"ESTRUTURA URBANA DA GBH E A QUESTÃO DAS CENTRALIDADES" TEMA-CHAVE: "A ESTRUTURA URBANA DA GBH" Data: 28 de maio de 2002 Local: Palácio das Artes Participantes: Alfredo Marques Diniz Antônio Carlos Ramos Pereira Celina Borges Celina Marques Oliveira Cristiane Araújo Deusdedite Aguiar Fernando Furtado Henrique Mota Carneiro Jésus Carvalho Gomes João Carlos Alves Maia Jorge Vilela José Maria Meireles Junqueira Juliana M Simões Lázaro Pontes Rodrigues Lidiane Rosenburg Lincoln Pereira do Nascimento Lindolfo Paoliello Lucia Capanema Luciana de Resende Alt Luciana Rocha Lúcio Ângelo Soares Mafalda Zaidan Marcelo Machado Marcos V. Sant’Anna Maria Amália Lopes de Almeida Maria Beatriz Rodrigues Maria Edmilda Maria Luisa Carneiro Chaves Mário Lúcio Moreira Musso José Veloso Reinaldo Martins Roberto Martins Rodrigo Ferreira Andrade Romeu Scarioli Cinco / Contagem Prefeitura de BH - SCOMGER–CS Escola de Arquitetura da UFMG Prefeitura de BH – SCOMGER-B PontoCom.Instituto Horizontes Prefeitura Municipal de Santa Luzia Instituto Horizontes ACMinas ACIAI – Ibirité União dos Varejistas DVL – Instituto. Horizontes Federação das Indústrias de MG Prefeitura de Belo Horizonte – SMRU União dos Varejistas de MG Câmara de Dirigentes Lojistas – BH Associação dos Cond. do Hipercentro Instituto Horizontes Prefeitura de BH - SCOMGER-CS Prefeitura M. de Lagoa Santa / Seplan Prefeitura M. de Santa Luzia Parceria-Instituto.Horizontes Instituto Horizontes Prefeitura M.de Santa Luzia Câmara Dirigente Lojistas-BH Agência Ibirité Prefeitura de BH – SCOMGER-B Prefeitura M. de Ibirité PMMG – CPC Prefeitura M. de Santa Luzia Prefeitura M. de Santa Luzia Instituto Horizontes Soc. Mineira dos Engenheiros 1 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” Teodoro Alves Lamounier William Ramos Abdalla Zenilton Kleber DVL - Instituto Horizontes Instituto Horizontes MP – Engenharia Dentro de seu objetivo de elaborar o Plano Estratégico de Belo Horizonte, o Instituto Horizontes publicou o Pré-Diagnóstico da GBH, que está disponível para os interessados. Para a realização da segunda fase do trabalho, que é a de elaboração do Diagnóstico, o Instituto Horizontes programou, entre outros eventos, a realização de Painéis Temáticos organizados em função dos oito temas-chave apontados pelo Pré-Diagnóstico. O primeiro tema-chave escolhido foi o da Estrutura Urbana da GBH. Dentro desta programação já foram realizados, no dia 8 de maio, o Painel sobre O Sistema de Transportes e no dia 28 do mesmo mês o Painel sobre Centralidades, objeto do presente relatório, cuja programação foi a seguinte: Os objetivos do painel: Conhecer as propostas e projetos de natureza igual ou semelhante de interesse da mesma comunidade, assim entendida a da Grande Belo Horizonte. Tomar conhecimento das demandas e premissas em que se sustenta cada um deles, analisando os pontos comuns e os conflitos porventura existentes entre eles (correlação). Estudar as possíveis interferências entre eles e, principalmente, as influências de outros setores, segmentos, regiões e atividades não diretamente relacionadas com eles (interdependência). Identificar os efeitos de cada um e do conjunto deles sobre os setores, segmentos, regiões e atividades externas (sinergia), de modo a reduzir eventuais resistências, agregar apoios e conquistar adeptos e parceiros que possam se comprometer com os projetos que forem eleitos para a execução. Iniciar um processo racional que seja técnico, porém, de fácil compreensão por todos, de análise de cada projeto e do conjunto deles, para que possa ser posteriormente definidos e priorizados com a efetiva participação do maior número possível de agentes da comunidade. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 2 PROGRAMA Abertura: Marcos Villela de Sant'Anna Coordenador Executivo da Diretoria Instituto Horizontes EXPOSIÇÕES • "A ESTRUTURA URBANA DA GBH E A QUESTÃO DAS CENTRALIDADES" – Jorge Fernando Vilela, arquiteto da equipe técnica do PEGBH • "A ÁREA CENTRAL DE BELO HORIZONTE E O HIPER CENTRO" – Situação Atual, Perspectivas e Projetos - Antônio Carlos Ramos Pereira, Secretário Municipal da Coordenação de Gestão Regional Centro-Sul • "VENDA NOVA COMO CENTRALIDADE EM FORMAÇÃO" - Juliana Simões Campos, arquiteta e urbanista da equipe do Plano Diretor de Venda Nova • "OBARREIRO COMO NOVA CENTRALIDADE EMERGENTE EM BH" Neusa Santos, Secretária Municipal da Coordenação de Gestão Regional Barreiro • "CENTRALIDADES EM FORMAÇÃO E POTENCIAIS NA GRANDE BELO HORIZONTE" Santa Luzia – Quadro Atual, Potencialidades e Projetos - Deusdedite Aguiar, Secretário Municipal de Planejamento. • "AS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E SERVIÇOS" - Na Área Central, no Barreiro e em Venda Nova - Sumário de resultados de pesquisas realizadas pela CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas - Maria Beatriz Rodrigues, consultora de projetos estratégicos da CDL. • "NOVAS CENTRALIDADES EM BELO HORIZONTE" – Situação Atual, Perspectivas, Potencialidades e Projetos. Abertura: Marcos Villela de Santa’Anna Coordenador Executivo da Diretoria Marcos Sant’Anna chamou a atenção para a sinergia que deve existir entre os projetos de atuação sobre as centralidades, de onde se espera que saiam as melhores soluções. O centro de BH não é uma ilha, daí a necessidade desta sinergia. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 3 Comentou que o Pré-Diagnóstico do Plano Estratégico da GBH permite perceber a necessidade de estudar e entender as centralidades, mesmo na sua alternativa subcentros, como uma forma de aliviar os problemas do Hipercentro de Belo Horizonte. No seu entendimento, o que está acontecendo no centro de Belo Horizonte é que tanto os moradores quanto as atividades estão sendo expulsas do centro em função de diversos fatores, que o estão levando ao congestionamento e à falta de segurança. Chamou a atenção para o fato de que este não é um problema só de Belo Horizonte e que várias cidades estão desenvolvendo programas e projetos visando o resgate de suas áreas centrais. 