Floriano Peixoto (1839/1895) Era o Co mandant e do Exér ci to na fase mai s ag uda da Questão Militar e teve um comportamento considerado ambíguo, na me d i d a e m q u e n ã o a l e r t o u o g o v e r n o l e g a l me n t e c o n s t i t u í d o quanto a possibilidade de revolta e, sobretudo, a sua pouca d i s p o s i ç ã o d e s u f o c á - l a . Nã o p a r t i c i p o u d i r e t a me n t e d o g o l p e de que resultou a proclamação da República. Contudo, foi desi gnado Mi ni stro da Guerra e m su bsti tui ção a Ben ja mi n Constant. Cabia à Assembléia, q ue passou a assumir suas funções rotineiras após a promulgação da Carta de fevereiro de 91, dar por encerrado o governo provisório, escolhendo aquele que seria definitivo. A escolha recaiu sobre o então chefe do governo, Deodoro da Fonseca. Para vice -presi dente, Floriano seria o escolhido. Ve ja-s e e m que conta ti nha Deo d oro o c o mpanhei ro de Ar mas . Na obra, referida em outras oportunidades, na qual Tobias Mo n t e i r o t o mo u , n a v i r a d a d o s é c u l o , o d e p o i me n t o d o s q u e p a r t i c i p a r a m d i r e t a me n t e dos aconteci mentos de 15 de n o v e mb r o , f i g u r a o d e p o i me n t o d o Ba r ã o d e L u c e n a , q u e , c o m o f i m d o g o v e r n o p r o v i s ó r i o e a s u b s t i t u i ç ã o d o mi n i s t é r i o , a s s u mi u o c a r g o d e Mi n i s t r o d a J u s t i ç a , s e n d o , d e f a t o u ma e s p é c i e d e “ p r i me i r o mi n i s t r o ” . T r a t a v a - s e d e p o r c o b r o a o conflito entre Deodoro e o Congresso, de que resultou, como foi referido a sua tentativa de dissolvê -lo seguida da renúncia. A iniciativa proposta pelo Barão de Lucena consistia e m atribuir ao vice-presidente a função de presidir o Senado, o que, mais tarde, torna r-s e-i a pra xe. Ei s a r eação de Deodoro: “Não vá; você não conhece Fl ori ano; não di rei que seja u m covard e p o r q u e s e r i a f a z e r - l h e u ma i n ju s t i ç a ; ma s é h o me m d o t a d o d e u ma n a t u r e z a t o d a p a s s i v a , e , s e t e m a c o r a g e m c o l e t i v a e c u mp r e b e m o s e u d e v e r , n ã o t e m p o r é m, a i n d i v i d u al , e fi q u e certo de que, se ele se compenetr ar da necessidade que temos d o s e u a p o i o , s e a t i r a r á a b e r t a me n t e n o s b r a ç o s d a o p o s i ç ã o . . . ” (Ap ud José Mari a Bel l o - História da República ; edi ção revi sta de 1952, pág. 107 ). Vale dizer, faltava -lhe uma qualidade i n d i s p e n s á v e l a o h o me m p ú b l i c o : a l e a l d a d e c o m o s s e u s p a r e s . Assumindo na condição de vice, de acordo com a Constituição, e m s e t r a t a n d o d a p r i me i r a me t a d e d o ma n d a t o , c a b i a - l h e c o n v o c a r n o v a s e l e i ç õ e s . Nã o s e d i s p o n d o a e mp r e e n d e r e s s e p a s s o , e m ma r ç o d e 1 8 9 2 , i s t o é p o u c o ma i s d e t r ê s me s e s após a sua posse , treze ge nerai s do Exérci to e xi ge m c o l e t i v a me n t e q u e s e ja d a d o c u mp r i me n t o à Co n s t i t u i ç ã o . Floriano iria valer -se da oportunidade para dizer a que veio: d e mi t i u d a s f u n ç õ e s a t o d o s o s g e n e r a i s e p r e n d e u o s s e u s líderes. Aspirava tornar-se um caudilho do consagrado tipo instaurado pelas Repúblicas sul americanas. G e n e r a l i z a n d o - s e o d e s c o n t e n t a me n t o , r e p r i mi u f e r o z me n t e t o d a ma n i f e s t a ç ã o c o n t r á r i a , e l i mi n a n d o a l i b e r d a d e d e i mp r e n s a . I n t e r v e i o n o s e s t a d o s a f i m d e a s s e g u r a r a subserviência de seus mandatários. Chegou ao ponto de a me a ç a r d e r e p r e s s ã o o s me mb r o s d a Su p r e ma Co r t e q u e s e dispunham a assegurar prerrogativas legais violadas pelo p r i me i r o ma n d a t á r i o . Dado o quadro vigent e, em dezembro de 1893 seria a vez da al ta hi erarqui a da Mari nha ressusci tar a e xi gênci a de n o r ma l i d a d e c o n s t i t u c i o n a l p a r a o p a í s . Di s p o n d o - s e F l o r i a n o a r e p r i mi - l o s , c o mo f i z e r a c o m a c ú p u l a d o Exé r c i t o , e c l o d e a chamada Segunda Revolta da Ar mada. A esqu adra bombardeia o Rio de Janeiro, instaura o bloqueio da baía de Guanabara, c o me ç a m c o mb a t e s d o s ma i s v i o l e n t o s . C o l o c a d a e m s i t u a ç ã o desfavorável, a esquadra desloca -se para o Sul, onde iria reunir-se aos liberais ali rebelados contra a ditadura p ositivis ta em vias de i mplantação no estado. Ambos os movi mentos s e r i a m d e r r o t a d o s p o r F l o r i a n o e m ma r ç o d e 1 8 9 4 . Nesse quadro geral de instabilidade, guerra civil e repressão, t e r mi n a F l o r i a n o o s e u ma n d a t o . Se r i a a s e g u i n t e a a v a l i a ç ã o que faz desse período o principal historiador da República, J o s é Ma r i a Be l l o : “ De s t a f o r ma , a b r e v e r e c a p i t u l a ç ã o d o s f a t o s p o l í t i c o s d o a n o d e 1 8 9 2 mo s t r a c o mo o Br a s i l s e a p r o xi ma v a rapidamente da guerra civil. Di mi n u í d o o Co n g r e s s o , d i mi n u í d a a ju s t i ç a , e m c h o q u e a Ma r i n h a d e Guerra, o governo de Floriano revestia -se das modalidades tão conhecidas das ditaduras latino -americanas. Para completar a anal ogi a entre a si tuação do Brasi l e a dos seus vi zi nhos do Continente, não faltavam sequer a identidade de linguagem entre as facções em luta, a semelhança dos ódios pessoais e a crueldade nos pri meiros choques ar mados. A revolução r i o g r a n d e n s e n o c o me ç o d e 1 8 9 3 , c o mo ma i s t a r d e a r e v o l t a d a Ar mada, sem embargo dos motivos secundários que puderam servi r-l hes de prete xt o e da deturpaç ão fi nal dos seus o b je t i v o s , t r a d u z i r a m, p o i s , e m g r a n d e p a r t e , a r e a ç ã o d a cultura civil e das tradições liberais do país contra a tirania de um homem, que era torturante surpresa para os seus pr óprios adeptos.” (ed. cit., pág. 142)