempo, a massa
deve ser quebrada ou triturada para
depois ser cozida por mais 40 minutos
a 50ºC até formar a liga ideal, quando
a massa descansa e é retirado o soro.
A massa é cortada em pedaços
que são enformados em moldes de 1
kg, 3kg ou 5 kg. As formas com a massa
são prensadas. Os queijos são desenformados no dia seguinte e colocados
para descanso em prateleiras. Após
essa fase, os queijos são colocados na
salmoura onde permanecem durante um dia para cada quilo de peso, de
acordo com a forma utilizada, 1 kg, 3
kg ou 5 kg.
Depois de retirado da salmoura,
o queijo vai para a salga seca durante quatro a seis dias, dependendo do
tamanho da forma. A última etapa é a
lavagem para retirada do sal e a cura
que varia de 1 a 20 dias dependendo
do produtor. O queijo de Alagoa é considerado fino, feito com massa cozida,
temperado na salmoura e curado em
ambiente próprio. Tem excelente
paladar e pode ser consumido puro,
acompanhado com vinho tinto, ou
ainda em lanches ou pratos especiais
Para comprar: www.queijodalagoa.
com.br ou queijodalagoamg@gmail.
com.
25
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
TRADIÇÃO
Adoçando
a vida
SÃO LOURENÇO
CONCENTRA FÁBRICAS DE
DOCES QUE GANHARAM
FAMA PELA QUALIDADE
ANA ELIZABETH DINIZ
S
ão 32 anos de atuação na cidade de São Lourenço e uma
história de persistência, erros
e acertos. A Doces São Lourenço
surgiu pela observação e perfeccionismo de seu proprietário Wagner
João Soares Mancilha que tinha experiência em áreas distintas como
fábrica de ração, pedreira e gerente
de hotel. “Perto de onde eu morava,
tinha uma fábrica de doces que me
chamava a atenção pela desorganização. Aquilo me incomodava. Resolvi entrar nesse negócio, comprei
alguns equipamentos e eu mesmo
fazia os doces. Comecei com os de
frutas, goiabada, pessegada, marmelada. Algumas receitas eram da
minha mãe. Errei muito, mas fui
adequando as receitas. Testei muito até acertar a mão”, relembra o
empresário.
O tempo foi passando, a em-
26
presa foi crescendo e hoje, além
da fábrica que ocupa uma área de
700 m2, a Doces São Lourenço tem
uma fazenda com área de 75 ha,
sendo 40 ha plantados com as frutas que são utilizadas nos doces e
geleias, como figo (15 mil pés), pêssego (2.500 pés), goiaba e laranja da
terra. “Essa foi a forma que encontramos de garantir a qualidade das
frutas que são colhidas e processadas na própria fazenda, sendo que
a finalização e envaze acontece na
fábrica em São Lourenço. Além da
fazenda, trabalhamos em parceria
com 30 pequenos produtores rurais
do bairro São José da Mantiqueira,
em Virgínia, e usamos, em nossas
caldeiras como fonte de energia, lenha de eucalipto plantado em nossas fazendas”, comenta Wagner.
O empresário ressalta que a
matéria-prima é de alta qualidade e
as receitas vêm da tradicional culinária mineira. “Optamos por não
usar corantes artificiais em nossos
produtos, preocupados com a saúde e o bem-estar dos nossos consumidores. Isso faz com que nossos
doces tenham um grande diferencial em sabor e segurança alimentar. Temos um laboratório com
modernos equipamentos para o
controle de qualidade, onde é feita
a avaliação antes, durante a produção e após o acabamento. O rigor da
qualidade nos processos de fabricação nos permite fornecer produtos
mais seguros para a saúde do consumidor”.
A empresa tem 70 funcionários
e oferece mais de 200 produtos em
sete linhas (tradicional, diet, light,
funcional, institucional, kids, premium) de doces, geleias, tabletes,
cremosos e o lançamento, há dois
VIVER Setembro - 2014
ARY DO NASCIMENTO:
aposta na linha diet
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
meses do doce de nata. “Nossa
produção é de 10 mil kg por mês,
sendo que, para o doce de leite,
consumimos 4 mil litros por dia, o
que representa 2 mil kg de doce de
leite por dia. Os mais vendidos são
o doce de leite e leite condensado
diet. Vendemos para todo o Brasil e começamos, recentemente, a
exportar para os Estados Unidos”,
contabiliza Wagner.
