PRÁTICA INTEGRADA: FERMENTAÇÃO, DESTILAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA Dutra, Bárbara Ferreira 1, Albuquerque, Francisco Resende de2 Introdução A instrumentação, ou desenvolvimento de instrumentos, é uma ferramenta indispensável para facilitar o processo de ensino-aprendizagem na Química. A atividade experimental quando bem planejada permite integrar os diversos saberes melhorando o aprendizado e a retenção de conteúdos por parte dos estudantes, como também possibilita romper com a visão clássica do conhecimento químico dos programas tradicionais [1]. Neste trabalho propõem-se desenvolver uma prática integrada de Química com base em conceitos de fermentação, destilação fracionada e caracterização química, empregando-se o etanol obtido da fermentação da canade-açúcar. O Brasil destaca-se como o maior produtor de álcool mundial oriundo da cana-de-açúcar, uma espécie vegetal originária da Ásia e da Oceania, inicialmente usada no Brasil Colônia para a produção de rapadura nos engenhos, e de aguardente [2]. A cana-de-açúcar apresenta na sua composição a sacarose, um dissacarídeo que sofre hidrolização e produz dois monossacarídeos: a frutose e a glicose [3]. Para obtenção do etanol usualmente emprega-se a fermentação alcoólica, um processo exotérmico realizado por ação de leveduras, onde a matéria-prima comumente empregada é a cana-de-açúcar; após esta fermentação emprega-se a destilação, uma operação que consiste na separação de líquido de suas eventuais misturas, por passagem ao estado de vapor e posterior condensação com retorno ao estado líquido, com auxílio de calor e, ou, por redução da pressão, destacando-se a destilação fracionada, que produz várias frações do destilado [4]. Material e métodos Para obtenção do álcool empregou-se caldo de canade-açúcar comprado no comércio local. Fez-se a caracterização do caldo de cana em termos de açúcares redutores pelo método de Lane-Enyon, utilizando-se sulfato de cobre, hidróxido de sódio, tartarato duplo de sódio e potássio, glicose PA e azul de metileno. O caldo de cana foi então fermentado pela adição de fermento para pão adquirido em supermercado. Para realização do processo de destilação fracionado foi montado um destilador empregando materiais de baixo custo, utilizados no cotidiano, como bolas de gude, para preencher a coluna de destilação, tubulações para água quente e uma lâmpada adaptada com silicone e borracha, que serviu como recipiente para adição do material fermentado. Para promover a destilação utilizou-se um sistema composto por óleo aquecido por meio de resistência de 500 W controlada por um dimmer de 600 W. A caracterização do álcool foi feita a partir das propriedades organolépticas e físicas (densidade). Resultados e Discussão O destilador para destilação fracionada é apresentado na Fig. 1. A cabeça do destilador foi confeccionada a partir de um cap, para adaptação do termômetro, empregando-se luvas de junção e joelho. O condensador é composto por dois tubos concêntricos, e na coluna de fracionamento empregaram-se esferas de vidro (bolas de gude). Após a aquisição do caldo de cana e determinação do teor de açúcares totais empregando-se o método de LaneEnyon realizou-se a fermentação; inicialmente fez-se uma filtração, e para 200,0 mL do caldo adicionou-se 0,500 g de fermento. No sistema montado para a fermentação adaptouse um recipiente contendo água para acompanhamento do processo fermentativo a partir da liberação de gás carbônico Fig. 2. O destilador montado e em funcionamento é demonstrado na Fig. 3. Para cada 70,0 mL de caldo de cana destilado foi obtido cerca de 10 mL de etanol, que foi facilmente caracterizado pelas características organolépticas. A densidade do etanol após destilação foi determinada medindo-se a relação entre a massa e o volume, obtendo-se o valor de 0,807 g.mL. Conclusão A execução de uma prática integrada permitiu relacionar conceitos produtivos do etanol com aspectos quantitativos e qualitativos de análise química. A montagem dos destiladores serviu para despertar um maior interesse dos discentes pela disciplina de química geral e um maior entendimento do que foi discutido em sala de aula, além de esclarecer dúvidas sobre princípios básicos como propriedades da matéria, estados físicos, misturas e substâncias puras. ________________ 1. Bárbara Ferreira Dutra é aluna de graduação em Medicina Veterinária da Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista - Garanhuns PE, CEP 55.296-901. E-mail: [email protected] 2. Francisco Resende de Albuquerque é Professor Assistente do Departamento de Química, UAG - UFRPE. Av. Bom Pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55.296-901. Agradecimentos UFRPE/PRAE - Pró-Reitoria de Atividades de Extensão. Referências [1] Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+): Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. [2] PINHEIRO, P.C.; LEAL, M.C.; ARAÚJO, D. 2003. A. Origem, produção e composição química da cachaça. – química e sociedade, n. 18, p.3-8. [3] RODRIGUES, J. da R.; AGUIAR, M. R. M. P. de; SANTA MARIA, L. C. de; SANTOS, Z. A. M. 2000. Química nova na escola o ensino da função álcool. Uma abordagem alternativa para o ensino da função álcool. n. 12, p. 20-23, . [4] S. GISIELLY; B.A. LINARA; L.H. MAICON; S. SHARLENE. Destilação fracionada. 2003. homepage: http://home.furb.br. Acesso: 15 de Setembro de 2009. Figura 1 - Acessórios para montagem do sistema de destilação fracionada. Figura 2 - Sistema para fermentação do caldo de cana Figura 3 – Sistema de destilação em funcionamento.