ATORES DAS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: COMPLEXIDADES E TECITURAS DA INCLUSÃO HORA, Genigleide Santos da. ALMEIDA, Wolney Gomes. CAFESEIRO, Jeane Santos RESUMO O Atendimento Educacional Especializado (AEE) envolve os sistemas escolares, às políticas de implementação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) nas escolas comuns da Educação Básica, Secretaria Municipal de Itabuna/BA. Estudo documental de corte transversal (2006 – 2011), dados indicaram competências às Salas de Apoio (reforço), colaborativo entre os pares, do que ações vinculadas às SRMs. Palavras-Chave: Formação de Professores. Salas de Recursos Multifuncionais. Inclusão no ensino regular. Considerações iniciais A globalização tem sido propulsora de transformações sociais no mundo contemporâneo, direcionando novos olhares para que o atendimento educacional de todos os cidadãos independa das diferenças (sejam elas de condições socioeconômicas, de gênero, religião, raça etc.) Estas transformações acabam por constituir movimentos político-sociais configurados pelas ações inclusivas e pautados, principalmente por documentos internacionais como a UNESCO, que media ações de elaboração e cartas de intenções, como acontecido durante as Conferências Mundiais com temáticas voltadas à educação do homem contemporâneo, mediante as concepções da “Educação para Todos”, ocorridas em Jomtien (Tailândia, 1990), Manágua (Nicarágua, 1993), Salamanca (Espanha, 1994) e diversos países do Ocidente e do Oriente que recomendam às escolas regulares. A Escola inserida nesse contexto sócio-político-econômico-cultural de incessante globalização, a partir de um acelerado crescimento tecnológico e de descobertas científicas, promovem ao homem uma constante intercomunicação entre os povos; ao tempo em que também configuram a insegurança, a violência, a UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD marginalização, a exclusão das diferenças, a falta de ética e, até mesmo, a carência de reflexões críticas e uma nítida crise dos valores dentre outras tensões cotidianas. É nesse contexto de dimensão globalizada que o educador se encontra nas escolas regulares, sendo-lhes exigidas reformulações de sua prática educativa e da própria história de vida. Assim, o cotidiano da sala de aula das instituições públicas de ensino, tido como campo de trabalho que instiga a focalizar o olhar para as diferenças, propõe estudos, pesquisas e trabalhos na direção inclusiva e prospectiva em relação ao processo de aprendizagem, não só dos alunos, mas, também, dos próprios professores. Muitos deles sentem a necessidade de reformas no processo de formação continuada que passam a lecionar em turmas diversas de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) matriculados. Embora inexista uma predefinição jurídica/legal das atribuições de competências docente no que concerne ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) à educação inclusiva nas Salas de Recursos Multifuncionais (RSM, BRASIL, 2006), percebe-se que essa efetivação prática nas escolas públicas, está imbricada por contradições de natureza micro e macrossocietária. Nesse sentido, pode-se afirmar que as atribuições de competências docentes, no que tange à educação inclusiva, a cada dia que passa adquire materialidade contraditória e disputa entre o real e o ideal. Até porque, a que tudo indica, essa lógica está condicionada a percepção fragmentada e de orientação teórica neoliberal. Neste artigo apresenta-se o percurso da Educação Especial da rede municipal de ensino de Itabuna/BA no período compreendido entre 2009 a 2012, evidenciando a forma como esta modalidade vem se configurando a organização do Atendimento Educacional Especial (AEE) de alunos com deficiência, considerando os dispositivos normativos desse período. Tais análises têm o intuito de salientar que antes de adotar as atuais ações da Educação Especial andou por longos caminhos, desde a tomada de decisão de acompanhar as manifestações de políticas orientadoras à garantia da escolarização das pessoas com Necessidades Educativas Especiais (NEE) nas unidades de ensino regular. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Para fundamentar esse texto realizou-se levantamento bibliográfico que versou nas análises de referenciais e documentos oficiais (leis, decretos, e resoluções) que subsidiaram a Educação Especial. Simultaneamente, buscou-se dados de diferentes instâncias da Coordenação de Educação Especial do Município (CEEM) de Itabuna/BA, bem como de organismos nacionais e internacionais que ratificam as ações relacionadas à política de Educação Especial no ensino regular. A partir destes dados coletados, as análises interpretativas visaram e possibilitaram (re)considerar o percurso histórico do AEE/NEE em um contexto social, de forma a avaliar as fragilidades, potencialidades, desafios e possibilidades que configuram o próprio pensamento inclusivo na perspectiva da formação dos profissionais da educação em sua práxis pedagógica. Contextualizando a história da Educação Especial de Itabuna/BA Município brasileiro, situado no sul do estado da Bahia. Considerado centro regional de comércio, indústria e de serviços. Com importância econômica brasileira, durante a época áurea do cultivo de cacau, atingiu o 2º lugar na produção do país, exportando até para os Estados Unidos e Europa. Após grave crise na produção cacaueira causada devido praga denominda de vassoura-de-bruxa, a cidade tem buscado alternativas econômicas, a partir do comércio, indústria e da diversificação de lavouras, com prestação de serviços e de educação. Segundo o IBGE (2000): Itabuna apresenta Taxa de Analfabetismo da População (10 a 15 anos): 7,9%; População (15 anos ou mais): 15,1%; Índice Desenvolvimento da Infância (IDI) UNICEF, (2004): 0,64. E, dispõem dos seguintes indicadores sociais o município de Itabuna/BA: TABELA 01: Indicadores Educacionais INDICADORES Taxa de distorção idade-série no Ensino Fundamental (2006) Ita buna Bah ia 28,0 46,1 B rasil 28 ,6 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Taxa de abandono no Ensino Fundamental (2005) TOTAL 11,4 14,9 39,4 61,0 7, 5 36 ,1 Fonte: MEC-INEP, 2009. Percebeu-se com os dados e, estes, reafirmam a importância de se investir cada vez mais no sistema de educação com um perfil de qualidade para se minimizar a distorção idade-série e de abandono no Ensino Fundamental, bem como reverter o delicado IDEB evidenciado para esse nível de ensino. TABELA 02: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Itabuna/Bahia/Brasil Itab una B ahia IDEB – Anos finais do Ensino Fundamental - Rede Estadual (2005) 2,8 2, IDEB – Anos finais do Ensino Fundamental - Rede Municipal (2005) 3,3 TOTAL 6,1 INDICADORES 6 - B rasil 3 ,3 3 ,1 2, 6 6 ,4 Fonte: MEC-INEP, 2009. É, muito, provavel que tais dados forçam refletir os anseios dos diferentes segmentos da região cacaueira, na reversão de seus desejos e visão de futuro. Além de irem buscas de práticas de sistematizarem programas, projetos e ordená-los de forma que (re)organizem as diversas instâncias colegiadas, representações sociais e públicas e de parceiros. Nesse curto precuso aqui traçados, poucos registros foram localizados na Secretaria Municipal de Educação que indicassem aproximadamente o início da Educação Especial em Itabuna/BA. Tudo indica que esta iniciativa tenha ocorrido a partir da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Itabuna, há 37 anos, para o atendimento de sujeitos com Síndrome de Down (SD), que são qualitativa e quantitativamente diferentes na forma de receber e processar as informações; além de apresentarem necessidades educativas específicas, próprias no seu desenvolvimento, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD como as características relevantes da/na compreensão de conceitos Matemáticos (percepção/memória/linguagem etc.). Daí porque a Secretária de Educação dispor, apenas, dos registros da implantação da Educação Especial (2005), através de sua Coordenação de Educação Especial do Município (CEEM), que ocorrera inicialmente na pequena sala localizada no Centro de Reabilitação e Desenvolvimento Humano (CREAD, 2002). Este centro passou a ser o segundo movimento das políticas públicas da Educação Especial em Itabuna, mais voltado para o processo de reabilitação da saúde e não especificamente para a educação, conforme