Por tudo isso, a fábrica se tornou pequena para atender à demanda do mercado. Por isso, a empresa já tem um projeto aprovado
para construir uma nova fábrica,
também em São Lourenço, que vai
ter uma área de 1.000 m2 e previsão
de inauguração em 2016. “Desde o
último ano, estamos investindo em
WAGNER MANCILHA:
fazenda própria e
parceria com produtores
VIVER Setembro - 2014
capacitação da mão de obra e maquinário mais moderno, a fim de
melhorar nossa infraestrutura”, finaliza o empresário.
Já a empresa Hué Alimentos,
também familiar, tem uma história
diferente. Tudo começou de forma
caseira, com Ary do Nascimento,
que fazia balas de caramelo em casa
em uma pequena indústria de fundo de quintal. Depois, enveredou
para o doce de leite. Isso foi há 36
anos.
Ary do Nascimento Filho explica que a empresa foi criada em
1986 fabricando doces tradicionais.
Mas, apostando no mercado diet,
introduziram, em 1996, uma linha
diversificada para atender essa demanda. “Nossa produção é de 93
toneladas por mês, sendo 98% da
linha diet e, desse percentual, 40% é
de leite condensado diet, um campeão de preferência pelo modo
como é fabricado, 7% de caramelo, 6% de goiabada e 5% de doce de
leite de tablete. Toda a linha diet é
feita com sucralose, derivada da cana-de-açúcar e os produtos têm o
selo da Associação Nacional de Assistência do Diabético. Vendemos
para todo o Brasil do Acre a Porto Alegre, temos 70 funcionários e
mais de 100 produtos entre geleias,
doces, pão de mel diet, leite condensado diet, caramelos, cookies de
9 sabores, bolos recheados”.
27
VIVE R M I NAS SU L DE M I NAS
RELIGIOSIDADE
Os caminhos
da fé
VÁRIAS SÃO AS PEREGRINAÇÕES QUE
ACONTECEM NO SUL DE MINAS COM
CARÁTER RELIGIOSO OU ESOTÉRICO
Luciana Alt/Divulgação
28
VIVER Setembro - 2014
Rodrigo de Paula Costa/Divulgação
CAMINHO DE
APARECIDA: 265 km
por trilhas e estradas
ANA ELIZABETH DINIZ
T
odos os caminhos do Sul de
Minas levam a um lugar de
fé. São muitos os roteiros de
peregrinação por essas terras de
santos e de pessoas fervorosas. Um
deles, o Caminho de Aparecida foi
oficializado este ano após dez anos
de existência. Nele passam centenas de pessoas de todas as idades
e de diferentes regiões e que têm
em comum a devoção a Nossa Senhora Aparecida. A pé, de bicicleta,
moto, jipe, no lombo de cavalo, não
importa, os peregrinos desafiam o
tempo, a chuva, as dificuldades naturais das trilhas e estradas e caminham 265 km, saindo de Alfenas,
até o Santuário Nacional Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em
Aparecida do Norte, São Paulo.
Segundo o idealizador dessa
rota de peregrinação, Rodrigo de
Paula Costa, 35, a melhor época do
ano para percorrer os 265 km é entre
maio e outubro, por causa do clima
menos chuvoso. O percurso está sinalizado com setas em formato de
peixe e foi criado um livro guia com
todas as informações sobre o trajeto, fotos, dicas de hospedagem.
Um caminho de
peregrinação é muito
mais que uma estrada
com plaquinhas, é um
caminho de fé, silêncio,
aproximação com Deus”
Rodrigo Costa
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
MADALENA MATOSO
e Alexandre Gaspar:
renascimento
VIVER Setembro - 2014
“Um caminho de peregrinação é
muito mais que uma estrada com
plaquinhas, é um caminho de reflexão, fé, silêncio, descoberta dos
limites, de aproximação com a natureza, com o próximo e com Deus.
É uma opção pela simplicidade, de
viver com pouco. Ao fazer de sua
mochila a sua casa, o peregrino se
torna mais sensível porque percebe
a importância das pequenas coisas
do dia a dia”, comenta Rodrigo.