1ª exposição: "A ESTRUTURA URBANA DA GBH E A QUESTÃO DAS CENTRALIDADES" Jorge Fernando Vilela, arquiteto da equipe técnica do PEGBH Jorge Vilela apresentou aspectos relevantes que caracterizam a Estrutura Urbana da GBH. Primeiro definiu a área de abrangência da GBH para efeito de elaboração do Plano Estratégico. Esta área corresponderia à mancha urbana contínua constituída pelos municípios de Belo Horizonte, Betim e Contagem, mais os municípios de Confins, Ibirité, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano. Salientou ainda que os municípios da GBH podem ainda ser agrupados em função do grau de comprometimento com o processo de metropolização. Teríamos os municípios plenamente conurbados, Belo Horizonte, Betim e Contagem (BBC) e os parcialmente conurbados, constituídos pelos demais municípios. Os plenamente conurbados (BBC) se apresentam com uma mancha urbana contínua, envolvendo seus próprios núcleos sede. Os parcialmente conurbados possuem em seu território manchas urbanas resultado da expansão e transbordamento do aglomerado central, mas seus núcleos sede ainda se encontram isolados, preservando a identidade local. A necessidade de se definir uma área de abrangência para os estudos do Plano Estratégico, com perímetro menor do que o da região metropolitana legal (RMBH), constituída por 33 municípios, se justifica uma vez que o interesse maior é justamente sobre a área mais tensionada pelo processo de metropolização. Por outro lado, a definição inicial da RMBH sofreu alterações em função de motivações diversas, de tal forma que incorporou municípios que não apresentam nenhum comprometimento com o processo de metropolização, espelhando uma situação que não corresponde ao que tradicionalmente se entende por uma área metropolitana. Mesmo assim, o Instituto Horizontes assume que a definição proposta para a área de estudo é dinâmica e flexível. Pode, a qualquer momento, incorporar 4 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” outros municípios em função da velocidade com que os processos de expansão e transbordamento da mancha do aglomerado se processam, tanto quanto a necessidade funcional de agregar outras áreas. Salientou ainda que em função de suas características geomorfológicas, de solo, hidrografia, vegetação e topografia, fatores que inegavelmente influenciam o uso e a ocupação do solo, o meio físico onde se assenta o aglomerado da GBH se subdivide em três complexos ambientais distintos: o Quadrilátero Ferrífero, a Bacia Sedimentar ou “Karst” e a Depressão de Belo Horizonte. O Quadrilátero Ferrífero se situa ao sul, limitado pelo alinhamento montanhoso da Serra do Taquaril, Curral e Rola Moça, constituindo-se em áreas impróprias para uma urbanização intensiva em função da topografia e da sua fragilidade em relação a processos erosivos. O Quadrilátero Ferrífero, no entanto, é formado por importantes complexos paisagísticos e de áreas de preservação, propícias às atividades turísticas e de lazer. Destacam-se o clima ameno, sua beleza cênica, a presença de inúmeros cursos d’água com cachoeiras, sua flora e fauna variadas e vegetações de porte arbóreo. Nesta ambiente se encontram os melhores mananciais de abastecimento de água da GBH. A Bacia Sedimentar, também conhecida com “Região Cársica”, se situa ao norte, abrangendo os municípios de Lagoa Santa e partes dos municípios de Pedro Leopoldo e Vespasiano. À semelhança do Quadrilátero Ferrífero, esta área apresenta limitações para o uso urbano intensivo típico das grandes aglomerações, em função principalmente dos riscos de contaminação de sua drenagem subterrânea, que dificulta a convivência com as redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário. No entanto, as terras são férteis, pouco ácidas, se prestando às atividades agrícolas. A sua beleza paisagística, ressaltada pela presença de grutas e lagos naturais e pela vegetação típica, transforma esta região em importante recurso natural para a atividade de turismo, inclusive científico, em função das possibilidades de pesquisas nos campos da arqueologia, paleontologia e geomorfologia, constituindo-se num amplo laboratório natural. A Depressão de Belo Horizonte se localiza na parte central da GBH, abrangendo os municípios de Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Ibirité e partes dos municípios de Vespasiano, Pedro Leopoldo e Sabará. É uma região de topografia mais regular, propícia à ocupação urbana em função da maior ocorrência de baixas declividades, e é exatamente onde se formou o aglomerado metropolitano. As formações vegetais que predominavam nesta área eram o cerradão e as matas ciliares, hoje existentes apenas em partes dos municípios de Betim, Contagem e Ribeirão das Neves. Próprias para a urbanização, estas áreas são também importante recurso natural para o lazer e o turismo, em função de sua vegetação típica de cerrado, sua flora e fauna e o fato de se constituir no início do “Grande Sertão” de Guimarães Rosa, com suas formações de veredas e matas de cerrado. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 5 Os complexos ambientais da GBH são importantes fatores de diferenciação, já que, dificilmente, encontra-se outro grande aglomerado metropolitano assentado sobre uma base física tão diversificada e com tantos recursos ambientais. Salientou que, seguindo a tendência geral das metrópoles brasileiras o processo de crescimento e formação da Grande Belo Horizonte se deu de forma desordenada, com altas taxas de crescimento demográfico, principalmente a partir da década de 50, incorporando áreas à mancha urbana de forma inadequada, resultando num anel de loteamentos desarticulados e descontínuos. Foram loteadas áreas de topografia acidentada, com altas declividades e os loteamentos eram carentes de áreas para equipamentos públicos sendo que as vias eram sub-dimensionadas. Esta mancha urbana logo transbordou os limites de Belo Horizonte, envolvendo os municípios de Contagem, Betim, Ibirité, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Vespasiano. Foi estruturando-se a partir das ligações viárias regionais, condicionadas pelas características da base física, pelos obstáculos naturais, pelos investimentos públicos em sua maioria feitos de forma tópica e setorial e, principalmente, pelo processo de loteamentos feitos pela iniciativa privada, na sua maioria clandestinos. Já na década de 30 o Vale do Arrudas, junto com a ferrovia, impuseram à mancha urbana o sentido de crescimento leste/oeste. Tais fatores, aliados à rede de transportes por bondes e os dispositivos legais que impediam a ocupação indiscriminada das áreas internas à avenida do Contorno, foram responsáveis pela exclusão de grandes contingentes populacionais, fazendo com que a cidade crescesse mais na periferia que no centro. Na década de 40, a implantação da Cidade Industrial Juventino Dias reforçou o crescimento no sentido oeste, ao mesmo tempo em que a implantação do Complexo de Lazer da Pampulha e a abertura da Av. Antonio Carlos criam o vetor norte de expansão. Foram implantados importantes eixos viários que induziram o desenvolvimento da estrutura urbana na forma rádio-concêntrica. Ampliou-se o sistema de transporte coletivo por ônibus em função dos novos eixos e expandiram-se os loteamentos em todas as direções, em sua maioria sem infra-estrutura. O eixo oeste teve seu papel reforçado com a abertura da rodovia para São Paulo, com a implantação da Fiat, FMB e Krupp, com a construção da Via Expressa e do Metrô. Por concentrar população, atividades produtivas e estruturas viárias com melhor acessibilidade, o eixo leste/oeste passou a se comportar como a espinha dorsal do aglomerado metropolitano constituído pelos três municípios plenamente conurbados, Belo Horizonte, Betim e Contagem (BBC). Como o processo de metropolização se dá de forma excludente, concentrando investimentos e renda, o BBC, que concentra o maior PIB do Estado, reproduz 6 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” de forma avassaladora a mesma exclusão em sua periferia, principalmente nos municípios de Ribeirão das Neves e Ibirité, os menores PIBs do Estado Tal fato é agravado pelo fato de terem os maiores índices de crescimento populacional e de pobreza. 