diz respeito ao CEPEI. A CEEM contava apenas com 04 (quatro) profissionais para atender toda a Rede Municipal (ações de atendimento para universo aproximadamente de 1.300 professores e 17 mil alunos), desafios imensuráveis que foram enfrentados mediante a extensa rede e com um público variado. A partir desse pontapé inicial de implantação das instalações estudaram-se outros meio de ampliar esse universo para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) dos alunos matriculados na rede regular de ensino para que pudessem receber o suporte pedagógico, psicológico, fonoaudiológico, Psicopedagógicos e demais profissionais. Daí resultou na prática do Projeto de Ação Municipal propriamente dita do Centro Psicopedagógico da Educação Inclusiva (CEPEI, 2006), com aumento significativo da equipe, e com aproximadamente 12 (doze) salas de atendimentos, acolhimento às crianças e familiar, pontualmente através das Oficinas de Pais. O CEPEI (2012) contava com aproximadamente 42 profissionais de toda equipe administrativa (apoio, serviços gerais, portaria, recepção, limpeza etc.) e profissionais especializados. O contexto de formação profissional para atuação pedagógica aos alunos com necessidades educacionais especiais nos permite concordar com Pinel (ARAÚJO apud VEIGA, 1994, p.22) quando configuram que o diagnóstico não está apenas atrelado aos meios, mas as possibilidades de interpretação no campo do saber-fazer da Psicopedagogia na sua dimensão da produção discursiva (prática na práxis) do que se denomina “diagnóstico psicopedagógico”. Assim: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD (...) a construção da dimensão técnica (...) [do diagnóstico] esbarra sempre no dinâmico processo implícito naqueles elementos [que compõem o diagnóstico em processo]. Nesse sentido, estamos elegendo a prática social global e específica (...) [no caso, o processo diagnóstico psicopedagógico para o pedagógico-escolar como a que deve impulsionar a necessária formalização técnica do (...) diagnóstico], tendo em vista o atendimento e a realização efetiva [dos elementos desse processo]. Dessa maneira, é obvio que o aspecto técnico [diagnóstico] é elemento constituinte do especificamente (...) [psicopedagógico]. Tais formas de pensar revelaram-se na ação Psico-Pedagógica que se analisam os processos de ensino e aprendizagem, para os quais a ação reflexiva sejam elementos fundamentais para os passos seguintes à inclusão escolar. Não no sentido de classificação (rotulado), mas para dar uma luz/estratégias das aprendizagens ao docente, quando este que não entende porque o aluno não aprende, e que sejam dialógicas e coletivas à que escola inclusiva se efetive. Aqui, parafraseando Pinel “defende-se atuação Psicopedagógica „clínica do cuidado pela escuta‟ (que leva ao sentir/pensar/agir) que reside na ética que também se sustenta nas políticas públicas da educação e da saúde - na sua democrática construção e claro posicionamento ideológico e de aplicação cotidiana” (2009). No CEPEI as áreas de AEE giram em torno das aprendizagens, bem como da identificação/deficiências/limitações e dos encaminhamentos e das dificuldades de aprendizagens (Dislexias, com indicadores de Discalculia, Disgrafia etc.) entre outras questões relativas às NEE. Nesse sentido, os trabalhos do CEPEI tornaram-se referências no sul da Bahia, servindo de modelo para implantação destes serviços em municípios vizinhos à inclusão social. A sua conjuntura permitiu reverter o baixo desempenho acadêmico, a evasão e repetência nas escolas, na tentativa de elucidar as causas das não-aprendizagens, realizando os encaminhamentos dos alunos para os centros de AEE, pois a grande maioria, ainda, entende que a questão da não aprendizagem está centrada especificamente no aluno, embora se entenda que não o é. De certo, é possível considerar avaliações estratégicas, mediadas pela equipe de apoio pedagógico e pelos especialistas Psicopedagogos na/da educação regular e especial, para que possam assumir o caráter de formação continuada e em serviço. E, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD como nada é definitivo e tudo está no devi, reconhece-se que não se pode “[...] desconsiderar que a dimensão técnica reflita relações mais amplas com as dimensões socioeconômicas e culturais da existência humana” afirma Pinel (2009, p.29). Estudo documental e de corte transversal entre 2006 e 2011 indicou a prevalência das atribuições de competências às Salas de Apoio (reforço), com proposição colaborativa entre professores, profissionais especializados de Psicopedagogia e professores de ensino comum, considerando às ações propriamente vinculadas as SRMs. Nesse percurso das políticas de Educação Especial elevaram-se, as estimativas das matrículas do ensino fundamental I de Itabuna/BA. Assim, diante das demandas, a CEEM formalizou e instituíram acordos com instituições para atender os alunos que necessitassem de atendimentos voltados os diagnósticos dos alunos em processo de Avaliação Psicopedagógica. Atuou em cooperação técnica junto aos seguintes órgãos: Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS); Centro de Referência de Assistência Social (CRAS); Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Conselho Tutelar e outros buscando apoio alternativo para garantir o acompanhamento das Políticas Nacionais da Educação Especial (PNEE, 1994) e da situação de risco ou de quem necessitava de outros acompanhamentos. O CEPEI ofereceu suporte de diagnóstico e acompanhamento para alunos das escolas da rede municipal que apresentassem alguma NEE, contando com as Salas de AEE e de Apoios com finalidade de intervir no âmbito Psicopedagógico e na perspectiva da complementação didática á o aluno; Garantiu a formação da equipe, visando preparação para novas demandas e aperfeiçoamento do atendimento das existentes e implantou ações do Grupo de Estudos Psicopedagógicos. Assessorando o professor da Classe Regular e, também, as famílias na compreensão da real condição das aprendizagens, interação, autonomia, convívio social e das possibilidades da inclusão destes aprendizes (futuro próximo) no mercado de trabalho, atuando em ações planejadas que visam o desenvolvimento biopsicossocial destes, independente de sua condição. Conforme ampliações do atendimento do CEPEI verificaram-se os seguintes dados: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD TABELA 04: DADOS DE ACOMPANHAMENTOS DO CEPEI (2009) SITUAÇÃO Nº DE ALUNOS Alunos que concluíram o ano acompanhado pelo CEPEI 441 alunos Alunos EVADIDOS 125 alunos Nº de TRIAGEM 486 alunos Alunos que não compareceram a TRIAGEM 408 alunos Alunos que foram convocados e não compareceram para iniciar acompanhamentos N° de escolas com alunos em acompanhamento no CEPEI 158 alunos 81 Escolas Fonte: Relatório da Coordenadora do CEEM, 2009. Os acompanhamentos junto aos docentes (agente social), com o direito e o dever de fazer ouvir a sua voz no coletivo do que na individualidade. Assim como a responsabilidade de atuar colaborativa e dialogicamente com os educadores das escolas, junto aos profissionais atingiram-se os seguintes números das investigações das Dificuldades de Aprendizagem (DAP), Deficiência Intelectual (DI), Deficiência Auditiva (DA) e Deficiência Visual (DV): TABELA 05: Escolas com alunos atendidos pelo CEPEI em 2009. DA D ESCOLAS DI DA P V 73 238 157 23 23 Fonte: Relatório da Coordenadora do CEEM, 2009. Total de Alunos 441 A Coordenação da Educação Especial do Município afirma ter desenvolvido intenso trabalho na Alfabetização de alunos com NEE Auditiva/Surdos na Sala Bilingue; planejou o acompanhamento dessa ação do trabalho pedagógico nas escolas com os intérpretes das LIBRAS e dentre outras especificidades. Também foram ações desta coordenação, á implementação das SRMs como garantia do Atendimento Educacional Especializado no ambiente escolar, bem como ao acompanhamento e regulamento da Classe Hospitalar, atendendo pedagogicamente crianças e adolescentes na Casa de Apoio da criança com Câncer, em parceria com o Grupo de Apoio a Criança com Câncer (GACC) do Sul da Bahia e do Conselho UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD Municipal de Educação (CME), desenvolvendo assim, diversas ações da Educação Inclusiva no âmbito geral. Essa modalidade de Atendimento Pedagógico Hospitalar é mais um suporte da Educação Especial, em que atores