Após a oficialização do caminho, os peregrinos saíram do anonimato, pois passaram a contar
com guia, credenciais, pousadas
e pessoas que adaptaram suas casas para acolher os peregrinos. Em
cada cidade, a credencial será carimbada e em Aparecida o peregrino poderá retirar seu certificado de
conclusão do caminho.
Outra rota de peregrinação é o
Caminho dos Anjos, um percurso
de 231 km que abrange as cidades
de Passa Quatro, Itamonte, Alagoa,
Aiuruoca, Baependi, Caxambu, São
Lourenço e Virgínia, margeando
belezas naturais, cachoeiras, montanhas, picos, parques e vales que
fazem parte dos circuitos Terras Altas da Mantiqueira e das Águas.
“Costumo dizer que a fênix, um
29
R E L I G I OS I DA D E
PARA SABER MAIS
„Caminho de Aparecida
www.caminhodeaparecida.com.br
„Caminho de Nhá Chica
Todo dia 1º de maio
„Caminhos dos Anjos
www.caminhodosanjos.org
dos símbolos do caminho, é uma
imagem que representa o que acontece com o peregrino: renascimento e crescimento pessoal. Os dias de
caminhada são um tempo em que
a natureza trabalha com a gente.
Esse caminho foi idealizado para
difundir e incentivar a compreensão da sustentabilidade contemplada através da exuberante natureza que, aos poucos, se mistura
com a natureza interior, a essência
individual que vai desadormecendo em contato com a simplicidade.
As pessoas se transformam durante
a caminhada e voltam diferentes”,
comenta Alexandre Gaspar idealizador do caminho junto com Madalena Matoso.
Segundo ele, no início, a intenção era unicamente ter a natureza
exuberante e a vida simples da região como meio de possibilitar mudanças nas pessoas. “Logo percebi
que o Caminho dos Anjos era mais
que isso, Transformava-se em um
roteiro de ecoturismo e religioso,
pois passa por Baependi, onde fica
o santuário de Nhá Chica e também
roteiro de peregrinação”, ressalta
Alexandre.
O caminho está todo sinalizado com setas verdes e amarelas e
todo o trajeto pode ser feito a pé
em dez dias, de bike em cinco dias,
e de carro(4x4) ou moto em dois ou
três dias. Outro diferencial é que
o caminhante começa e termina o
caminho no mesmo ponto e pode
optar por onde desejar iniciar o trajeto. Em todos os locais foram criados abrigos para os caminhantes.
30
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
CASA (ACIMA)
capela e, na página ao lado, o
santuário de Nhá Chica:
caminho cada vez mais
estruturado
VIVER Setembro - 2014
DEPOIMENTO
ANA ELIZABETH DINIZ
Quatro e meia da manhã e lá estava eu, pela segunda vez, na capelinha
de Nhá Chica, ajoelhada aos pés da
imagem da venerável, pedindo força
para caminhar os 33 quilômetros que
separam São Lourenço de Baependi,
passando por Soledade de Minas e
Caxambu, em uma peregrinação religiosa, o Caminho de Nhá Chica, criado
em 1998 e que acontece anualmente
no dia 1º de maio.
A capela construída pelo artista plástico Marco Aurélio Rodrigues
Dias, em São Lourenço, tem significado de fé, devoção e agradecimento.
Casado, com dois filhos ainda pequenos, recém-chegado do Rio de Janeiro
a São Lourenço, ele pediu à santa ajuda para viver da sua arte e sustentar a
família e, se isso acontecesse, ele construiria uma gruta em sua homenagem.
Graça atendida.
A gruta foi crescendo e virou uma
capelinha com esculturas, quadros e
pinturas nos tetos e paredes, todas feitas por ele. Cacos de azulejos formam
mosaicos e cobrem a área externa.
“Comecei a construção em 1992, mas
sempre estou incluindo um novo detalhe”, diz o artista que lançou o livro
“Biografia de Nhá Chica”.
A capela é o ponto de partida, o
primeiro refúgio dos peregrinos devotos ou curiosos que entram, contemplam a arte religiosa de Marco Aurélio,
proseiam rapidamente com ele e se
apressam rumo à estrada de terra que
vai cortando fazendas, margeando a
antiga linha de trem até chegar a Baependi. É imperativo caminhar.