2ª exposição: "A ÁREA CENTRAL DE BELO HORIZONTE E O HIPER CENTRO" – Situação Atual, Perspectivas e Projetos Antônio Carlos Ramos Pereira Secretário Municipal da Coordenação de Gestão Regional Centro-Sul O secretário apontou três aspectos, palavras chaves, que sempre usa quando trata da questão das cidades: “democracia”, a cidade tem que ser democrática; “funcionalidade” a cidade tem que funcionar, e “estética” a cidade deve ser bonita. Falar do centro ou de centralidade remete diretamente à idéia de qual a cidade que se quer. E essa pergunta remete à necessidade de se construir um pensamento metropolitano, já que todos os problemas de nossa cidade têm origem metropolitana. Pouco adianta pensar apenas uma cidade isolada de seu contexto. Salientou que a idéia do formato condominial para região metropolitana foi amplamente divulgada e discutida, principalmente no Congresso Nacional. Apesar de muito interessante, não crê que funcione. Uma nova maneira de pensar a região metropolitana deve ser construída com a participação de toda a comunidade, dando-lhe um novo formato. Após esta preliminar, fez importantes constatações para o tratamento das questões relacionadas ao Hipercentro. Primeiro que o centro é um espaço ocioso, apesar do investimento social já realizado nele, e seria criminoso deixálo se perder. Há um processo de degradação em curso, mas não se deve deixar que se concretize para depois buscar sua recuperação. No entanto, o centro de Belo Horizonte tem população residente, diferentemente de outras cidades, como o Rio de Janeiro, por exemplo, Isto é um aspecto importante, é patrimônio que deve ser mantido. Considera que a degradação do Hipercentro pode estar ocorrendo em função das mudanças no comportamento do comércio e do maior número de shoppings. Estas iniciativas esvaziam muito mais o centro do que as causas que são comumente apontadas: presença de camelôs, sistema de transporte coletivo, congestionamentos, ausência de investimentos e insegurança. Entretanto, reconhece que estas questões também são relevantes. A retirada do tráfego de passagem pela área central, com a construção das estações de integração, previstas no BHBUS, mudará suas características e de seu comércio, já que um número significativo de pessoas deixará de passar por ali. Conseqüentemente, deixará de consumir. Isto fará com que suas características mudem radicalmente. Se a população não mais passar pelo centro, haverá um novo centro, jamais o mesmo do passado. Pode-se manter a 7 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” referência símbólica, os cheiros, o estar no mundo e na cidade, mas o centro nuca mais será o mesmo. As novas centralidades devem efetivamente existir e a tese do “não transporte” deve ser perseguida. O problema é essas novas centralidades ocorrerem à revelia dos planejadores. A população é quem está determinando onde as centralidades vão surgir e isso não é bom. Afirmou ainda que a administração não fará projeto de desenho urbano simplesmente, sem levar em conta outros aspectos, pois isto não funciona. O centro é riquíssimo e de enorme importância, e exemplificou: “estávamos preocupados em demolir o prédio localizado junto a Praça da Estação, principalmente por questões estéticas, quando descobrimos a sua importância para centro. Nele existe uma série de atividades como o primeiro restaurante naturalista de Belo Horizonte, que são muito importantes para o centro e para a cidade”. O Projeto da Rua dos Caetés é uma iniciativa positiva que visa resgatar um cenário do centro antigo, trazendo para hoje as características do centro de ontem. O Projeto 4 Estações segue na mesma linha, visa resgatar áreas importantes do centro e conta com uma âncora importantíssima, o Museu de Artes e Ofícios, no prédio da Estação Ferroviária. O projeto da Praça Sete, nesta mesma linha, receberá os recursos do Estado que seriam aplicados no projeto da Praça da Liberdade. Quanto aos camelôs, entende que é uma questão que tem que ser enfrentada e concorda que a Prefeitura está atrasada na sua solução. Afirmou ainda que as soluções para o centro de Belo Horizonte devem surgir de definições conjuntas, com a participação do comércio, dos camelôs, do poder público, dos cidadãos etc. 3ª exposição: "VENDA NOVA COMO CENTRALIDADE EM FORMAÇÃO" Juliana Simões Campos Arquiteta e urbanista da equipe do Plano Diretor de Venda Nova Segundo Juliana Campos, a constituição de centralidades relaciona-se com as forças e com o dinamismo dos processos que contribuem para a formação do espaço urbano. No caso de Belo Horizonte, destaca-se o alto comprometimento da cidade com o processo de metropolização. Venda Nova está situada na área altamente comprometida pelo processo demetropolização, identificada a partir dos indicadores da distribuição espacial das atividades econômicas, dos bens e serviços urbanos, do comportamento das redes de fluxo de deslocamentos e da distribuição de renda da população. O centro de Venda Nova assume o papel de centralidade em sua área de influência, ao se tornar referência e ao atender funcionalmente as áreas urbanas situadas fora do município de Belo Horizonte, como Justinópolis, em Ribeirão das Neves, e São Benedito, em Santa Luzia. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 8 Segundo Juliana, vários fatores contribuem para fazer de Venda Nova, hoje com uma população aproximada de 245.000 habitantes, uma centralidade. Desde os primórdios da história da região, quando pertencia à Comarca do Rio das Velhas, que tinha sua sede em Sabará, Venda Nova já desempenhava importante papel de entreposto, ponto de passagem obrigatória dos tropeiros que demandavam os sertões da Bahia e norte de Minas em busca de gado ou de víveres para as áreas das minas. Segundo a tradição oral, o governo central organizava vendinhas que serviam de descanso para os tropeiros e comerciantes que viajavam pela capitania. A partir da segunda metade do século XVIII, foi instalada na trilha que ligava o Rio das Velhas à região de Pompeu e Rio São Francisco uma venda nova, que foi a origem do núcleo urbano. No Plano que o prefeito Otacílio Negrão de Lima elaborou para Belo Horizonte em sua administração, Venda Nova e Barreiro foram pensadas como cidadessatélites. Venda Nova seria o centro habitacional e o Barreiro centro agrícola. Desta forma, à Venda Nova foi destinado o papel de cidade satélite, um “belo centro residencial, uma verdadeira cidade popular”. A década de 30 apresentou