que se dedicam a educar e acompanhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes internadas em enfermarias hospitalares para tratamento de enfermidades crônicas que passam longos períodos internados. O atendimento destes sujeitos está respaldado pela(o)s: Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Leis de Diretrizes e Bases da Educação Especial (LDB, 1996), entre outras legislações Nacionais e Internacionais. Identificaram-se nesse espaço do AEE marcos legais à Educação Inclusiva do Município de Itabuna/BA, como a: Declaração de Salamanca (1994); Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN, 9394/96); Convenção da ONU Sobre Direitos das Pessoas com Deficiência (2006); Decreto nº 6.094/2007 – Estabelecem Diretrizes do Compromisso Todos pela Educação; Decreto 6.571/2008 – Dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE); Política Nacional de Educação Especial (2008); Resolução CNE/CEB N° 17/2001 que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica etc. Para esta última, no que concerne à formação do professor que leciona alunos com NEE, Art. 18, afirma quês estes devem ser capacitados e especializados com base nas especificidades de cada caso. Diante esses elementos das legislações citadas, parecem estabelecer estreito diálogo quando assumidos como instrumento de transformação social, certamente, por envolver encontros de subjetividades e das ações humanas. Complexidades e Análises: Salas de Recursos Multifuncionais (SEM) Na composição desse tecido histórico da Educação Especial de Itabuna aqui descrito, contou-se com a colaboração das pessoas, as quais agiram como verdadeiras tecelãs e, compartilharam dos fios, das tramas e das texturas dessa complexidade de fazer a inclusão acontecer nesse município. Assim Morin (1998, p.246): indica que a dialógica da vida não obedece a nenhum princípio lógico superior, mas à complexidade da realidade viva. O paradigma dialógico orienta o pensamento, o qual então utiliza a UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD lógica sem se deixar subjugar por ela. Dessa forma, ao sistematizar algumas ideias, entendeu-se que o trabalho pedagógico deve basear-se na aprendizagem em interação com a diversidade e complexidade do ambiente, focalizando principalmente nas possibilidades dos indivíduos; além de compreender e acolher os fundamentos das escolas, afinal, aquela que exclui se afasta dos princípios básicos da educação. Diante da organização e subsídios docentes às suas reflexões e opções acerca da prática pedagógica e das dificuldades encontradas no dia a dia de seu trabalho, configuram-se tais espaços adequados à realização do AEE, de forma complementar ou suplementar à escolarização dos estudantes com deficiência/NEE, em horários opostos às suas matrículas nas escolas da educação básica da rede pública, contando com atuação dos professores da rede nesse espaço propulsor. Dessa forma, ficou evidente a defesa no transcurso do AEE no CEPEI à atuação do Psicopedagogo junto formação continuada docente nas escolas por considerarem que, a partir da reestruturação da formação acadêmica específica, possa dar um novo significado à atuação inclusiva, face às novas exigências sociais e educacionais. Esse profissional assume um papel de agente desencadeador, estimulador e articulador do trabalho pedagógico escolar, proporcionando a continuidade da formação docente, de forma reflexiva, em permanente avaliação e planejamento coletivo, suscitando um processo dialógico instigante, favorecedor de motivações múltiplas entre os diversos profissionais que partilham a ação educacional (OLIVEIRA, 2009, p.36). Nesse sentido, a Secretaria de Educação de Itabuna ao longo de dois anos implantou 16 SRMs com o papel fundamental na inserção de crianças com NEE, contam com os seguintes recursos: computadores e materiais pedagógicos com uso de Braile, LIBRAS, Tangrans, e outros elementos de comunicação alternativa que atendem a essas crianças nas escolas grapiúnas que a habilitam à educação inclusiva. E, requereu acesso ao currículo através das adaptações, necessárias (ao desenvolvimento das diferentes complementações ou suplementações), além das outras