O céu está cheio de estrelas capitaneadas por Vênus, intensa, e, aos poucos, os primeiros raios de sol tingem
o horizonte de um laranja desconcertante. O empresário João Gorgulho,
um dos idealizadores do caminho, é
companheiro de caminhada, contaVIVER Setembro - 2014
dor de causos e revela histórias sobre
esse percurso que está em sua 17ª edição e que, a cada dia, atrai mais peregrinos. “A cada ano cresce o número
de pessoas que fazem esse percurso
criado para mostrar a fé e devoção em
Nhá Chica. Por aqui passam ricos e
pobres, jovens, idosos, gente que caminha, pedala e cavalga”.
O caminho, que a cada ano que
passa fica mais estruturado, tem placas feitas manualmente com o colorido das chitas que emolduram uma
informação básica para os peregrinos:
o número de quilômetros percorridos.
Tem o carinho e simpatia da dona Maria da Conceição Maciel, 74, que desde
as dez da noite do dia anterior, servia
café quentinho, leite, canjica e bolo
de fubá para os caminhantes. “Quanto custa dona Maria?”, “a ajuda que
você quiser”, respondeu ela que havia
ficado a madrugada toda sem dormir,
resistindo ao frio intenso e ainda tinha
energia para acolher a todos que por
ali passavam. Equipes do Exército distribuíam água ao longo do caminho e
ambulâncias davam suporte.
No caminho foi construída a praça dos Peregrinos com direito à capela
com uma linda imagem de Nhá Chica,
esculpida em cedro, doação de Ve-
rônica, outra moradora. Hora de dar
uma parada ligeira e constatar a expressão da fé que se revelou silenciosa
pelo olhar sincero e gesto espontâneo
de Gorgulho diante da mulher negra,
filha de escravos e que deverá ser a
primeira santa nascida no Brasil. Sem
palavras.
Paisagens exuberantes, neblina,
cheiro de grama molhada e curral, da
lenha queimando para coar o primeiro
café do dia, o frio da manhã que mais
tarde cederia espaço a um sol muito
quente, subidas, descidas, lama, pedregulhos, até que ladeira acima, em
Baependi, se avista o Santuário de
Nossa Senhora da Conceição.
Três missas, às 9, 11 e 13h são celebradas para os peregrinos e os devotos que não conseguem caminhar. Ao
lado do santuário está a casa simples,
porém reformada, onde viveu Nhá
Chica, um memorial onde se pode ver
o seu terço, a imagem da Sinhá Maria,
como ela chamava Nossa Senhora da
Conceição, a sombrinha que a acompanhava em suas andanças, vários
objetos pessoais e uma loja com lembrancinhas, orações, terços que remetem à trajetória monástica da Serva de
Deus dedicada a ajudar a todos aqueles que a procuravam.
31
VIVER MINAS SUL DE MINAS
PERFIL
Em
imagens
Igor Coelho/Agência i7
32
VIVER Setembro - 2014
RAIO-X DA REGIÃO
CIDADES
Aiuruoca
Alagoa
Albertina
Alfenas
Alpinópolis
Alterosa
Andradas
Andrelândia
Arantina
Arceburgo
Areado
Baependi
Bandeira do Sul
Boa Esperança
Bocaina de Minas
Bom Jesus da Penha
Bom Repouso
Borda da Mata
Botelhos
Brasópolis
Bueno Brandão
Cabo Verde
Cachoeira de Minas
Caldas
Camanducaia
Cambuí
Cambuquira
Campanha
Campestre
Campo do Meio
Campos Gerais
Capetinga
Capitólio
Careaçu
Carmo da Cachoeira
Carmo de Minas
Carmo do Rio Claro
Carrancas
Carvalhópolis
Carvalhos
Cássia
Caxambu
Claraval
VIVER Setembro - 2014
Conceição da Aparecida
Conceição das Pedras
Conceição do Rio Verde
Conceição dos Ouros
Congonhal
Consolação
Coqueiral
Cordislândia
Córrego do Bom Jesus
Cristina
Cruzília
Delfim Moreira
Delfinópolis
Divisa Nova
Dom Viçoso
Elói Mendes
Espírito Santo do Dourado
Estiva
Extrema
Fama
Fortaleza de Minas