em Belo Horizonte um crescimento generalizado, em várias direções, com a expansão do mercado imobiliário, ao lado também da demanda por habitação. É dessa época o início das obras de urbanização das áreas lindeiras à Lagoa da Pampulha e da abertura da av. Antônio Carlos. A abertura dos eixos viários, somada à criação do complexo turístico e de lazer da Pampulha, contribuiu para o incremento da ocupação da região de Venda Nova. Posteriormente, na década de 70, esta tendência foi reforçada com o alargamento da av. Antônio Carlos e a abertura da av. Cristiano Machado na década de 80. Devido à relativa importância de Venda Nova como centro de atração para a população do entorno do aglomerado metropolitano, ela foi inserida na última proposta de Estruturação da Região Metropolitana (1988) como um dos pólos a ser reforçado, capaz de relativizar a importância do centro metropolitano. Venda Nova é a primeira regional a ser contemplada por um Plano Diretor Regional (Dec. 10.251/00), elaborado como desdobramento e detalhamento do Plano Diretor de Belo Horizonte, que tem como objetivo buscar um desenvolvimento sustentável para a região. Os estudos para a elaboração deste plano, principalmente as análises das séries históricas da Pesquisa de Origem e Destino, elaborada pela Fundação João Pinheiro em 1992, revelaram dados interessantes a respeito do comportamento e do papel do centro de Venda Nova. Primeiro sua relação muito forte com o centro de Belo Horizonte e o centro da Pampulha. Segundo sua relação de polarização com outros centros de outros municípios, como Ribeirão das Neves (Justinópolis) e Santa Luzia (São Benedito). Conforme a análise dos dados da Pesquisa de Origem e Destino, 30% dos deslocamentos com destino a Venda Nova, por motivo trabalho, são originados em Justinópolis, sendo que as pessoas se deslocam para a área para trabalhar principalmente nos setores relacionados ao transporte, ao comércio, à educação, aos serviços domésticos e à construção civil. Já os deslocamentos 9 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” originados em São Benedito (Santa Luzia), se destinam, principalmente, ao trabalho no setor de transporte e da construção civil. No nível local, o centro de Venda Nova constitui o centro principal numa estrutura em que se destacam outros centros complementares, como os dos bairros Céu Azul, Jardim dos Comerciários, Lagoinha, Serra Verde, Santa Mônica, Rio Branco e Mantiqueira. A redução da taxa de crescimento populacional verificada em Venda Nova última década 90/01, em relação à década de 80/90, onde o índice caiu 3,7% aa para 2,6% aa, não deixa de trazer impacto negativo na rede centros e na economia de Venda Nova, principalmente nas atividades comércio e serviços. na de de de Em seguida, apresentou uma série de slides mostrando imagens do centro de Venda Nova e discorrendo sobre os principais problemas identificados pelo Plano Diretor, como a dependência em relação ao centro de Belo Horizonte, as deficiências do sistema de drenagem urbana, a presença de áreas de risco, principalmente nos fundos de vale e na porção norte da região, articulação viária interna deficiente e a ausência de áreas para grandes eventos. Como aspectos positivos, citou a localização estratégica de Venda Nova, o forte mercado interno formado em função da população residente, a existência do centro histórico tradicional, que articula uma rede interna de outros centros, a disponibilidade de áreas livres para novos empreendimentos, a existência de áreas de importância ambiental, a existência de áreas para moradia com boa qualidade urbana e a criação da via 220/590, que irá reforçar a articulação da região de Venda Nova com os municípios de Contagem e Betim sem passar pelo centro de Belo Horizonte. Discorreu em seguida sobre os principais programas de ação surgidos a partir do Plano Diretor tais como: • Venda Nova do Coração (conjunto de ações voltadas para a área central) • Venda Nova Integrada (conjunto de ações voltadas para o sistema viário local). • Venda Nova Para Todos (assentamentos residenciais de baixa renda) • Venda Nova Limpa (drenagem e saneamento) • Venda Nova Verde (tratamento das áreas de preservação) • Venda Nova econômico) • Venda Nova Eficiente (administração e gestão) Competitiva (programas de desenvolvimento Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 10 4ª exposição:"O BARREIRO COMO NOVA CENTRALIDADE EMERGENTE EM BH" Celina Marques Oliveira Arquiteta da Secretaria Municipal da Coordenação de Gestão Regional Barreiro/PBH Segundo Celina Marques, a região do Barreiro tem hoje uma população de cerca de 260.000 habitantes e conta com 80 bairros e vilas, dois distritos industriais, 28.000 postos de emprego, 10 agências bancárias e uma participação de mais de 38% na VAF do município. O Barreiro sempre mereceu a atenção da administração municipal em função da importância do desenvolvimento do seu centro não só para a região como para a rede de centros do município. A administração vê o Barreiro como pólo de desenvolvimento no contexto metropolitano e por isso deve ser tratada no âmbito do planejamento metropolitano. O Barreiro está conurbado com Contagem e Ibirité e relações de conurbação criam uma dependência mútua entre os municípios, que onera muito a região, principalmente na questão da saúde. Segundo a arquiteta, a rede pública de saúde do Barreiro, que conta com 17 unidades, atende a população da região e também a de Ibirité: 65% do atendimento pediátrico são de pessoas que residem em Ibirité. O Barreiro surgiu como colônia agrícola e a sua distância em relação ao centro de Belo Horizonte, cerca de 18km, aliada às barreiras constituídas pela Mannesmann e pelo Anel Rodoviário, e a própria desarticulação e saturação do sistema viário, fizeram com que o seu centro comercial se desenvolvesse. A Mannesmann proporcionou significativo número de empregos para os moradores do Barreiro, funcionando como incentivador da ocupação residencial. Mesmo tendo um alto grau de informalidade nas atividades de comércio e de serviços, o centro do Barreiro atrai cerca de 500 mil pessoas de cidades vizinhas, que utilizam os seus serviços e seu comércio. Ainda assim, o Barreiro é dependente do Hipercentro de BH para diversas atividades, tais como ensino universitário e atendimentos especializados de saúde, entre outros, o que acaba por sobrecarregar o Hipercentro. Segundo Celina, o setor terciário do Barreiro é grande, mas não se modernizou. Cerca de 50% dos chefes de família têm renda inferior a dois salários mínimos, sendo que 18% da população têm idade inferior a 18 anos. Sua população tem tradição de organização e participação.Há entidades empresariais atuantes, voltadas para o incremento do desenvolvimento econômico, como a constituída pelos empresários do Distrito Industrial do Jatobá e a dos comerciantes do centro do Barreiro. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 11 No que diz respeito ao sistema viário, as principais vias de acesso são segmentadas. É necessário que o sistema tenha melhor articulação e que interaja mais fácilmente com a região metropolitana e com suas áreas de interesse da região, como o Distrito Industrial de Jatobá, a Petrobrás, o Distrito de Betim e mesmo com o município de Contagem. A Alça Leste, por exemplo, que prevê a interligação de Betim/Ibirité/Belo Horizonte, será um importante eixo regional. Também a complementação da av. Tereza Cristina, interrompida em pequeno trecho junto à região da Vallourec & Mannesmann, contíguo ao trecho maior em Contagem, é outra obra importante para possibilitar uma maior integração regional. Com a implantação do metrô cerca de 82 mil pessoas por dia serão atendidas, aliviando o sistema de ônibus. Está sendo construído ainda um viaduto que irá articular o centro do Barreiro com a Av. Tereza Cristina e o centro de BH. A infra-estrutura urbana é muito antiga e apresenta deficiências de drenagem em algumas áreas, onde existe risco de inundações. A Prefeitura, contudo, promove duas limpezas por ano nos 120km de córregos existentes. A coleta de lixo atinge 93% da região ocupada, 100% na cidade formal e 76% nas vilas. A Prefeitura está investindo cerca de R$ 8,5 milhões no centro do Barreiro, em obras de infra-estrutura, em especial na área conhecida como Barreiro de Baixo, objetivando a requalificação do centro tradicional no entorno da Av. Sinfrônio Brochado A PBH adquiriu uma área nas proximidades do centro da região e pretende dotá-la dos equipamentos necessários. Na av. Afrânio Vaz de Melo, outra principal via do Barreiro de Baixo e que tangencia esta área, está sendo construída uma estação do BHBUS integrada a um shopping center, em regime de parceria com a iniciativa privada, prevendo-se posterior integração com o metrô. Nesta área ainda deve ser instalados um centro cultural, uma delegacia de polícia civil, com as delegacias do idoso e da mulher, e a sede da 11ª. Cia. da Polícia Militar, de forma a buscar solução para os problemas de segurança. 5ª exposição: "CENTRALIDADES EM FORMAÇÃO E POTENCIAIS NA GRANDE BELO HORIZONTE" Santa Luzia - Quadro Atual, Potencialidades e Projetos Deusdedite Aguiar Secretário Municipal de Planejamento. Deusdedite Aguiar abriu sua fala falando a respeito do município de Santa Luzia, uma cidade histórica com 310 anos e 190.000 habitantes, com uma taxa média anual de crescimento de 4,6%, localizada na porção norte/nordeste da RMBH, e cujos dois terços da população reside no distrito de São Benedito, núcleo que faz parte da mancha urbana do aglomerado de Belo Horizonte. Até a década de 70, o município era uma cidade industrial, com a implantação de plantas industriais importantes com a Klabin, a Celite, a Frimisa e a Forjas Acesita. Quando deixou de receber atividades industriais em seus três distritos 12 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” industriais, se transformou em cidade dormitório. O conjunto residencial Cristina e Palmital foram construídos nas áreas do distrito de São Benedito. Mesmo assim, segundo ele, é a terceira participação do PIB da RMBH, com valor equivalente a R$ 380 milhões. Hoje, 60% da População Economicamente Ativa (PEA) trabalha em Belo Horizonte, Betim ou Contagem e neles gera riqueza, onerando os serviços do município, principalmente os de saúde e educação. Afirmou que é preciso que os planejadores pensem nos investimentos a fazer para tentar reverter essa situação, reduzir essa “migração” da PEA e fazer com que Santa Luzia deixe de ser cidade dormitório e haja uma melhor distribuição de riquezas na RMBH. Santa Luzia está apenas a 25km de BH e, em alguns trechos, esta distância se reduz para apenas 11km. Tem relação intensa com Venda Nova e relações mais moderadas com Bicas e Ribeiro de Abreu, regiões de Belo Horizonte. Tem sido preocupação da administração municipal criar uma centralidade em Santa Luzia, que depende muito do centro de Belo Horizonte. Até um ano atrás, Santa Luzia não possuía sequer uma loja de eletrodomésticos onde se pudesse comprar uma televisão. Após empenho da adminstração em atrair empresas, hoje já se instalaram três supermercados do porte do Champion, além de lojas de eletrodomésticos. A nova área que está sendo capacitada para o surgimento de uma nova centralidade, chamada de Novo Centro, fica na região de Bicas, onde atualmente não há moradores, o que reduz os impactos da implantação. O projeto pretende levar para lá comércio, serviços públicos e a rodoviária. Esta área terá 30% da área verde preservada e um centro de eventos, em construção, com 200 mil m², maior do que a área do “Rock In Rio”. Poderá receber o Carnabelô, por exemplo. As obras já se iniciaram com os parceiros privados fazendo as aberturas das vias. Também está sendo duplicada a MG020, com recursos da Prefeitura e participação da iniciativa privada. O município de Santa Luzia tem 270 mil metros quadrados e apenas 10% desta área está ocupada, sendo que na maioria de forma horizontalizada. Está sendo implantada uma faculdade, com cinco cursos e 750 alunos. Outra ação municipal é estimular o turismo rural, onde um dos projetos é o Macaúbas, junto ao Mosteiro de Macaúbas, no Distrito de Pinhão. Como o novo anel rodoviário passará por esta região, a idéia é construir uma grande área de lazer para atender toda população da RMBH, com três grandes lagos, e com isto espera se antecipar aos impactos negativos do anel. 6ª exposição: "AS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E SERVIÇOS" - Na Área Central, no Barreiro e em Venda Nova - Sumário de resultados de pesquisas realizadas pela CDL 13 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” Maria Beatriz Rodrigues, consultora de projetos estratégicos da CDL. Câmara de Dirigentes Lojistas Abrindo sua apresentação, Maria Beatriz fez referências às centralidades de Belo Horizonte que foram nominadas pelos expositores anteriores, destacando que as atividades de comércio têm funções bastante descentralizadoras. Informou ainda que o Câmara dos Dirigentes Logistas (CDL-BH) tem informações a respeito de todas as centralidades em todas as regionais do município, através de pesquisas que vêm sendo feitas de forma sistemática há mais de dois anos. Estes dados permitem ter uma visão do dinamismo interno de cada uma das áreas, bem como dos problemas que existem ou das características ou tipicidades de cada um destes centros, como Savassi e Venda Nova. Por exemplo, por quê o centro do Barreiro se comporta da forma como vem se comportando? Por quê existem centros dinâmicos? E por quê outros estão estagnados ou em processo de degradação? O interesse da pesquisa é identificar o desempenho do setor de comércio nas diferentes áreas a partir de todo o universo do comércio e dos serviços, independentemente do empresário ser ou não filiado à Câmara. Não perceber a atividade