adequações como: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD garantia de transporte, adequação de mobiliário e equipamentos, acesso ao sistema de comunicação etc. Este AEE deverá ser realizado nas SRMs, espaço destinado às diversas NEE. A SRM deverá ser organizada com os diferentes equipamentos e materiais, de modo a atender, conforme prévio cronograma e horários, alunos com deficiência, altas habilidades/superdotação, dislexia, hiperatividade, déficit de atenção ou outras NEE. Dessa forma, entendeu-se que os profissionais atuantes nesse ambiente precisavam desenvolver ações “multirreferenciais”, a depender dos alunos para eles encaminhados. Vele ressaltar, não há como incluir crianças com Necessidades Educativas Especiais no ensino regular “sem apoio especializado”, aquele que ofereça aos professores dessas classes orientação e assistência, na perspectiva da qualificação do trabalho a exemplo do profissional da Psicopedagogia desenvolve na demanda dos atendimentos específicos não apenas das dificuldades e das potencialidades dos alunos a serem incluídos. A metáfora do processo de tecelagem no âmbito educacional inclusivo, aqui se entendeu, juntamente com os autores que fundamentam o(s) olhar(es) à escola, por ser o lugar dinâmico à ação educativa de modo concreto/real, ambiente mais propício para se tecer a formação continuada dos educadores, sem desconsiderar os demais espaços externos a ela. Tais processos de tecelagens, assim como das ações inclusivas, exigem estratégias e/ou ambientes propícios para que esses tecidos sejam confeccionados com competência e satisfação pelo artesão é o tear - ferramentas necessárias ao trabalho do artesão inclusivo. Percebeu-se com isso, através da trajetória da AEE das ocupações e investigações, voltou-se para os referenciais teóricos à inclusão dos quais partem a produção de conhecimentos; além de permitir um dado olhar para essa instituição de forma complexa e coloca-se fundamentados em problemas diferentes e, questões muito próprias de cada um. E, são justamente, esses diferentes focos que cada um(a) traz o que enriquece e ajuda a (re)construir um olhar diversificado desse espaço educativo e considerar as possibilidades que trazem à escola e seu entorno. Com esse olhar para AEE, se saiu do lugar que se encontrou, do “olhar”, já que temos concepções prévias (pois vivemos parte de nossas vidas dentro das escolas). Até UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD construiu-se concepções, ideias, entendimentos a respeito das escolas e das relações que nelas se processam. Nesse ato de profissionalizar o docente no âmbito inclusivo é justamente entrar em contato com outros olhares, ampliar o campo de atuação, olhar a partir de outros lugares, da subjetividade e, até mesmo, da multirreferencialidades. Porque esses olhares partem das experiências e vivências, as quais não dão conta de toda complexidade, de contribuir com reflexões sobre a formação continuada em serviço e da atuação docente nas diversas modalidades e níveis de ensino. Esse entendimento, talvez nem dê conta da complexidade, pois exigem encontros com os pensamentos das mais variadas pessoas que se relacionam com a vida, com os processos educacionais. E, porque não dizer e perceber os olhares divergentes da escola?! Considerações propositivas Diante desse transcurso do AEE/NEE em Itabuna/BA, percebeu-se quão as ações da Educação Inclusiva do CEPEI no ensino regular valorizou aquilo que fora produzido pela/na escola. Talvez, suas ações e pensamentos ajudassem aos profissionais a olharem mais à escola de outra forma e fizeram identificar as potencialidades, riquezas e, até mesmo, sua força de transformação social. Trouxeram para o lugar da história na formação e constituição do profissional de Pedagogia e da Psicopedagogia uma compreensão de que se quiserem ocupar e viver o espaço escolar, pensar sobre ele, terão que reconhecer a importância dos atores/autores, das narrativas na vida daqueles que lá vivem. Aos poucos se aprende com a Educação Inclusiva que não existe o fora e o dentro da escola [grifo nosso]. Que esses espaços estão se construindo simultaneamente e de forma complexa essas tessituras. Cada