Gonçalves
Guapé
Guaranésia
Guaxupé
Heliodora
Ibiraci
Ibitiúra de Minas
Ibituruna
Ijaci
Ilicínea
Inconfidentes
Ingaí
Ipuiúna
Itajubá
Itamogi
Itamonte
Itanhandu
Itapeva
Itaú de Minas
Itumirim
Itutinga
Jacuí
Jacutinga
Jesuânia
Juruaia
Lambari
Lavras
Liberdade
Luminárias
Machado
Maria da Fé
Marmelópolis
Minduri
Monsenhor Paulo
Monte Belo
Monte Santo de Minas
Monte Sião
Munhoz
Muzambinho
Natércia
Nepomuceno
Nova Resende
Olímpio Noronha
Ouro Fino
Paraguaçu
Paraisópolis
Passa Quatro
Passa Vinte
Passos
Pedralva
Perdões
Piranguçu
Piranguinho
Poço Fundo
Poços de Caldas
Pouso Alegre
Pouso Alto
Pratápolis
Ribeirão Vermelho
Santa Rita de Caldas
Santa Rita do Sapucaí
Santana da Vargem
São Bento Abade
São Gonçalo do Sapucaí
São João Batista do Glória
São João da Mata
São José da Barra
São José do Alegre
São Lourenço
São Pedro da União
São Sebastião da Bela Vista
São Sebastião do Paraíso
São Sebastião do Rio Verde
São Tomás de Aquino
São Tomé das Letras
São Vicente de Minas
Sapucaí-Mirim
Senador Amaral
Senador José Bento
Seritinga
Serrania
Serranos
Silvianópolis
Soledade de Minas
Tocos do Moji
Toledo
Três Corações
Três Pontas
Turvolândia
Varginha
Virgínia
Wenceslau Braz
33
VIVE R M I NAS S U L D E M I NAS
CULINÁRIA
Alquimia
Fotos: Igor Coelho/Agência i7
de sabores
TRUTA CRIADA EM
AIURUOCA É DEFUMADA
ARTESANALMENTE E
SERVIDA COM O PINHÃO
DA MANTIQUEIRA
RECEITA
*PARA UMA PESSOA
TRUTA ESPANHOLA
INGREDIENTES
z1 truta defumada
z
1 colher de sopa de
manteiga
z
1 boa colher (chá) de
pinhão picado
z
1 colher (chá) de
amêndoas
z
1 colher (chá) de
castanha de caju
z
½ colher (café) de
páprica picante,
açafrão e urucum
34
MODO DE FAZER
Esquentar rapidamente a
truta em fogo baixo, abafada
na manteiga, sem ficar virando o peixe. Tirar com todo
cuidado e colocar no prato.
Na manteiga que sobrou na
panela, jogue as castanhas,
amêndoas, páprica e, assim
que levantar espuma, retirar
e jogar em cima da truta.
Servir com salada, arroz de
passas e batata cozida, ou
com o que lhe vier à cabeça.
N
em carecia do aviso no
cardápio “na nossa casa
come-se com a visão, o
olfato, o tato e o paladar, com
um pano de fundo para a audição” porque, quando se coloca os pés dentro do Kiko e Kika
Restô, em Aiuruoca, os sentidos se exacerbam. Os janelões
de vidro escancaram a bela vista de montanhas e araucárias
e o casal Cristina Craik (Kika) e
Kieran Craik (Kiko) dá as boas
vindas e dicas sobre as opções
do cardápio e vinhos.
O prato eleito recebe o
nome de truta espanhola, pelo
fato de levar páprica picante,
mas é feito com a truta produzida em criatórios na região
e defumada artesanalmente
pelo Kiko. O apuro da técnica
confere um sabor inigualável
ao peixe. Kika criou uma receita que utiliza o pinhão, fruto
típico da Mantiqueira, verduras e condimentos colhidos ali,
fresquinhos, no seu quintal.
Assim os pratos saem delicadamente decorados com rosas,
capuchinhas, erva doce, gengibre. Kika adora a alquimia do
que a terra dá para fazer molhos, chutneys, confiture, usados nas soberbas sobremesas.
Há 18 anos em Aiuruoca,
Kika, que além de chef é veterinária, confessa que há 13
anos não sabia nem fazer arroz. “Lancei mão das múltiplas
coisas que fiz na vida para fazer
uma comida mais agradável
possível. A alquimia da comida
é o meu vício”, entrega.
KIKO E KIKA RESTÔ
Estrada Aiuruoca/Alagoa, km 2
Sítio Canto da Pedra
Abre de quinta a domingo
(35) 9927-4853
VIVER Setembro - 2014
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