de comércio dissociada de todas as demais funções de importância para a cidade é uma visão, uma posição da Câmara. As informações são georeferenciadas, em um sistema complexo, cuja base foi cedida pela Prodabel, semelhante ao utilizado pela Polícia Militar. O objetivo é entender a lógica desta distribuição espacial. As pesquisas da CDL apontam que o empresário sente que o poder público às vezes não veste a sua camisa e não entende a atividade comercial como importante para a economia do município. Contudo, na sua opinião, o problema não se reduz a apenas este fato. Há, na maioria das vezes, falta de discernimento por parte do empresário. Ele não tem visão de profundidade de seu negócio e nem mesmo visão clara do comportamento do consumo ou do consumidor na área onde está instalando sua atividade. As informações coletadas e georeferenciadas permitem identificar os vetores de expansão do comércio, a vocação das áreas, a mortalidade das empresas, o perfil de atratibilidade das diversas áreas, o perfil do comércio informal e a segurança e auxiliar na sugestão de políticas públicas que poderiam ser desenvolvidas em conjunto com o setor empresarial. A abordagem da pesquisa é sócio-econômica, cadastral, locacional, mercadológica e estratégica para o CDL. Não só identifica a problemática como tem um conjunto de produtos a oferecer, a nível gerencial, administrativo, arquitetônico etc. A respeito das áreas centrais, o que a pesquisa aponta é que o centro de Belo Horizonte, o mais importante da rede de centros, abriga 58% das atividades de comércio e serviços. Entretanto, é uma área em processo de inércia, com alto índice de vacância de unidades comerciais, grande oferta de domicílios vagos 14 Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” e grande concentração de comércio informal. São grandes as reclamações por parte dos lojistas com relação a esta situação de degradação da área central. O centro do Barreiro, conforme dito anteriormente por Celina Marques, tem uma grande concentração de comércio nas avenidas Sinfrônio Brochado, Visconde de Ibituruna e adjacências, sendo uma área de autonomia cultural e econômica. No entanto, é um centro muito antigo e, enquanto performance de comércio, bastante atrasado. Há cerca de 158 barracas de comércio informal nas calçadas. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 15 Há necessidade de revitalização da área bem como da inserção setor informal dentro de toda a proposta de melhoria da infra-estrutura, como a que está sendo efetuada agora para o município. Na sua opinião, é fácil mobilizar e motivar a população, que já está sensibilizada para a questão. Esta mobilização já foi tentada pela AEDISI, a agência de desenvolvimento do Barreiro, e não deu certo. Não porque a agência tenha fracassado, mas porque faltou a figura do agente do desenvolvimento. No caso do centro do Barreiro, o sistema de transporte e trânsito tem uma importância muito grande para o comércio estabelecido. Esta atual proposta, com a criação da nova estação do BHBUS articulada com um shopping, entendida pela administração pública como ótima para os lojistas que se estabelecerão no empreendimento, penalizará o comércio estabelecido no atual centro do Barreiro, que fatalmente se deteriorará com o desvio das rotas de transporte. Salientou que tais propostas devem ser analisadas com bastante cuidado, pois às vezes uma solução implica em muitos problemas. Quanto ao centro de Venda Nova, Maria Beatriz concorda com o que Juliana Simões, quanto a ser pólo cultural, com um comércio bastante significativo e dinâmico, com certa tendência à modernidade apesar de ter uma presença muito significativa do comércio informal, com cerca de 230 barracas. Venda Nova está recebendo muitos investimentos do setor privado e a CDL, através de suas pesquisas, tem como orientar os investidores e conseqüentemente contribuir para seu desenvolvimento. Acredita que pensar de forma mais integrada é essencial, caso contrário o desenvolvimento tão almejado não será atingido. Em geral, as ações são pouco articuladas e obtém poucos resultados. O microempresário está sofrendo muito e a solução não são as grandes obras ou os grandes projetos. Há uma carência de muito grande de profissionalização entre eles. Basta ver que Barreiro e Venda Nova, lindeiras a municípios com alto grau de pobreza, de desemprego, de criminalidade, baixo grau de instrução e profissionalização. São áreas carentes e se puderem de alguma forma suprir estas carências, assumindo sua função de centralidade, haveria a possibilidade de solucionar os problemas dos “são beneditos” e das “vilas cemigs”. Em seguida, Maria Beatriz passou a palavra à Lidiane Rosenburg, também da CDL, que fez projeções de alguns gráficos com dados da pesquisa, cenários atuais referentes ao comércio e serviços nas regiões do Barreiro, Venda Nova e Hipercentro, que transcrevemos em seguida na ordem que foi encaminhado ao Instituto Horizontes. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 16 Atratibilidade das fachadas Caracterização das Empresas Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 17 Comunicação Visual Consultoria Dificuldades Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 18 Estacionamento Faixa Média de Aluguel Gasto Médio Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 19 Produtos de Importação Influência do Transporte e Tráfego Informatização Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 20 Investimento Perfil Cliente Placas Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 21 Percentual de informalidade Razões de Implantação Vitrines Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 22 "NOVAS CENTRALIDADES EM BELO HORIZONTE" – Situação Atual, Perspectivas, Potencialidades e Projetos. Lúcio Soares - Secretário Municipal de Planejamento, Prefeitura de Lagoa Santa. Abrindo suas palavras, Lúcio Soares informou que está a dois anos na Prefeitura de Lagoa Santa, com o objetivo de organizar o planejamento no município. Salientou que os dados que apresentaria sobre o município são poucos, mas que estão disponíveis para todos. Lembrou que é importante o pensar metropolitano, conforme já observado pela representante da CDL e também pelo Carlão. Referiu-se à trilogia “homem”, “mundo” e a idéia do “compromisso ético” que encerram o raciocínio da razão humana, citado pelo secretario de Belo Horizonte em sua exposição. Entende que a polaridade estética é a mais importante e que, à revelia de sua vontade, todos são submetidos à ditadura da estética. Portanto uma cidade há que ser pensada pelo elemento da estética que é o elemento da paixão dos homens. Em Lagoa Santa, o trabalho inicial foi erguer toda a base cartográfica da cidade. Na Cemig e Telemig foram obtidas as cartas e ortofotocartas. As cartas antigas do Plambel também foram utilizadas, com curvas de nível de metro em metro. Por meio de “rasters” aquelas plantas