sujeito (com NEE ou não) que entra na escola leva consigo um mundo de significados e sentidos, esse mundo não fica para fora porque ele acabou de entrar no espaço escolar. Afinal é estar atento às demandas do AEE; é de uma riqueza incalculável para toda(o)s atores escolares. Pensar o professor no AEE/NEE a partir das ideias que elas trazem, é pensar no profissional que aprofunda/discute e faz toda a diferença, com as perspectivas às UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD políticas de formação de professores. Considerou-se de fundamental importância para o professor ter acesso a essas possibilidades de ver escola, pois dar-se conta de um conjunto de jogos e de forças com os quais estão atrelados e dos quais fazem(os) parte. Para que ocorra o verdadeiro debate voltado à Educação Especial, das ações inclusivas frutíferas, se fazem necessários que haja respeitos civilizatórios às diferenças (flexibilidade/diversidade), eis a complexa realidade (ainda) vivenciada no século XXI. Enfim, pensar a educação básica escolar como um direito básico à educação no sentido de possibilitar o efetivo incentivo à criatividade e o pensamento reflexivo em todas as modalidades da cidadania e do trabalho pedagógico que se farão pensar a escola por diferentes caminhos, para olhar o mundo e pensar a escola. Consideraram-se as complexidades e tessituras e a que se chama a atenção para o fato de que pensar a escola passa, também, por pensar a vida em sua perspectiva mais ampla e que o especialista da Psicopedagogia tem muito a contribuir, a mediar/ensinar, e a se fazer sentir/viver a inclusão nos espaços do AEE/SRMs/NEE no ensino regular como algo ímpar e necessário. Dados indicaram a prevalência das atribuições de competências às SRMs como mais voltadas às Salas de Apoio (reforço) do que à proposição colaborativa entre professores de ensino regular, cujas ações propriamente deveriam ser vinculadas às SRMs de forma relevante, assim demonstram que nem sempre os dispositivos legais conseguem dar conta na prática de ações inclusivas de forma eficaz. Cada experiência inclusiva, assim como nas escolas do município de Itabuna/BA, é múltipla e única. Há que se ter uma responsabilidade, há que se saber como essas instituições funcionam no seu cotidiano como das SRMs. Há que se estar aberto às suas possibilidades e, também, às suas impossibilidades. O trabalho inclusivo não é fácil, mas podem ser uma descoberta e uma viagem, com todos os riscos, tristezas, alegrias, intensidades, conhecimentos e sabedorias que habitam tais escolas/lugares. Retomam-se a figura metafórica do processo de tecelagem, que se assemelha ao processo educacional inclusivo, o diálogo é aqui representado como o fio que conduz a formação profissional continuada, através da articulação e estratégias de apoio pedagógico, leva à formação um novo tecido educacional, agora inclusivo. E, tem por UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – DCIE NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD fins educativos os trabalhos inclusivos com um comprometimento que possa atender à construção do conhecimento do próprio sujeito, como aquele que reflete e age de forma que consiga transformar-se em diálogos e se constitui e como um jogo em que não há ganhadores e perdedores como em uma discussão. O exercício do diálogo, por eles AEE/NEE aqui refletidos/propostos, permitiu que todos os participantes sejam a um só tempo ganhadores na/da inclusão social; visto a realidade complexa e dinâmica que envolvem os sistemas escolares, às políticas de implementação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs) nas escolas comuns da Educação Básica se coadunam com os pressupostos inclusivos, apontando o trabalho colaborativo e participativo como fundamentais e às responsabilidades, os atendimentos às competências e habilidade necessárias à via de mão dupla ao ensino de seus professores. Referências BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer CNE/CEB nº 13/2009. Diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília: 2009. ______. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. ______. 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