foram redesenhadas, de forma que hoje é possível lançar a mancha urbana do município sobre as 56 ortofotocartas, bem como nas 19 pranchas de Cemig. Cada carta tem uma média de 40 MB, mas o mosaico é difícil de montar em microcomputadores comuns, uma vez que fica muito pesado, pois são necessários 500kb de memória para suportar o peso do processamento. Portanto, a Prefeitura dispõe das ortofotos, da base da Telemig, hoje Telemar, da base do Plambel e todos os loteamentos estão desenhados georeferenciados pelo “Geo-Plus”. Lagoa Santa possui 24.000 propriedades e destas, cerca de 16.000 estão georeferenciadas. Outro aspecto positivo do sistema georeferenciado é a possibilidade que dá troca de informações com o banco de dados do IPTU e por este motivo Lagoa Santa é procurada por diversos alunos e professores interessados no uso do sistema, já que é a única cidade a utilizá-lo. Existem outras aplicações para o planejamento, como a possibilidade de capturar informações sobre localização de atividades tanto industriais quanto comerciais e de serviços . Quanto às centralidades, o secretário as entende pontos de unicidade. Considera que três pontos de unicidade foram apresentados, o Hipercentro, os centros de Venda Nova e do Barreiro, além de outros pontos que existem. Por exemplo, Santa Luzia, que luta por um lugar ao sol neste contexto. Lagoa Santa, com registros de ter abrigado assentamentos humanos há mais de dez Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 23 mil anos, é um lugar agradável de se viver, próxima ao aeroporto de Confins e das grutas turísticas, que trazem benefícios para toda RMBH. Lagoa Santa, contudo, tem impeditivos para acelerar seu desenvolvimento, como, por exemplo, o fato de estar numa APA (Área de Proteção Ambiental). A cidade tem ainda ótima qualidade de vida, muitas áreas verdes e lotes grandes. É praticamente toda horizontal devido às limitações que tem por estar numa APA. por abrigar uma base aérea militar e pelo aeroporto de Confins. É, pois, uma centralidade com restrições, que dificulta o seu desenvolvimento. Há hoje um problema sério em Lagoa Santa que é o fracionamento de propriedades, que a administração não está conseguindo controlar. As restrições da APA estabelecem um módulo mínimo de 5.000m², mas as pessoas, uma vez aprovado o loteamento, revendem frações menores e o cartório registra estas subdivisões. Além disto, existem as questões de heranças nas quais os juizes determinam o fracionamento da propriedade e também o Legislativo, que pode criar exceções para o assentamento por meio de leis. O secretário levantou a questão de quais as possibilidades das centralidades periféricas trazerem benefícios para o contexto metropolitano. Como levar em conta as cidades periféricas no contexto metropolitano? “Entendemos que Lagoa Santa deve ser levada em consideração por ser uma referência nacional e internacional”. Alfredo Marques Diniz – Cinco/Contagem Alfredo Diniz observou que, apesar de estar representando Contagem, trabalha numa área bem específica, que é a da industria, sendo o diretor de obras do Cinco. Não estaria, assim, com todos os dados e informações sobre a questão das centralidades em Contagem. Ponderou que o comércio segue o princípio de ir onde o povo está e quando o comércio cria um foco a população vai àquele local buscar atendimento. Contagem apresenta alguns condicionantes como o novo anel rodoviário, o Estatuto das Cidades e a nova legislação do ITR que virá em breve. Possui 195 milhões de m² dos quais 80 milhões de m² são de área rural, aproximadamente 40%. O novo anel rodoviário irá cortar o município ao meio, passando por esta área rural e vai, inevitavelmente, polarizar o município, facilitando o acesso da população aos shoppings em detrimento do comércio local, criando-se assim uma situação ruim como a que foi comentada aqui, para o comércio local do Barreiro. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 24 Na sua opinião, pois é empresário do comércio, às vezes é mais fácil para o cliente ir a um shopping do que procurar o produto que deseja em lojas espalhadas na cidade. Sempre diz aos seus clientes que as lojas na rua têm tudo que o shopping tem, com a mesma qualidade e com o mesmo preço. Conhece o processo de formação do bairro Petrolândia, que por se tratar de um bairro isolado teve um desenvolvimento muito rápido, com a formação de um centro comercial local importante. Existem bairros com 40 mil habitantes que não possuem uma agência bancária, enquanto Petrolândia tem uma agência. É importante analisar estas formações de centralidades. Para finalizar, acrescentou que, sob o ponto de vista logístico, Contagem é muito bem integrada ao sistema de rodovias que cortam a região metropolitana. É a capital da indústria mineira, em 1941 foi criada a Cidade Industrial Juventino Dias, que ao longo dos anos polarizou várias indústrias.Crê que Contagem está fazendo um grande esforço para retomar seu crescimento industrial e ser a segunda cidade em arrecadação no Estado. É difícil competir com Betim, mas de qualquer forma, se uma cidade vai à frente e canaliza investimentos, recursos, ela não deixa de criar algo em benefício para as demais cidades. Mário Lúcio Moreira – Secretário de Planejamento/Prefeitura Municipal de Ibirité O secretário parabenizou a iniciativa do Instituto de trabalhar novamente com a questão metropolitana. Salientou que é testemunha da degradação urbana, ambiental e paisagística. A causa desta degradação é justamente a falta de planejamento. Há cerca de 15 anos atrás, então também em Ibirité, freqüentava mais o Plambel do que a própria Prefeitura. Havia a compreensão de que uma região metropolitana não podia ser administrada isoladamente pelos seus municípios, com vaidades administrativas. Hoje se paga um preço alto pelo que aconteceu. Ibirité está próximo do Barreiro e, no entanto, é uma vizinhança incômoda porque são 150.000 habitantes, desprovidos dos requisitos mínimos de infraestrutura. Desejou sucesso à empreitada e que ela crie efeitos multiplicadores. Lincoln Pereira do Nascimento – Associação Condôminos do Hipercentro Lincoln Nascimento opinou que todos os projetos apresentados trazem uma certa distância em relação ao dia a dia da população no centro. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 25 Percebe o seu patrimônio, à dificuldade de locomoção dado a ocupação dos passeios por equipamentos, comércio ambulante, pelas áreas de estacionamento, os pontos de táxis e também os problemas de segurança. Fez referência a dois projetos que estão sendo desenvolvidos com o apoio da comunidade da área central, a participação da Prefeitura e de empresários. O Pigmaleão, de reinserção social da população de rua e o de revitalização da segurança no Hipercentro. Entretanto, segundo ele, cada projeto que tem sido colocado em prática no Hipercentro pela poder público provoca conseqüências danosas inesperadas. O Projeto 4 Estações prevê o despejo da Rotam, que foi uma conquista da comunidade. Sob o viaduto Santa Teresa existe uma população de rua morando há mais de dois anos e todos os esforços no sentido de removê-la foram inúteis. O projeto Caetés também traz problemas. Grande parte dos comerciantes, moradores e empresários está desconfiada e incrédula de qualquer investimento que se vá fazer dentro do Hipercentro. Há uma crença de que na medida em que é feito este investimento, alguma conseqüência negativa o acompanhe. Como ocorrido com o edifício Tambaú, na rua Carijós, que foi praticamente sucateado com a colocação das mini-feiras de camelôs diante de sua entrada. A Associação tem com o Hipercentro uma orientação que se baseia no tripé “moradia”, “comércio” e “turismo”. No âmbito do turismo, há dois eventos no Hipercentro, a Feira de Artesanato e o Mercado Central. Também temos uma rede hoteleira importante que, no entanto, está tolhida já que não tem suas atividades de recepção prejudicadas pela dificuldade de estacionamento. Espera que o Instituto Horizontes crie um instrumento que viabilize os projetos relativos ao comércio que estão em andamento e consiga transformar o Hipercentro em uma grande vitrine. Sugeriu que o Instituto articule procedimentos para que o PEGBH não provoque efeitos prejudiciais. Cel. Musso José Veloso – Polícia Militar de Minas Gerais Segundo o Cel. Musso, Barreiro e Venda Nova têm os maiores índices de criminalidade da RMBH exatamente em função da influência de áreas vizinhas. Existe uma grande preocupação por parte dos comerciantes em aumentar a segurança pública nestas áreas. O principal problema é a desorganização dos espaços das centralidades. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 26 São espaços que crescem à revelia dos planejadores e que não têm, na maioria deles, espaços reservados à segurança social, ou seja, áreas para se instalar postos de policiamento. Mesmo nos espaços que estão crescendo com planejamento, não está sendo previstos espaços para esta finalidade. Por exemplo, o projeto do Barreiro aqui apresentado estava sendo feito sem esta preocupação e só depois que se pensou em reservar espaço para esta finalidade. O projeto de Venda Nova é um outro exemplo, já que não foram previstos espaços para a finalidade de defesa social e isto fatalmente redundará em problema para a comunidade. A segurança social é uma questão que tem que ser levada em conta quando se pensa na criação de novas centralidades. Segundo o coronel, estes pontos colaboram para aumentar a criminalidade. Celina Marques Oliveira – SCOMGER-B/PBH Manifestação de Celina Marques a respeito do comentário feito sobre sua exposição por Maria Beatriz da CDL, quanto às críticas que existiam ao projeto do Barreiro e às suas conseqüências, relacionadas à opinião e participação da comunidade local em sua definição, em especial os empresários, entendendo que a Regional acreditava estar vendendo o céu aos empresários com a implantação do Conjunto Estação/Shopping, questionando se não estaria sendo vendido o inferno. Celina informou que quando se refere à operação urbana relacionada à construção da Estação BHBUS, costuma se referir à venda do espaço aéreo usando a expressão “vender o céu” Trata-se do direito que o parceiro privado do empreendimento adquire por investir recursos na construção da Estação, exemplificando o fato com uma das formas de captar recursos para investimentos, o que causou outra interpretação à representante da CDL. Informou que a Administração Regional do Barreiro tem buscado manter um diálogo constante com os lojistas daquele centro, assim como mantém diálogo constante com a Polícia Militar em relação às questões de segurança, como também fez com a Polícia Civil e com a PUC, sempre buscando parceiros para ações e empreendimentos. Observou que realmente alguns lojistas se preocupam com as possíveis repercussões do projeto que está sendo implantado, mas nem todos pensam da mesma forma. O projeto foi discutido em reuniões promovidas pela Regional, BHTRANS e pela AEDISI, associação que representa os lojistas do Barreiro. O centro do Barreiro está em obras e durante o processo de discussão e acompanhamento destas obras há participação efetiva destes comerciantes na definição do novo sistema de circulação proposto pela BHTRANS. Lembrou que tanto as vias quanto as linhas de ônibus tiveram seu Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 27 sentido de fluxo alterado, exatamente para atender às necessidades do comércio. Os toureiros foram retirados das vias principais, com o apoio da Polícia Miltar. Destacou ainda que para o Projeto de Requalificação do Centro é fundamental o entendimento com os lojistas, para trabalhos de despoluição visual de fachadas e de tratamento das calçadas. Alguns lojistas usam irregularmente as calçadas com a exposição de produtos, prejudicando a circulação de pedestres e a qualidade ambiental do espaço. Quanto à questão metropolitana, salientou que é preciso formar uma massa crítica que se conscientize da necessidade do planejamento metropolitano, como forma de abordar a questão do desenvolvimento desta área urbana que envolve vários municípios. Marcos Santa’Anna – Instituto Horizontes Lembrou que as divergências de opinião, estes conflitos de idéias sempre existirão e que, apesar deles, o PEGBH estará sempre buscando o consenso, pelo menos em alguma coisa. É aí que está a importância do planejamento estratégico. Sempre haverá pessoas a favor de uma coisa e pessoas a favor de outra, isto é natural e é exatamente o que enriquece a discussão e o surgimento de novas idéias. Rodrigo Andrade – Instituto Horizontes Fez um breve comentário a respeito das palavras do Dr Marcos Santa’Anna sobre as divergências, lembrando que o princípio fundamental do Plano Estratégico é ouvir a todos, é colocar pessoas mesmo com opiniões divergentes numa mesma mesa para discutir soluções para a cidade. A busca do Instituto Horizontes é exatamente compatibilizar interesses divergentes ou mesmo convergentes. Antes do início do painel comentava com o Carlão sobre a questão da revitalização do centro versus a mudança de algumas linhas de ônibus que deixariam de passar pelo centro, e que isto, do ponto de vista de alguns setores do comércio, pode significar prejuízos, embora a medida seja benéfica para o tráfego e para a qualidade ambiental do centro. “Uma coisa que nós, do Instituto Horizonte devemos assumir, quando estamos falando de centros, de necessidades de centros secundários, é que não podemos nos esquecer que cada centro tem um papel específico, tem a sua identidade própria inclusive autonomia de recusar qualquer outro papel que lhe queiram impor. A distribuição de papeis deve ser discutida e avaliada por cada comunidade”. Plano Estratégico da Grande Belo Horizonte Painel: “A Estrutura Urbana da GBH e a Questão das Centralidades” 28